Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):20-26
Avaliar se há correlação das dosagens de frutosamina e de hemoglobina glicosilada (HbA1c) com as frequências de desvios de glicemia capilar em gestantes com diabetes mellitus.
estudo observacional, retrospectivo, de corte transversal, incluindo todas as gestantes comdiabetes que iniciaram o pré-natal emhospital terciário de ensino durante o ano de 2014 e que apresentavam pelo menos 20 dias de auto monitoramento glicêmico previamente às dosagens séricas de frutosamina e de HbA1c. Os desvios de glicemia capilar foram considerados "hipoglicemias" quando menores que 70mg/dL ou "hiperglicemias" quando acima do alvo glicêmico terapêutico para o horário. Foram testadas as correlações lineares par a par das dosagens de frutosamina e de HbA1c com as frequências de hipoglicemias e de hiperglicemias capilares pelo teste Tau-b de Kendall. Na sequência, foi avaliada a regressão linear entre as dosagens de HbA1c e de frutosamina e as frequências de hipoglicemias e de hiperglicemias.
Foram incluídas 158 gestantes que contribuíram com 266 amostras para dosagem sérica de frutosamina e HbA1c. As dosagens de frutosamina e de HbA1c apresentaram, respectivamente, coeficientes τ de Kendall de 0,29 (p < 0,001) e 0,5 (p < 0,001) com a frequência de hiperglicemias, e de 0,09 (p = 0,04) e 0,25 (p < 0,001) com a frequência de hipoglicemias capilares. No modelo de regressão linear, as dosagens de frutosamina e de HbA1c apresentaram, respectivamente, coeficientes de determinação R2 = 0,26 (p < 0,001) e R2 = 0,51 (p < 0,001) para a predição de hiperglicemias, e R2 = 0,03 (p = 0,003) e R2 = 0,059 (p < 0,001) para a predição de hipoglicemias.
As dosagens de frutosamina e de HbA1c apresentam correlação fraca a moderada com as frequências de hiperglicemias e hipoglicemias capilares no auto monitoramento glicêmico e não são capazes de traduzir com precisão os desvios da meta glicêmica no tratamento de gestantes com diabetes.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):27-34
Verificar diferenças em alguns aspectos nutricionais de gestantes acompanhadas em serviço de atenção pré-natal em uma cidade do interior e na região metropolitana.
Foram avaliadas gestantes em atendimento pré-natal na cidade de Belo Horizonte (BH), região metropolitana, e Paula Cândido (PC), interior de MG. Aplicou-se um Questionário de Frequência Alimentar (QFA) contendo informações socioeconômicas e sobre o hábito alimentar, além disso, foramaferidos peso e altura nomomento do atendimento e questionado o peso pré-gestacional, para posterior cálculo do IMC (índice de massa corpórea). A análise dos dados foi dividida por região e trimestre gestacional, utilizando o software SPSS versão 15.0, teste t para comparação de médias e qui-quadrado de independência, com 5% de significância.
Foram incluídas 240 gestantes, sendo 90 do interior e 150 da região metropolitana. Destas, a maioria são casadas (BH = 56,6%; PC = 46,6%), não trabalham fora de casa (BH = 54,6%; PC = 84,4%), predominantemente se alimentam 3 a 4 vezes ao dia no 1° e 2° trimestre (BH = 54,0 e 46,0%; PC = 66,7 e 63,3%, respectivamente) e fazem 5 a 6 refeições ao dia no 3° trimestre em BH (44%). Houve ganho de peso significativo somente no 1° trimestre (BH: 58,0%; PC: 53,33%). Ganho de peso versus hábito alimentar foi significativo para as variáveis "almoça ou janta fora de casa," no 1° trimestre BH (p = 0,006); "quantas vezes consome leite," no 1° trimestre PC (p = 0,03); "quantas vezes consome fastfood," no 3° trimestre BH (p = 0,009).
As gestantes emambas regiões se alimentam de forma adequada, apesar da prevalência de sobrepeso pré-gestacional em BH e baixo nível de escolaridade e renda, principalmente no interior, indicador que pode ser pouco favorável à nutrição das gestantes neste período. Estudos de associação entre hábito alimentar e saúde do recém-nascido irão contribuir para maiores informações sobre a nutrição no período gestacional.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):35-40
Avaliar a variabilidade da contagem automática tridimensional dos folículos ovarianos que mediram 2 a 6 mm e 2 a 10 mm durante o ciclo menstrual. Verificar se este exame pode ser aplicado fora da fase folicular precoce do ciclo.
