Resumo
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Avaliar a aplicabilidade e utilidade da medição ecográfica transvaginal do comprimento cervical na previsão de PPT numa amostra de grávidas portuguesas.
Estudo de coorte retrospectivo incluindo todas as grávidas com gestação unifetal que realizaram ecografia do 2° trimestre (de 18 a 22semanasþ6 dias) no Centro Hospitalar Universitário de São João entre janeiro de 2013 e outubro de 2017.
A nossa amostra incluiu 4.481 mulheres. A prevalência de PPT espontâneo foi de 4,0%, sendo que 0,7% ocorreu antes das 34 semanas de gestação. A média do comprimento cervical por ecografia transvaginal foi 33,8mm, e os percentis 3, 5 e 10 da amostra corresponderam a comprimentos cervicais de 25,0mm, 27,0mm e 29,0mm, respetivamente. A regressão logística múltipla, que incluiu a idade materna, PPT anterior e antecedentes de conização, demonstrou uma associação estatisticamente significativa entre o comprimento cervical e o risco de PPT, com um risco relativo de 0,92 (intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 0.90-0.95; p<0.001). A utilização de um valor de referência de comprimento cervical de 20mm, quando comparado com o valor de referência de 25 mm, melhora a previsão do risco de PPT.
Este estudo demostra uma associação entre o comprimento cervical avaliado por ecografia tranasvaginal e o risco de PPT, e salienta que a inclusão de outros fatores de risco, como idade materna, PPT anterior e antecedentes de conização podem melhorar o algoritmo de rastreio. Realça ainda que o valor de comprimento cervical utilizado para definir “colo curto” varia de acordo com a população em estudo.
Resumo
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Este estudo tem como objetivo determinar se o uso de pessário cervical associado a progesterona em gestações de gêmeos dicoriônicos-diamnióticos (DC-DAs) com colo do útero curto (≤ 25 mm) apresenta taxa de parto prematuro (PP) equivalente à de gestações gemelares DC-DA sem nenhuma intervenção/não selecionadas.
Um estudo de coorte histórica foi realizado entre 2010 e 2018, incluindo um total de 57 mulheres grávidas com gestações gemelares DC-DA. As mulheres admitidas de 2010 a 2012 (n = 32) não receberam tratamento, e não foram selecionadas pelo comprimento cervical (grupo Não Tratado, GNT), enquanto as admitidas de 2013 a 2018 (n = 25) receberam pessário cervical rotineiramente associado a progesterona após o diagnóstico de colo curto entre a 18a e a 27ª semanas de gestação (grupo Pessário-Progesterona, GPP). O desfecho primário analisado foi a taxa de PP antes de 34 semanas.
Não houve diferenças estatísticas entre o GNT e o GPP em relação ao PP < 34 semanas (respectivamente, 18,8%; versus 40,0%;; p = 0,07) e ao peso médio ao nascer do gêmeo menor (2.037 ± 425 g versus 2.195 ± 665 g; p = 0,327). A análise de Kaplan-Meyer foi realizada, e não houve diferenças entre os grupos antes de 31,5 semanas. A regressão logística demonstrou que o nascimento prematuro anterior (< 37 semanas) apresentou razão de probabilidades (odds ratio, OR) de 15,951 (intervalo de confiança de 95%; [IC95%;]: 1,294-196,557; p = 0,031*) para o nascimento prematuro < 34 semanas no GPP.
Em gêmeos DC-DA com colo uterino curto (o que significa maior risco de nascimento prematuro), o tratamento com pessário cervical associado a progesterona pode ser considerado equivalente em diversos aspectos relacionados à prematuridade no GNT, apesar da grande diferença entre os grupos.
Resumo
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O parto pré-termo espontâneo complica frequentemente as gestações multifetais, condicionando elevada morbimortalidade perinatal. Em determinados casos, o nascimento prematuro do primeiro feto pode não requerer o nascimento do(s) feto(s) restante(s), que podem permanecer in utero, com o objetivo de diminuir a morbidade e mortalidade neonatal. Atualmente, não existe consenso quanto à melhor atitude clínica nas situações de parto diferido. Descrevemos um caso de parto diferido de gravidez bicoriônica vigiado no nosso centro. Neste caso, a realização de cerclagem, a terapêutica tocolítica e a administração de antibioticoterapia de largo espectro permitiu o parto às 37 semanas do segundo gêmeo, o que corresponde a 154 dias de latência, que, segundo o nosso conhecimento, é o intervalo de diferimento mais longo descrito na literatura. A tentativa de diferir o parto do segundo feto na periviabilidade é uma opção que deve ser oferecida aos progenitores, após aconselhamento e desde que se cumpram os critérios clínicos de elegibilidade. A seleção correta das candidatas, em conjunto com a realização de corretos procedimentos, monitorização fetal e materna e identificação precoce de complicações aumentam a possibilidade de sucesso deste tipo de parto.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(1):10-16
DOI 10.1590/S0100-72032014000100004
Verificar a associação de variáveis perinatais com o nascimento de recém-nascidos pré-termo de muito baixo peso ao nascer (MBPN).
