Resumo
. ;:330-336
Avaliar o impacto da obesidade pré-gestacional (índice de massa corpórea [IMC] ≥30 kg/m2) sobre os resultados gestacionais e perinatais.
Estudo transversal retrospectivo, com 731 gestantes que apresentaram IMC ≥ 30 kg/m2 na primeira consulta de pré-natal, comparando-as a 3.161 gestantes com IMC entre 18,5 kg/m2 e 24,9 kg/m2. Foram avaliadas variáveis maternas e neonatais. A análise estatística baseou-se nas características demográficas das gestantes (obesas e com peso normal), e foi realizada com estatísticas descritivas seguidas de testes t de Student independentes bicaudais para variáveis contínuas, e teste de qui-quadrado (χ2) ou exato de Fisher para as variáveis categóricas. Foi realizada uma regressão linear múltipla do peso do recém-nascido sobre o IMC materno, ajustado por idade materna, síndromes hiperglicêmicas, síndromes hipertensivas hipertensivas e operações cesarianas, a fim de analisar a relação entre essas variáveis. Todas as análises foram realizadas com o uso de R (R Foundation for Statistical Computing, Viena, Áustria) para Windows, versão 3.1.0. Um valor de p < 0,05 foi considerado estatisticamente significante.
A obesidade associou-se à idade materna [OR 9,8 (7,8-12,2); p < 0,01], distúrbios hiperglicêmicos [OR 6.5 (4,8-8,9); p < 0,01], distúrbios hipertensivos (RP: 7,6 [6,1-9,5]; p < 0,01), maior taxa de operação cesariana [OR 2,5 (2,1-3,0); p < 0,01], macrossomia fetal [OR 2,9 (2,3-3,6); p < 0,01] e baixo pH na artéria umbilical [OR 2,1 (1,4-2,9); p < 0,01]. Não foi observada associação com tempo de trabalho de parto, sangramento durante o trabalho de parto, índice de Apgar no 1° e 5° minutos, idade gestacional, natimortalidade e mortalidade neonatal precoce, malformações congênitas e tocotraumatismo materno e fetal.
O estudo mostrou que a obesidade pré-gestacional associou-se com idade materna mais elevada, distúrbios hiperglicêmicos e hipertensivos, taxas mais altas de operação cesariana, macrossomia e acidose fetal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(8):359-365
DOI 10.1590/SO100-720320150005415
Comparar a qualidade do sono de gestantes com e sem sobrepeso no segundo e terceiro trimestres.
Estudo transversal incluindo 223 gestantes com ≥14 semanas: 105 com sobrepeso (índice de massa corporal - IMC - pré-gestacional ≥25,0 km2) e 118 eutróficas (IMC 18,5-24,9 kg/m2) em acompanhamento pré-natal. A versão brasileira do questionário Pittsburgh Sleep Quality Index (PSQI-BR) foi utilizada para avaliação do sono. Testes do χ2 e t de Student foram utilizados para comparar diferenças entre os grupos; p<0,05 foi considerado significante.
A maioria (65,9%) apresentou baixa qualidade de sono (escore total >5) e essa proporção foi significativamente mais alta entre as mulheres com sobrepeso (80/105), em comparação às eutróficas (67/118) (76,2 versus 56,8%, p=0,004). No 2º trimestre, essa proporção não alcançou significância estatística (72,5 versus 53,7%, p=0,06), mas o escore médio total do PSQI-BR foi mais alto entre aquelas com sobrepeso (7,0±3,8 versus 5,5±3,2, p=0,02). Nesse período, os escores médios de latência e qualidade subjetiva do sono foram significativamente mais altos entre as mulheres com sobrepeso (1,4±1,0 versus 1,0±0,9, p=0,02, e 1,3±0,8 versus 0,8±0,8, p=0,02, respectivamente). No 3º trimestre, a proporção de gestantes com baixa qualidade do sono foi mais alta entre as mulheres com sobrepeso, mas sem diferença significante (79,6 versus 60,8%, p=0,06). Nessa fase, o escore total do instrumento foi semelhante entre as mulheres com e sem sobrepeso (9,4±4,2 versus 8,3±4,6, p=0,2). No entanto, gestantes com sobrepeso apresentaram escores médios mais altos para distúrbios do sono (2,3±0,7 versus 2,0±0,8, p=0,04).
