Resumo
. ;:425-433
Diagnosticar a síndrome do ovário policístico (SOP) durante a adolescência é um desafio, uma vez que o desenvolvimento puberal normal se sobrepõe às características típicas desta síndrome. Os autores têm por objetivo resumir as evidências existentes sobre a SOP na adolescência, particularmente seus critérios diagnósticos e opções terapêuticas. Uma pesquisa em bases de dados médicas como PubMed e MedScape foi realizada. Os critérios de diagnóstico incluem ciclos menstruais irregulares de acordo com o tempo pós-menarca e evidência de hiperandrogenismo clínico e/ou hiperandrogenismo bioquímico, após exclusão de outras causas. A morfologia policística dos ovários não deve ser usada como um critério diagnóstico. O tratamento deve ser direcionado às manifestações e/ou comorbilidades, mesmo na ausência de um diagnóstico definitivo. As intervenções no estilo de vida são o tratamento de primeira linha. Contraceptivos orais combinados, metformina ou antiandrogênios também podem ser considerados como adjuvantes. O rastreamento da SOP na adolescência é fundamental, pois permite uma intervenção precoce ao nível dos sintomas e comorbilidades presentes levando a melhores resultados reprodutivos e metabólicos a longo prazo.
Resumo
. ;:692-696
Avaliar os efeitos do aconselhamento nutricional sobre os hábitos alimentares e os parâmetros antropométricos de adolescentes com sobrepeso e obesidade e com síndrome do ovário policístico (SOP).
Este foi um estudo prospectivo, longitudinal e autocontrolado. Trinta adolescentes com idades entre 13 e 19 anos e diagnosticadas com SOP receberam aconselhamento nutricional. Após 6 meses de acompanhamento, os resultados foram avaliados através do peso corporal, índice demassa corporal (IMC) e a circunferência da cintura (CC).
Sessenta por cento das adolescentes aderiram ao aconselhamento nutricional e, destas, 50% perderam peso. Adolescentes que perderam peso mudaram seus hábitos alimentares adotando dietas hipocalóricas e comendo mais refeições por dia, seguindo orientação nutricional. A circunferência da cintura (CC) diminuiu significativamente, embora o peso corporal tenha diminuído de forma não significativa após a adoção de uma dieta hipocalórica.
Embora a perda de peso não tenha sido significativa, houve redução considerável da CC associada a dietas hipocalóricas e à ingestão de um maior número de refeições por dia.
Resumo
. ;:224-228
Este estudo analisou a efetividade do hormônio tireoestimulante (TSH) como preditor da resistência insulínica (IR), bem como a associação do TSH com os parâmetros clínicos e metabólicos de mulheres com síndrome do ovário policístico (PCOS) sem hipotireoidismo clínico.
Estudo de corte transversal com inclusão de mulheres com PCOS e sem hipotireoidismo clínico (n =168).
Utilizou-se análise através de curva ROC (Receiver operating characteristic) para determinar o valor de corte para o nível sérico de TSH que poderia maximizar a sensibilidade e especificidade para o diagnóstico de IR considerada com avaliação da homeostase de resistência insulínica (HOMA-IR) ≥ 2.71. Parâmetros clínicos e metabólicos foram comparados de acordo com o ponto de corte de TSH determinado e com a presença de IR.
Níveis séricos de TSH ≥2.77 mIU/L estiveram associados com o diagnóstico de IR, com sensibilidade de 47.9% e especificidade de 65.3%. Não foram evidenciadas diferenças nos parâmetros clínicos, hormonais e metabólicos quando TSH < 2.77 ou TSH de 2.77 - 10 mIU/L.
Em mulheres com PCOS sem hipotireoidismo, TSH ≥2.77 mIU/L está associado a IR, porém com baixa sensibilidade, mostrando que a dosagem de TSH não é um bom preditor de IR nesta população. Também não se evidenciou alteração clínica ou metabólica que justificasse alteração na investigação desta população. Assim, a resistência insulínica deve ser investigada em todas as mulheres com PCOS, independente dos níveis séricos de TSH.
Resumo
. ;:340-347
Exercícios aeróbicos podem melhorar a qualidade de vida (QV) de mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP). No entanto, não há dados sobre o efeito de um programa de treinamento de exercício resistido (TER) sobre a QV destas mulheres. Assim, este estudo teve como objetivo avaliar o efeito de um programa de TER de 16 semanas na QV em mulheres com SOP.
Estudo caso-controle com 16 semanas de duração, para o qual foram incluídas 43 mulheres com SOP (grupo com SOP, GSOP) e 51 controles saudáveis com received idade entre 18 a 37 anos (grupo de controle, GC). Todas as mulheres foramsubmetidas ao protocolo TER supervisionado por 16 semanas, e foram avaliadas em dois momentos: na semana 0 (linha de base), e na semana 16 (após TER). A qualidade de vida foi avaliada pelo 36-Item Short Form Health Survey (SF-36).
