Resumo
. ;:654-659
O estudo urodinâmico (EU) é um conjunto de exames que avalia o armazenamento e esvaziamento da urina, e é amplamente utilizado por ginecologistas e urologistas no manejo da incontinência urinária (IU), apesar das discussões sobre suas indicações. O objetivo deste estudo foi verificar se a urodinâmica é rotineiramente utilizada nas abordagens conservadora e cirúrgica da IU feminina, além de outras de suas indicações clínicas, e comparar as respostas de ginecologistas e urologistas brasileiros.
Trata-se de uma pesquisa de opinião, realizada entre agosto de 2020 e janeiro de 2021, por meio de questionário semiestruturado composto por perguntas sobre a prática clínica enviado por e-mail a todos os participantes. As respostas foram comparadas mediante análises estatísticas.
Dos 329 participantes, 238 eram ginecologistas (72,3%) e 91, urologistas (27,7%). A maioria dos ginecologistas (73,5%) e urologistas (86,6%) não solicita EU antes do tratamento conservador da IU; mas o EU é indicado no pré-operatório de cirurgias para IU. A maioria dos participantes solicita EU na abordagem inicial da bexiga hiperativa (ginecologistas: 88,2%; urologistas: 96,7%), e os urologistas têm maior chance de solicitar esse exame (razão de chances [RC] = 3,9). Para a maioria dos entrevistados, é necessário solicitar urocultura junto com o EU.
A maioria dos ginecologistas e urologistas brasileiros que participaram deste estudo não solicita EU antes do tratamento conservador da IU, de acordo com as principais diretrizes nacionais e internacionais, e muitas vezes o solicita antes do tratamento cirúrgico da IU feminina. A indicação desse exame na abordagem inicial da bexiga hiperativa idiopática deve ser revista pelos participantes.
Resumo
. ;:131-136
Avaliar a influência do estudo urodinâmico pré-operatório nos resultados miccionais pós-operatórios em mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador.
Análise retrospectiva de mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador entre agosto de 2011 e outubro de 2018. As variáveis preditoras pré-operatórias, entre outras, foram a realização do estudo urodinâmico, gravidade da incontinência e sintomas urinários de armazenamento. As variáveis de desfecho pós-operatórias foram o status subjetivo da continência, sintomas de armazenamento urinário e complicações cirúrgicas. A regressão logística após o escore de propensão foi empregada para comparar os resultados entre os pacientes que foram submetidos ou não ao estudo urodinâmico pré-operatório.
Foram incluídas no presente estudo 88 pacientes com um seguimento médio de 269 dias. A maioria das pacientes apresentava sintomas miccionais de armazenamento (n = 52; 59,1%) concomitantes à incontinência urinária de esforço. Um pouco menos da metade das pacientes (n = 38; 43,2%) foram submetidas a estudo urodinâmico pré-operatório. A regressão logística após o escore de propensão não revelou associação entre os resultados de continência urinária e a realização de estudo urodinâmico pré-operatório (odds ratio 0,57; intervalo de confiança [IC]: 0,11-2,49). Além disso, os sintomas de armazenamento urinário pós-operatórios foram similares entre as pacientes que não realizaram e aquelas que realizaram o estudo urodinâmico, 13,2% e 18,4% respectivamente (p = 0,753).
