Resumo
. ;:119-125
Investigar se o fluido folicular (FF) de mulheres inférteis com endometriose leve (ME, na sigla eminglês) altera o desenvolvimento in vitro de embriões bovinos, e se os antioxidantes N-acetil-cisteína (NAC) e/ou L-carnitina (LC) poderiam prevenir possíveis danos.
O FF foi obtido de mulheres inférteis (11 com ME e 11 controles). Oócitos bovinos foram maturados in vitro divididos em: sem FF (No-FF), com 1% de FF de mulheres controle (CFF) ou mulheres comME (MEFF); com 1,5mMde NAC (CFF + NAC, MEFF + NAC), com 0,6mg/mL de LC (CFF + LC, MEFF + LC), ou ambos antioxidantes (CFF + NAC + LC, MEFF + NAC + LC). Depois da fertilização in vitro, o cultivo in vitro de embriões foi realizado por 9 dias.
Um total de 883 zigotos presumidos foram cultivados in vitro. Nenhuma diferença foi observada na taxa de clivagem (p = 0,5376) e na taxa de formação de blastocistos (p = 0,4249). Entretanto, o grupo MEFF (12.5%) teve menor taxa de eclosão de blastocistos do que os grupos No-FF (42,1%, p = 0,029) e CFF (42,9%, p = 0,036). Adição de antioxidantes no grupo comCFF não alterou a taxa de eclosão (p ≥ 0.56), e nos grupos com MEFF, somente a NAC aumentou a taxa de eclosão [(MEFF: 12.5% versus MEFF + NAC: 44.4% (p = 0.02); versus MEFF + LC: 18.8% (p = 0.79); versus MEFF + NAC + LC: 30.8% (p = 0.22)].
Portanto, o FF de mulheres inférteis com ME adicionado ao meio de maturação in vitro de oócitos bovinos prejudica a taxa de closão embrionária, e a NAC preveniu esses danos, sugerindo o envolvimento do estresse oxidativo na piora da qualidade oocitária e embrionária de mulheres com ME.
Resumo
. ;:200-210
Realizar uma revisão sistemática e crítica da literatura de modo a avaliar se a presença de endometriose determina desfechos obstétricos adversos na gestação.
Placenta prévia e nascimentos pré-termo são os desfechos obstétricos com maior significância estatística relacionados à endometriose. Esta informação é útil para alertar obstetras e pacientes com endometriose para possíveis desfechos obstétricos desfavoráveis.
Resumo
. ;:146-151
Investigar a associação de polimorfismos genéticos em genes candidatos ou regiões candidatas com o desenvolvimento da endometriose em mulheres brasileiras.
Um total de 30 mulheres com diagnóstico de endometriose, com idade entre 25 e 64 anos, participaram da presente pesquisa, bem como 30 mulheres controle, na mesma faixa etária, assintomáticas e sem história familiar da doença. Foram analisadas e comparadas as frequências genotípicas e alélicas de polimorfismos no gene GREB1 (rs13394619) e na região intergênica na posição 7p15.2 (rs12700667) nessas pacientes.
Não houve diferença significativa na frequência dos genótipos para o polimorfismo A > G (rs13394619) no gene GREB1 entre os dois grupos. No entanto, as frequências de distribuição dos genótipos para o polimorfismo A > G (rs12700667) em uma região intergênica no cromossomo 7 foram diferentes entre as pacientes controle e com endometriose, com frequência mais alta do genótipo AG comparado ao GG entre as pacientes com a doença (odds ratio [OR] = 3,49; intervalo de confiança [IC] 95% = 1,47–8,26).
O presente estudo sugere que o polimorfismo na região intergênica do cromossomo 7 foi associado com o risco do desenvolvimento de endometriose em uma população de mulheres de Juiz de Fora.
Resumo
. ;:90-95
Descrever características clínicas e sociodemográficas de mulheres com endometriose profunda infiltrativa e avaliar sua qualidade de vida dentro de 6 meses de tratamento clínico.