Mulheres com sobrepeso pré-gestacional apresentaram sono mais comprometido do que as eutróficas, no segundo e terceiro trimestres da gravidez.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(7):302-307
DOI 10.1590/S0100-720320150005352
Avaliar o desenvolvimento folicular em ratas Wistar com obesidade induzida por dieta de cafeteria (DCAF) submetidas à administração de losartan (LOS), um antagonista do receptor AT1 da Angiotensina II.
Aos 21 dias de vida, as ratas foram separadas aleatoriamente em dois grupos: controle (CTL), que recebeu ração padrão, e cafeteria (CAF), que recebeu a DCAF, altamente palatável e calórica. Aos 70 dias de vida, início da idade reprodutiva, animais do grupo CAF foram subdivididos em dois grupos (n=15/grupo): CAF, que recebeu água, e CAF+LOS, que recebeu 30 mg/kg de peso corporal (PC) de LOS por gavagem durante 30 dias. O grupo CTL também recebeu água por gavagem. Aos 100 dias de vida foi realizada a eutanásia dos animais e o PC e das gorduras retroperitoneal, perigonadal e subcutânea foi avaliado. Os ovários direitos foram retirados para contagem do número dos diferentes tipos de folículos ovarianos. As concentrações plasmáticas dos hormônios folículo-estimulantes (FSH), luteinizante (LH), prolactina (PRL) e progesterona foram avaliadas. Os resultados foram expressos como média±erro padrão da média. Para análise estatística, foi utilizado one-way ANOVA, seguido pelo pós-teste de Newman-Keuls (p<0,05).
O PC e das gorduras, assim como o número de folículos antrais, foi elevado no grupo CAF em relação ao CTL. Todavia, as concentrações de FSH e LH foram mais baixas entre os animais CAF. A administração de LOS reduziu o PC e das gorduras retroperitoneal e subcutânea, bem como o número de folículos antrais. O tratamento com LOS atenuou a redução das concentrações de FSH e de LH. As concentrações de progesterona e PRL foram semelhantes entre os grupos estudados.
O uso de LOS pode favorecer o desenvolvimento folicular em fêmeas obesas e pode possibilitar sua utilização como fármaco coadjuvante no tratamento da infertilidade associada à obesidade.
Resumo
. ;:164-171
DOI 10.1590/SO100-720320150005186
Identificar os fatores associados à retenção de peso após a gravidez.
Foi realizado um estudo de coorte com 145 mulheres que receberam cuidados de maternidade em um hospital de Caxias do Sul, Rio Grande do Sul, Brasil, com idades entre 19 e 45 anos entre a 38ª e a 42ª semana da gravidez. As pacientes foram avaliadas um, três e seis meses após o parto. As variáveis foram analisadas com o teste t de Student ou análise de variância de uma via (ANOVA), conforme indicado; as associações foram analisadas pelas correlações de Pearson e Spearman. Para identificar e analisar confundidores independentemente associados à perda de peso, foi utilizada regressão linear multivariada e foi considerado estatisticamente significante p≤0,05.
Houve uma associação positiva significativa entre o ganho de peso total - e uma associação negativa com o exercício físico durante a gravidez - com a perda de peso total. Maior número de partos, intervalo entre partos, ingestão de calorias, índice de massa corporal (IMC) antes da gestação, ganho de peso relacionado com IMC pré-gestacional, presença e severidade de depressão e falta de aleitamento materno exclusivo foram diretamente associados com menor perda de peso. Entre as variáveis nominais, o nível de escolaridade e estado civil foram significativamente associados com a perda de peso total.
No presente estudo, menor retenção de peso no pós-parto foi associada com maior nível educacional e com o fato de a gestante ser casada. IMC pré-gestacional normal ou abaixo do normal, atividade física e ganho de peso adequado durante a gravidez, menor paridade, amamentação exclusiva por um período mais longo, ingestão adequada ou de baixa caloria e ausência de depressão foram também determinantes na retenção de peso reduzida.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(11):509-513
DOI 10.1590/S0100-720320140005024
Avaliar a influência do excesso de peso materno na gestação, no parto e nos desfechos neonatais.
