Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(2):131-138
DOI 10.1590/S0100-72032004000200008
OBJETIVO: analisar as condutas que visam a redução da transmissão vertical do HIV nas grávidas infectadas atendidas nas maternidades públicas de Fortaleza. MÉTODOS: estudo descritivo no qual os bancos de dados do SINASC, SINAN e LACEN foram cruzados, procurando-se identificar as grávidas infectadas pelo HIV, seguido de busca ativa das informações complementares em prontuários médicos nas maternidades públicas. RESULTADOS: foram identificadas 138 grávidas infectadas pelo HIV. Observou-se que 35,5% destas já conheciam o status sorológico antes da gravidez e 48,6% foram diagnosticadas durante a gravidez. Das 101 grávidas que se souberam infectadas antes ou durante a gravidez, apenas 47,5% utilizaram, de forma correta, todas as etapas da profilaxia, incluindo as condutas para o recém-nascido. Associação estatisticamente significante foi encontrada entre o conhecimento prévio da sorologia para o HIV e realização de todas as etapas adequadas de profilaxia (p<0,001). CONCLUSÕES: encontrou-se elevado número de mulheres que não tiveram acesso às diferentes estratégias para redução da transmissão vertical, especialmente entre aquelas que engravidaram sem conhecimento de seu status sorológico. Faz-se necessária a contínua sensibilização e capacitação de todos os profissionais de saúde envolvidos com a assistência às mulheres, em geral, e às grávidas em especial, tendo em vista a aplicação correta das condutas para a redução da transmissão vertical do HIV.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(8):571-576
DOI 10.1590/S0100-72032003000800005
OBJETIVOS: avaliar a prevalência do antígeno de superfície do vírus B da hepatite (HBsAg) em parturientes internadas no Instituto Materno-Infantil de Pernambuco (IMIP), Recife-PE, e o perfil sorológico das positivas. MÉTODOS: este é estudo de secção de corte transversal prospectivo no qual foram utilizados os sistemas VIDAS e VIDAS HBs, respectivamente, para detecção e confirmação do HBsAg. As participantes foram selecionadas de forma aleatória. Nas pacientes HBsAg+, os outros marcadores sorológicos foram testados com o sistema automatizado AxSYM. Os recém-nascidos de mães HBsAg+ foram vacinados ao nascer com a vacina Engerix B. RESULTADOS: de um total de 1584, encontramos 9 (0,6%) gestantes HBsAg positivas. Nenhuma delas apresentava anti-HBc IgM, sendo assim casos prevalentes. Em 1/9 (11,1%) das gestantes havia presença do HBeAg isolado e em 4/9 (44,4%), deste antígeno e seu anticorpo correspondente, revelando os diferentes graus de risco de transmissão vertical da infecção. Com a exceção de dois recém-nascidos de um parto gemelar (um de baixo peso), todos apresentaram soroconversão para o anti-HBs com três doses da vacina. Os gemelares prematuros só mostraram soroconversão após a quarta dose da vacina. CONCLUSÕES: a prevalência da hepatite B em parturientes no IMIP é relativamente baixa e todas as pacientes detectadas então tinham a forma crônica da infecção.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(3):155-161
DOI 10.1590/S0100-72032003000300003
OBJETIVO: avaliar as taxas de morbidade febril puerperal em pacientes infectadas pelo HIV e sua correlação com a via de parto, duração do trabalho de parto, tempo de rotura de membranas, número de células CD4+ e carga viral do HIV periparto. MÉTODOS: foram incluídas 207 gestantes infectadas pelo HIV, com seguimento pré-natal e parto entre maio de 1997 e dezembro de 2001, sendo 32 submetidas a parto vaginal e 175 a cesárea. Do total de pacientes, 62,8% foram submetidas a cesárea eletiva. A idade média no grupo analisado foi de 27,4 anos, 25,6% eram nulíparas e 26% primíparas, com idade gestacional média de 37,8 semanas no momento do parto. A contagem média de células CD4+ foi de 481 células /mm³ e da carga viral do HIV de 49.100 cópias/mL, ambas no final da gestação. RESULTADOS: a morbidade febril puerperal ocorreu em 34 pacientes, sendo 33 pós-cesárea e 1 pós-parto vaginal. O tipo mais comum de intercorrência infecciosa pós-cesárea foi infecção de cicatriz cirúrgica (13% dos casos de infecção). Os fatores analisados, como duração do trabalho de parto, tempo de rotura de membranas, contagem de células CD4+ ou carga viral do HIV periparto, não interferiram na taxa de morbidade febril puerperal. CONCLUSÕES: A incidência de morbidade febril puerperal foi de 16,8%, sendo mais freqüente pós-cesárea (18,9%) que pós-parto vaginal (3,1%). Os demais fatores não mostraram relação significativa com a taxa de morbidade febril puerperal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(5):317-321
DOI 10.1590/S0100-72032003000500003
