Resumo
. ;:932-939
Estudar a ansiedade materna em gestantes sem comorbidades no contexto do surto de COVID-19 no Brasil e estudar o conhecimento e as preocupações maternas sobre a pandemia.
Trata-se de análise secundária de um estudo transversal multicêntrico nacional realizado em 10 cidades, de junho a agosto de 2020, no Brasil. Mulheres no pós-parto entrevistadas, sem comorbidades médicas ou obstétricas, foram incluídas nesta subanálise. Foram aplicados um questionário estruturado e o Inventário de Ansiedade de Beck (BAI, na sigla em inglês).
Das 1.662 mulheres, 763 (45,9%) atenderam aos critérios da análise atual e 16,1% apresentaram ansiedade materna moderada e 11,5% ansiedade materna grave. A ansiedade materna moderada ou grave foi associada à escolaridade no ensino médio (odds ratio [OR]: 1,58; intervalo de confiança [IC] 95%: 1,04–2,40). O fator protetor foi coabitar com companheiro (OR: 0,46; IC95%: 0,29–0,73). Houve correlação positiva entre a pontuação total do BAI e o recebimento de informações sobre cuidados na pandemia (rparcial 0,15; p < 0,001); preocupação com a transmissão vertical de COVID-19 (rparcial 0,10; p = 0,01); receber informações sobre amamentação (rparcial 0,08; p = 0,03); preocupações sobre cuidados pré-natais (rparcial 0,10; p = 0,01) e preocupações sobre o bebê contrair COVID-19 (rparcial 0,11; p = 0,004). A correlação foi negativa com os seguintes aspectos: ter autoconfiança para se proteger (rparcial 0,08; p = 0,04), aprender (rparcial 0,09; p = 0,01) e ter autoconfiança para amamentar (rparcial 0,22; p < 0,001) no contexto da pandemia.
A ansiedade de gestantes sem comorbidades médicas ou obstétricas esteve associada à escolaridade no ensino médio e não morar com companheiro durante a pandemia de COVID-19. A autoconfiança na proteção contra COVID-19 e o conhecimento sobre os cuidados com a amamentação durante a pandemia reduziram a ansiedade materna.
Resumo
. ;:862-869
O puerpério é um período complexo que se inicia com a dequitação placentária e dura por 6 semanas, no qual a readaptação do organismo materno e a redistribuição do volume sanguíneo ocorrem, além de ser também um cenário propício para eventos pró-trombóticos. No contexto da pandemia de SARS-CoV-2, vírus responsável pela COVID-19, a atenção da comunidade científica e dos profissionais da saúde está voltada a elucidar os aspectos da doença, como a etiologia, a transmissão, o diagnóstico e o tratamento. Considerando o ciclo gravídico-puerperal, é oportuna a revisão de condições clínicas que ocorrem durante este período e que apresentam a dispneia como sintoma, a fimde evitar que ela seja automaticamente associada à COVID-19 sem investigações aprofundadas, o que pode levar à negligência do diagnóstico de outras condições importantes e que podem ser, por vezes, fatais.
Resumo
. ;:172-177
Avaliar a taxa de aceitação do dispositivo intrauterino pós-placentário (DIUPP); os motivos de recusa e propor medidas que aumentem sua aceitação.
Estudo de corte transversal realizado no Hospital daMulher da Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, Brasil. O DIUPP foi oferecido amulheres admitidas em trabalho de parto que não apresentavam: infecções,malformação uterina, gravidez gemelar, parto prematuro e com idade mínima de 18 anos. Em caso de recusa, perguntou-se o motivo, e as respostas foram agrupadas em informações equivocadas sobre contracepção ou outros motivos. Considerou-se informação equivocada: medo de dor, sangramentos, falha da contracepção e prejuízo da fertilidade. Análises bivariadas foram realizadas.
Entre 241 mulheres, a taxa de recusa foi de 41,9%. A desinformação correspondeu a 50,5% de todos osmotivos de recusa, que foram:medo da dor (39,9%); medo da falha da contracepção (4,9%); medo de sangramento (3,9%), medo de o dispositivo intrauterino (DIU) prejudicar a fertilidade (1,9%). Outros motivos de recusa atingem 49,5%. Parturientes com idade entre 18 e 27 anos recusaram o PPIUD com mais frequência devido a desinformação (67,4%), e as mais velhas (com idade entre 28 e 43 anos) recusaram com frequência devido a outros motivos (63,6%) (p=0,002). Houve diferença entre a idade média de quem recusou o PPIUD por desinformação (27,3 ± 6,4 anos) em comparação com outras razões (29,9 ± 5,9 anos), (p=0,017). Além disso, ambos os grupos apresentaram altas taxas de recusa por desinformação, de 67,4 e 36,4%, respectivamente.
