Lúpus eritematoso sistêmico (LES) pode causar danos irreversíveis aos órgãos. A gravidez com LES pode ter riscos para condições ameaçadoras à vida. O presente estudo teve como objetivo determinar a prevalência de MMG em pacientes com LES e analisar os parâmetros que contribuíram para os casos de maior gravidade.
Trata-se de um estudo transversal retrospectivo a partir da análise de dados obtidos de prontuários de gestantes com LES atendidas em um Hospital Universitário no Brasil. As gestantes foram divididas em grupo controle sem intercorrências, grupo com condições potencialmente ameaçadoras a vida (CPAV) e grupo com near miss materno (NMM).
A taxa de NMM foi de 112,9 por 1.000 nascidos vivos. A maioria dos casos de CPAV (83,9%) e NMM (92,9%) teve partos prematuros com risco aumentado estatisticamente significativo em comparação com o grupo controle (p = 0,0042; odds ratio [OR]: 12,05; intervalo de confiança [IC]: 1,5–96,6 para o grupo NMM e p = 0,0001; OR: 4,84; IC95%: 2,2–10,8 para o grupo CPAV). MMG aumenta o risco de maior tempo de internação (p < 0,0001; OR: 18,8; IC95%: 7,0–50,6 e p < 0,0001; OR: 158,17; IC95%: 17,6–1424,2 para os grupos CPAV e NMM, respectivamente), recémnascidos com baixo peso (p = 0,0006; OR: 3,67; IC95%: 1,7–7,9 e p = 0,0009; OR: 17,68; IC95%: 2–153,6 para os grupos CPAV e NMM, respectivamente), bem como doenças renais (CPAV: 58,9%; 33/56; p = 0,0069 e NMM: 78,6%; 11/14; p = 0,0026)]. Os casos de NMM apresentaram risco aumentado para óbito neonatal (p = 0,0128; OR: 38,4; IC95%: 3,3–440,3), natimorto e aborto espontâneo (p = 0,0011; OR: 7,68; IC95%: 2,2–26,3).
Lúpus eritematoso sistêmico foi significativamente associado à morbidade materna grave, internações mais longas e risco aumentado de desfechos obstétricos e neonatais ruins.
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