Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(12):578-584
DOI 10.1590/SO100-720320150005445
Avaliar o êxito reprodutivo na gestação subsequente de mulheres com perdas gestacionais de repetição.
Estudo de coorte retrospectivo incluindo 103 mulheres com perdas gestacionais de repetição (grupo de perdas) atendidas entre janeiro 2006 e dezembro 2010 e 204 gestantes de baixo risco (grupo controle) de maio 2007 a abril 2008 na Maternidade Climério de Oliveira, Salvador, Bahia. Êxito reprodutivo foi definido para o recém-nascido, independentemente da idade gestacional ao nascimento, que sobreviveu após o período neonatal. As médias e desvio padrão (DP) das variáveis contínuas foram comparadas utilizando o teste t de Student. As frequências das variáveis nominais foram comparadas utilizando-se o teste de χ2 de Pearson.
Das 90 que engravidaram, 83 (91,2%) tiveram êxito reprodutivo. Gestações a termo no grupo controle foram mais frequentes que no de perdas (174/187; 92,1 versus 51/90; 56,7%; p<0,01). O número de consultas no pré-natal foi satisfatório para 76 (85,4%) mulheres no grupo de perdas e para 125 (61,3%) no grupo controle (p<0,01). Nestas, o início do pré-natal foi mais precoce (13,3; 4,2 versus 19,6; 6,9 semanas). O grupo de perdas teve ganho de peso acima do esperado mais frequentemente que as gestantes de baixo risco (58,1 versus 46,6%; p=0,04). Apesar de a cerclagem do colo uterino ter sido realizada em 32/90 mulheres com perdas, a duração média da gestação nestas foi menor (34,8 semanas; DP=5,6 versus 39,3 semanas; DP=1,6; p<0,01). O tipo de parto predominante nas gestantes com perdas foi a cesariana (55/83; 64,7 versus 73/185; 39,5%; p<0,01) devido principalmente a complicações obstétricas.
O êxito gestacional foi considerado satisfatório e é atribuído à realização de cerclagem do colo uterino em tempo hábil, ampla disponibilidade da equipe para o atendimento às gestantes, que se traduziu por retornos mais frequentes agendados, e por livre demanda, além de um pronto suporte hospitalar para mãe e feto.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(9):411-416
DOI 10.1590/SO100-720320150005397
Avaliar os níveis séricos da sintetase nítrica induzível (INOS), da mieloperoxidase (MPO), do estado antioxidante total (EAT) e do estado oxidante total (EOT) em mulheres portadoras de insuficiência ovariana primária (IOP) e compará-las às mulheres férteis. Também examinamos os possíveis fatores de risco associados à IOP.
Trata-se de estudo transversal caso-controle desenvolvido no Zekai Tahir Burak Women's Health Education and Research Hospital. A população de estudo abrangeu 44 mulheres portadoras de IOP (grupo de estudo) e 36 mulheres férteis hígidas (grupo controle). Em todas as pacientes, foram determinados os níveis séricos de INOS, MPO, EAT e EOT.Os níveis de INOS e MPO foram determinados com o uso do teste ELISA e os níveis de EAT e EOT foram determinados mediante método colorimétrico. Analisou-se também a idade, o índice de massa corporal (IMC), os antecedentes obstétricos, tabagismo, histórico familiar, comorbidades, achados sonográficos, valores completos do hemograma, proteína C-reativa e níveis hormonais basais. O teste t de Student ou o teste U de Mann-Whitney foi utilizado para comparar as variáveis contínuas entre os grupos; os dados categóricos foram avaliados pelo teste do χ2 de Pearson ou o teste exato de Fisher, conforme o caso. O método de regressão logística binária foi utilizado para identificar os fatores de risco para IOP.
Encontramos níveis significativamente elevados de INOS (234,1±749,5 versus133,8±143,0; p=0,005), MPO (3.438,7±1.228,6 versus 2.481,9±1.230,1; p=0,001) e EOT (4,3±1,4 versus 3,6±1,4; p=0,02) nos soros do grupo estudo em relação ao grupo controle pareado por IMC e idade. Entretanto, as diferenças entre os níveis séricos de EAT nos dois grupos não foram significantes (1,7±0,2 versus 1,6±0,2; p=0,15). O método de regressão logística demonstrou que IMC <25 kg/m2, nuliparidade, histórico familiar de IOP, tabagismo e níveis séricos elevados de INOS, MPO e EOT foram fatores de risco independentes para IOP.
