Resumo
. ;:384-396
Identificar a prevalência de anemia e sua relação com a insegurança alimentar (IA) e outros determinantes em mulheres grávidas.
Trata-se de estudo transversal aninhado a uma coorte, do qual participaram 245 gestantes atendidas em Unidades de Saúde da Família do município de Santo Antônio de Jesus-BA. As participantes foram submetidas a exame de sangue para dosagem de hemoglobina, exame antropométrico, e responderam a um questionário estruturado. Utilizou-se o parâmetro hemoglobina (Hb < 11 g/dL) para a classificação do diagnóstico de anemia. A IA foi avaliada por meio da escala curta norte-americana de avaliação da segurança alimentar. Para as análises estatísticas, adotou-se a regressão logística, tomando-se como base um modelo conceitual hierarquizado definido a priori, que possibilitou a mensuração da decomposição do efeito total em seus componentes não mediados e mediados nos níveis hierárquicos propostos.
A prevalência de anemia na população estudada foi de 21,8%, e amédia de hemoglobina foi de 12,06 g/dL (desvio padrão [DP]: 1,27). A IA foi identificada em 28,16% das gestantes. A média de idade materna foi de 25,82 anos (DP: 5,94). Após a hierarquização, permaneceram significativas as variáveis associadas positivamente à anemia: IA (razão de possibilidades [OR] = 3,63; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 1,77-7,45); não realização de pré-natal (OR = 5,15; IC95%: 1,43-18,50); multiparidade (OR = 2,27; IC95%: 1,02-5,05); e a não suplementaçãomedicamentosa de ferro (OR = 2,45; IC95%: 1,04-5,76). Os resultados indicaram ainda que os fatores socioeconômicos e ambientais forammediados emgrande parte pela IA e pelos fatores de cuidado pré-natal.
Nesse estudo, a chance de ocorrência de anemia em gestantes foi significantemente maior, principalmente, entre aquelas que estavam em situação de IA, não realizaram o pré-natal, eram multíparas, e não fizeram a suplementação de ferro.
Resumo
. ;:94-101
A anemia é um evento muito frequente entre mulhres grávidas. Existem evidências de diferenças na incidência de cárie dentária entre mulheres grávidas e não grávidas,mas a relação entre o íon ferro (Fe) salivar, osmarcadores séricos de anemia e o desenvolvimento de cárie não foi investigada.
Avaliar a correlação entre os parâmetros salivares (Fe) e séricos (Fe, ferritina e hemoglobina) em gestantes e o desenvolvimento de cárie dentária.
Uma coorte prospectiva foi conduzida com 59 mulheres. O desfecho de interesse foi representado por novas lesões de cárie durante a gravidez, medido pelo critério Nyvad. Mulheres grávidas foram avaliadas em três tempos clínicos: até a 16ª semana de idade gestacional (IG) (T1), no último trimestre de gravidez (T2), e no puerpério (T3), na Unidade Materno-infantil do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão. A amostra de saliva estimulada foi coletada para análise bioquímica de Fe salivar, e a amostra de sangue foi coletada no início da manhã. A correlação entre o Fe salivar e o Fe sérico foi avaliada através do teste de correlação de Pearson. Os testes ANOVA e Kruskal-Wallis foram utilizados para comparar parâmetros de anemia em diferentes momentos. Os testes t de Student e Mann-Whitney foram utilizados para comparar os parâmetros da anemia entre os grupos de gestantes (come sem lesões de cárie).
As concentrações séricas de Fe foram maiores no primeiro trimestre de gestação e menores após o parto (p = 0,036). Observou-se também que as concentrações de ferritina forammaiores no primeiro trimestre emenores no final da gestação (p = 0,011). Não houve associação entre as exposições e o desenvolvimento de cárie dentária. Houve correlação positiva entre o Fe sérico em T1 e o Fe salivar em T2 (p < 0,05).
Os marcadores séricos de anemia foram mais prevalentes no último trimestre de gestação.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(5):208-215
DOI 10.1590/SO100-720320150005321
Descrever a evolução temporal da prevalência de anemia em adolescentes grávidas atendidas em uma maternidade pública do município do Rio de Janeiro no período de 2004 a 2013.
Trata-se de um estudo analítico transversal retrospectivo com 628 gestantes/puérperas adolescentes, distribuídas em 3 grupos distintos: Grupo A (2004 a 2006), Grupo B (2007 a 2010) e Grupo C (2013). Informações relativas às características antropométricas, clínicas, sociodemográficas, obstétricas e da assistência pré-natal das adolescentes foram obtidas dos prontuários das gestantes. A concentração de hemoglobina (Hb) <11 g/dL foi considerada como anemia. A análise dos dados foi realizada por meio dos testes do χ2, t de Student e ANOVA, e o post hoc adotado foi o Tukey.
A prevalência de anemia gestacional ao longo dos anos foi de 43% (GA=138), 36% (GB=80) e 47,1% (GC=40), e no período de 2004 a 2013 foi de 41,1% (n=258). A ocorrência de gestantes anêmicas aumentou com a evolução da gravidez; contudo, no 3º trimestre foi observada uma redução da prevalência de anemia no GB (29,3%) em relação ao GA (38,7%; p=0,04). Os fatores associados à anemia foram número de consultas de pré-natal e da assistência nutricional pré-natal, local de moradia, estado nutricional nos períodos pré-gestacional e gestacional.
