Resumo
. ;:689-698
Estabelecer um perfil de risco de lesões intraepiteliais de alto grau e câncer do colo do útero (NIC2 + ) em mulheres submetidas a colposcopia considerando-se a infecção pelo papilomavírus humano (HPV), citologia cervical e idade.
Estudo retrospectivo transversal em banco de dados informatizado de mulheres com idade ≥ 18 anos que realizaram colposcopia no departamento de Prevenção de Câncer no Hospital do Câncer de Barretos/SP no período de 2017 a 2019.
Foram incluídas 3.411 mulheres, sendo 58,0% positivas para HPV de alto risco, e maior prevalência de NIC2+ para HPV16 (30,3%) e outros HPV (45,0%). Resultados citológicos sugestivos de lesões invasivas (epidermoide ou adenocarcinoma), independente do teste de HPV, apresentaram 100% de diagnóstico NIC2 + , enquanto atipias sugestivas de lesões de alto grau, HSIL e ASC-H, associados a HPV positivo, apresentaram 86 e 55,2%, respectivamente. Resultados citológicos de ASC-H entre mulheres > 40 anos e HPV negativo foram associados principalmente a achados benignos. Observamos que ≤ NIC1 apresenta uma maior prevalência entre mulheres mais velhas com HPV negativo, enquanto para lesões de alto grau, há um aumento entre mulheres mais jovens positivas para HPV16/18. Para diagnóstico de câncer, observamos que há um predomínio de HPV16/18 independente da faixa etária.
Foi identificado maior risco de lesões precursoras e câncer entre mulheres com HPV 16/18 positivo e atipias citológicas graves em testes de rastreio populacional. Além disso, resultados citológicos de ASC-H quando associados a HPV negativo com idade > 40 anos habitualmente representam achados benignos em investigação histológica.
Resumo
. ;:938-944
Avaliar a associação entre dois índices colposcópicos, o escore Swede e a Nomenclatura International Federation of Cervical Pathology and Colposcopy (IFCPC, na sigla em inglês) 2011, assim como determinar a eficácia do escore Swede com os pontos de corte 7 e 8.
Trata-se de um estudo transversal, com 34 mulheres incluídas, que realizaram colposcopia com biópsia dirigida devido a uma citologia anormal. Os achados colposcópicos foram categorizados pelo escore Swede e pela Nomenclatura IFCPC 2011 e comparados um com o outro. Foram avaliados o coeficiente Kappa e o teste de McNemar e foram calculados a acurácia, a sensibilidade, a especificidade e valores preditivos negativos e positivos (VPN e VPP, respectivamente) de cada índice, assim como a eficácia com os pontos de corte 7 e 8 do escore Swede para determinar as lesões de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) 2 + .
A concordância entre os 2 índices foi de 79,41% e o coeficiente Kappa e o valor-p do teste de McNemar foram 0.55 e 0.37, respectivamente. Pela Nomenclatura IFCPC 2011, obtivemos como sensibilidade, especificidade, acurácia, VPP e VPN, respectivamente: 85,71, 55,00, 67,64, 57,14 e 84,61%. Pelo escore Swede obtivemos como sensibilidade, especificidade, acurácia, VPP e VPN, respectivamente: 100, 63,15, 79,41, 68,18 e 100%. O uso do escore Swede para detecção das lesões NIC 2+ obteve como especificidade 94,73% com o valor de corte de 7, enquanto o valor de corte 8 obteve 100%. A sensibilidade para ambos os cortes foi de 60%. O VPP e o VPN com os cortes 7 e 8 foram, respectivamente: 90,00 e 75,00 e 100,00 e 76,00%.
Ambos os índices colposcópicos tiveram boa reprodutibilidade; no entanto, o escore Swede mostrou melhor acurácia, sensibilidade e especificidade em identificar as lesões NIC 2+ e o melhor ponto de corte para identificar as lesões NIC2+ foi com o valor 8.
Resumo
. ;:178-186
Determinar a acurácia dos achados colposcópicos no diagnóstico das neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC) em mulheres com resultado de exame citopatológico de células escamosas atípicas de significado indeterminado não podendo excluir lesão intraepitelial de alto grau (ASC-H) e analisar a correlação entre a prevalência de HSIL ou câncer com fatores de risco sociodemográficos e achados colposcópicos específicos.
Os achados colposcópicos, e os fatores de risco sociodemográficos foram analisados como possíveis preditores de diagnóstico NIC 2 ou mais grave em mulheres com resultado de exame citopatológico ASC-H.
A acurácia da impressão colposcópica foi de 92%, sensibilidade foi 91,6%, e a especificidade foi de 93,1%, com um valor preditivo de 96,4% e valor preditivo negativo de 84,3%. O diagnóstico de NIC 2 ou mais grave foi mais frequente em pacientes com história pregressa de displasia cervical e nas que não estavam na pós menopausa. A identificação de achados colposcópicos maiores, epitélio acetobranco denso, mosaico e pontilhados grosseiros se correlacionaram positivamente com o diagnóstico NIC 2 ou mais grave.