Foram encontrados níveis aumentados de INOS, MPO e EOT em mulheres portadoras de IOP. Estes marcadores séricos podem ser promissores para o diagnóstico precoce de IOP. Novos estudos em larga escala são necessários para determinar se os marcadores de estresse oxidativo desempenham um papel no diagnóstico da IOP.
Resumo
. ;:258-265
DOI 10.1590/SO100-720320150005366
Em mulheres brasileiras com neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) de
baixo-risco, de acordo com a Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia
(FIGO) 2002, comparar dois regimes de quimioterapia (Qt) por agente único
avaliando resposta e efeitos colaterais no tratamento de primeira linha, e a
eficácia no tratamento final por agente único de Qt.
Análise retrospectiva de duas coortes concorrentes com 194 pacientes com NTG de
baixo risco: de 1992 a 2012; como primeira linha, 115 pacientes receberam 4 doses
intramusculares de metotrexato alternado com 4 doses orais de ácido folínico
(MTX/FA) repetidos a cada 14 dias e, desde 1996, 79 pacientes receberam
quinzenalmente dose em bolo de actinomicina D (Act-D) por via endovenosa. No
momento do diagnóstico da NTG, a opinião da paciente foi levada em consideração
para definir o regime de Qt por agente único inicial e, quando havia resistência
ou toxicidade a um regime, o outro fármaco era usado preferentemente. Este estudo
foi aprovado pelo Comitê de Ética da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de
Porto Alegre.
Ambos os grupos eram clinicamente semelhantes (p>0,05). Nos tratamentos de
primeira linha, a frequência de resposta completa foi semelhante (75,7% com MTX/FA
e 67,1% com Act-D em bolo); não houve diferença entre os grupos quanto ao número
de séries de Qt - mediana 3 (intervalo: 1-10) com MTX/FA e 2 (intervalo: 1-6) com
Act-D em bolo - e ao tempo para remissão - mediana 9 semanas (intervalo: 2-16) com
MTX/FA e 10 semanas (intervalo: 2-16) com Act-D em bolo. Em ambos os grupos, foi
elevada a frequência de efeitos colaterais no tratamento de primeira linha, mas
com intensidade baixa; estomatite foi mais frequente com MTX/FA (p<0.01) e
náuseas e vômitos com Act-D (p<0.01). A resposta final à Qt por agente único
foi alta nos dois grupos (94,8% com MTX/FA e 83,5% com Act-D em bolo; p<0,01) e
13% maior no grupo inicialmente tratado com MTX/FA. As frequências de
histerectomia e de recorrência da NTG foram baixas e semelhantes. Nenhuma paciente
morreu devido à NTG.
Os dois regimes tiveram resultados semelhantes no tratamento de primeira linha. A
resposta final ao tratamento por agente único foi alta e semelhante, mas a taxa
final de remissão foi maior no grupo iniciado por MTX/FA.
Resumo
. ;:283-290
DOI 10.1590/SO100-720320150005292
Determinar a expressão básica dos transportadores ABC em uma linhagem celular do
câncer epitelial de ovário, e investigar se o acetaminofen e o ibuprofeno em
baixas concentrações são capazes de inibir o crescimento desta linhagem celular in
vitro.
A linhagem celular TOV-21 G foi exposta a diferentes concentrações de
acetaminofen (1,5 a 15 µg/mL) e ibuprofeno (2,0 a 20 µg/mL), de 24 a 48 horas. O
crescimento celular foi avaliado utilizando-se um ensaio de viabilidade celular. A
morfologia celular foi determinada por meio da microscopia de fluorescência. O
perfil de expressão gênica foi estabelecido por um painel de 42 genes da
superfamília de transportadores ABC.
Observou-se um decréscimo significativo no crescimento das células TOV-21 G
expostas a 15 µg/mL de acetaminofen durante 24 (p=0,02) e 48 horas (p=0,01), ou a
20 µg/mL de ibuprofeno por 48 horas (p=0,04). Ao avaliar a morfologia das células
cultivadas, não foi observada evidência de apoptose extensiva. A linhagem de
células estudada subexpressa os genes de ABCA1, ABCC3, ABCC4, ABCD3, ABCD4 e ABCE1
na superfamília de transportadores ABC.