OBJETIVOS: avaliar a taxa de soroprevalência contra o parvovírus B19 (PB19) entre grávidas e a taxa de soroconversão dessa infecção durante a gravidez. MÉTODOS: estudo prospectivo realizado no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. Na primeira fase do estudo foram avaliadas 245 grávidas com idade gestacional menor que 16 semanas, para aferição da soroprevalência da infecção PB19, utilizando o método ELISA. De acordo com os resultados sorológicos, classificou-se a infecção pelo PB19 em aguda (IgM positivo e IgG negativo ou positivo) ou remota (IgM negativo e IgG positivo). Na segunda fase do estudo, 73 grávidas soronegativas foram novamente testadas durante a internação para o parto (IgM e IgG), objetivando aferir a taxa de soroconversão durante a gravidez. RESULTADOS: a prevalência da infecção PB19 até a 16ª semana de gravidez foi de 62,9% (IC 95%: 56,8-68,9), divididas em infecção aguda (8,1%) e remota (54,8%). Das 73 grávidas soronegativas que submeteram-se a novo teste no momento do parto, sete (9,6%) apresentaram soroconversão durante a gravidez (IC 95%: 2,8-16,3), sendo duas com infecção aguda (2,7%) e cinco com infecção remota (6,9%). A prevalência final da infecção por PB19 durante a gravidez foi de 72,5%. CONCLUSÕES: considerando que apenas a infecção aguda pelo PB19 está associada a risco de transmissão vertical, a soroprevalência relativamente alta desta infecção entre grávidas estaria protegendo os fetos contra esta forma de disseminação do vírus. Apesar da elevada taxa de soroconversão para PB19 durante a gravidez, não foi observado nenhum caso de infecção sintomática entre os recém-nascidos.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(5):323-328
DOI 10.1590/S0100-72032003000500004
OBJETIVO: determinar se a cesariana eletiva na 38ª semana de gestação para pacientes portadoras do vírus HIV, com a finalidade de reduzir a transmissão vertical, aumenta a morbiletalidade materna. MÉTODOS: foram incluídas 58 pacientes portadoras do vírus submetidas ao protocolo ACTG 076 completo (associação da zidovudina oral no pré-natal com a forma venosa no momento do parto), que foram submetidas a cesariana eletiva na 38ª semana de gravidez. O grupo controle constituiu-se de 226 grávidas não infectadas (as quatro pacientes submetidas a cesariana eletiva após cada cesariana em paciente portadora do HIV). As variáveis analisadas nos dois grupos foram: atonia uterina, febre puerperal, infecções de parede abdominal, infecções urinárias, endometrite, perda sangüínea, tempo operatório e tempo de internação. A análise estatística foi feita com o teste do c² (teste de Fisher quando havia caselas com menos de 5 casos). O risco relativo (RR) foi calculado com o programa Epi-Info 6.0. RESULTADOS: os resultados mostram que a cesariana eletiva realizada em pacientes portadoras do HIV, quando comparada com o grupo controle, não apresentou maior incidência de atonia uterina (p=1,6), de febre puerperal (p=0,6), de infecções de parede abdominal (p=0,6), de infecções urinárias (p=0,2) e de endometrite (p=0,3). No entanto, houve maior perda sangüínea (risco relativo de 2,2), e maior tempo operatório (risco relativo de 3,3). A paciente portadora do HIV permaneceu menos tempo internada que aquela do grupo controle (risco relativo de 0,3). CONCLUSÃO: conclui-se que não houve aumento da morbidade materna ao se optar pela cesariana como desfecho da gestação da paciente portadora do vírus HIV.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2001;23(2):107-111
DOI 10.1590/S0100-72032001000200008
Objetivos: avaliar os resultados do teste de diagnóstico rápido da infecção pelo HIV-1 disponibilizado pelo Ministério da Saúde, para identificação de gestantes contaminadas por este vírus. Métodos: avaliação prospectiva de 443 gestantes sem teste sorológico para HIV no pré-natal, atendidas no Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-Universidade de São Paulo (HCFMRP-USP), entre fevereiro e junho de 2000. As amostras destas pacientes foram submetidas ao teste rápido imunocromatográfico, sendo comparadas com ELISA e confirmadas pela aglutinação. Resultados: dentre as 443 gestantes submetidas ao teste rápido (20,1% dos partos no período), 16 apresentaram resultados positivos (3,6%). Nenhuma amostra negativa pelo teste rápido foi positiva pelo ELISA. Entretanto, das 16 amostras positivas pelo teste rápido, duas foram negativas pelos testes confirmatórios. Logo, a sensibilidade do teste rápido foi de 100,0%, especificidade 99,5%, valor preditivo positivo 87,5% e valor preditivo negativo 100,0%. Conclusões: os resultados obtidos na avaliação do teste para o diagnóstico rápido da infecção pelo HIV-1 em gestantes revelaram sensibilidade, especificidade e valores preditivos que o credenciam como recurso extremamente importante na indicação de medidas que reduzem a transmissão perinatal desse vírus.