Resumo
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As doenças da tireoide são as segundas doenças endócrinas mais comuns no período reprodutivo das mulheres. Elas podem estar associadas à restrição de crescimento intrauterino (RCIU), parto prematuro, baixo índice de Apgar, baixo peso ao nascer (BPN) ou morte fetal. O objetivo do presente estudo é explorar a disfunção tireoidiana e sua relação com alguns resultados perinatais insatisfatórios (índice de Apgar, baixo peso ao nascer e parto prematuro).
Amostras secas de sangue em 358 gestantes saudáveis foram analisadas para hormônio estimulador da tireoide (TSH), tiroxina total (TT4) e tireoglobulina (Tg). Os dados neonatais foram coletados no momento do parto. Quatro grupos foram formados com base em testes de função tireoidiana (TFT).
Das 358 mulheres testadas, 218 (60,72%) eram eutireoidianas. Hipotiroxinemia isolada estava presente em 132 mulheres (36,76%), hipertireoidismo subclínico em 7 mulheres (1,94%) e hipotireoidismo evidente em 1 (0,28%). Os resultados perinatais RCIU (p = 0,028) e índice de Apgar de 1 minuto (p = 0,015) foram significativamente diferentes entre os grupos distintos de TFT. Na análise de regressão múltipla, TT4 mostrou impacto preditivo inverso estatisticamente significativo no BPN (p < 0,0001), mas impacto positivo da Tg no BPN (p = 0,0351).
Isoladamente, os hormônios tireoidianos não têm impacto direto no desfecho neonatal, mas o percentual de sua participação no processo total não pode ser desprezado. Com base na análise de regressão, podemos concluir que TT4 e Tg podem ser usados como preditores do resultado neonatal, expressos por meio do peso ao nascer e do índice de Apgar. O presente estudo tem como objetivo contribuir para que um teste para verificar o estado da tireoide deva se tornar um rastreamento de rotina durante a gravidez.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(9):478-483
DOI 10.1590/S0100-72032007000900007
OBJETIVO: verificar a presença de anticorpos antitireoperoxidase (anti-TPO) e antitireoglobulina (anti-TG) e as concentrações plasmáticas de tireotrofina (TSH) e tiroxina livre (T4L) em gestantes normais. MÉTODOS: estudo transversal realizado no ambulatório de Pré-Natal da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo (SP), no período de janeiro de 2003 a setembro de 2004. Foram incluídas 127 grávidas, residentes em São Paulo, com idades entre 14 e 44 anos e idade gestacional igual ou superior a 16 semanas, determinada por ultra-sonografia realizada antes da 20ª semana de gestação. Foram excluídas gestantes em uso de medicamentos ou história de tireoidopatia. Foram quantificados os anticorpos antitireoperoxidase e antitireoglobulina por imunoensaio quimioluminescente. A técnica de imunofluorimetria por tempo resolvido foi empregada para a determinação de tireotrofina e tiroxina livre. Para análise dos resultados, aplicou-se o teste t de Student, com significância de 5%. RESULTADOS: a freqüência dos anticorpos antitireoidianos foi 12,6% (8,6% de anticorpos anti-TPO, 4,6% de anticorpos anti-TG). A média das concentrações de TSH foi de 2,1±1,0 µU/mL e a média de T4L foi de 0,9±0,5 ng/dL. Observou-se alteração da função tireoidiana em dez gestantes (8%). Três delas tiveram diagnóstico de hipotireoidismo: uma na forma clínica da doença, com TSH aumentado e T4L diminuído; duas na forma subclínica, com TSH aumentado e T4L normal. Cinco mostraram valores de TSH diminuídos e de T4L aumentados, compatíveis com hipertireoidismo clínico, e duas tiveram diagnosticado hipertireoidismo subclínico, apenas com concentrações de TSH diminuídas. CONCLUSÕES: a freqüência de anticorpos antitireoidianos foi de 12,6% em gestantes, sendo os anticorpos antitireoperoxidase predominantes sobre os anticorpos antitireoglobulina. Verificaram-se disfunções da tireóide em 8% dos casos, com alterações de TSH e/ou T4L.