Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):747-753
Descrever uma coorte de casos do espectro do acretismo placentário (PAS) de uma instituição terciária e comparar os resultados maternos antes e depois da criação de uma equipa multidisciplinar (MDT).
Estudo retrospectivo utilizando bancos de dados hospitalares. Identificação de casos de PAS com confirmação patológica entre 2010 e 2021. Divisão em dois grupos: grupo Standard Care (SC) – 2010–2014; e grupo MDT – 2015–2021. Análise descritiva de suas características e desfechos maternos.
Durante o período do estudo, houve 53 casos de PAS (24 - grupo SC; 29 - grupo MDT). Grupo Standard Care: 1 placenta increta e 3 percretas; 12,5% (3/24) tiveram suspeita anteparto; 4 casos tiveram histerectomia periparto – uma eletiva devido à suspeita anteparto de PAS; 3 devido a hemorragia pós-parto. A média de perda hemática estimada (EBL) foi de 2.469 mL; transfusão de concentrado eritrocitário (PRBC) em 25% (6/24) - mediana 7,5 unidades. Equipa multidisciplinar: 4 casos de placenta increta e 3 percretas. A taxa de suspeita anteparto foi de 24,1% (7/29); foram realizadas 9 histerectomias, 7 eletivas por suspeita anteparto de PAS, 1 após diagnóstico intraparto de PAS e 1 após rotura uterina após interrupção da gravidez no segundo trimestre. A EBL média foi de 1.250 mL, com transfusão de PRBC em 37,9% (11/29) - mediana de 2 unidades.
Após a criação da MDT, houve redução na média de EBL e na mediana do número de unidades de PRBC transfundidas, apesar do maior número de PAS invasivos.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):754-763
Medir os níveis séricos de albumina modificada por isquemia (IMA), biglicano e decorina de gestantes hospitalizadas por ameaça de parto prematuro.
Cinquenta e uma mulheres grávidas consecutivas com uma única gravidez entre a 24ᵃ e a 36ᵃ semanas com diagnóstico de ameaça de trabalho de parto prematuro foram incluídas no presente estudo de corte prospectivo.
Como resultado da análise de regressão logística multivariada para prever parto prematuro dentro de 24 horas, 48 horas, 7 dias, 14 dias, ≤ 35 semanas gestacionais e ≤ 37 semanas gestacionais após a admissão, área sob a curva (AUC) (95% de confiança os valores de intervalo [CI[) foram 0,95 (0,89–1,00), 0,93 (0,86–0,99), 0,91 (0,83–0,98), 0,92 (0,85–0,99), 0,82 (0,69–0,96) e 0,89 (0,80–0,98), respectivamente. No presente estudo, os níveis de IMA e biglican foram maiores e os níveis de decorin menores em mulheres admitidas no hospital com ameaça de trabalho de parto prematuro e que tiveram parto prematuro em 48 horas em comparação com aquelas que deram à luz após 48 horas.
Em gestantes admitidas no hospital com ameaça de trabalho de parto prematuro, a predição de parto prematuro do modelo combinado criado pela adição de IMA, decorin e biglican, além da medição do TVS CL, foi maior do que a medição do TVS CL isoladamente.
O presente ensaio foi registrado em ClinicalTrials.gov, número NCT04451928.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):764-769
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):770-774
Correlacionar os aspectos morfológicos com a dor pélvica em mulheres com endometriose profunda.
Estudo retrospectivo com 67 mulheres com endometriose profunda submetidas a tratamento cirúrgico em hospital terciário de 2007 a 2017. As seguintes variáveis foram consideradas: idade, paridade, índice de massa corporal, local do acometimento, tratamento hormonal antes da cirurgia, dor pélvica e análise morfométrica. As lâminas histológicas das peças cirúrgicas foram revisadas e, por meio do software ImageJ para estudo morfométrico, foram calculadas as porcentagens de tecidos estromais/glandulares nos cortes histológicos.
A média etária das mulheres foi de 38,9 ± 6,5 anos. O escore de dor médio foi de 8,8 ± 1,9 e o tempo médio de sintomatologia foi de 4,7 ± 3,5 anos, sendo que 87% das pacientes realizavam tratamento hormonal antes da cirurgia. A expressão média dos marcadores CD10, CK7 e S100 foi de 19,5 ± 11,8%, 9,4 ± 5,9% e 7,9 ± 5,8%, respectivamente. Verificou-se que quanto maior a expressão de CD10, maior o nível de dor (p = 0,02). Não foi observada correlação entre a expressão dos marcadores CD10, CK7 e S100 com a idade e duração dos sintomas.