O estudo urodinâmico pré-operatório não teve impacto nos resultados de continência urinária, bem como nos sintomas de armazenamento urinário após o sling transobturatório.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2013;35(1):16-20
DOI 10.1590/S0100-72032013000100004
OBJETIVO: Avaliar a correlação entre o International Consultation on Incontinence Questionnaire - Urinary Incontinence/Short Form (ICIQ-UI/SF) e a Avaliação Urodinâmica (AU) em mulheres com incontinência urinária (IU). MÉTODOS: Foram analisados retrospectivamente dados clínicos, AU e escore do ICIQ-UI/SF de 358 mulheres com IU atendidas em clínica privada. O teste de correlação entre ICIQ-UI/SF e os parâmetros urodinâmicos foi o teste de Spearman. Foi utilizada a curva ROC, com os valores de sensibilidade e especificidade dos escores do ICIQ-UI/SF apresentados pelas pacientes, para identificar o valor do questionário que determinasse a presença da alteração urodinâmica estudada. Para o cálculo do valor p foi utilizado o teste do c² ou exato de Fisher. O nível de significância foi de 5% e o software utilizado para análise foi o SAS versão 9.2. RESULTADOS: As pacientes com IU aos Esforços segundo a AU - IUE urodinâmica - representaram 67,3% do total; aquelas com IUE na AU e Hiperatividade Detrusora (HD) - IUM urodinâmica - 16,2%, e as pacientes com HD isolada - HD - 7,3% do total. As pacientes com AU normal representaram 9,2% do total da amostra. Houve associação significativa entre escore ³14 no ICIQ-UI/SF e as pacientes com IUE urodinâmica e IUM urodinâmica. Pacientes com Pressão de Perda ao Esforço (PPE) £90 cmH2O apresentaram escore ao ICIQ-UI/SF³15. O teste de Spearman mostrou correlação inversa fraca entre o escore e a PPE, porém não mostrou correlação entre esse escore e a Capacidade Cistométrica Máxima (CCM) ou com o volume vesical no primeiro desejo miccional. CONCLUSÃO: Houve associação entre o escore do ICIQ-UI/SF e IUE urodinâmica (isolada ou associada à HD); porém não houve associação com a HD isolada. Quanto menor o valor da PPE, maior o escore total do ICIQ-UI/SF. O ICIQ-UI/SF não foi capaz de discriminar o tipo de IU na população estudada.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(12):414-420
DOI 10.1590/S0100-72032011001200007
OBJETIVO: Descrever as disfunções do trato urinário inferior e as características demográficas e clínicas de mulheres com queixas urinárias, estimando a prevalência de diabetes melito e de alterações urodinâmicas nestas mulheres. MÉTODOS: Estudo observacional, transversal, retrospectivo, com análise de 578 prontuários. As prevalências de diabetes melito e de cada diagnóstico urodinâmico nas pacientes com disfunções do trato urinário inferior foram estimadas, com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Foram calculadas as razões de prevalência das alterações urodinâmicas segundo o diagnóstico de diabetes. RESULTADOS: Setenta e sete pacientes (13,3%) eram diabéticas e a maioria (96,1%) tinha diabetes tipo 2. O diagnóstico urodinâmico mais frequente nas pacientes diabéticas foi o de incontinência urinária de esforço (39%), seguido de hiperatividade do detrusor (23,4%). A prevalência de urodinâmica alterada foi associada à de diabetes melito (RP=1,31; IC95%=1,17-1,48). As alterações de contratilidade do detrusor (hiper ou hipoatividade) estiveram presentes em 42,8% das pacientes diabéticas e em 31,5% das não diabéticas. CONCLUSÕES: As mulheres diabéticas apresentaram maior prevalência de alterações urodinâmicas do que as não diabéticas. Não houve associação entre o diabetes e as alterações de contratilidade do detrusor (p=0,80).
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(2):91-95
DOI 10.1590/S0100-72032007000200006
OBJETIVOS: comparar os resultados obtidos durante o estudo urodinâmico realizado em duas diferentes posições em relação às pressões de perda urinária sob esforço e discutir sua relevância clínica. MÉTODOS: sessenta e quatro pacientes com queixa de incontinência urinária de esforço (IUE) com idades variando entre 25 e 80 anos, atendidas no ambulatório de uroginecologia e cirurgia vaginal, no período de junho 2003 a setembro 2005 foram incluídas neste estudo. As pacientes foram inicialmente submetidas ao estudo urodinâmico de acordo com a técnica preconizada pela International Continency Society (ICS) na posição ortostática e logo depois foram avaliadas na posição sentada. RESULTADOS: diferença significante foi obtida após a avaliação das pressões de perda obtidas nas diferentes posições (99,8 ± 33,3 versus 102,9 ± 32,4; respectivamente, posição sentada e em pé, p < 0,05). Testes de regressão linear com análise de freqüência foram realizados com a finalidade de verificar a porcentagem de pacientes que ficaram dentro dos limites de confiança em relação às PP nas posições sentada e em pé. Uma taxa de 90,6% de compatibilidade foi obtida nesses resultados. Quando três unidades foram somadas aos valores das pressões obtidas no estudo urodinâmico realizado na posição sentada, percebeu-se que 92,2% ficaram inseridas neste intervalo. CONCLUSÕES: estes achados sugerem que o estudo urodinâmico pode ser realizado na posição sentada sem comprometimento diagnóstico e terapêutico proporcionando maior conforto e comodidade às pacientes.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 1999;21(2):77-81