Estudo transversal e retrospectivo que incluiu 298 puérperas. As informações foram obtidas por meio de entrevistas e acesso aos prontuários das pacientes. As puérperas foram divididas em três grupos, conforme o índice de massa corpórea pré-gestacional: normal (18,5–24,9 kg/m2); sobrepeso (25,0–29,9 kg/m2) e obesidade (≥30,0 kg/m2). Foram construídos modelos de regressão logística multinominal para ajustar o efeito das variáveis de confusão. Estabeleceram-se intervalos de confiança de 95% (IC95%).
Comparadas às gestantes com peso normal, pacientes com sobrepeso apresentaram chances maiores de cesariana, sendo a odds ratio (OR) de 2,2 e IC95% 1,3–3,9, e as obesas tiveram ainda maiores (OR=4,2; IC95% 2,1–8,1). As chances de desenvolvimento de diabetes gestacional aumentaram nos grupos Sobrepeso (OR=2,5; IC95% 1,1–5,6) e Obesidade (OR=11,1; IC95% 5,0–24,6). A síndrome hipertensiva na gravidez também se mostrou mais provável nas gestantes com sobrepeso (OR=3,2; IC95% 1,2–8,1) e obesas (OR=7,5; IC95% 2,9–19,1). A hemorragia de grande porte no momento do parto somente apresentou maiores valores no grupo de obesas (OR=4,1; IC95% 1,1–15,8). Quanto aos recém-nascidos, a probabilidade de Apgar baixo no primeiro minuto foi superior entre as obesas (OR=5,5; IC95% 1,2–23,7), e a ocorrência de macrossomia aumentou nas mulheres com sobrepeso (OR=2,9; IC95% 1,3–6,3). Os resultados quanto à hipoglicemia neonatal não foram conclusivos.
As chances de intercorrências maternas (diabetes gestacional, síndrome hipertensiva, hemorragia pós-parto) e neonatais (cesariana, macrossomia e escore Apgar baixo) foram maiores nos grupos com excesso de peso (sobrepeso e obesidade).
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(11):503-508
DOI 10.1590/S0100-720320140005081
Avaliar variações no índice de massa corpórea em pacientes que estão passando por quimioterapia devido ao câncer de mama, e relacionar tais alterações com a idade da paciente e o regime de quimioterapia.
Estudo de coorte retrospectivo que correlacionou variações no índice de massa corpórea pré- e pós-quimioterapia com a idade da paciente e o regime de quimioterapia. Foram excluídas as pacientes que receberam terapia hormonal prévia, seja como tamoxifeno ou inibidores da aromatase. Os dados de 196 pacientes com estágio I a III de câncer de mama foram selecionados, e elas foram tratadas por cirurgia radical ou conservadora que receberam quimioterapia adjuvante no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo, Brasil.
Antes da quimioterapia adjuvante, 67,8% das pacientes foram classificadas com sobrepeso ou obesas de acordo com seus índices de massa corpórea. Aproximadamente 66,3% (IC95% 59,7–73,0) das pacientes exibiram aumento no índice de massa corpórea após a quimioterapia adjuvante. A média de idade das pacientes foi de 56,3± 11,3 anos. Pacientes que apresentaram aumento no índice de massa corpórea eram mais jovens do que aquelas que não apresentaram aumento algum (54,7±11,1 versus 59,3±11,2 anos; p=0,007). As pacientes foram tratadas com os seguintes regimes de quimioterapia: doxorrubicina, ciclofosfamida e paclitaxel (AC-T, 129 pacientes, 65,8%); 5-fluoracil, doxorrubicina e ciclofosfamida (36 pacientes, 18,4%); ciclofosfamida, metotrexato e 5-fluoracil (16 pacientes, 8,2%); docetaxel e ciclofosfamida (7 pacientes, 3,6%) e outros regimes (8 pacientes, 4,1%). O regime AC-T mostrou uma relação significativa com o aumento do índice de massa corpórea (p<0,001 por ANOVA).
A maioria das pacientes com câncer de mama mostrou um aumento no índice de massa corpórea pós-quimioterapia adjuvante, especialmente após o regime de quimioterapia AC-T.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(10):467-472
DOI 10.1590/SO100-720320140005094
Avaliar os fatores associados com a taxa de ocorrência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) em mulheres brasileiras com 50 anos ou mais.