A colposcopia realizada por um examinador experiente pode diferenciar com acurácia pacientes com NIC 1 ou menos grave de pacientes com NIC 2 ou mais grave. O diagnóstico de NIC 2 ou mais grave foi mais frequente em pacientes com história pregressa de displasia cervical e pacientes que estavam na pré menopausa. A densidade da acetorreação foi o melhor preditor colposcópico para NIC 2 ou mais grave.
Resumo
. ;:280-286
O objetivo deste estudo foi comparar a frequência de papilomavírus humano (HPV) de alto risco e citologia anal anormal em mulheres imunocompetentes com e sem lesões genitais induzidas por HPV.
Este estudo transversal analítico e observacional foi realizado entre julho de 2017 e dezembro de 2018 em um ambulatório especializado de um hospital terciário em Fortaleza, CE. Cinquenta e sete mulheres imunocompetentes com e sem lesões intraepiteliais genitais foram avaliadas. Foram divididas em dois grupos: grupo 1, composto por mulheres com lesões genitais associadas ao HPV (n=26) e grupo 2, composto pormulheres sem lesões genitais associadas ao HPV (n=31). Amostras para citologia em meio líquido e testes de reação em cadeia da polimerase em tempo real para DNA-HPV de alto risco foram coletadas do colo do útero e do ânus. Todos os casos foram avaliados por anuscopia de alta resolução; sendo realizada biópsia quando necessária. Os testes exatos de Fisher e qui-quadrado foram aplicados para dados consolidados na tabela de contingência; o teste t de Student e o teste U de Mann-Whitney foram aplicados para variáveis independentes.
As infecções anais por HPV de alto risco forammais frequentes no grupo 1 (razão de chances [RC], 4,95; intervalo de confiança [IC] de 95%, 1,34-18,3; p=0,012), assim como infecções concomitantes por HPV de alto risco em colo uterino e ânus (RC 18,8; IC de 95%, 2,20-160; p<0,001). A incidência de infecção de HPV cervical de alto risco foi associada à infecção de HPV anal de alto risco (RC, 4,95; IC de 95%, 1,34-18,3; p=0,012). Não houve diferença estatística em relação à citologia anal anormal ou anuscopia entre os grupos, e não houve caso de lesão intraepitelial anal em nenhum dos grupos.
Mulheres imunocompetentes com lesões genitais associadas ao HPV e com HPV cervical de alto risco foram mais propensas a ter HPV anal de alto risco.
Resumo
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Descrever os encaminhamentos para colposcopia em um hospital no Brasil e a frequência relativa dos pacientes que foram beneficiados, considerando as indicações corretas para o exame e seus diagnósticos finais.
Foi realizado um estudo retrospectivo no banco de dados do serviço de colposcopia do Hospital Universitário de Taubaté, Taubaté, SP, Brasil. A frequência validou em análise de prontuários de mulheres encaminhadas por indicação clínica ou alteração citológica, atendidas no período de março de 2015 a março de 2017. A população selecionada e analisada incluiu 256 resultados que estavam correlacionadas aos dados citológicos, clínicos e com o resultado da colposcopia.
Das mulheres encaminhadas, 45% apresentaram-se fora da idade de rastreamento conforme as diretrizes de rastreio de câncer de colo uterino, sendo que 8,6% eram adolescentes e adultas jovens < 25 anos de idade e 36,4% das pacientes tinham idade ≥ 65 anos. Um total de 50% das pacientes não possuía indicação de colposcopia, ou seja, citologias normais, de alterações benignas, ectopia, cervicite, células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US) e lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) sem persistência e aspecto clínico normal. Um total de 39,84% das pacientes que realizaram a colposcopia tiveram resultados de lesão de alto grau ou câncer e, dessa forma, se beneficiaram com o encaminhamento adequado.
A maioria (60,16%) das pacientes encaminhadas para o serviço de colposcopia não se beneficiou com o encaminhamento, por resultados sem alterações como colposcopias negativas, histologias com ausência de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) ou apenas NIC 1, ou estavam fora da idade de rastreamento. Esses achados demonstram, portanto, significativo número de encaminhamentos desnecessários e inadequados.
Resumo
. ;:410-416
Estimar o desempenho da citologia e colposcopia no diagnóstico das neoplasias cervicais.
Estudo retrospectivo de corte transversal com dados coletados em prontuários. Foram incluídas participantes que foram submetidas a colposcopia, biópsia e excisão quando necessário. A categorização da citologia e da colposcopia seguiram a terminologia de Bethesda e a classificação colposcópica internacional. Os desempenhos da citologia e colposcopia foram avaliados por análises de sensibilidade (S), especificidade (E), valor preditivo positivo (VPP) e valor preditivo negativo (VPN), com intervalos de confiança de 95% (IC 95%).
