Resumo
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Vasa previa (VP) é uma condição obstétrica perigosa associada a mortalidade e morbidade perinatais. Fertilização in vitro (FIV) é um fator de risco para VP devido à alta incidência de placentação anormal. O diagnóstico deve ser realizado no período pré-natal, pois a possibilidade de mortalidade fetal é extremamente elevada. Relatamos dois casos para demonstrar a acurácia da ultrassonografia transvaginal no diagnóstico pré-natal de VP. Mulher caucasiana, primigesta, de 40 anos, submetida a FIV, foi diagnosticada com VP na 29ª semana de gestação e hospitalizada para observação na 31ª semana de gestação. A paciente foi submetida à cesariana eletiva com 34 semanas e 4 dias, sem complicações, com recém-nascido do sexo masculino, pesando 2.380 g, e com Apgar de 10 no 5° minuto. Mulher caucasiana, primigesta, de 36 anos, subetida a FIV, foi diagnosticada com placenta prévia, placenta bilobada, acretismo placentário e VP. Cordão umbilical com inserção velamentosa. A paciente foi hospitalizada para observação na 26ª semana de gestação. Foi submetida à cesariana de emergência com33 semanas e 4 dias por sangramento vaginal. O recém nascido do sexo feminino pesou 2.140 g, com Apgar de 9 no 5°minuto. O diagnóstico de VP no período pré-natal associou-se a um desfecho favorável nos dois casos, corroborando observações anteriores de que a FIV é um fator de risco para VP e de que todas as gestações por FIV deveriam ser avaliadas por ultrassonografia transvaginal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2001;23(7):465-468
DOI 10.1590/S0100-72032001000700009
No diagnóstico diferencial das hemorragias do terceiro trimestre da gestação, de causa exclusivamente obstétrica, incluem-se descolamento prematuro da placenta, inserção baixa da placenta (placenta prévia, com seus subtipos), ruptura uterina, ruptura do seio marginal placentário e ruptura de vasos prévios (VP). Os três primeiros diagnósticos são mais freqüentes, têm fatores epidemiológicos conhecidos e, portanto, são de diagnóstico mais fácil. Ocorre que há obstetras com larga experiência prática, assim como ultra-sonografistas especializados em Medicina Fetal, que, apesar de conhecerem o assunto em teoria, nunca se defrontaram na prática obstétrica com os VP e muito menos com sua ruptura. Motivou-nos escrever este artigo o fato de termos assistido e participado, após 32 anos de prática constante e ininterrupta de Obstetrícia, de forma dramática e pela primeira vez, de um caso de ruptura de VP que resultou em óbito fetal, durante o trabalho de parto. Os tratados de Obstetrícia são muito concisos e repetitivos ao tratar do assunto. Porém, ao fazer uma revisão mais acurada sobre o assunto em tela, pudemos constatar que, apesar de tratar-se de eventualidade rara, uma fatalidade, há na literatura atual clara indicação de que é possível o diagnóstico desta entidade mórbida durante a gestação, por meio de tecnologia mais avançada. Feito o diagnóstico, deve o tocólogo interromper a gestação, quando da maturidade fetal, e, deste modo, promover significativa diminuição das altas taxas de mortalidade fetal, que oscilam entre 33 e 100%.