Resumo
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Trombocitopenia, definida como uma contagem de plaquetária < 150.000mm3, é frequentemente diagnosticada pelos obstetras, uma vez que este parâmetro está incluído na vigilância de rotina durante a gravidez, com uma incidência de entre 7 e 12%. Assim, decisões relativas à avaliação e orientação subsequentes são primordiais. Embora a maioria dos casos ocorra devido a alterações fisiológicas, como a trombocitopenia gestacional, outras causas podem estar relacionadas com condições graves que podem levar à morte fetal ou materna. Distinguir entre estas entidades pode ser desafiante: elas podem ser específicas da gravidez (pré-eclâmpsia/síndrome HELLP [hemolysis, elevated liver enzymes, low platelets]) ou não (púrpura trombocitopênica imune, púrpura trombocitopênica trombótica ou síndrome hemolítico urêmico). Compreender os mecanismos e reconhecer os sinais e sintomas é essencial para decidir uma adequada linha de investigação. A severidade da trombocitopenia, a sua etiologia e a idade gestacional ditam regimes de tratamento diferentes.
Resumo
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O presente relato descreve o caso de uma gestante de 31 anos, gemelar dicoriônica com 31 semanas, com queixa de mialgia, icterícia e desconforto abdominal. A paciente não apresentava sintomas gripais como febre ou tosse e não tinha conhecimento de exposição ao COVID-19. Pressão arterial e saturação de oxigênio normais. Os exames laboratoriais apresentaram contagem de plaquetas de 218,000 mm3, ALT 558 IU e creatinina 2.3 mg/dl. Doppler compatível com centralização de um dos fetos. Síndrome de hemolysis, elevated liver enzymes, low platelet count (HELLP) parcial foi a hipótese diagnóstica inicial e a cesariana foi realizada. No segundo dia, a paciente apresentou leucócitos de 33.730 com queda do nível de consciência e desconforto respiratório leve. A tomografia revelou opacidade pulmonar em vidro fosco bilateralmente. A pesquisa de COVID-19 por polymerase chain reaction (PCR)/swab teve resultado positivo. Trombocitopenia em pacientes com COVID-19 é multifatorial, semelhante ao que ocorre na pré-eclâmpsia e na síndrome HELLP. Acreditamos que o sinergismo da fisiopatologia das doenças em questão pode acelerar o comprometimento materno e deve servir de alerta para a prática obstétrica.
Resumo
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A trombocitopenia é a alteração da hemostase mais comum na gravidez. Contudo, a trombocitopenia grave é rara. Uma das suas causas, a púrpura trombocitopênica imunológica (PTI), é caracterizada pelo aumento da destruição plaquetária por anticorpos de imunoglobulina G (IgG), apresentando alto risco de hemorragia para a paciente e também para o feto, uma vez que os anticorpos podem atravessar a placenta. Apresentamos o caso de uma grávida de 23 anos com histórico de histiocitose de células de Langerhans da mandíbula submetida a cirurgia e quimioterapia aos 10 anos de idade, com diagnóstico de PTI desde então. Na 28a semana de gestação, a paciente apresentou um quadro de petéquias, epistaxe e hemorragia gengival, com contagem plaquetária de 3 x 109/L e teste de anticorpos antiplaquetários IgG positivo. Em uma discussão multidisciplinar, decidiu-se adiar a cesariana devido à ausência de sofrimento fetal e ao alto risco de morbidade para a paciente. Muitas terapêuticas foram tentadas sem sucesso. A IgG produziu apenas um ligeiro e transitório aumento na contagem plaquetária. Na 36ª semana de gestação, foi realizada uma cesariana eletiva. As transfusões no período perioperatório foram guiadas por tromboelastometria rotacional (ROTEM). O procedimento foi realizado sob anestesia geral e intubação assistida por videolaringoscopia. A paciente manteve-se hemodinamicamente estável, sem hemorragia significativa. Ela foi transferida para a unidade de terapia intensiva. A contagem plaquetária continuou a diminuir, e a paciente foi submetida a uma esplenectomia. Nestes casos, a anestesia regional pode ser contraindicada, e a anestesia geral está associada a um risco aumentado de hemorragia das via aéreas devido a lesão traumática durante a intubação traqueal e de hemorragia associada ao procedimento cirúrgico. Uma abordagem multidisciplinar é essencial em casos de alto risco.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(10):280-285
