Resumo
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Existem poucos estudos multinacionais sobre os resultados do tratamento da neoplasia trofoblástica gestacional (NTG) na América do Sul. O objetivo deste estudo foi avaliar a apresentação clínica, os resultados do tratamento e os fatores associados a casos de quimiorresistência em NTG pós-molar de baixo risco tratados com quimioterapia de agente único de primeira linha em três centros sul-americanos.
Estudo multicêntrico de coorte histórica incluindo mulheres com NTG pós-molar de baixo risco com estadiamento International Federation of Gynecology and Obstetrics (FIGO) em centros de atendimento na Argentina, Brasil e Colômbia entre 1990 e 2014. Foram obtidos dados sobre as características do paciente, apresentação da doença e resposta ao tratamento. A regressão logística foi usada para avaliar a relação entre fatores clínicos e resistência ao tratamento de primeira linha com agente único. Foi realizada uma análise multivariada dos fatores clínicos significativos na análise univariada.
Cento e sessenta e três mulheres com NTG de baixo risco foram incluídas na análise. A taxa global de resposta completa à quimioterapia de primeira linha foi de 80% (130/163). As taxas de resposta completa ao metotrexato ou actinomicina-D como tratamento de primeira linha e actinomicina-D como tratamento de segunda linha após falha do metotrexato foram 79% (125/157), 83% (⅚) e 70% (23/33), respectivamente. A mudança para o tratamento de segunda linha por quimiorresistência ocorreu em 20,2% dos casos (33/163). A análise multivariada demonstrou que pacientes com pontuação de risco FIGO de 5 a 6 foram 4,2 vezes mais propensos a desenvolver resistência ao tratamento com agente único de primeira linha (p= 0,019).
1) Na apresentação, a maioria das mulheres demonstrou características clínicas favoráveis a um bom resultado, 2) a taxa geral de remissão completa sustentada após o tratamento de primeira linha com agente único foi comparável à de países desenvolvidos, 3) um escore de risco FIGO de 5 ou 6 está associado ao desenvolvimento de resistência à quimioterapia de agente único de primeira linha.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(1):61-66
DOI 10.1590/S0100-72032003000100009
OBJETIVO: estudar a freqüência da neoplasia trofoblástica gestacional recorrente e analisar se a evolução e o desfecho do episódio de repetição acarretam agravado risco, assim de invasão como de malignização, e se há necessidade de maior número de ciclos de quimioterapia e regimes mais agressivos. MÉTODOS: vinte e nove pacientes com mola hidatiforme recorrente foram acompanhadas e eventualmente tratadas no Centro de Neoplasia Trofoblástica Gestacional da 33ª Enfermaria da Santa Casa da Misericórdia do Rio de Janeiro, entre 1960 e 2001, representando incidência de 1,2% (29/2262). Foram revisados os prontuários médicos para determinar a idade das pacientes, o número de gravidezes, paridade, apresentação clínica e quimioterapia, caso tenha sido realizada. Um total de cinqüenta e oito episódios de neoplasia trofoblástica ocorreram nas 29 pacientes. Todos os casos tiveram comprovação histopatológica. Os cálculos estatísticos foram feitos mediante o teste de chi ² com correção de Yates e analisados pelo programa Epi-Info 2000, versão Windows, elaborado pelo Centro de Controle de Doenças de Atlanta, EUA. RESULTADOS: ocorreu mola invasora ou coriocarcinoma, no primeiro evento molar, em apenas uma paciente (1/29 - 3,4%); invasão ou malignização, entretanto, manifestou-se no segundo evento em sete pacientes (7/29 - 24,1%) [RR: 8,9; IC 95% 1,5-41; p<0,05]. CONCLUSÃO: a gravidez molar recorrente cursa com agravamento histológico e aumento na incidência de seqüela trofoblástica proliferativa, exigindo quimioterapia mais freqüente e agressiva para induzir remissão.