Resumo
. ;:450-457
Investigar a associação entre os polimorfismos dos genes caspase-8 (CASP8) (rs13416436 e rs2037815) e FAS (rs3740286 e rs4064) em mulheres brasileiras com endometriose.
Trata-se de um estudo do tipo caso-controle, no qual foram incluídas 45 mulheres com diagnóstico de endometriose e 78 controles. A genotipagem das amostras foi determinada usando a reação em cadeia de polimerase em tempo real com sondas de hidrólise TaqMan (Thermo Fisher Scientific, Darmstadt, Germany). As frequências genotípicas e alélicas foram analisadas usando o teste do qui-quadrado. O SNPStats (Institut Català d’Oncologia, Barcelona, Espanha) foi usado para determinar os modelos de herança e os haplótipos. Os níveis de significância estatística considerados foram de 5% (p = 0,05).
Não foi observada diferença significativa nas frequências genotípicas ou alélicas entre os grupos de controle e de endometriose para os polimorfismos rs13416436 e rs2037815 (gene CASP8). Por outro lado, foi encontrada uma diferença significativa entre os polimorfismos rs3740286 e rs4064 (gene FAS). Em relação aos polimorfismos do gene FAS, foi encontrada uma diferença estatisticamente significativa nos modelos codominante e dominante. Apenas o haplótipo contendo os alelos rs3740286A e rs4064G no gene FAS foi estatisticamente significativo.
Não há associação entre os polimorfismos do gene CASP8 e endometriose. Entretanto, há associação entre os polimorfismos do gene FAS e o risco de desenvolver endometriose.
Resumo
. ;:390-396
Delinear as características das pacientes portadoras de endometriose profunda intestinal submetidas a tratamento cirúrgico em centro de referência com equipe multidisciplinar, e correlacionar tais achados com a extensão de doença e com os procedimentos cirúrgicos realizados.
Tratamento cirúrgico no período de fevereiro de 2012 a novembro de 2016 em 32 mulheres portadoras de endometriose profunda intestinal. Variáveis analisadas: idade; obesidade; queixas pré-operatórias: dismenorreia, dispareunia, dor acíclica, disquezia, sangramento uterino anormal, infertilidade, sintomas urinários, constipação, e sangramento intestinal; cirurgia prévia para tratamento de endometriose profunda; classificação de Enzian; técnica cirúrgica aplicada; tamanho da lesão intestinal; e complicações operatórias.
A média de idade foi de 37,75 (±5,72) anos. Um total de 7 (22%) pacientes tinha histórico de abordagem prévia da endometriose. A média do maior diâmetro das lesões intestinais foi de 28,12 mm (±14,29 mm). Na classificação de Enzian, houve predomínio das lesões da região de reto ou retossigmoide no compartimento posterior, num total de 30 casos (94%). Não foi observada associação estatística significativa entre as variáveis preditivas e o desfecho da complicação, mesmo após análise de regressão logística múltipla. Quanto ao tamanho da lesão, também não houve correlação significativa com o desfecho complicação (p = 0,18; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 0,94-1,44). No entanto, Houve associação positiva entre o grau 3 da classificação de Enzian e a técnica cirúrgicamais extensa: ressecção intestinal segmentar e retossigmoidectomia, com risco de prevalência de 4,4 (p = 0,00003; IC95%: 1,60-12,09).
A amostra populacional estudada foi constituída de mulheres muito sintomáticas. Foi encontrada prevalência alta de lesões de endometriose infiltrativa profunda localizadas em região de retossigmoide, e seu tamanho correlacionou-se diretamente com a extensão da ressecção cirúrgica realizada.