Das 1.571 participantes, um total de 1.154 (73,4%) foram diagnosticadas com neoplasia intraepitelial escamosa cervical de grau 2 ou mais grave (NIC 2+), 114 (7,2%) com adenocarcinoma in situ ou mais grave (AIS+), 615 (39,2%) apresentaram células escamosas atípicas de significado indeterminado, quando não se pode excluir lesão intraepitelial de alto grau ou mais grave (ASC-H+) e 934 (59,4%) tiveram achados colposcópicos maiores ou suspeitos de invasão. Os valores de S, E, VPP e VPN das ASCH + para o diagnóstico de NIC 2+ e AIS+ foram, respectivamente: 44% (IC 95%: 41-47) e 72% (IC 95%: 67-76), 79% (IC 95%: 77-81) e 79% (IC 95%: 75-83), 88% (IC 95%: 87-90) e 55% (IC 95%: 50-60) e 28% (IC 95%: 26-31) e 88% (IC 95%: 85-91). Os valores de S, E, VPP e VPN dos achados colposcópicos maiores ou suspeitos de invasão para o diagnóstico de NIC 2+ e AIS+ foram, respectivamente: 62% (IC 95%: 60-65) e 86% (IC 95%: 83-89), 59% (IC 95%: 57-62) e 59% (IC 95%: 55-64), 85% (IC 95%: 83-87) e 44% (IC 95%: 40-49) e 29% (IC 95%: 27-32) e 92% (IC 95%: 89-94).
Os resultados das análises de S de ASC-H+ e achados colposcópicos maiores ou suspeitos de invasão foram mais elevados para o diagnóstico das neoplasias glandulares. Esses resultados confirmam o papel da citologia na identificação de mulheres em risco que terão seus diagnósticos definidos por colposcopia e histologia.
Resumo
. ;:123-127
O seguimento de mulheres com neoplasia intraepitelial cervical (NIC) 1 comprovada por biópsia é atualmente a recomendação de conduta para esta lesão. Entretanto, o desempenho da biópsia guiada por colposcopia pode falhar. Assim, este estudo teve como objetivo estimar a taxa de subdiagnóstico de lesões mais graves em mulheres comdiagnóstico de NIC 1 e avaliar se a idade, a extensão da lesão e o local da biópsia são fatores associados à falha do diagnóstico.
Foram selecionadas 80 mulheres com diagnóstico de NIC 1 obtido por biópsia dirigida por colposcopia. Estasmulheres foramsubmetidas a excisão da zona de transformação por alça diatérmica (EZTAD). A prevalência de lesões mais graves do que NIC 1 foi calculada, e os diagnósticos histológicos feitos nas amostras obtidas por EZTAD foram agrupados em duas categorias: "NIC 1 ou menos grave" e "NIC 2 ou mais grave".
A prevalência de lesões diagnosticadas como NIC 2 ou mais grave nas amostras de EZTAD foi de 19% (15/80). Três mulheres apresentaram NIC 3, e uma mulher revelou adenocarcinoma esclerosante estágio I-a, um tipo raro de neoplasia maligna de baixa proliferação, que não foi detectado por qualquer exame de colposcopia ou biópsia anterior. O subdiagnóstico de NIC 2 não foi associado à idade, à extensão da lesão ou ao local da biópsia.
Os métodos de referência utilizados para o diagnóstico da NIC 1 podem subestimar a gravidade da lesão verdadeira e, portanto, as mulheres submetidas a conduta expectante devem ter um seguimento adequado.
Resumo
. ;:154-159
Correlacionar a expressão mRNAE6/E7 do HPV de alto risco com os exames de Papanicolau, colposcopia e biópsia em mulheres com lesão intraepitelial escamosa de alto grau (HSIL).
Estudo transversal com mulheres encaminhadas aos serviços de atenção primária com diagnóstico citológico de HSIL. Foi avaliada a expressão do mRNAE6/E7 dos tipos de HPV 16,18,31,33 e 45, correlacionando-se a expressão com os exames de Papanicolau, colposcopia e biópsia. Para a amplificação/detecção demRNA de E6/E7 foi usado o kit NucliSENS EasyQ(r) HPV que detecta mRNA do HPV por meio da reação em cadeia da polimerase com primers/probes HPV dos tipos 16, 18, 31, 33 e 45.
Foram obtidos 128 testes válidos. Destes: 30 (23,4%) foram negativos e 98 (70%) dos testes foram positivos. Foi encontrado apenas um tipo de HPV em 87,7% dos positivos. O HPV16 foi omais encontrado em61,2%, seguido pelos HPV33 (26,5%); HPV31 (17,34%); HPV 18 (10,0%) e HPV (45 4,0%). Quanto ao exame de Papanicolau, o teste E6/E7 foi positivo em 107 (83,8%) das mulheres com ASC-H, HSIL ou superior, enquanto em citologia negativa foi encontrado um resultado positivo em 69 (57,5%) colposcopia. A frequência de teste E6/E7 positivo aumentou com a gravidade da lesão, detectada na colposcopia variando de 57,1% em mulheres sem lesão identificada em colposcopia até 86,5% naqueles com achado de colposcopia de grau maior. Das 111 mulheres que se submeteram a biópsia e o teste E6/E7, o teste foi positivo em 84,7% das que apresentaramlesão igual ou superior a NIC 2 (neoplasia intraepitelial cervical) e 41,2% daqueles com biópsia negativa.
A expressão de E6, E7 RNAm ocorreu commaior frequência emlesões de alto grau citológica e em casos com biópsias de NIC2 ou maior.