A recusa do DIUPP foi alta, principalmente entre as mulheres jovens e por desinformação. Diante disso, é necessário o desenvolvimento de medidas educativas durante o pré-natal e aconselhar as mulheres sobre contracepção, saúde reprodutiva e gravidez indesejada.
Resumo
. ;:218-227
Identificar as estratégias e recomendações atuais para profilaxia de tromboembolismo venoso associado ao ciclo gravídico-puerperal, condição de alta morbimortalidade entre mulheres.
A busca na literatura ocorreu entre maio e outubro de 2019, com pesquisa na base de dados do PubMed, contemplando trabalhos publicados nos idiomas português, inglês e espanhol. Os termos thromboembolism (Mesh) AND pregnancy (Mesh) OR postpartum (Mesh) foram utilizados como descritores, incluindo ensaios clínicos randomizados, metanálises, revisões sistemáticas e diretrizes publicadas entre 2009 a 20019, apresentando estratégias de prevenção de tromboembolismo venoso durante a gravidez e o pós-parto.
Oito artigos abordando estratégias de tromboprofilaxia primária e secundária durante a gestação, parto e puerpério foram selecionados para a presente revisão sistemática. Muitos estudos avaliados foram excluídos por não abordarem estratégias de prevenção. Foram compiladas as recomendações das seguintes sociedades: American Society of Hematologists, American College of Obstetricians and Gynecologists, Royal College of Obstetricians and Gynecologists, Society of Obstetricians and Gynaecologists of Canada, American College of Chest Physicians e Royal Australian and New Zealand College of Obstetricians and Gynaecologists.
Até o presente momento, há algumas lacunas e estudos clínicos com metodologia adequada se fazem necessários para respaldar a tomada de decisão frente ao risco de tromboembolismo venoso no período perigestacional. Torna-se fundamental a atenção dos profissionais envolvidos no atendimento às gestantes e puérperas, pois trata-se de uma condição associada a alta morbimortalidade.
Resumo
. ;:19-25
Explorar as vivências de mulheres com obesidade sobre o autocuidado e os cuidados recebidos da família e da equipe de saúde após o parto.
Estudo clínico-qualitativo realizado no Ambulatório de Revisão Puerperal do Hospital da Mulher da Universidade Estadual de Campinas, Brasil. A amostra foi selecionada de acordo com os critérios de saturação, com 16 mulheres com obesidade até 6 meses após o parto.
A análise de conteúdo compreendeu três categorias: 1) autocuidado pósnatal; 2) apoio familiar para a mulher após o parto; e 3) atenção do serviço de saúde à mulher com obesidade no pós-parto.
Asmulheres comobesidade necessitamde acolhimento e do apoio da equipe de saúde e de suas famílias após o parto, quando são absorvidas pelo cuidado exaustivo do recém-nascido. Este estudo revela o quão importante é para os profissionais de saúde ampliar sua percepção e cuidado após o parto às mulheres comobesidade para que estas possam melhorar sua qualidade de saúde e de vida.
Resumo
. ;:607-612
Cerca de 80% das gestações na adolescência não são planejadas, e entre 28 e 63% das mães adolescentes apresentam repetição da gravidez em 18 meses. Entre as meninas com gravidez repetida, dois terços relataram que a gravidez não foi planejada.
Estudo observacional retrospectivo realizado na Universidade Estadual de Campinas, São Paulo, SP, Brasil, envolvendo novos grupos de educação pré-natal e pósparto para adolescentes. Nas consultas pós-parto, os adolescentes optaram pela contracepção. Os dados foram comparados com uma série de casos seguida em um período anterior à implementação do grupo de educação pré-natal - um grupo de controle histórico.
Foram incluídas 129 adolescentes no período pós-parto de 1° de janeiro de 2015 a 31 de julho de 2017. Destas, 63% já tinham usado métodos contraceptivos antes da gravidez, e o método prévio mais frequente foi contraceptivo oral combinado (33%) seguido por preservativo (21%). Na primeira consulta pós-parto, o anticoncepcional mais comumente escolhido foi o dispositivo intrauterino (DIU) (37,2%) e o acetato de medroxiprogesterona de depósito (DMPA) (34,1%). Ao comparar as taxas antes e depois das intervenções de educação pré-natal, houve um aumento de três vezes no uso de DIUs.
Educação pré-natal e pós-parto mostraram um aumento significativo na escolha de métodos contraceptivos reversíveis de longa duração entre mães adolescentes. Grupos educativos realizados durante o pré-natal e alémdo período gestacional são ferramentas para promoção da saúde e são de fácil aplicação mundial, com baixa dependência de financiamento.