Resumo
. ;:710-718
Descrever os efeitos do contraceptivo oral combinado (COC) no sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA).
Os achados deste estudo sugerem que o COC promove maior ativação do SRAA. Apoiando a ideia de que o seu uso esteja relacionado ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, incluindo a hipertensão arterial sistêmica.
Resumo
. ;:878-883
um desafio considerar o diagnóstico e o tratamento da pré-eclâmpsia (PE) em locais de baixa e média renda, onde a doença representa um grande problema de saúde pública. A placenta é a causa subjacente da doença, e as concentrações plasmáticas de fatores pró-angiogênicos e antiangiogênicos liberados pela placenta podem refletir os riscos de progressão da doença. Proteínas antiangiogênicas, como a tirosina quinase fms solúvel tipo 1 (sFlt-1), e pró-angiogênicas, como o fator de crescimento placentário (PlGF), estão direta e inversamente correlacionados com o início da doença, respectivamente.
Revisão narrativa sobre o uso de biomarcadores (razão sFlt-1/PlGF) com sugestão de protocolo de orientação para uso clínico.
Principais considerações sobre o uso de biomarcadores: a razão sFlt-1/PlGF é principalmente relevante para descartar PE entre 20 e 36 6/7 semanas em casos de suspeita de PE; entretanto, não deve substituir os exames de rotina para o diagnóstico de PE. A relação sFlt-1/PlGF não deve ser realizada após a confirmação do diagnóstico de PE (apenas em ambientes de pesquisa). Em mulheres com suspeita de PE, a razão sFlt-1/PlGF < 38 pode descartar o diagnóstico de PE por 1 semana (VPN = 99,3) e até 4 semanas (VPN = 94,3); A relação sFlt-1/PlGF > 38 pode auxiliar no manejo clínico. Em casos de hipertensão grave e/ou sintomas (eclâmpsia iminente), a hospitalização é imprescindível, independentemente do resultado da relação sFlt-1/PlGF.
O uso de biomarcadores pode auxiliar na tomada de decisões clínicas no manejo de casos suspeitos de PE, principalmente para afastar o diagnóstico da doença, evitando intervenções desnecessárias, tais como internações e prematuridade iatrogênica.
Resumo
. ;:894-903
A hipertensão gestacional (GH) é caracterizada pelo aumento da pressão sanguínea após a 20ª semana de gestação; a presença de proteinuria e/ou sinais de danos a órgãos como rins, fígado e cérebro indicam pré-eclâmpsia (PE). A heme oxigenase-1 (HO-1) é uma enzima antioxidante com um papel importante na manutenção da função endotelial, e a sua indução por certas moléculas se mostra potencialmente benéfica frente à característica deletéria destas condições sobre o endotélio. Já foi demonstrado anteriormente que a produção de HO-1 pode ser induzida por iodeto de potássio (KI). Portanto, nós avaliamos os efeitos do KI sobre a citotoxicidade e expressão de HO-1 por células de veia de cordão umbilical humano (HUVECs) após incubação com o plasma de mulheres diagnosticadas com GH ou PE.
Células de veia de cordão umbilical humano foram incubadas com pool de plasma de gestantes saudáveis (n = 12), gestantes com GH (n = 10) ou gestantes com PE (n = 11) com ou sem a adição de KI por 24 horas para avaliar a citotoxicidade através da dosagem de lactato desidrogenase e produção de HO-1 por ELISA. Foi realizada ANOVA seguida de teste de Dunnet para múltiplas comparações entre os grupos estudados, considerando significativos valores de p ≤ 0,05.
A solução de KI (1.000 µM) reduziu a produção de HO-1 no grupo GH (p = 0.0018) e a citotoxicidade no grupo PE (p = 0.0143); o tratamento com KI não afetou a produção de HO-1 por HUVECs incubadas com o plasma do grupo PE.
Nossos achados sugerem que o KI atenua os efeitos do plasma de gestantes com GH ocasionando a diminuição da produção de HO-1; plasma do grupo PE não induziu a produção de HO-1 em HUVECs em comparação ao grupo saudável, e nossa hipótese é a de que tal achado pode ser devido a mecanismos pós-transcricionais em resposta a uma superestimulação da produção de HO-1 nos estágios iniciais da gravidez.
Resumo
. ;:248-254
Avaliar os resultados maternos e perinatais em gestação de mulheres com hipertensão crônica.
Coorte retrospectiva de mulheres hipertensas crônicas acompanhadas em hospital de referência por 5 anos (2012-2017). Foi realizada revisão dos prontuários médicos e os resultados são descritos em médias e frequências. A regressão de Poisson foi usada para identificar os fatores independentemente associados à ocorrência de pré-eclâmpsia superajuntada.