Houve redução significativa da testosterona emambos os grupos após o TER (p < 0,01). O GSOP obteve significativa melhora na capacidade funcional na semana 16 em relação à semana 0 (p = 0,02). O GC apresentou significativa melhora no escore do domínio vitalidade, aspectos sociais e saúde mental na semana 16 em relação à semana 0 (p ≤ 0,01). Houve uma fraca correlação entre os aspectos sociais de domínio SF-36 e o nível de testosterona em mulheres com SOP.
a aplicação de um programa de treinamento físico resistido durante 16 semanas resultou em melhora modesta da QV de mulheres com SOP.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2013;35(11):503-510
DOI 10.1590/S0100-72032013001100005
OBJETIVOS: Avaliar a qualidade de vida das mulheres com síndrome dos ovários policísticos (SOP) e compreender a experiência vivida por essas mulheres diante dos sintomas que apresentam. MÉTODOS: Este estudo compreendeu duas abordagens metodológicas - quantitativa e qualitativa, de forma complementar. Foi avaliada a qualidade de vida de 213 mulheres (abordagem quantitativa) por meio do SF-36, sendo 109 com SOP (Grupo Caso: 26,8±5,4 anos) e 104 mulheres saudáveis (Grupo Controle: 23,9±6,7 anos). A análise estatística compreendeu a utilização dos testes t de Student e qui-quadrado, além dos testes de correlação de Pearson. O nível de significância adotado foi de 5%. Das mulheres do Grupo SOP, 15 participaram do estudo qualitativo, tendo sido entrevistadas mediante uso de roteiro semiestruturado. Os dados qualitativos foram analisados por meio da técnica análise de conteúdo temática categorial. RESULTADOS: Mulheres com SOP apresentaram comprometimento na qualidade de vida quando comparadas ao Grupo Controle (capacidade funcional: 76,5±20,5 e 84,6±15,9, respectivamente; aspectos físicos: 56,4±43,3 e 72,6±33,3; estado geral de saúde: 55,2±21,0 e 62,5±17,2; vitalidade: 49,6±21,3 e 55,3±21,3; aspectos sociais: 55,3±32,4 e 66,2±26,7; aspectos emocionais: 34,2±39,7 e 52,9±38,2; saúde mental: 50,6±22,8 e 59,2±20,2). Em relação aos dados qualitativos, a análise temática categorial aponta que sentimentos de "anormalidade", tristeza, medo e ansiedade estiveram associados aos principais sintomas da SOP: hirsutismo, irregularidade menstrual, infertilidade e obesidade. Esses sintomas repercutiram na vida social, na esfera profissional e no relacionamento conjugal dessas mulheres. CONCLUSÃO: A SOP compromete a qualidade de vida das mulheres, levando-as a se sentirem diferentes das outras mulheres. Por causa disso, a mulher com SOP não necessita apenas de tratamento médico para as repercussões reprodutivas, estéticas e metabólicas, mas de atendimento multiprofissional.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2013;35(9):413-420
DOI 10.1590/S0100-72032013000900006
OBJETIVO: Caracterizar e comparar variáveis clínicas, antropométricas e bioquímico-metabólicas de pacientes com síndrome dos ovários policísticos (SOP), estratificadas segundo o índice de massa corpórea (IMC). MÉTODOS: Estudo transversal com 78 mulheres entre 18 e 45 anos com diagnóstico de SOP, pelos Critérios de Rotterdam. As pacientes foram estratificadas segundo o IMC. As variáveis analisadas foram: idade, estado civil, sedentarismo, irregularidade menstrual, pressão arterial (PA), medidas antropométricas, perfil lipídico, glicemia em jejum e dosagens hormonais. Para comparar as variáveis analisadas entre os diferentes IMC, usou-se a Análise de Variância e o Teste de Kruskal-Wallis. O nível de significância para todos os testes foi de 5%. RESULTADOS: As pacientes apresentaram média de idade de 26,3 anos, sendo 79,5% classificadas como sedentárias e 68% com hiperandrogenismo. A circunferência da cintura, a Razão cintura/quadril, a Razão cintura/estatura e a porcentagem de gordura corporal foram maiores no grupo de obesas. A presença de marcadores de risco cardiovascular (RCV - glicemia de jejum, PA sistólica e diastólica e LDL-colesterol) foi diretamente proporcional ao IMC, enquanto que os níveis de HDL-colesterol e SHBG foram inversamente proporcionais ao IMC. CONCLUSÃO: A presença de marcadores de RCV aumentou proporcionalmente ao IMC, evidenciando que o perfil metabólico das mulheres obesas com SOP é mais desfavorável do que n não obesas.