Estudo de corte transversal descritivo com 60 mulheres em seguimento ambulatorial na Universidade de Campinas, Campinas, SP, Brasil, com endometriose profunda infiltrativa diagnosticada por cirurgia ou métodos de imagem (ultrassonografia ou ressonância magnética), em tratamento clínico há pelo menos 6 meses. Para avaliar a qualidade de vida, foram utilizados os questionários SF-36 e EHP-30.
A média etária das mulheres foi de 37,7 ± 6,0 anos; 50% delas apresentaram dismenorreia, 57% dispareunia e 50% dor pélvica crônica. O SF-36 e o EHP-30 mostraram comprometimento da qualidade de vida destas mulheres. No SF-36, os piores domínios foram os aspectos emocionais (40,2 ± 43,1) e a autoestima e disposição (46,1 ± 24,8), enquanto que no EHP-30 foram o bem-estar social (50,3 ± 30,6), a infertilidade (48,0 ± 36,3) e as relações sexuais (54,0 ± 32,1).
Embora tratadas clinicamente, as mulheres com endometriose profunda apresentaram comprometimento em diferentes domínios da qualidade de vida independente do questionário utilizado para avaliação.
Resumo
. ;:548-554
Avaliar a existência de associação entre os achados ultrassonográficos e os fatores epidemiológicos e clínicos com os resultados obtidos no questionário EHP-30 em mulheres com diagnóstico de endometriose ovariana.
Realizou-se um estudo observacional transversal entre julho de 2012 emaio de 2015, no qual as pacientes com dor pélvica crônica com imagem sugestiva de endometrioma na ultrassonografia pélvica transvaginal preencheram o questionário padronizado Endometriosis Health Profile - 30 (EHP-30) para acessar os escores de qualidade de vida antes de iniciar qualquer tratamento para a endometriose. Foram incluídas 65 pacientes. Os dados foram analisados no programa estatístico IBM SPSS Statistics for Windows, Versão 22.0 (IBM Corp., Armonk, NY, EUA) para a comparação dos dados através de regressão múltipla linear.
A adequabilidade do modelo de regressão linear foi confirmada através do histograma da variável dependente e do gráfico de distribuição dos resíduos, confirmando a tendência de linearidade, assim como a dispersão homogênea dos resíduos. A idade média das pacientes foi de 39,7 ± 7,1 anos. Amaioria era caucasiana (64,5%), apresentava ensino superior completo (56,5%), e era nuligesta (40,3%). Infertilidade estava presente em 48,4% das pacientes estudadas. Do total de casos 80,6% eram sintomáticas e queixaram-se principalmente de dor acíclica, 79%de dismenorreia , e 61,3% de dispareunia em , refletindo a influência negativa da endometriose sobre a qualidade de vida das pacientes portadores desta doença.
Dispareunia e dor acíclica foram fatores independentes de correlação com altos escores no EHP-30, refletindo uma pior qualidade de vida.
Resumo
. ;:170-175
A endometriose é uma doença complexa, e a dor é um componente importante da enfermidade. Um dos métodos mais utilizados para avaliar a dor é a escala visual analógica (EVA). O objetivo da presente pesquisa foi estudar a dor sentida pelas pacientes que se referiram à nossa unidade para endometriose, usando a EVA para entender as variáveis que poderiam influenciá-la.
Realizamos um estudo transversal de fevereiro de 2012 a dezembro de 2016, envolvendo 388 pacientes que se referiram a um hospital universitário, em Florença, Itália. Incluímos nossos pacientes do estudo durante o acompanhamento da endometriose; incluímos também pacientes que sesubmeteramàcirurgia comdiagnóstico histológico de endometriose. Coletamos informações sociodemográficas e clínicas sobre idade, índice de massa corporal (IMC), hábito de fumar, número de gravidezes e estágio da endometriose. Finalmente, administramos a EVA para vários sintomas.