Trata-se de um estudo transversal de base populacional usando autorrelato de doenças. Foi avaliada a associação entre os fatores sociodemográficos, clínicos e comportamentais com a idade da ocorrência de hipertensão. Os dados foram analisados com uso das taxas acumuladas de continuação para hipertensão utilizando o método de tabela de vida, com intervalos anuais. Em seguida, foi ajustado modelo de regressão múltipla de Cox, para a análise de diversas variáveis preditoras, possivelmente associadas à taxa acumulada de ocorrência de hipertensão. O nível de significância foi pré-estabelecido em 5% (Intervalo de confiança de 95%) e o plano de amostragem (unidade primária da amostra) foi levado em consideração.
A mediana da ocorrência da hipertensão das mulheres da amostra foi de 64,3 anos. A taxa acumulada de continuação sem hipertensão, aos 90 anos, foi de 20%. Quanto maior o índice de massa corpórea entre os 20 e 30 anos, maior foi a taxa acumulada de ocorrência de HAS ao longo do tempo (coef=0,078; p<0,001); ter cor da pele branca esteve associada à menor taxa acumulada de ocorrência de HAS ao longo do tempo (coef=-0,4; p=0,003) e fumar mais de 15 cigarros por dia esteve associado ao aumento da taxa acumulada de ocorrência de HAS ao longo do tempo (coef=0,4; p=0,004).
Os resultados do presente estudo evidenciam a importância de controlar o peso na adulta jovem e evitar o tabagismo para prevenir a ocorrência de hipertensão em mulheres com 50 anos ou mais.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(10):449-455
DOI 10.1590/SO100-720320140004946
Avaliar fatores de risco cardiometabólicos durante a gestação normal, observando a influência da obesidade materna sobre os mesmos.
Estudo realizado com 25 gestantes sadias com gestação única e idade gestacional inferior a 20 semanas. Foi feita análise longitudinal de pressão arterial, peso, índice de massa corporal (IMC), concentrações séricas de leptina, adiponectina, cortisol, colesterol total e frações, triglicérides, ácido úrico, glicose de jejum, teste oral de tolerância à glicose, HOMA-IR e relação insulina/glicose nos três trimestres da gestação. Para avaliação da influência da obesidade, as gestantes foram divididas em dois grupos baseados no IMC do primeiro trimestre: grupo com peso normal (Gpn) para gestantes com IMC<25 kg/m2 e grupo com sobrepeso/obesidade (Gso) para IMC≥25 kg/m2. Foram utilizados testes ANOVA de um fator para medidas repetidas ou teste de Friedman e os testest de Student ou de Mann-Whitney para análises estatísticas comparativas e teste de Pearson para correlações.
A média de idade foi de 22 anos. Os valores médios para o primeiro trimestre foram: peso 66,3 kg e IMC 26,4 kg/m2, sendo 20,2 kg/m2do Gpn e 30,7 kg/m2 do Gso. A média do ganho de peso foi de 12,7 kg (10,3 kg para Gso e 15,2 Kg para Gpn). Os níveis de cortisol, ácido úrico e lipidograma elevaram-se nos trimestres, com exceção do HDL-colesterol que não se alterou. A pressão arterial, insulina e HOMA-IR sofreram elevação apenas no terceiro trimestre. O grupo Gso mostrou tendência a maior ganho de peso, apresentou concentrações de leptina, colesterol total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol, TG, glicemia jejum e insulina mais elevados, maior HOMA-IR, além de reduzida concentração de HDL-colesterol e pressão arterial diastólica mais elevada no 3° trimestre. Três gestantes desenvolveram hipertensão gestacional, apresentaram obesidade pré-gestacional, ganho excessivo de peso, hiperleptinemia e relação insulina/glicose maior que dois. O peso e o IMC apresentaram correlação positiva com colesterol total e sua fração LDL, TG, ácido úrico, glicemia jejum, insulina e HOMA-IR; e negativa com adiponectina e HDL-colesterol. Leptina apresentou correlação positiva com pressão arterial.
As alterações metabólicas da gestação são mais expressivas entre as gestantes obesas, o que as torna mais propensas às complicações cardiometabólicas. As mulheres obesas devem ser esclarecidas sobre esses riscos e diante de uma gestante obesa, na primeira consulta de pré-natal, o cálculo do IMC, bem como da relação insulina/glicose e o lipidograma devem ser solicitados, a fim de identificar a gestante de maior risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.