Resumo
. ;:710-717
Identificar biomarcadores de resposta à quimioterapia neoadjuvante em câncer luminal de mama.
Estudo transversal em que foram incluídas todas as pacientes com câncer luminal de mama em estádio inicial ou localmente avançado que foram submetidas a quimioterapia neoadjuvante nos anos de 2013 e 2014. Dados demográficos, clínicos e patológicos foram obtidos de prontuários médicos. As expressões de receptor de estrogênio (RE), de receptor de progesterona (RP), e de Ki67 foram avaliadas por imuno-histoquímica (IHQ). A expressão do receptor tipo 2 do fator de crescimento epidérmico humano (human epidermal growth factor receptor 2, HER2) foi avaliada por IHQ e hibridização in situ por imunofluorescência (HISI). Análises de regressão logística e de curva de característica de operação do receptor (COR) foram usadas para investigar fatores preditivos independentes de resposta clínica e patológica.
De 298 pacientes identificadas, 115 foram incluídas na análise. Resposta clínica completa (RCc) foi observada em 43.4% das pacientes (49/113), e resposta patológica completa (RPc), em 7.1% (8/115). Os fatores preditivos independentes de RCc foram status menopausal (p < 0.001), baixa expressão de RP (≤ 50% versus > 50%; p = 0.048), e expressão de Ki67 ≥ 14% (versus < 14%; p = 0.01). Pacientes com RCc apresentaram maior probabilidade de serem submetidas a cirurgia conservadora da mama (34.7% versus 7.8%; p < 0.001). Aumento no ponto de corte para expressão de Ki67 foi associado a aumento da especificidade e redução da sensibilidade na identificação de pacientes com RCc.
Status premenopausal, baixa expressão de RP e maior expressão de Ki67 estiveram associados a maior taxa de RCc à quimioterapia neoadjuvante no câncer luminal de mama.
Resumo
. ;:280-286
A quimioterapia neoadjuvante é o tratamento padrão para os cânceres de mama localmente avançados. Entretanto, apenas uma porcentagem desses tumores irá responder ao tratamento, devido a características histológicas e moleculares. A proteína EZH2 (enhancer of zest homolog 2) é uma histona metiltransferase associada a tumores mal diferenciados e de comportamento agressivo.
O presente estudo teve como objetivo avaliar a associação entre a expressão da proteína EZH2 e a resposta à quimioterapia neoadjuvante, além da correlação dessa proteína com hiper-expressão de HER2, receptores de estrogênio e progesterona, e o marcador de proliferação Ki-67.
Um total de 60 pacientes com câncer de mama localmente avançado tratadas com quimioterapia neoadjuvante foram selecionadas para esse estudo. Vinte e três blocos de parafina não continham material suficiente para ressecção e não foram avaliados. Foi realizado microarray baseado em análise imuno-histoquímica da proteína EZH2 para as 36 pacientes restantes. As pacientes foram divididas em dois grupos baseado na resposta à quimioterapia neoadjuvante.
A expressão da proteína EZH2 foi significativamente associada com marcadores de pior prognóstico, como negatividade para receptor de estrogênio (p = 0,001) e progesterona (p = 0,042), além de alto Ki-67 (p = 0,002). Entretanto, a alta expressão da EZH2 não se correlacionou com a resposta à quimioterapia neoadjuvante.
Nossos dados sugerem que a expressão da proteína EZH2 pode não estar relacionada com a resposta clínica à quimioterapia neoadjuvante. Outros estudos com maior número de pacientes são necessários para confirmar esses achados.
