Resumo
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A gravidez ectópica cervical é um desafio para a comunidade médica, pois pode ser fatal. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, mas não existem protocolos que estabeleçam a melhor opção para cada caso. O objetivo deste estudo foi descrever os casos de gravidez ectópica cervical internados em um hospital universitário terciário durante 18 anos.
Estudo retrospectivo com revisão de prontuários de todas as gestações ectópicas cervicais internadas no Hospital da Mulher da Universidade Estadual de Campinas de 2000 a 2018.
Foram identificados treze casos de gestação ectópica cervical em um total de 673 gestações ectópicas; apenas 1 caso foi inicialmente tratado com cirurgia por causa de instabilidade hemodinâmica. Dos 12 casos tratados conservadoramente, 7 foram tratados com metotrexato por via intramuscular em dose única, 1, com metotrexato pelas vias intravenosa e intramuscular, 1, com metotrexato por via intravenosa, 1, com 2 doses de metotrexato por via intramuscular, e 2, com metotrexato por via intra-amniótica. Desses casos, um apresentou falha terapêutica, e realizou-se uma histerectomia. Duas mulheres receberam transfusões de sangue. Quatro mulheres necessitaram de tamponamento cervical com cateter balão de Foley para hemostasia. Não houve casos fatais.
A gravidez cervical é uma condição rara e desafiadora desde o diagnóstico até o tratamento. O tratamento conservador foi o principal método terapêutico utilizado, com resultados satisfatórios. Nos casos de sangramento aumentado, a curetagem cervical foi o tratamento inicial, e foi associada ao uso de balão cervical para hemostasia.
Resumo
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A presente revisão detalhada busca fornecer dados objetivos para avaliar o que se sabe até o momento e possibilitar uma visãomais ampla dos efeitos do SARSCoV2 na gravidez.
Entre 29 demarço e 2 de maio de 2020, foi realizada uma busca nos bancos de dados PubMed e Google Scholar com as palavras COVID-19, SARS-CoV2, COVID-19 e gravidez, SARS-CoV2 e gravidez, e SARS e gravidez. As recomendações dos principais órgãos sobre o tema também foram acessadas.
O surto de COVID-19 resultou em uma pandemia com> 3.3 milhões de casos e 230 mil mortes até 2 de maio. É uma condição causada pelo vírus SARS-CoV2 e pode levar ao acometimento pulmonar difuso e à falência de múltiplos órgãos. Características únicas da gestante tornam essa população mais propensas a complicações de infecções virais. Até o momento, essa tendência não foi observada para esse novo vírus. Os fatores que parecem estar associados à maior morbidade materno-fetal são obesidade (índice demassa corporal [IMC] > 35), asma e doença cardiovascular. Há descrição de aumento de parto prematuro e parto cesáreo. Não se pode descartar a possibilidade de transmissão vertical da doença, devido a relatos de positividade de reação em cadeia de polimerase (RT-PCR) de swab nasal, RT-PCR de líquido amniótico e imunoglobulina M (IgM) de recém-nascidos. Tratamentos devem ser analisados caso a caso, dada a falta de qualidade de estudos que comprovem a sua eficácia e segurança na gravidez. O corpo clínico deve utilizar equipamentos de proteção individual (EPI) ao manusear pacientes suspeitos ou confirmados e ficar atento aos sinais de descompensação respiratória.
Resumo
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O objetivo do presente estudo foi descrever uma série de 57 mulheres com tumores borderline de ovário (TBO) em relação às características histológicas, clínicas, e ao manejo do tratamento realizado no Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).
O presente estudo retrospectivo analisou dados obtidos dos registros clínicos e histopatológicos de mulheres com TBO tratadas em um único centro oncológico de 2010 a 2018.