Um total de 385 mulheres foram incluídas no presente estudo, e amaioria tinha idade > 35 anos, era multípara, majoritariamente brancas e obesas antes da gravidez. Um terço teve pré-eclâmpsia em gestação anterior, e 17% apresentavam lesão de órgão-alvo associada à hipertensão, majoritariamente disfunção renal. Um total de 85% das pacientes usaram ácido acetilsalicílico e carbonato de cálcio para a profilaxia de pré-eclâmpsia, sendo que a frequência de pré-eclâmpsia superajuntada foi de 40%, com um início prematuro (32.98 ± 6.14 semanas). Destas, 40% apresentaram sinais de gravidade associados à pré-eclâmpsia, com 5 casos de síndrome HELLP; entretanto sem nenhum caso de eclampsia ou morte materna. A incidência de cesárea foi alta, comidade gestacional de 36 semanas ao parto, e umterço dos recém-nascidos tiveram complicações ao nascimento. Um terço das mulheres permaneceu usando medicamentos anti-hipertensivos ao fim da gravidez.
A hipertensão crônica se relaciona comalta prevalência de pré-eclâmpsia, cesárea, prematuridade e complicações neonatais. Vigilância e cuidado multidisciplinar são importantes para o diagnóstico precoce das complicações.
Resumo
. ;:419-424
Avaliar os resultados maternos e perinatais de gestações em mulheres transplantadas renais em um centro terciário no Brasil.
Coorte retrospectiva de gestações entre mulheres transplantadas renais na Universidade Estadual de Campinas, de Janeiro de 1995 a Dezembro de 2017. Os prontuários médicos foram revisados, e os resultados maternos e perinatais foram descritos como médias e frequências. A função renal e a pressão arterial foram avaliadas durante a gravidez e o puerpério.
Um total de 22 mulheres tiveram ao menos 1 gravidez durante o período avaliado, e 3 delas tiveram > 1 gestação, totalizado 25 gestações. A idade média no momento do transplante foi 24.6 ± 4.2 anos, e o tempo médio de intervalo até a gravidez foi de 67.8 ± 46.3 meses. A complicação mais frequente durante a gravidez foi a hipertensão, que acometeu 11 (64.7%) mulheres. A idade gestacional no parto foi de 34.7 ± 4 semanas, e 47% das gestações encerraram-se prematuramente (< 37 semanas). Umtotal de 88.2% das gestações terminou com uma cesárea. A função renal, avaliada pela creatinina sérica, permaneceu estável durante a gravidez, enquanto a pressão arterial sistólica aumentou significativamente. A pressão arterial diastólica não diferiu ao longo dos períodos avaliados.
Gestação após o transplante renal é um evento raro. Pré-eclâmpsia e prematuridade foram as complicações mais frequentes, e as taxas de cesárea foram muito altas. O cuidado multiprofissional no pré-natal e no puerpério e a constante monitoração da função do enxerto são fundamentais para diagnosticar precocemente complicações e melhorar os resultados.
Resumo
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Diferentes ambientes intrauterinos podem influenciar a variação de peso corporal pré-gestacional materno até 6 meses pós-parto. O objetivo do presente estudo foi verificar a associação de fatores sociodemográficos, obstétricos, nutricionais e comportamentais com a variação de peso em mulheres divididas em quatro grupos: hipertensas (HM), diabéticas (DM), tabagistas (SM) e controles (CM).
Amostra de conveniência de 124 puérperas recrutadas em 3 hospitais públicos da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil, entre 2011 e 2016. Regressões lineares múltiplas e modelos de equações de estimativas generalizadas (GEE) foram realizados para identificar os fatores associados à variação do peso materno. Para todas as GEE, as medidas de peso materno foram ajustadas para a estatura materna, paridade, escolaridade e tipo de parto, e três medidas de peso (prégravidez, anterior ao parto e 15 dias pós-parto) foram fixadas.
Um modelo hierárquico associou o diagnóstico materno de hipertensão e o índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional de sobrepeso com ganho de peso materno medido até o 6° mês pós-parto (diferença entre o peso materno aos 6 meses pós-parto e o peso pré-gestacional). Estes resultados mostraram que o grupo HM e mulheres comsobrepeso aumentaram o peso corporal em ~ 5,2 kg 6 meses pós-parto, em comparação com os demais grupos. Além disso, as mulheres classificadas com sobrepeso tiveram uma variação maior de peso corporal, de 3,150 kg.
Evidenciou-se a necessidade de diretrizes nutricionais específicas para distúrbios hipertensivos gestacionais, bem como de maior atenção dos serviços de saúde públicos para mulheres com excesso de peso em idade fértil.
Resumo
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DOI 10.1590/SO100-720320150005238
Avaliar a presença de podocitúria em gestantes hipertensas crônicas no terceiro trimestre da gestação e a associação com doença renal.