Resumo
. ;:221-225
DOI 10.1590/S0100-72032013000500006
OBJETIVO: Foi determinar se a avaliação clínica é adequada na determinação do volume a ser ressecado em cirurgias conservadoras de mama após tratamento neoadjuvante. MÉTODOS: Avaliamos 279 pacientes com diagnóstico histológico de carcinoma invasor de mama submetidas à terapia neoadjuvante seguida de tratamento cirúrgico ou tratadas com cirurgia primária. O volume de tecido excisado, o volume da massa tumoral e o volume ótimo para a excissão cirúrgica baseado em uma margem de 1 cm foram calculados. O excesso de volume excisado foi estimado pelo cálculo da taxa de ressecção determinada pelo volume de tecido excisado dividido pelo volume ótimo para a excisão cirúrgica. Analisamos a extensão da ressecção cirúrgica e o efeito do exesso de tecido ressecado na obtenção de margens cirúrgicas. RESULTADOS: A mediana do diâmetro tumoral foi de 2,0 e 1,5 cm nos grupos de cirurgia primária e terapia neoadjuvante, respectivamente. A mediana do volume de tecido mamário ressecado foi de 64,3 cm³ no grupo de cirurgia primária e de 90,7 cm³ no grupo de tratamento neoadjuvante. A taxa mediana de ressecção nos grupos de cirurgia primária e terapia neoadjuvante foram 2,0 e 3,3 respectivamente (p<0,0001). Os dados relacionados à margem cirúrgica foram similares em ambos os grupos. A comparação do volume de tecido ressecado mostrou correlação positiva no grupo de cirurgia primária, porém não no grupo de tratamento neoadjuvante. CONCLUSÃO: Existe uma tendência dos cirurgiões a removerem maior quantidade de tecido mamário durante cirurgias conservadoras de mama de pacientes que foram submetidas à tratamento neoadjuvante, resultando na perda da correlação entre o diâmetro tumoral e o volume do espécime excisado.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(1):43-48
DOI 10.1590/S0100-72032011000100007
Em pacientes grávidas portadoras de câncer de colo de útero (CCU), as opções terapêuticas dependem da idade gestacional, do estágio clínico e do desejo da paciente. Alguns autores relataram casos de quimioterapia neoadjuvante seguidos de cirurgia radical nessas pacientes. O objetivo deste artigo foi revisitar o assunto, adicionar um novo caso e revisar a literatura. Relatamos o caso de uma mulher de 30 anos, na 24ª semana de gestação, que teve diagnóstico de câncer de colo de útero (carcinoma escamoso grau II), estágio IIB (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia - FIGO). Nulípara, a paciente recusou a interrupção da gravidez. Após meticuloso esclarecimento, a paciente aceitou tratamento com quimioterapia neoadjuvante com cisplatina 75 mg/m² e vincristina 1 mg/m², além de posterior avaliação de cirurgia radical e parto cirúrgico concomitantes. Quatros ciclos completos de quimioterapia foram administrados sem atrasos ou efeitos adversos importantes. Poucos dias antes da data programada para a cirurgia, a paciente foi admitida em trabalho de parto na 37ª semana de gestação. Devido à resposta clínica completa do tumor, a equipe obstétrica optou por monitorar o trabalho de parto, e a paciente deu à luz um recém-nascido de 2.450 g, sem intercorrências. A cirurgia radical foi realizada três dias após o parto, e a análise histopatológica revelou carcinoma confinado ao colo sem envolvimento linfonodal. Mãe e filho se encontram em bom estado geral 12 meses após o parto. Quimioterapia baseada em cisplatina durante o segundo ou terceiro trimestre da gravidez parece ser uma opção para as pacientes que não desejam a interrupção da gravidez enquanto se aguarda a maturidade fetal. Entretanto, estudos adicionais são necessários para confirmar o prognóstico e a segurança dos recém-nascidos e das pacientes.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(1):18-26
DOI 10.1590/S0100-72032007000100004
OBJETIVO: avaliar a resposta loco-regional à quimioterapia primária nas pacientes com câncer de mama nos estadios II e III. MÉTODOS: foi realizado um estudo clínico retrospectivo e analítico de 97 pacientes no estadios II e III, no período de janeiro de 1993 a dezembro de 2004, submetidas a três ou quatro ciclos de quimioterapia primária com 5-fluorouracil (500 mg/m²), epirrubicina (50 mg/m²) e ciclofosfamida (500 mg/m²) ou doxorrubicina (50 mg/m²) e ciclofosfamida (500 mg/m²) e posteriormente ao tratamento loco-regional cirúrgico conservador ou radical. Para estudo da associação entre as variáveis (idade, estado menopausal, volume tumoral pré-quimioterapia, estado axilar, estádio, esquema terapêutico e número de ciclos) foram utilizados os testes do chi2 e o exato de Fisher. Para as variáveis quantitativas (volume tumoral pelo estudo anátomo-patológico e volume tumoral clínico pós-quimioterapia) foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson. O nível de significância utilizado foi de 5%. RESULTADOS: a média de idade da população estudada foi de 52,2 anos. No estádio II, tivemos 56,8% dos casos e no estádio III, 43,2%. Aproximadamente metade das pacientes receberam FEC50 e 50%, AC. Obtivemos uma resposta clínica objetiva com o tratamento quimioterápico primário em 64,9% dos casos. A resposta clínica completa ocorreu em 12,3% das pacientes; já a resposta patológica completa aconteceu em 10,3% dos casos. Observamos uma correlação significante entre o número de ciclos e a resposta à quimioterapia primária. Também verificamos uma concordância significante entre a avaliação pelo exame clínico da resposta à quimioterapia primária e o achado anátomo-patológico. CONCLUSÕES: o número de ciclos foi importante para a resposta loco-regional, sendo que as pacientes que receberam maior número de ciclos obtiveram melhores respostas. Também foi possível avaliar a resposta tumoral pelo exame clínico, pois houve concordância com o anátomo-patológico.