Resumo
. ;:300-303
A síndrome da endometriose torácica é uma condição rara que inclui quatro entidades: pneumotórax catamenial, hemotórax catamenial, hemoptise catamenial e nódulos pulmonares. Descrevemos o caso de umamulher de 23 anos de idade comqueixas de hemoptise durante o período menstrual por 2 anos. Inicialmente, um tratamento para a tuberculose foi estabelecido sem sucesso. Uma investigação adicional mostrou um nódulo de 4 mm no pulmão direito, e a ultrassonografia transvaginal indicou a presença de endometriose profunda. Considerando a ocorrência de sintomas somente durante a menstruação, uma terapia empírica foi instituída com remissão das queixas.
Resumo
. ;:147-155
A endometriose pode ter várias apresentações, incluindo ascite e peritonite, que são apresentações incomuns. O aumento da conscientização sobre essa doença podemelhorar a precisão diagnóstica e os resultados das pacientes. Nosso objetivo é fornecer uma revisão sistemática e relatar um caso de endometriose com esta apresentação clínica incomum. O banco de dados PubMed/MEDLINE foi revisado sistematicamente até outubro de 2016. Foram incluídas mulheres comendometriosedemonstrada histologicamente, compresença de ascite clinicamente significativa e/ou abdômen congelado e/ou peritonite encapsulante; foram excluídas aquelas com comorbidades que pudessem provocar confusão. A pesquisa selecionou 37 artigos que descrevem42mulheres, todas emidade reprodutiva. A ascite foi principalmente hemorrágica, recorrente, e não indicada pelos níveis de antígeno associado ao câncer 125 (AC-125). Por sua vez, a dismenorreia, a dispareunia e a infertilidade não foram relatadas de forma consistente. As escolhas e os resultados do tratamento foram diferentes entre os estudos, e são descritos em detalhes. A endometriose deveria ser um diagnóstico diferencial de ascite hemorrágica maciça em mulheres em idade reprodutiva.
Resumo
. ;:115-120
Avaliar a qualidade da função sexual em pacientes com suspeita de endometriose profunda infiltrativa.
Foi realizado um estudo observacional transversal prospectivo entre maio de 2015 e agosto de 2016, no qual foram analisados os dados clínicos e epidemiológicos de 67 pacientes com endometriose profunda presuntiva ou diagnosticada, níveis de dor através de escala visual analógica (EVA) e Índice de Função Sexual Feminina (questionário IFSF) antes do início do tratamento. A análise estatística foi realizada utilizando o programa estatístico STATA, na versão 12.0 (StataCorp LLC, College Station, TX, USA), para comparar as variáveis por meio de regressão múltipla.
A idade média foi de 39,2 anos; houve predominância de mulheres sintomáticas (92,5%) e da localização de lesões de endometriose profunda em retossigmoide (50%) seguida pela topografia retrocervical (48,3%). A pontuação total no IFSF mostrou uma mediana de 23,4, e em 67,2% das mulheres a pontuação foi 26,55 (cut-off que indica disfunção sexual). Dispareunia (p = 0.000, intervalo de confiança [IC]: 0.64-0.83) e lesão endometriótica em retossigmoide (p = 0.008, IC: 0.72-0.95) exibiram uma relação estatisticamente significante com valores baixos de pontuação no IFSF, ajustados por lesão em bexiga, idade da paciente e tamanho da lesão. A dispareunia de profundidade também mostrou correlação significante com o domínio dor do IFSFajustado por dor cíclica intestinal, lesão vaginal e uso de análogo de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Os resultados refletem a influência da dispareunia de profundidade na disfunção sexual da população do estudo.
A maioria das pacientes apresentava disfunção sexual e o sintoma mais relacionado a esta disfunção foi dispareunia de profundidade.
Resumo
. ;:273-281
Avaliar a magnitude de associação de polimorfismos nos genes PGR, CYP17A1 e CYP19A1 no desenvolvimento da endometriose.
Este é um estudo retrospectivo do tipo caso-controle, envolvendo 161 mulheres com endometriose (casos) e 179 controles. Os polimorfismos foram genotipados pela reação em cadeia da polimerase em tempo real utilizando o sistema TaqMan. A associação dos polimorfismos estudados com a endometriose foi avaliada pela regressão logística multivariada.