Os resultados sugerem que a prevalência de anemia em adolescentes grávidas atendidas na referida maternidade foi alta. Não foi verificada redução da anemia ao longo do período estudado, e na gênese da anemia nessa população outros fatores estão associados, além da própria deficiência de ferro.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(4):176-181
DOI 10.1590/S0100-72032011000400005
OBJETIVO: avaliar as modificações do estado nutricional de nutrizes adolescentes em diferentes momentos no pós-parto. MÉTODO: estudo do tipo analítico observacional longitudinal, com acompanhamento de 50 nutrizes adolescentes da 5ª a 15ª semana pós-parto (SPP). O estado nutricional foi avaliado na 5ª, 10ª e 15ª SPP, com uso do Índice de Massa Corporal (IMC/idade). Foi utilizado o método colorimétrico para avaliação da hemoglobina e microcentrifugação para o hematócrito. Usou-se ANOVA com medidas de repetição e Tukey como pós-teste, para comparação das médias. Trabalhou-se com nível de significância de 5%. RESULTADOS: observou-se modificação no estado nutricional do período pré-gestacional para a 15ª SPP, com diminuição na frequência de voluntárias com baixo peso (de 21% para 9%) e aumento nos casos de sobrepeso (de 21% para 27%) e eutrofia (58% para 64%). Apesar de, em média, as concentrações de hemoglobina (12,3±1,7g/dL) e hematócrito (39,0±4,0%) apresentarem-se adequados, observou-se grande frequência de anemia (30%) durante todo o período estudado. CONCLUSÃO: os resultados mostram incremento no peso corporal em função do tempo de lactação, aumentando o problema da obesidade na adolescência. Também foi apontado que a anemia é um problema nutricional, não apenas durante a gestação, mas também na lactação em adolescentes. Portanto, deve-se prevenir e tratar possíveis deficiências nutricionais subclínicas existentes neste momento biológico.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2009;31(12):615-620
DOI 10.1590/S0100-72032009001200007
OBJETIVOS: avaliar a influência dos níveis de hemoglobina (Hb) materna nos padrões da frequência cardíaca fetal (FCF) e no perfil biofísico fetal (PBF) em gestações a termo. MÉTODOS: gestantes portadoras de anemia (Hb<11,0 g/dL) foram avaliadas prospectivamente, entre a 36ª e a 40ª semana de gestação, no período compreendido entre janeiro de 2008 e março de 2009. O Grupo Controle foi constituído por gestantes de termo, saudáveis, com valores normais de hemoglobina (Hb>11,0 g/dL). Foram excluídos casos com anomalias ou restrição do crescimento fetal. A avaliação da FCF foi realizada pela cardiotocografia computadorizada (Sistema8002-Sonicaid) e análise do traçado com 30 minutos de exame. O PBF foi realizado em todas as pacientes. Foram utilizados os testes t de Student, teste do χ2 e teste exato de Fisher. O nível de significância utilizado foi de 0,05. RESULTADOS: A média da Hb materna no grupo com anemia (n=18) foi de 9,4 g/dL (DP=1,4 g/dL) e no Grupo Controle 12,4 g/dL (DP=1,3 g/dL). Quanto aos parâmetros da cardiotocografia, não foi constatada diferença significativa nas médias entre os grupos com anemia e controle, respectivamente: FCF basal (131,3 bpm versus 133,7 bpm, p=0,5), acelerações da FCF > 10 bpm (7,9 versus. 8,2, p=0,866), acelerações da FCF > 15 bpm (5,2 versus 5,4, p=0,9), episódios de alta variação da FCF (17,1 versus 15,5 min, p=0,5), episódios de baixa variação da FCF (4,4 versus 3,6 min, p=0,6), e variação de curto prazo (10,5 versus 10,9 ms, p=0,5). Em ambos os grupos, todas as pacientes apresentaram PBF normal. CONCLUSÕES: este estudo sugere que a anemia materna leve ou moderada, sem outras comorbidades maternas ou fetais, não se associa a anormalidades nos parâmetros do perfil biofísico fetal e da FCF analisada pela cardiotocografia computadorizada.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008;30(4):196-200
DOI 10.1590/S0100-72032008000400007
OBJETIVO: obter uma equação capaz de estimar o volume de concentrado de hemácias a ser infundido para correção da anemia em fetos de gestantes portadoras de isoimunização pelo fator Rh, baseado em parâmetros alcançados durante a cordocentese prévia à transfusão intra-uterina. MÉTODOS: em estudo transversal, foram analisadas 89 transfusões intra-uterinas para correção de anemia em 48 fetos acompanhados no Centro de Medicina Fetal do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. A idade gestacional mediana, no momento da cordocentese, foi de 29 semanas e a média de procedimentos por feto foi de 2,1. A hemoglobina fetal foi dosada antes e após a cordocentese, sendo verificado o volume de concentrado de hemácias transfundido. Para determinação de uma fórmula para estimar o volume sanguíneo necessário para correção da anemia