DOI 10.1590/S0100-72032011001000002
OBJETIVO: Analisar os resultados da avaliação da vitalidade fetal em gestações complicadas por plaquetopenia materna moderada ou grave. MÉTODOS: No período de abril de 2001 a julho de 2011, foram analisados, retrospectivamente, os dados de prontuários de 96 gestantes com diagnóstico de plaquetopenia na gestação. Foram analisados os seguintes exames de avaliação da vitalidade fetal realizados no período anteparto: cardiotocografia, perfil biofísico fetal, índice de líquido amniótico e doplervelocimetria das artérias umbilicais. RESULTADOS: Foram analisadas 96 gestações com os seguintes diagnósticos: plaquetopenia gestacional (n=37, 38,5%), hiperesplenismo (n=32, 33,3%), púrpura trombocitopenica imune (PTI, n=14, 14,6%), plaquetopenia imune secundária (n=6, 6,3%), aplasia medular (n=3, 3,1%) e outros (n=4, 4,1%). A cardiotocografia apresentou resultado normal em 94% dos casos, o perfil biofísico fetal com índice 8 ou 10 em 96,9% e o índice de líquido amniótico >5,0 cm em 89,6%. A doplervelocimetria da artéria umbilical apresentou resultado normal em 96,9%. Na análise dos principais grupos de plaquetopenia, constatou-se que o diagnóstico de oligohidrâmnio foi significativamente mais frequente no grupo com PTI (28,6%) quando comparado aos demais (gestacional: 5,4% e hiperesplenismo: 9,4%, p=0,04). CONCLUSÕES: O presente estudo permitiu concluir que, nas gestações complicadas pela plaquetopenia materna moderada ou grave, apesar do bem-estar fetal manter-se preservado na grande maioria dos casos, em gestantes com PTI é importante o seguimento da vitalidade fetal com ênfase na avaliação do volume de líquido amniótico, devido à sua associação com a oligohidramnia.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(3):201-206
DOI 10.1590/S0100-72032004000300005
OBJETIVO: avaliar parâmetros do plaquetograma comparando os valores em gestantes normais e com pré-eclâmpsia. MÉTODOS: realizou-se estudo transversal controlado. Foram revisados os prontuários das mulheres internadas em hospital universitário, no período de 1 de janeiro de 2001 a 31 de julho de 2002. Foram pré-selecionadas aquelas que tinham plaquetograma realizado a partir da 28ª semana de gravidez. Foram analisados dois grupos de estudo: grupo PE (36 portadoras de pré-eclâmpsia) e grupo GN (58 gestantes normais). Os parâmetros plaquetários analisados pelo método automatizado foram: contagem de plaquetas, volume médio de plaquetas (MPV), largura de distribuição de plaquetas (PDW) e razão de células grandes de plaquetas (P-LCR). A análise estatística usou o teste t de Student e o teste do c² para comparar os grupos, e para avaliar o grau de dependência entre as variáveis utilizou-se o coeficiente de determinação (r²). Para todos os testes, o nível de significância considerado foi p < 0,05. RESULTADOS: a contagem de plaquetas não foi diferente entre os grupos, porém os demais parâmetros plaquetários estavam significativamente mais elevados no grupo PE. A gravidade da doença foi documentada em 91,7% das portadoras de pré-eclâmpsia, apesar de nenhuma das pacientes incluídas ter apresentado trombocitopenia como critério de gravidade. Detectaram-se correlações negativas entre a contagem das plaquetas e entre os demais parâmetros plaquetários analisados, e correlações positivas entre MPV e PDW, MPV e P-LCR e entre PDW e P-LCR. Observaram-se ainda correlações positivas entre MPV, PDW e P-LCR e as pressões sistólicas e diastólicas máximas. CONCLUSÕES: a pré-eclâmpsia esteve associada com estes novos parâmetros plaquetários, sugerindo alterações funcionais das plaquetas. A aplicabilidade clínica destes parâmetros, como marcadores mais precoces de gravidade da pré-eclâmpsia, exige mais estudos.