Resumo
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Avaliar o conhecimento, atitude e prática de médicos brasileiros sobre a inserção de dispositivos intrauterinos no pós-parto e pós-aborto imediatos.
Estudo transversal com inquérito online envolvendo médicos plantonistas de hospitais públicos brasileiros. Os participantes responderam a um questionário anônimo com perguntas fechadas para avaliar seu conhecimento, atitude e experiência sobre a inserção de dispositivos intrauterinos de cobre no pós-parto e pós-aborto imediatos.
Cento e vinte sete médicos de 23 hospitais localizados nas 5 regiões do Brasil preencheram o questionário. A maioria era do sexo feminino (68,5%) e trabalhava em hospitais de ensino (95,3%). O escore médio (desvio padrão) de conhecimento (escala 0–10) foi 5,3 (1,3); apenas 27,6% tiveram escore ≥7,0. A maioria (73,2%) faria inserção de dispositivo intrauterino no pós-parto imediato em si mesma/familiares. Cerca de 42% dos participantes declararam não ter recebido nenhum treinamento sobre inserção de dispositivos intrauterinos no pós-parto ou pós-aborto imediatos. Nos últimos 12 meses, 19,7%, 22,8% e 53,5% declararam não ter inserido nenhum dispositivo intrauterino durante uma cesárea, após um parto vaginal ou um aborto, respectivamente.
A maioria dos participantes tem uma atitude positiva em relação à inserção de dispositivos intrauterinos no pós-parto imediato, porém tem um conhecimento limitado sobre esse método. Uma grande porcentagem dos respondentes não teve treinamento sobre inserção de dispositivos intrauterinos no pós-parto ou pós-aborto imediatos e não fez nenhuma inserção desse tipo nos últimos 12 meses. São necessárias estratégias para melhorar o conhecimento, o treinamento e a experiência dos médicos brasileiros sobre a inserção de dispositivos intrauterinos no pós-parto e pós-aborto imediatos.
Resumo
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O objetivo do presente estudo foi identificar como ocorre a transição do cuidado do hospital para a comunidade na perspectiva de puérperas de risco. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, com a questão: “Como ocorre a transição do cuidado das puérperas de risco do hospital para a comunidade?” A pesquisa foi realizada com recorte temporal de 2013 a 2020, nas bases de dados: PubMed, LILACS, SciELO e Scopus. Utilizou-se MESH, DECS e operadores booleanos “OR” e “AND” resultando nos seguintes cruzamentos:patient transfer ORtransition care ORcontinuity of patient care ORpatient discharge ANDpostpartum period, com análise final de 6 artigos. Os achados denotam descontinuidade do cuidado, visto a frequência de não adesão à consulta puerperal. Estudos de transição do cuidado no puerpério não foram encontrados, o que requer que novos estudos sejam propostos.
Resumo
. ;:121-126
Avaliar e comparar o pavimento pélvico periférico, a força muscular respiratória e a funcionalidade no puerpério imediato do parto normal e da cesariana.
Este é um estudo transversal que verificou a força muscular respiratória, pavimento pélvico, periférico e funcional através da manovacuometria, avaliação funcional do pavimento pélvico (PFF), dinamometria, e o teste Time Up e Go (TUG), respectivamente. Os grupos foram divididos de acordo com o tipo de parto, num grupo de cesariana e num grupo de parto normal.
A amostra foi composta por 72 puérperas pós-parto, 36 de parto normal e 36 de cesariana, avaliados antes da alta hospitalar, a idade média variou entre 25,56 ± 6,28 e 28,57 ± 6,47 anos em puérperas de parto normal e cesariana, respectivamente. A cesariana mostrou maior resistência do pavimento pélvico (TFP) em comparação com o parto normal (p < 0,002), mas as puérperas de parto normal mostraram melhor funcionalidade (p < 0,001). Quanto à força muscular periférica e à força muscular respiratória, não houve significado ao comparar os tipos de parto.
Há uma redução da força muscular pélvica em puérperas de parto normal e uma diminuição da funcionalidade em puérperas de cesarianas.
Resumo
. ;:1032-1039
Determinar quantas pacientes realizaram o rastreamento puerperal para diabetes mellitus (DM) após diagnóstico de DM gestacional (DMG) e quais fatores estão relacionados com a sua realização.
Trata-se de um estudo com uma coorte prospectiva de 175 puérperas com diagnóstico de DMG. Informações sociodemográficas e clinico-obstétricas foram coletadas por meio de questionário, e solicitou-se a realização do rastreamento para DM às seis semanas de pós-parto. Após dez semanas, os pesquisadores contataram as pacientes por telefone com questões sobre a realização do rastreamento. As variáveis categóricas foram expressas em termos de frequências absoluta e relativa. A medida de associação foi o risco relativo com intervalo de confiança de 95% (IC95%), e valores de p ≤ 0,05 foram considerados estatisticamente significativos e testados por regressão logística.
A pesquisa foi concluída por 159 pacientes, 32 (20,1%) das quais fizeram o rastreamento puerperal. A idade média da amostra foi de 30,7 anos, e a maioria das pacientes eram brancas (57,9%), casadas (56,6%) e tinham 8 ou mais anos de escolaridade (72,3%). Cerca de 22,6% utilizaram medicações para tratamento da DMG, 30,8% eram portadoras de outras comorbidades, e 76,7% compareceram na consulta pós-natal. O comparecimento na consulta pós-parto, a utilização de medicamentos e a presença de comorbidades demonstraram associação com a realização do teste oral de tolerância à glicose no puerpério.