fetal, tomou-se como base o volume necessário para elevar em 1 g% a hemoglobina fetal (diferença entre a concentração de hemoglobina final e a inicial, dividida pelo volume transfundido) e o volume de quanto seria necessário para se atingir 14 g%, em análise de regressão múltipla. RESULTADOS: a concentração da hemoglobina pré-transfusional variou entre 2,3 e 15,7 g%. A prevalência de anemia fetal (Hb<10 g%) foi de 52%. A equação de regressão obtida para determinação do volume de sangue necessário para alcançar a concentração de Hb de 14 g% foi: volume para transfusão (mL)=18,2 - 13,4 x hemoglobina pré-transfusão intra-uterina + 6,0 x idade gestacional em semanas. Está fórmula foi estatisticamente significativa (p<0,0001). CONCLUSÕES: o estudo mostrou que é possível estimar o volume transfusional necessário para correção da anemia fetal, baseando-se em parâmetros de fácil obtenção: idade gestacional e valor da hemoglobina pré-transfusional.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(6):331-339
DOI 10.1590/S0100-72032006000600003
OBJETIVOS: avaliar o impacto sobre os níveis de hemoglobina entre gestantes submetidas à suplementação com sulfato ferroso e orientações alimentares. MÉTODOS: foram avaliadas 197 gestantes acompanhadas no pré-natal de uma unidade de saúde. O grupo intervenção foi composto por 105 gestantes com idade gestacional inicial entre a 14ª e a 20ª semana de gravidez, as quais receberam prescrição de 60 mg de ferro elementar por dia, por meio de sulfato ferroso, orientações alimentares e dosagem de hemoglobina realizada com fotômetro portátil. A partir de 34 semanas gestacionais esse grupo foi reavaliado quanto à hemoglobina e realizado consumo alimentar de freqüência semiquantitativo. O grupo controle foi avaliado transversalmente e era formado por 92 gestantes com idade gestacional superior a 34 semanas. Considerou-se anemia quando a hemoglobina foi inferior a 11 g/dL As gestantes de ambos os grupos foram pesadas e medidas, sendo o diagnóstico nutricional determinado pelo IMC pré-gestacional. Foi realizada análise multivariada por meio de regressão logística utilizando modelo hierárquico. RESULTADOS: a prevalência de anemia ao final do terceiro trimestre, no grupo intervenção, foi de 31,6%, e no grupo controle, 26,1% (p=0,43). O uso do suplemento de ferro foi referido por 65% das gestantes do grupo intervenção, sendo que 67,7% interromperam o uso em algum momento. Os motivos principais foram: esquecimento (43,2%) e enjôo e/ou vômito (27,2%). Gestantes com escolaridade inferior a 8 anos de estudo apresentaram 3 vezes mais risco na ocorrência de anemia no terceiro trimestre. CONCLUSÕES: o uso de sulfato ferroso não mostrou-se associado à menor prevalência de anemia. Os resultados sugerem que são necessárias mudanças estruturais nas condições socioeconômicas para se modificar o quadro atual quanto à anemia ferropriva.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(10):731-738
DOI 10.1590/S0100-72032003001000006
OBJETIVO: avaliar, em grávidas adolescentes, a incidência de redução do estoque de ferro, por meio de seus vários indicadores: hemoglobina, ferro sérico, ferritina, índice de saturação de transferrina e receptor de transferrina, e correlacionar os seus resultados. MÉTODOS: foram incluídas 56 adolescentes, que se encontravam na primeira consulta de pré-natal entre a 12ª e a 20ª semana de gestação. Foram consideradas pacientes normais aquelas que apresentavam valores superiores a: 11 mg/dl para a hemoglobina, 12 mig/dL para a ferritina, 50 mg/L para o ferro sérico, 16% para o índice de saturação de transferrina e inferior a 28,1 nmol/L para o receptor de transferrina. Cada marcador foi avaliado por porcentagem simples e para verificar discordâncias entre os valores obtidos utilizamos o teste de McNemar. RESULTADOS: a incidência de anemia dada pelo nível de hemoglobina foi de 21,4%, sendo essas gestantes anêmicas, portadoras de anemia de grau leve. A ferritina em níveis inferiores a 12 µg/dL apurou deficiência de ferro em 21,4% das gestantes. O ferro sérico encontrou-se diminuído em 3,6% das pacientes e o índice de saturação da transferrina em 26,8% da amostra. Não se pôde valorizar a interpretação do receptor de transferrina, pois não há padronização internacional quanto à unidade de medida de dosagem. Quando se comparou a hemoglobina com os outros parâmetros de avaliação de ferropenia, como a ferritina, o ferro sérico, o índice de saturação de transferrina e o receptor de transferrina, encontrou-se que esses índices não avaliaram melhor que a hemoglobina a deficiência de ferro. CONCLUSÕES: a dosagem de hemoglobina, em pacientes com anemia leve, foi suficiente para avaliação da ferropenia.