DOI 10.1590/S0100-72031999000200004
Objetivos: avaliar a freqüência dos distúrbios urinários e a variação dos parâmetros urodinâmicos segundo o tempo de pós-menopausa. Métodos: foram estudadas 242 mulheres menopausadas atendidas nos Setores de Climatério e de Uroginecologia e Cirurgia Vaginal da Disciplina de Ginecologia da Escola Paulista de Medicina, UNIFESP, que apresentavam queixas urinárias. As pacientes foram agrupadas segundo o tempo de pós-menopausa em: grupo A - até 4 anos; grupo B - de 5 a 9 anos e grupo C - mais de 10 anos. Todas foram submetidas a anamnese, exame ginecológico e estudo urodinâmico. Analisamos a freqüência de alterações urinárias e a variação dos parâmetros urodinâmicos, como volume urinário (VOL); tempo total de micção (TTM); fluxos urinário máximo (FMAX) e médio (FM); resíduo pós-miccional (RES); capacidade vesical no primeiro desejo miccional (CV1D); capacidade vesical máxima (CVM); pressão máxima de fechamento uretral e comprimento funcional da uretra, com bexiga cheia e vazia (PMCH, PMV, CFUCH, CFV). Os dados foram analisados estatisticamente. Resultados: o diagnóstico clínico mais comum foi de incontinência urinária de esforço (IUE) nos três grupos, porém observou-se maior incidência de urgência miccional com o evoluir do tempo de pós-menopausa. Em relação ao diagnóstico urodinâmico, 93,6%, 84,6% e 90,7%, respectivamente, das pacientes dos grupos A, B e C apresentaram IUE, ao passo que 4,8%, 13,5% e 6,2% revelaram instabilidade vesical. Houve diminuição dos seguintes parâmetros urodinâmicos, segundo o tempo de pós-menopausa: TTM, FMAX e CV1D, além de aumento do resíduo pós-miccional. Conclusões: apesar da elevada incidência de sintomas urinários irritativos, como urgência incontinência, a IUE foi a principal afecção urinária nesta faixa etária.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(1):54-62
DOI 10.1590/S0100-72032006000100010
Os sintomas do trato urinário feminino são inespecíficos e se faz necessário correta investigação clínica para se estabelecer o diagnóstico da incontinência urinária. Tal avaliação consiste em história clínica, questionário de qualidade de vida, exame físico, diário miccional, teste do absorvente e estudo urodinâmico. O estudo urodinâmico é extensão da história e do exame físico para melhor avaliar a etiologia das queixas das pacientes. O objetivo deste artigo é revisar os métodos utilizados para o diagnóstico clínico e subsidiário da incontinência urinária.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(7):525-528
DOI 10.1590/S0100-72032003000700010
OBJETIVO: avaliar os resultados do uso do pericárdio bovino na cirurgia de sling pubovaginal para o tratamento da incontinência urinária genuína de esforço. MÉTODOS: avaliação prospectiva de cinco pacientes, com diagnóstico de incontinência urinária genuína de esforço submetidas à cirurgia de sling pubovaginal com utilização de faixa de pericárdio bovino, no período de outubro/2001 a dezembro/2001. A média de idade foi de 48,2±11,5 anos (33-69 anos). RESULTADOS: o tempo cirúrgico médio foi de 45±35,3 minutos, com média de 36±12,4 horas de internação (24-48 horas). Não ocorreram complicações per-operatórias ou no período pós-operatório recente. Todas as pacientes apresentaram resultado inicial satisfatório, apresentando micções normais e sem perda. Ocorreram complicações pós-operatórias em todas as pacientes, sendo evidenciadas deiscência da ferida operatória vaginal com expulsão total da faixa em duas pacientes e exteriorização de parte da faixa em três pacientes. Todas as pacientes evoluíram com incontinência urinária de esforço, sendo submetidas à nova cirurgia de sling, com a utilização de fáscia do reto abdominal. Após a segunda cirurgia as pacientes evoluíram sem intercorrências e com melhora da perda involuntária de urina em quatro delas. CONCLUSÃO: o sling pubovaginal com uso de pericárdio bovino associa-se a altas taxas de complicações, não devendo ser mais utilizado no tratamento da IUE.