Um total de 57 mulheres foram incluídas, com uma média de idade de 48,42 anos (15,43-80,77), das quais 30 (52,63%) eram menopausadas, e 18 (31,58%) tinham < 40 anos. Todas as mulheres foram operadas. Um total de 37 mulheres (64,91%) foram submetidas a cirurgia de estadiamento completo para TBO, e nenhuma foi submetida a linfadenectomia pélvica ou paraórtica. O tratamento com quimioterapia foi administrado em duas pacientes que recidivaram. Os diagnósticos histológicos finais foram: seroso em 20 mulheres (35,09%), mucinoso em 26 (45,61%), seromucinoso em 10 (17,54%) e endometrióide em 1 (1,75%). A avaliação histológica intraoperatória foi realizada em 42 (73,68%) das mulheres, das quais 28 (66,67%) foram compatíveis com os diagnósticos finais. O tempo médio de seguimento foi de 42,79 meses (variando de 2,03 a 104,87 meses). Em relação ao status atual das mulheres, 45 (78.95%) estão vivas sem doença, 2 (3,51%) estão vivas com doença, 9 (15.79%) tiveram a última consulta de seguimento há > 1 ano antes da realização do presente estudo, mas estão vivas, e 1 paciente faleceu por outra causa.
As mulheres do presente estudo foram tratadas de acordo com as recomendações atuais e apenas duas mulheres apresentaram recorrência.
Resumo
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O uso de metformina tem influência nos resultados da pré-eclâmpsia (PE)?
Os descritores gravidez, metformina, tratamento e pré-eclâmpsia associados aos operadores booleanos AND e OR foram encontrados nas bases de dados MEDLINE, LILACS, Embase e Cochrane. Foi utilizado um fluxograma com critérios de exclusão e estratégia de inclusão, utilizando o protocolo Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses PRISMA e critérios de elegibilidade. Os dados foram extraídos quanto ao tipo de estudo, dosagem aplicada, duração do tratamento, segmento, riscos de viés e estratégia Patient, Intervention, Comparison and Outcome (PICO) para identificar a qualidade do estudo.
Número total de periódicos na busca inicialmente realizada (n= 824); exclusões de artigos repetidos nos diferentes sites de busca (n= 253); exclusões após a leitura dos títulos, quando o titulo não apresentava correlações com o tema proposto (n= 164); exclusões por incompatibilidade com os critérios estabelecidos na análise metodológica (n= 185), exclusão de artigos com menor correlação com o objetivo do presente estudo (n= 187); e seleção bibliográfica final (n= 35).
Inicialmente, foi realizada uma revisão sistemática da literatura. Posteriormente, a partir da seleção principal, foram selecionados estudos randomizados e não randomizados com metformina, os quais apresentaram em seus resultados números absolutos e relativos de desfechos de PE. As variáveis foram tratadas estatisticamente na metanálise por meio do Review Manager software (RevMan), version 5.3. Copenhagen: Nordic Cochrane Centre, The Cochrane Collaboration. Denmark in the Hovedistaden region.
O estudo demonstrou que a metmorfina apresenta maiores efeitos preventivos para a hipertensão induzida pela gravidez e é menos eficaz para a PE.
A metformina pode conquistar seu espaço nos tratamentos preventivos da PE, uma vez que as dosagens, a idade gestacional e o tempo de tratamento são particularmente avaliados. Sugere-se uma estratégia metodológica com uma perspectiva aprimorada de doses inovadoras e/ou cuidadosamente progressivas durante a gravidez, a fim de evitar efeitos colaterais e a possibilidade de riscos materno-fetais.
Resumo
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A endometriose pode ter várias apresentações, incluindo ascite e peritonite, que são apresentações incomuns. O aumento da conscientização sobre essa doença podemelhorar a precisão diagnóstica e os resultados das pacientes. Nosso objetivo é fornecer uma revisão sistemática e relatar um caso de endometriose com esta apresentação clínica incomum. O banco de dados PubMed/MEDLINE foi revisado sistematicamente até outubro de 2016. Foram incluídas mulheres comendometriosedemonstrada histologicamente, compresença de ascite clinicamente significativa e/ou abdômen congelado e/ou peritonite encapsulante; foram excluídas aquelas com comorbidades que pudessem provocar confusão. A pesquisa selecionou 37 artigos que descrevem42mulheres, todas emidade reprodutiva. A ascite foi principalmente hemorrágica, recorrente, e não indicada pelos níveis de antígeno associado ao câncer 125 (AC-125). Por sua vez, a dismenorreia, a dispareunia e a infertilidade não foram relatadas de forma consistente. As escolhas e os resultados do tratamento foram diferentes entre os estudos, e são descritos em detalhes. A endometriose deveria ser um diagnóstico diferencial de ascite hemorrágica maciça em mulheres em idade reprodutiva.