As pacientes com endometriose eram significativamente mais jovens do que os controles (36,0±7,3 versus 38,0±8,5, respectivamente, p = 0,023), apresentaram um índice de massa corporal menor (26,3±4,8 versus 27,9±5,7, respectivamente, p = 0,006), maior tempo médio de duração do fluxo menstrual (7,4±4,9 versus 6,1±4,4 dias, respectivamente, p = 0,03) e menor tempo médio do intervalo entre as menstruações (25,2±9,6 versus 27,5±11,1 dias, respectivamente, p = 0,05). Uma maior prevalência dos sintomas de dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica, infertilidade, alterações intestinais e urinárias foi observada no grupo casos comparado ao grupo controle. O tempo médio entre o início dos sintomas e o diagnóstico definitivo de endometriose foi de 5,2±6,9 anos. Comparando os dois grupos, não foram observadas diferenças significativas nas frequências alélicas e genotípicas dos polimorfismos PGR + 331C > T, CYP17A1 -34A > G e CYP19A1 1531G > A, e nem considerando os sintomas, a classificação e o estadiamento da endometriose. O genótipo combinado PGR + 331TT/CYP17A1 -34AA/CYP19A11531AA está associado positivamente com a endometriose (razão de possibilidades [RP] = 1,72; intervalo de confiança de 95% [IC95%] = 1,09-2,72).
A análise combinada dos polimorfismos PGR-CYP17A1-CYP19A1 sugere uma interação gene-gene na susceptibilidade à endometriose. Estes resultados podem contribuir para a identificação de biomarcadores para o diagnóstico e/ou prognóstico da doença, assim como de possíveis alvos moleculares para um tratamento individualizado.
Resumo
. ;:217-223
Avaliar o efeito das células-tronco mesenquimais sobre a fertilidade na endometriose retrocervical experimental.
Um total de 27 coelhas da raça Nova Zelândia foram divididas em três grupos: endometriose, em que os implantes endometriais foram criados; mesenquimal, em que as células-tronco mesenquimais foram aplicadas complementarmente à criação implantes endometriais; e controle, sem endometriose. O teste exato de Fisher foi realizado para comparar variáveis dicotômicas qualitativas entre os grupos. As variáveis quantitativas foram comparadas pelos testes não paramétricos de MannWhitney e Kruskal-Wallis. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para a comparação múltipla pós-hoc com correção de Boniferroni.
em relação ao início do período fértil, os grupos endometriose, mesenquimal e controle tiveram medianas de 14±12,7; 40±5; e 33±8,9 dias, respectivamente (p = 0,005). Sobre a taxa de fertilidade (número de gravidezes), os grupos endometriose e controle mostraram uma taxa de 77,78%, enquanto o grupo mesenquimal mostrou uma taxa de 11,20% (p = 0,015). Não foram observadas diferenças na classificação histológica de Keenan entre os grupos (p = 0,730). No que diz respeito à aparência macroscópica das lesões, o grupo mesenquimal mostrou maiores adesões pélvicas.
O uso de células-tronco mesenquimais na endometriose contribuiu negativamente para a fertilidade, sugerindo o papel dessas células no desenvolvimento da doença.
Resumo
. ;:31-34
O desenvolvimento de fístula tubocutânea secundária à endometriose em cicatriz cirúrgica após cesariana é uma complicação rara, que gera importante morbidade às mulheres acometidas. A cirurgia é o tratamento de escolha nesses casos. Terapias hormonais podem conduzir a uma melhora dos sintomas, mas, de forma alguma, levam à erradicação de tais lesões. No presente relato, temos uma paciente de 34 anos de idade que apresentava uma fístula cutânea em fossa ilíaca esquerda com secreção cíclica. Anamnese, exame físico e exames complementares nos levaram a aventar como principal hipótese diagnóstica a endometriose, que foi confirmada após intervenção cirúrgica.