Estudo observacional descritivo em uma amostra de conveniência de 38 gestantes hipertensas crônicas. Os podócitos foram marcados com técnica de imunofluorescência indireta com antipodocina e diamidino-fenilindol (DAPI). A contagem foi feita a partir de 30 campos analisados de forma aleatória, corrigida pela creatinina urinária (podócitos/mg de creatinina). Foram assumidos dois grupos: grupo GN (função glomerular normal), com até 100 podócitos, e grupo GP (provável glomerulopatia), com mais de 100 podócitos. A dosagem de creatinina foi realizada com uso da técnica do picrato alcalino. As variáveis de análise foram o índice de massa corpórea, a idade gestacional na coleta, a pressão arterial sistólica e a pressão arterial diastólica no momento da coleta. Para a análise dos dados, foi utilizado o programa SPSS - versão 16.0. (IBM - USA). Nas análises estatísticas, foi utilizado o teste do χ2, sendo consideradas diferenças significantes valores de p<0,05.
A contagem de podócitos no grupo GN teve mediana de 20,3 (0,0 a 98,1), e no grupo GP, de 176,9 (109,1 a 490,6). A média do índice de massa corpórea foi 30,2 kg/m2 (DP=5,6), a média da idade gestacional foi de 35,1 semanas (DP=2,5), a mediana da pressão arterial sistólica foi de 130,0 mmHg (100,0-160,0) e a mediana da pressão arterial diastólica de 80,0 mmHg (60,0-110,0). Não houve correlação significativa entre podocitúria e índice de massa corpórea (p=0,305), idade gestacional na coleta (p=0,392), pressão arterial sistólica (p=0,540) e pressão arterial diastólica (p=0,540).
Não foi identificado um padrão de podocitúria compatível com a presença de glomerulopatia ativa, ainda que algumas das gestantes (15,8%) tenham exibido perda podocitária expressiva. Consideramos ser prematuro recomendar para a prática clínica rotineira a incorporação da pesquisa de podocitúria ao longo do pré-natal de gestantes hipertensas crônicas.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(10):449-455
DOI 10.1590/SO100-720320140004946
Avaliar fatores de risco cardiometabólicos durante a gestação normal, observando a influência da obesidade materna sobre os mesmos.
Estudo realizado com 25 gestantes sadias com gestação única e idade gestacional inferior a 20 semanas. Foi feita análise longitudinal de pressão arterial, peso, índice de massa corporal (IMC), concentrações séricas de leptina, adiponectina, cortisol, colesterol total e frações, triglicérides, ácido úrico, glicose de jejum, teste oral de tolerância à glicose, HOMA-IR e relação insulina/glicose nos três trimestres da gestação. Para avaliação da influência da obesidade, as gestantes foram divididas em dois grupos baseados no IMC do primeiro trimestre: grupo com peso normal (Gpn) para gestantes com IMC<25 kg/m2 e grupo com sobrepeso/obesidade (Gso) para IMC≥25 kg/m2. Foram utilizados testes ANOVA de um fator para medidas repetidas ou teste de Friedman e os testest de Student ou de Mann-Whitney para análises estatísticas comparativas e teste de Pearson para correlações.
A média de idade foi de 22 anos. Os valores médios para o primeiro trimestre foram: peso 66,3 kg e IMC 26,4 kg/m2, sendo 20,2 kg/m2do Gpn e 30,7 kg/m2 do Gso. A média do ganho de peso foi de 12,7 kg (10,3 kg para Gso e 15,2 Kg para Gpn). Os níveis de cortisol, ácido úrico e lipidograma elevaram-se nos trimestres, com exceção do HDL-colesterol que não se alterou. A pressão arterial, insulina e HOMA-IR sofreram elevação apenas no terceiro trimestre. O grupo Gso mostrou tendência a maior ganho de peso, apresentou concentrações de leptina, colesterol total, LDL-colesterol, VLDL-colesterol, TG, glicemia jejum e insulina mais elevados, maior HOMA-IR, além de reduzida concentração de HDL-colesterol e pressão arterial diastólica mais elevada no 3° trimestre. Três gestantes desenvolveram hipertensão gestacional, apresentaram obesidade pré-gestacional, ganho excessivo de peso, hiperleptinemia e relação insulina/glicose maior que dois. O peso e o IMC apresentaram correlação positiva com colesterol total e sua fração LDL, TG, ácido úrico, glicemia jejum, insulina e HOMA-IR; e negativa com adiponectina e HDL-colesterol. Leptina apresentou correlação positiva com pressão arterial.
As alterações metabólicas da gestação são mais expressivas entre as gestantes obesas, o que as torna mais propensas às complicações cardiometabólicas. As mulheres obesas devem ser esclarecidas sobre esses riscos e diante de uma gestante obesa, na primeira consulta de pré-natal, o cálculo do IMC, bem como da relação insulina/glicose e o lipidograma devem ser solicitados, a fim de identificar a gestante de maior risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.