Foi um estudo retrospectivo com análise de prontuários de recém-nascidos (RN) de parto pré-termo espontâneo com admissão em unidade de terapia intensiva neonatal. Os RN pré-termo foram distribuídos em dois grupos: grupo muito baixo peso ao nascer (MBPN; peso <1.500g) e grupo baixo peso ao nascer (BPN; peso ≥1.500g e <2.500g). Foram pesquisadas variáveis de pré-natal maternas de intercorrências durante a gestação e parto/periparto e intercorrências fetal/neonatal. Foi realizada análise estatística por meio do teste exato de Fisher ou χ2, com cálculo do risco relativo (RR), considerando valor p≤0,05 e teste t de Student para comparação das médias dos grupos.
As comorbidades hemorrágicas (p=0,006; RR=1,2) e hipertensivas (p=0,04; RR=1,5), parto operatório (p=0,001; RR=0,5), idade gestacional <33 semanas (p<0,001; RR=16,7) e Apgar de 1° e 5° minuto (p=0,006; RR=1,6; p=0,01; RR=1,9) estiveram associadas à ocorrência de MBPN. Os RN com MBPN apresentaram associação significativa para ocorrência de comorbidades metabólicas (p=0,01; RR=1,8), neurológicas (p=0,01; RR=1,7) e infecciosas (p=0,001; RR=1,9), período de internação >4 semanas (p=0,02; RR=1,8) e óbito neonatal precoce (p=0,001; RR=2,9).
Fatores como comorbidades hipertensivas e hemorrágicas durante a gestação e parto com idade gestacional inferior a 33 semanas foram associadas ao nascimento de recém-nascidos de MBPN. Esse grupo de recém-natos também apresentou RR elevado para a ocorrência de óbito neonatal precoce.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(3):193-200
DOI 10.1590/S0100-72032004000300004
OBJETIVO: verificar a prevalência do sinal eco glandular endocervical (EGE) e o comprimento cervical menor ou igual a 20 mm em gestantes entre a 21ª e a 24ª semana e comparar estes sinais ecográficos como fatores indicadores de parto pré-termo espontâneo. MÉTODOS: estudo prospectivo transversal no qual foram incluídas 361 gestantes da população geral, para realização de exame ultra-sonografico em idade gestacional entre a 21ª a 24ª semana. Os critérios de exclusão do estudo foram malformações müllerianas, gestações múltiplas, malformações fetais, óbito fetal, alterações da quantidade de líquido amniótico, placenta com inserção segmentar, antecedentes de cirurgia no colo uterino (conização, amputação, cerclagem) e procedimentos cirúrgicos durante a gestação. Após a realização do exame ultra-sonográfico obstétrico morfológico efetuado por via abdominal, seguiu-se o exame ecográfico por via vaginal para observação de uma faixa hipoecóica ou hiperecóica adjacente ao canal endocervical correpondente às glândulas do epitélio endocervical (EGE) e mensuração do comprimento cervical. As variáveis qualitativas são representadas por freqüência absoluta e relativa, ao passo que as variáveis quantitativas, por média, desvio-padrão, mediana e valores mínimo e máximo. A associação entre as variáveis qualitativas foi avaliada pelo teste c² ou teste exato de Fisher. Para cada variável estudada, foi calculado o risco relativo seguido do intervalo com 95% de confiança. A técnica de análise de regressão logística univariada foi utilizada para verificar, entre as variáveis estudadas, quais foram indicativas de parto pré-termo espontâneo. O nível de significância adotado foi de 95% (alfa = 5%) e descritivos (p) iguais ou inferiores a 0,05 foram considerados significantes. RESULTADOS: a incidência do parto pré-termo espontâneo foi de 5,0%. O comprimento do colo uterino revelou-se igual ou inferior a 20 mm em 3,3% da população estudada e em 27,8% das pacientes que apresentaram parto pré-termo espontâneo. A ausência do EGE foi detectada em 2,8% das pacientes estudadas e em 44,4% das pacientes que evoluíram para parto pré-termo espontâneo. A associação entre ausência do EGE e presença do colo curto revelou-se estatisticamente significante (p<0,001). A ausência do EGE teve forte associação com parto pré-termo espontâneo e risco relativo de 28,57, com intervalo de confiança (IC 95%) 14,40-56,68. A medida do comprimento cervical inferior a 20 mm também apresentou associação com parto pré-termo espontâneo (p<0,001), com risco relativo de 11,27 e IC 95% de 4,79-26,53. CONCLUSÃO: a não visualização do EGE endocervical constitui parâmetro morfológico ultra-sonográfico novo e útil na predição do parto pré-termo espontâneo nas gestações únicas da população geral. Os resultados deste trabalho indicam uma tendência clara da marcante importância da ausência do EGE como indicador do risco para parto pré-termo espontâneo, a ser confirmada em pesquisas multicêntricas futuras.