Prospectivo observacional. Foram incluídas todas as pacientes inférteis submetidas à monitorização da ovulação de 20 de abril de 2013 a 30 de outubro de 2014, com18 a 35 anos; IMC de 18 a 25 kg/m2, eumenorréicas; semhistória de cirurgia ovariana e sem alterações nas dosagens do TSH, prolactina, insulina e glicemia. Foram excluídas aquelas que apresentaram cistos ovarianos e as que faltaram algum dia da monitorização. A contagem ultrassonográfica dos folículos foi feita pelo modo 3D com Sono AVC na fase folicular precoce, folicular media, periovulatória e lútea do ciclo.
Quarenta e cinco mulheres foram incluídas. Houve diferença entre as médias das contagens dos folículos com 2 a 6 mm (p = 0,001) e 2 a 10 mm (p = 0,003) pelo teste de Friedman que avaliou conjuntamente as quatro fases do ciclo. Quando se aplicou o teste t-Student pareado, houve aumento significativo na contagem dos folículos de 2 a 6 mm quando se comparou a contagem desses folículos na fase folicular média e periovulatória com a contagem da fase lútea. Não houve diferença significante entre a contagem destes folículos pequenos nas fases folicular precoce, média e periovulatória.
A variação da contagem automática tridimensional dos folículos de 2 a 6 mm, nas fases folicular precoce, folicular média e periovulatória, não mostrou significância estatística. Houve uma variação significativa da contagem automática 3D dos folículos ovarianos de 2 a 10 mmdurante o ciclo. A variabilidade significativa da contagem dos folículos de 2 a 10 mm durante o ciclo não permite que este exame seja realizado fora da fase folicular precoce.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):41-46
Comparar a acurácia diagnóstica dos critérios citológicos clássicos de Meisels com a dos critérios secundários de Schneider em relação a captura híbrida para o diagnóstico de infecção pelo HPV.
Trata-se de estudo retrospectivo realizado em hospital público universitário. Quarenta e uma pacientes com diagnóstico citológico de infecção pelo HPV e 40 pacientes HPV-negativas foram selecionadas para avaliação dos esfregaços cervicaisvaginais em busca dos critérios clássicos e secundários. Um único patologista reviu as lâminas. Os critérios citológicos clássicos e secundários foram comparados com a captura híbrida para o diagnóstico de infecção pelo HPV. O teste de Bartleti foi aplicado para a análise das idades e o teste exato de Fisher para comparar proporções. Os testes foram considerados significativos quando a probabilidade de rejeitar a hipótese de nulidade foi menor que 5% (p < 0,05).
Os critérios deMeisels forammenos sensíveis (34,0%) que os secundários de Schneider (57,5%) quando comparados com a captura híbrida (p < 0,0001), embora a especificidade dos critérios de Meisels não tenha sido significativamente superior (91,2% e 67,7%, respectivamente). Em casos de inflamação moderada ou intensa, a sensibilidade e especificidade dos critérios secundários de Schneider foram diminuídas, 33,3% e 50,0%, respectivamente (p = 0,0115).
Comparado a captura híbrida para o diagnóstico da infecção pelo HPV, a sensibilidade dos critérios secundários de Schneider foi maior que a dos critérios clássicos de Meisels. Inflamação moderada ou intensa reduziu a sensibilidade e especificidade dos critérios secundários de Schneider para o diagnóstico de infecção pelo HPV utilizando a captura híbrida como padrão-ouro.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):47-52
A autonomia da paciente é de grande importância para que o consentimento informado seja válido na prática clínica. Nossos objetivos foram quantificar os domínios da autonomia e avaliar variáveis que modificam a autonomia em mulheres com dor pélvica crônica.
Este é um estudo transversal realizado em um Hospital Universitário terciário. Foram incluídas consecutivamente 52 mulheres com dor pélvica crônica agendadas para videolaparoscopia. Foi utilizada uma escala Likert com 24 afirmativas validadas para quantificar os três principais componentes da autonomia (competência, informação e liberdade).
Os escores de competência (0,85 vs 0,92; p = 0,006) e informação (0,90 vs 0,93; p = 0,02) foram menores para mulheres com ensino fundamental incompleto. Os escores de informação foram menores em mulheres com sintomas de ansiedade (0,91 vs 0,93; p = 0,05) ou depressão (0,90 vs 0,93; p = 0,01).
Nossos dados mostram que a quantificação da autonomia pode produzir informações relevantes para a prática clínica em ginecologia. O nível educacional e a presença de ansiedade e depressão podem afetar a autonomia de mulheres com dor pélvica crônica.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):9-19
Apresentar e validar um registro eletrônico de saúde (RES) multifuncional para atendimento ambulatorial a portadoras de endocrinopatias na gestação e comparar a taxa de preenchimento de informações de saúde com o prontuário convencional.