A dismenorreia foi o sintoma associado à maior percepção de dor (média do escore EVA de 5,76). A regressão logística mostrou que o estágio da endometriose poderia influenciar a dor associada à constipação e à disúria. A regressão linear mostrou que a idade poderia influenciar a dor associada à constipação, à dispareunia e à dismenorreia. Uma correlação positiva foi encontrada entre dismenorreia e dor pélvica crônica, entre dismenorreia e dispareunia, e entre constipação e disúria.
Utilizando um método validado, a EVA, estudamos a dor sentida por um grupo de pacientes com história de endometriose e observamos que o hábito de fumar e o IMC não influenciaram os escores EVA, e que a dismenorreia foi associada à maior percepção de dor.
Resumo
. ;:705-712
Caracterizar o padrão de diferenciação celular, proliferação e invasão tecidual em endométrio eutópico e ectópico de coelhas com lesões de endometriose induzidas por um modelo experimental 4 e 8 semanas após o procedimento de implantação endometrial.
Vinte e nove coelhas fêmeas Nova Zelândia foram submetidas a laparotomia para indução de endometriose através da ressecção de um dos cornos uterinos, isolamento do endométrio e fixação do tecido no peritônio pélvico. Dois grupos de animais (14 animais em um grupo e 15 animais no outro) foram sacrificados 4 e 8 semanas após a indução da endometriose. A lesão foi excisada junto com o corno uterino contralateral para determinação da presença de glândulas e de estroma endometrial. Reações de imunohistoquímica foram realizadas no tecido endometrial eutópico e ectópico para análise dos seguintes marcadores: metaloprotease (MMP9) e inibidor tecidual da metaloprotease 2 (TIMP-2), os quais estão envolvidos na capacidade de invasão do tecido endometrial; e metalotioneina (MT) e p63, os quais estão envolvidos na diferenciação e proliferação celular.
A intensidade da imunomarcação para MMP9, TIMP-2, MT e p63 foi mais alta nos endométrios ectópicos do que nos endométrios eutópicos. Contudo, quando as lesões foram comparadas entre 4 e 8 semanas, nenhuma diferença foi observada, com exceção do marcador p63, o qual foi mais evidente depois de 8 semanas de evolução do tecido endometrial ectópico.
Lesões endometriais ectópicas parecem expressar maior poder de diferenciação celular e de invasão tecidual comparadas com endométrios eutópicos, demonstrando o potencial de invasão, de progressão e de apresentação heterogênea da endometriose.
Resumo
. ;:606-613
O objetivo do presente estudo foi analisar a expressão dos genes CD63, S100A6 e GNB2L1, que participam em mecanismos relacionados à complexa fisiopatologia da endometriose.
Um estudo caso-controle foi realizado com 40 mulheres diagnosticadas com endometriose e 15 mulheres férteis e saudáveis. Amostras pareadas de endométrio eutópico e de lesões endometrióticas (implantes endometrióticos peritoneais e ovarianos) foram obtidas de mulheres com endometriose nas fases proliferativa (n = 20) ou secretora (n = 20) do ciclo menstrual. Como controle, amostras pareadas de biópsia endometrial foram coletadas de mulheres saudáveis nas fases proliferativa (n = 15) e secretora (n = 15) nomesmo ciclomenstrual. Foram analisados os níveis de expressão dos genes CD63, S100A6 e GNB2L1 por reação em cadeia da polimerase em tempo real.
Foi observado um aumento nos níveis de transcritos dos genes CD63, S100A6 e GNB2L1 em implantes ectópicos quando comparado ao endométrio eutópico de mulheres com e sem endometriose, independente da fase do ciclo menstrual.
Estes achados sugerem que os genes CD63, S100A6 e GNB2L1 podem estar envolvidos na patogênese da endometriose, pois participam de mecanismos como inibição de apoptose, angiogênese e proliferação celular, os quais levam à perda da homeostase celular no endométrio ectópico e, portanto, contribuem para o implante e a sobrevivência do tecido no ambiente extrauterino.