Resumo
. ;:301-307
A episiotomia é um procedimento controverso, devido, em parte, à discussão sobre sua realização ter ultrapassado o campo do debate cientifico, sendo adotada como indicador associado com a "humanização do parto." A literatura mostra que a episiotomia não deve ser realizada rotineiramente, mas de forma seletiva. Questões relativas à sua indicação, técnica de realização e associação com lacerações perineais graves são objeto de amplo debate e pesquisa.
Revisar a literatura para avaliar se a realização da episiotomia seletiva protege contra lacerações perineais graves, quais são suas indicações, e qual a melhor técnica para realizar este procedimento.
Foi realizada busca no PubMed com os termos episiotomy ou perineal lacerations utilizando o filtro clinical trial. Foram selecionados os artigos que tratavam do risco de lacerações perineais graves com e sem episiotomia, ou de técnicas de proteção perineal ou de episiotomia.
Foram identificados 141 artigos, dos quais 24 foram incluídos na revisão. Dos 13 estudos que avaliaram o risco de lacerações graves com e sem episiotomia, 5 demonstraram o papel protetor da episiotomia seletiva, e 4 não mostraram diferenças significativas entre os grupos. Três pequenos estudos confirmaram o achado de que a episiotomia deve ser realizada seletiva e não rotineiramente, e um estudo mostrou que a episiotomia mediana aumenta o risco de lacerações graves. Quanto às indicações, as mais citadas foram a primiparidade, peso fetal maior do que 4kg, período expulsivo prolongado, parto operatório e distocia de ombro. Quanto à técnica, episiotomias realizadas com ângulos mais abertos (> 40°) e mais precocemente no período expulsivo (antes do "coroamento") parecem ser mais protetoras.
Episiotomias seletivas reduzem o risco de lacerações graves comparativamente à não realização de episiotomia ou à realização de episiotomia rotineira. Para esse resultado, é fundamental a utilização de técnica operatória correta, principalmente em relação ao ângulo de inclinação e distância da fúrcula vaginal, além do momento de sua realização. Deixar de realizar a episiotomia, com a técnica correta e quando bem indicada, pode aumentar o risco de lacerações perineais graves.
Resumo
. ;:253-262
Vários autores têm estudado transformações malignas em endometriose que suportam a hipótese de um estado pré-neoplásico das lesões endometrióticas; contudo, existem poucos dados sobre as vias e eventos moleculares relacionados a este fenômeno. Esta revisão fornece dados atuais sobre genes desregulados que possam funcionar como fatores-chave para a transição maligna das lesões endometrióticas. Assim, inicialmente, estudos de expressão gênica diferencial em larga escala comparando tecido endometriótico e endométrio normal de mulheres sem endometriose foram procurados, e apenas dois artigos com 139 genes desregulados foram obtidos. Posteriormente, usando o banco de dados do PubMed, foram cruzados os símbolos de cada gene com termos relacionados à malignidade, como câncer e tumor, e 9.619 artigos foram obtidos, dos quais 444 eram estudos sobre expressão de genes associados a tipos específicos de tumor. Isto revela que mais de 68% dos genes analisados eram também desregulados em câncer. Também foram encontrados genes que funcionam como supressor tumoral e um oncogene. Este estudo apresenta uma lista de 95 genes informativos para compreender os componentes genéticos que possam ser responsáveis por transformações malignas na endometriose. Contudo, estudos futuros são necessários para confirmar estes achados.