Este estudo fornece evidências in vitro referentes aos efeitos inibidores do
crescimento de concentrações terapêuticas do acetaminofen e ibuprofeno na linhagem
celular testada. Além disso, as células TOV-21 G apresentaram uma expressão
reduzida de genes dos transportadores ABCA1, ABCC3, ABCC4, ABCD3, ABCD4 e
ABCE1.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(3):113-117
DOI 10.1590/S0100-72032014000300004
Determinar a prevalência de alterações cromossômicas em casais com dois ou mais abortos recorrentes do primeiro trimestre, sem causa definida.
Foram incluídas 151 mulheres e 94 parceiros com história obstétrica de 2 ou mais abortos consecutivos de 1º trimestre (1-12 semanas de gestação). Os controles foram 100 mulheres saudáveis, sem histórico de perda da gravidez. A análise cromossômica foi realizada em linfócitos de sangue periférico, cultivados 72 horas e tratados com a técnica Tripsina-Giemsa (GTG banda). Em todos os casos, foram analisadas 30 metáfases e montados 2 cariótipos, sendo utilizada microscopia de luz. A análise estatística foi realizada por meio do teste t de Student para dados com distribuição normal e o teste Mann-Whitney para os dados não paramétricos. Foi usado o teste de Kruskal-Wallis ou Análise de Variância para comparação dos valores médios entre três ou mais grupos. O software utilizado foi o Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0.
A frequência de alterações cromossômicas das mulheres com aborto recorrente foi de 7,3%, incluindo 4,7% com mosaicismo do cromossomo X, 2% com translocações recíprocas e 0,6% com translocações Robertsonianas. No total, 2,1% dos parceiros das mulheres com abortos recorrentes tinham anormalidades cromossômicas, sendo 1% com mosaicismo do cromossomo X e 1% com inversões. Entre os controles, 1% apresentou mosaicismo.
No presente estudo, foi observada associação entre alterações cromossômicas e aborto recorrente no primeiro trimestre da gestação (OR=7,7; IC95% 1,2-170,5). A identificação etiológica de fatores genéticos é uma informação clínica importante para o aconselhamento genético e orientação do casal quanto ao risco para gestações futuras, bem como diminui o número de investigações para elucidar as possíveis causas dos abortamentos.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(2):72-78
DOI 10.1590/S0100-72032014000200005
Comparar os níveis de cortisol sérico e salivar, alfa-amilase salivar
(sAA) e fluxo de saliva não estimulada (UWS) em gestantes e não
gestantes.
Trata-se de um estudo longitudinal realizado no centro de promoção da
saúde de um hospital universitário. Nove gestantes e 12 não
gestantes participaram do estudo. Foram coletados e analisados soro e UWS nos
três trimestres gestacionais e duas vezes por mês durante o ciclo
menstrual. A análise do cortisol salivar e sérico foi realizada com o
uso de quimiluminescência e a atividade da sAA foi determinada por meio de
analisador automático para bioquímica.
Foi verificado que a mediana (intervalo interquartil) dos níveis de cortisol
sérico no grupo de gestantes foi maior que 23,8 µL/dL (19,4-29,4) quando
comparado ao grupo de não gestantes, que teve média de 12,3 (9,6-16,8;
p<0,001). Os níveis de sAA seguiram o mesmo padrão, com médias
de 56,7 U/L (30,9-82,2) e 31,8 (18,1-53,2; p<0,001), respectivamente. Foram
observadas diferenças dos níveis de cortisol sérico e salivar
(µL/dL) e de sAA entre a fase folicular versus a fase lútea
(p<0,001). As medianas dos fluxos salivares (UWS) foram semelhantes em
gestantes (0,26 [0,15-0,30] mL/min) e não gestantes (0,23 [0,20-0,32]
mL/min). Foram encontradas correlações significativas entre o cortisol
salivar e o sérico (p=0,02) e entre o cortisol salivar e a sAA (p=0,01).
Os níveis de cortisol sérico de sAA durante a gestação
elevam-se. Na fase lútea do ciclo ovariano, os níveis de cortisol
salivar aumentam ao passo que os níveis de cortisol sérico e sAA
diminuem.