Apresentar um caso de fístula vesico-uterina e realizar revisão da literatura sobre esta condição.
Revisão realizada consultando-se as bases MEDLINE, BIREME e LILACS, além das referências dos artigos consultados.
Uma mulher de 38 anos, após sua terceira cesárea, no puerpério imediato, apresentou hematúria importante, que foi atribuída a uma dificuldade na dissecção da bexiga durante o procedimento. Seis meses pós-parto, emvez de retomar os ciclos menstruais regulares, apresentou menúria cíclica e amenorreia (síndrome de Youssef). A paciente chegou a apresentar obstrução uretral por coágulos, e permaneceu sem diagnóstico correto até cerca de anos pós-parto, quando este foi feito por cistoscopia. Ela foi então submetida a correção cirúrgica por via abdominal, associada a uma histerectomia, com desaparecimento dos sintomas. A revisão mostrou que tem havido mudança na frequência dos vários tipos de fístulas urogenitais. As fístulas vesicovaginais, normalmente secundárias à má assistência durante o parto, têm sido mais raras, enquanto aquelas secundárias a procedimentos médicos, como as vesicouterinas, têm sido mais frequentes. A causa mais comum deste tipo de fístula é a cesárea, especialmente a de repetição. A apresentação pode ser de amenorreia e menúria e/ou perda urinária. O diagnóstico é feito por um ou maismétodos de imagem ou cistoscopia. O tratamento mais comum é cirúrgico, por via abdominal aberta, laparoscópica, transvaginal ou robótica. Existem relatos de cura com tratamento conservador.
As fístulas vesicouterinas têm sido mais comuns devido ao aumento da proporção de cesáreas. Deve-se ter em mente a possibilidade deste diagnóstico e considerá-las uma das possíveis complicações da cesárea.
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