Resumo
. ;:1052-1058
A mastectomia poupadora do complexo areolo-mamilar (MPM) tem sido tradicionalmente utilizada em casos selecionados com distância tumor-mamilo > 2 cm e biópsia de congelação da base do mamilo negativa. Recomendar MPM em populações não selecionadas continua controverso. Este estudo avaliou os resultados oncológicos de pacientes submetidas à MPM em uma população não selecionada atendida em um único centro.
Coorte retrospectivo incluindo pacientes não selecionadas com carcinoma invasivo ou carcinoma ductal in situ (CDIS) submetidas à MPM entre 2010 e 2020. Os desfechos incluíram: recorrência locorregional, sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG), independentemente do tamanho do tumor ou da distância tumor-mamilo.
Setenta e seis pacientes (média: 46,1 anos de idade) (58 carcinomas invasivos/18 CDIS) foram incluídas. A maioria dos carcinomas invasivos era hormônio-positivo (60%) (superexpressão de HER2: 24%; triplo-negativo: 16%), enquanto 39% dos CDIS eram de alto grau histológico. Os carcinomas invasivos foram T2 em 66% dos casos, com metástases axilares em 38%. As margens cirúrgicas foram todas negativas. Todas as pacientes com carcinoma invasivo receberam tratamento sistêmico e 38% receberam radioterapia. Após um período médio de 34,8 meses, 3 pacientes com carcinoma invasivo (5,1%) e 1 com CDIS (5,5%) apresentaram recidiva local. Durante o acompanhamento, duas pacientes tiveram metástase à distância e vieram a óbito. As taxas de SG e SLD aos 5 anos para carcinoma invasivo foram de 98% e 83%, respectivamente.
Em casos não selecionados, os resultados oncológicos de 5 anos após MPM foram considerados aceitáveis e comparáveis a resultados anteriores. Estudos adicionais são necessários.
Resumo
. ;:710-717
Identificar biomarcadores de resposta à quimioterapia neoadjuvante em câncer luminal de mama.
Estudo transversal em que foram incluídas todas as pacientes com câncer luminal de mama em estádio inicial ou localmente avançado que foram submetidas a quimioterapia neoadjuvante nos anos de 2013 e 2014. Dados demográficos, clínicos e patológicos foram obtidos de prontuários médicos. As expressões de receptor de estrogênio (RE), de receptor de progesterona (RP), e de Ki67 foram avaliadas por imuno-histoquímica (IHQ). A expressão do receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (human epidermal growth factor receptor 2, HER2) foi avaliada por IHQ e hibridização in situ por imunofluorescência (HISI). Análises de regressão logística e de curva de característica de operação do receptor (COR) foram usadas para investigar fatores preditivos independentes de resposta clínica e patológica.
De 298 pacientes identificadas, 115 foram incluídas na análise. Resposta clínica completa (RCc) foi observada em 43.4% das pacientes (49/113), e resposta patológica completa (RPc), em 7.1% (8/115). Os fatores preditivos independentes de RCc foram status menopausal (p < 0.001), baixa expressão de RP (≤ 50% versus > 50%; p = 0.048), e expressão de Ki67 ≥ 14% (versus < 14%; p = 0.01). Pacientes com RCc apresentaram maior probabilidade de serem submetidas a cirurgia conservadora da mama (34.7% versus 7.8%; p < 0.001). Aumento no ponto de corte para expressão de Ki67 foi associado a aumento da especificidade e redução da sensibilidade na identificação de pacientes com RCc.
Status premenopausal, baixa expressão de RP e maior expressão de Ki67 estiveram associados a maior taxa de RCc à quimioterapia neoadjuvante no câncer luminal de mama.
Resumo
. ;:221-225
DOI 10.1590/S0100-72032013000500006
OBJETIVO: Foi determinar se a avaliação clínica é adequada na determinação do volume a ser ressecado em cirurgias conservadoras de mama após tratamento neoadjuvante. MÉTODOS: Avaliamos 279 pacientes com diagnóstico histológico de carcinoma invasor de mama submetidas à terapia neoadjuvante seguida de tratamento cirúrgico ou tratadas com cirurgia primária. O volume de tecido excisado, o volume da massa tumoral e o volume ótimo para a excissão cirúrgica baseado em uma margem de 1 cm foram calculados. O excesso de volume excisado foi estimado pelo cálculo da taxa de ressecção determinada pelo volume de tecido excisado dividido pelo volume ótimo para a excisão cirúrgica. Analisamos a extensão da ressecção cirúrgica e o efeito do exesso de tecido ressecado na obtenção de margens cirúrgicas. RESULTADOS: A mediana do diâmetro tumoral foi de 2,0 e 1,5 cm nos grupos de cirurgia primária e terapia neoadjuvante, respectivamente. A mediana do volume de tecido mamário ressecado foi de 64,3 cm³ no grupo de cirurgia primária e de 90,7 cm³ no grupo de tratamento neoadjuvante. A taxa mediana de ressecção nos grupos de cirurgia primária e terapia neoadjuvante foram 2,0 e 3,3 respectivamente (p<0,0001). Os dados relacionados à margem cirúrgica foram similares em ambos os grupos. A comparação do volume de tecido ressecado mostrou correlação positiva no grupo de cirurgia primária, porém não no grupo de tratamento neoadjuvante. CONCLUSÃO: Existe uma tendência dos cirurgiões a removerem maior quantidade de tecido mamário durante cirurgias conservadoras de mama de pacientes que foram submetidas à tratamento neoadjuvante, resultando na perda da correlação entre o diâmetro tumoral e o volume do espécime excisado.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(8):428-434
DOI 10.1590/S0100-72032007000800008
O tratamento cirúrgico do câncer de mama sofreu expressivas mudanças nas últimas décadas. A cirurgia conservadora é o tratamento padrão para o câncer de mama em estádio inicial. Com a implementação dos programas de rastreamento e o uso emergente de tratamento sistêmico neoadjuvante, um crescente número de pacientes está sendo considerado elegível para o tratamento conservador. No entanto, uma série de fatores importantes merecem ser considerados no planejamento terapêutico destas pacientes. Esta revisão fornece uma visão geral da metodologia cirúrgica no tratamento conservador do carcinoma da mama.