Mulheres com endometriose profunda apresentam associação positiva entre o nível de dor e o componente de fibrose na composição histológica do tecido endometrial.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):775-779
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):780-789
Comparar os padrões de resposta inflamatória sistêmica em mulheres com câncer epitelial de ovário (CEO) ou sem evidência de doença maligna, bem como avaliar o perfil de respostas inflamatórias sistêmicas em tumores dos tipos 1 e 2. Esta é uma forma não invasiva e indireta de avaliar tanto a atividade tumoral quanto o papel do padrão inflamatório durante as respostas pró- e antitumorais.
Ao todo, 56 pacientes foram avaliados prospectivamente: 30 mulheres sem evidência de doença maligna e 26 mulheres com CEO. A quantificação plasmática de citocinas, quimiocinas e micropartículas (MPs) foi realizada por citometria de fluxo.
Os níveis plasmáticos das citocinas pró-inflamatórias interleucina-12 (IL12), interleucina-6 (IL-6), fator de necrose tumoral alfa (tumor necrosis factor alpha, TNF-α, em inglês), interleucina-1 beta (IL-1β), e interleucina-10 (IL-10), e da quimiocina de motivo C-X-C 9 (CXCL-9) e da quimiocina de motivo C-X-C 10 (CXCL-10) foram significativamente maiores em pacientes com EOC do que nos controles. Os níveis plasmáticos da citocina interleucina-17A (IL17A) e MPs derivados de células endoteliais foram menores em pacientes com CEO do que no grupo de controle. A frequência de leucócitos e de MPs derivadas de células endoteliais foi maior nos tumores de tipo 2 do que naqueles sem malignidade. Observou-se um número expressivo de citocinas e quimiocinas inflamatórias/regulatórias nos casos de CEO, além de correlações negativas e positivas entre elas, o que leva a uma maior complexidade dessas redes.
Este estudo mostrou que, por meio da construção de redes compostas por citocinas, quimiocinas e MPs, há maior resposta inflamatória sistêmica em pacientes com CEO e correlação mais complexa desses biomarcadores em tumores de tipo 2.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 11/01/2023;45(12):790-795
Comparar os resultados citológicos e histológicos de mulheres > 64 anos que seguiram as diretrizes nacionais brasileiras de rastreamento do câncer do colo do útero com aquelas que não as seguiram.
O presente estudo observacional retrospectivo analisou 207 resultados anormais de esfregaço cervical de mulheres > 64 anos de idade em uma cidade de médio porte no Brasil durante 14 anos. Todos os resultados foram relatados de acordo com o Sistema Bethesda. As mulheres foram divididas entre as que seguiram as diretrizes de rastreamento e as que não o fizeram.
Resultados citológicos com células escamosas atípicas de significado indeterminado e lesão intraepitelial escamosa de baixo grau foram encontrados em 128 (62,2%) casos. Destes, 112 (87,5%) repetiram a citologia com resultados positivos. Os outros 79 (38,1%) com resultados anormais deveriam ter sido encaminhados para colposcopia e biópsia. Das 41 (51,9%) mulheres biopsiadas, 23 (29,1%) tiveram diagnóstico confirmado de neoplasia ou lesão precursora. Em contrapartida, entre as 78 (37,7%) pacientes biopsiadas, 40 (51,3%) seguiram as recomendações da diretriz, com 9 (22,5%) biópsias positivas. Entre as 38 (48,7%) mulheres que não seguiram as orientações, houve 24 (63,1%) resultados positivos. As mulheres que não seguiram as diretrizes demonstraram maiores chances de câncer e lesões precursoras (odds ratio [OR]: 5,904; intervalo de confiança [IC] de 95%: 2,188–15,932; p = 0,0002).
Mulheres > 64 anos que não seguiram a diretriz nacional de rastreamento apresentaram diferenças significativas na frequência de resultados anormais e gravidade do diagnóstico em comparação com aquelas que seguiram a diretriz.