O rastreamento de DM após seis semanas de puerpério é baixo em mulheres com diagnóstico prévio de DMG. Pacientes que compareceram na consulta pós-parto, utilizaram medicações para tratamento da DMG, e eram portadoras de comorbidades foram as mais aderentes à realização do rastreamento puerperal. Necessitamos de estratégias para aumentar a abrangência da realização desse exame.
Resumo
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Avaliar os possíveis impactos da pandemia de COVID-19 na mortalidade materna nas admissões para o parto em 2020 em relação ao histórico dos últimos 10 anos.
Estudo ecológico com gestantes que realizaram parto hospitalar pelo Sistema Unificado de Saúde do Brasil (SUS) de 2010 a 2020. Para obter-se a taxa de mortalidade entre as admissões para o parto, foi utilizado o número de internações para parto que tiveram óbito como desfecho dividido pelo total de internações. O risco gestacional e o tipo de parto foram considerados a partir do sistema de vigilância nacional. A média de mortalidade no período de 2010 a 2019 (linha de base) foi comparada com a taxa de mortalidade pós-parto de 2020 (1° ano pandêmico); a razão das taxas foi interpretada como risco de óbito em 2020 em relação à média no período anterior (RR), com intervalo de confiança (IC) de 95%.
Em 2020, 1° ano da pandemia de COVID-19, 1.821.775 gestantes foram internadas para o parto e 651 óbitos foram registrados, o que representa 8,7% do total de internações e 11,3% das mortes maternas entre 2010 e 2020. Houve aumento na mortalidade materna após partos em 2020 em relação à média do período entre 2010 e 2019, especialmente em gestações de baixo risco, tanto em partos normais (RR = 1.60; IC95%: 1.39–185) quanto em cesáreas (RR = 1.18; IC95%: 1.04–1.34).
A mortalidade entre as admissões para o parto pelo SUS aumentou em 2020 em relação à média de óbitos entre 2010 e 2019, com um incremento de 40% em mulheres de baixo risco gestacional. O aumento verificado foi de 18% após cesárea e de 60% após parto vaginal.
Resumo
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Analisar o perfil das mulheres que aceitaram e recusaram a inserção do dispositivo intrauterino (DIU) de cobre no pós-parto imediato e conhecer as motivações relacionadas à recusa ao método.
Estudo transversal com 299 gestantes, as quais foram informadas sobre a possibilidade de inserir o DIU de cobre imediatamente após o parto e questionadas sobre o interesse em adotar ou não este contraceptivo. Todas as participantes responderam a um questionário com informações pertinentes às propostas do presente estudo. O tamanho da amostra foi limitado ao número de dispositivos disponíveis para o presente estudo.
Um total de 560 mulheres foram convidadas a participar do estudo, dentre as quais 299 aceitaram. Das 299 participantes, 175 aceitaram o DIU e 124 recusaram. Conforme aumentou o número de gestações, maior foi a taxa de aceitação do DIU (p=0,002), principalmente quando comparados os grupos de mulheres com 1 e ≥ 4 gestações (p=0,013). Quanto ao desejo de ter mais filhos, as mulheres que planejavamtermais filhos tiveram maior chance de recusar o dispositivo do que as que não planejavam (p<0,001).
Mulheres com múltiplas gestações e sem desejo de ter mais filhos apresentaram maior probabilidade de aceitar o DIU. O perfil das que recusaram foi primeira gravidez e desejo de ter mais filhos. Dentre os trêsmotivosmais frequentes de rejeição do DIU relatados, duas respostas se destacaram: a falta de justificativa específica e o desejo de ter mais filhos.
Resumo
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Descrever os desfechos obstétricos de pacientes com esclerose múltipla (EM) e o impacto da gravidez e do período pós-parto na progressão da doença.
Uma série de casos realizada entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2020, que retrata gestações ocorridas entre 1996 e 2019. As pacientes incluídas neste estudo foram mulheres com EM, que realizam acompanhamento em um centro de referência em EM no Nordeste do Brasil, e que tiveram ao menos uma gestação após o início dos sintomas da EM, ou tiveram o primeiro surto da doença no ano posterior ao parto.
No total, 26 mulheres e 38 gestações foram avaliadas – dentre as quais, 32 resultaram em partos, e 6, em abortamentos. Houve um aumento significativo na prevalência de surtos durante o pós-parto quando comparado com o período gestacional. Em 16 (42,1%) das gravidezes, houve exposição a terapias modificadoras da doença (TMDs) – 14 (36,8%) a β-interferona, e 2 (5,3%) a fingolimode. As taxas de abortamento, prematuridade e baixo peso ao nascer foram mais elevadas no grupo exposto às TMDs quando comparado com o não exposto.
Na amostra deste estudo, houve um aumento significativo na taxa de surtos da EM durante o período pós-parto quando comparado com o período gestacional. Além disso, a exposição às TMDs durante a gestação pode afetar os desfechos obstétricos das pacientes.