Desenvolvemos um RES denominado Ambulatório de Endocrinopatias na Gestação eletrônico (AMBEG) para registro sistematizado das informações de saúde. O AMBEG foi utilizado para atendimento obstétrico e endocrinológico de gestantes acompanhadas no ambulatório de endocrinopatias na gestação na maternidade referência em gestação de alto risco na Bahia, no período de janeiro de 2010 a dezembro de 2013. Aleatoriamente foramselecionadas 100 pacientes atendidas como AMBEG e 100 pacientes atendidas comprontuário convencional comregistro em papel e comparou-se a taxa de preenchimento de informações clínicas.
Foram realizados 1461 atendimentos com o AMBEG: 253, 963 e 245 respectivamente, admissões, consultas de seguimento e puerpério. Eram portadoras de diabetes 77,2% e sendo 60,1% portadoras de diabetes pré-gestacional. O AMBEG substituiu, satisfatoriamente, o prontuário convencional. O percentual de informações clínicas registradas em ambos os prontuários foi significativamente maior no AMBEG: queixas clínicas (100 versus 87%, p < 0,01), altura uterina (89 versus 75%, p = 0,01), ganho de peso total (91 versus 40%, p < 0,01) e dados específicos sobre o diabetes (dieta, esquema de insulina, controle glicêmico e manejo de hipoglicemias) revelando diferença significativa (p < 0,01). A possibilidade de exportar dados clínicos para planilhas facilitou e agilizou a análise estatística de dados.
O AMBEG é uma ferramenta útil no atendimento clínico a mulheres portadoras de endocrinopatias na gestação. A taxa de preenchimento de informações clínicas foi superior à do prontuário convencional.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(12):552-558
DOI 10.1590/SO100-720320155443
Comparar as diferenças na incidência de disfunção sexual nos seis diferentes domínios de mulheres brasileiras obesas e não obesas.
Foi usado o Female Sexual Function Index , que discrimina seis domínios de disfunção, para investigar a incidência de disfunção sexual em 31 mulheres obesas e 32 mulheres não obesas. Foi realizada análise estatística utilizando ANOVA e MANOVA para comparar os escores totais doFemale Sexual Function Index entre os grupos, bem como empregado o teste t para identificar as diferenças relacionadas aos domínios. O nível de significância estatística estabelecido para todos os testes foi de p<0,05.
Não foi encontrada diferença significante nas diferentes incidências de disfunção sexual feminina entre o grupo de pacientes obesas (25,8%) e o grupo de não obesas (22,5%). Contudo, foi evidenciada uma importante distinção em quais aspectos da vida sexual foram afetados nos dois grupos. Enquanto as mulheres obesas foram impactadas em apenas três domínios subjetivos do Female Sexual Function Index (desejo, orgasmo e excitação), o grupo controle apresentou disfunção em cinco aspectos (desejo, orgasmo, excitação, dor e lubrificação). Pesquisas futuras explorando aspectos psicológicos em mulheres obesas, como a avaliação da autoimagem corporal e seus aspectos negativos ou positivos sobre as pacientes, deverão auxiliar na melhor caracterização da disfunção sexual feminina neste grupo.
A obesidade não parece constituir um fator de risco independente para uma baixa qualidade de vida sexual feminina. Contudo, as disfunções associadas à obesidade foram menos evidenciadas em domínios fisiológicos, sugerindo que aspectos psicológicos parecem estar primariamente envolvidos na etiologia da disfunção sexual de mulheres obesas.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(12):559-564
DOI 10.1590/SO100-720320150005462
Analisar a relação entre os achados citológicos e atividade da telomerase (AT).
Amostras cervicais foram avaliadas e classificadas pelo sistema Bethesda. A AT foi medida como valores de produto total gerado (PTG), utilizando o protocolo de amplificação repetida da telomerase (TRAP); os dados foram analisados estatisticamente usando o teste do χ2, com nível de significância de p<0,05.
Cento e dois pacientes foram analisados: 3,9% com achados citológicos normais, 8,8% com cervicite, 2% com células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASCUS), 67,6% com lesão escamosa intraepitelial baixo grau (LEI-BG), 11,8 % com lesão intraepitelial escamosa alto grau (LEI-AG) e 5,9% com carcinoma escamoso. Valores PTG para amostras positivas AT foram: cervicite Os resultados mostram um aumento na AT com o aumento da lesão, sustentando a associação entre a AT e o tipo de lesão.CONCLUSÃO