Resumo
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Comparar a qualidade das amostras cérvico-vaginais colhidas no Sistema Único de Saúde (SUS) e nas clínicas privadas para rastrear lesões precursoras de câncer do colo uterino.
Estudo de intervenção cujas variáveis estudadas foram: adequabilidade da amostra, representação de epitélios na amostra, e resultado do exame citopatológico. Um total de 940 formulários contendo as análises das amostras biológicas foram examinados: 470 formulários de mulheres atendidas nas unidades básicas de saúde do SUS, e 470 formulários de mulheres atendidas em clínicas privadas no período de janeiro a fevereiro de 2016.
Todas as amostras insatisfatórias foram coletadas nas unidades básicas de saúde do SUS e corresponderam a 4% do total neste setor (p < 0,0001). Observou-se um índice maior de amostras com representatividade somente de células escamosas no SUS (43,9%). Houve representatividade das células da junção escamo-colunar (JEC) em 82,1% das amostras colhidas no setor privado (p < 0,0001). Em relação aos resultados negativos para lesão intraepitelial e/ou malignidade, os percentuais obtidos foram 95,95% e 99,1% (p < 0,0049) para os exames coletados no sistema privado e no SUS, respectivamente. Em relação às lesões menos graves, no SUS obteve-se um resultado de 0,89% e no sistema privado de 2,56%; as lesões mais graves não foram diagnosticadas no SUS, enquanto que no setor privado representaram 1,49% dos exames.
As amostras cérvico-vaginais insatisfatórias foram observadas somente em exames realizados no SUS; há necessidade de orientação e capacitação dos profissionais que realizam a coleta do exame citopatológico, possibilitando uma maior confiabilidade nos resultados e mais segurança à mulher que se submete a este exame preventivo.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2015;37(8):374-380
DOI 10.1590/SO100-720320150005394
Identificar o impacto da incontinência urinária (IU) sobre a qualidade de vida (QV), comparar os escores dos domínios de QV em mulheres com incontinência de esforço (IUE), bexiga hiperativa (BH) e incontinência mista (IUM) e estabelecer a associação entre o tipo clínico de IU e o impacto sobre a QV.
Foram coletadas informações sobre idade, índice de massa corpórea (IMC) e comorbidades de 181 mulheres incontinentes atendidas em serviço público. O King's Health Questionnaire (KHQ) foi aplicado e as pacientes foram divididas, de acordo com a autoavaliação do impacto da incontinência, em dois grupos, cujos escores dos domínios do KHQ foram comparados pelo teste de Mann-Whitney. De acordo com os sintomas, as mulheres foram divididas nos grupos IUE, BH e IUM, e os escores do KHQ foram comparados pelos testes de Kruskal-Wallis e de Dunn. As razões de chances (OR) de a mulher reportar pior impacto da IU na QV foram estimadas por modelo logístico binário. As variáveis de controle foram faixa etária, IMC e número de comorbidades.
Observou-se diferença significante entre os dois grupos de autoavaliação do impacto da IU para todos os domínios do KHQ. O grupo IUM apresentou piores escores que o grupo IUE para todos os domínios, e o grupo BH, para limitações de atividades diárias e físicas. Houve diferença significante entre as chances de as mulheres dos grupos IUE e IUM reportarem pior impacto de IU na QV (OR=2,9; p=0,02).
Assim como em outras populações de serviços especializados, a IUM foi o subtipo mais comum, e a perda urinária comprometeu de forma moderada/grave a QV, afetando o domínio limitações das atividades diárias com maior intensidade. A análise ajustada mostrou que mulheres com IUM apresentam chance aproximadamente três vezes maior de reportarem pior impacto sobre a QV que aquelas com IUE.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(2):56-64
DOI 10.1590/S0100-72032014000200003
Avaliar a adequação do processo de assistência pré-natal segundo os parâmetros do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento (PHPN), acrescido dos procedimentos previstos pela Rede Cegonha, no Sistema Único de Saúde (SUS) de uma microrregião do Espírito Santo, Brasil.
Foi realizado um estudo transversal, em 2012-2013, por meio de entrevistas e de análise do Cartão da Gestante e do prontuário do recém-nascido, com 742 puérperas em 7 maternidades da região escolhida para a pesquisa. As informações foram coletadas, processadas e submetidas aos testes do χ2 e exato de Fisher para testar a diferença de proporção entre os critérios adotados pelo PHPN mais a Rede Cegonha e o local de moradia, renda familiar mensal e modalidade de cobertura do serviço pré-natal. Foi considerado um nível de significância de 5%.
Os parâmetros que apresentaram as menores taxas de adequação foram os testes rápidos e os exames de repetição, com frequências em torno de 10 e 30%, respectivamente, além das atividades educativas (57,9%) e da imunização antitetânica (58,7%). Já os parâmetros manejo do risco (92,6%) e exame de glicemia de jejum (91,3%) apresentaram os melhores resultados. Foi encontrada adequação de 7,4% para o PHPN, de 0,4% para a Rede Cegonha, no que diz respeito aos parâmetros da gravidez de risco habitual, e de 0 para os de alto risco. Houve diferença estatisticamente significante entre as puérperas segundo local de moradia para realização de sorologia para sífilis (VDRL), teste anti-HIV e repetição de glicemia de jejum, e a renda familiar mensal influenciou a realização dos exames tipagem sanguínea/fator Rh, VDRL, hematócrito e teste anti-HIV.
A assistência pré-natal no SUS mostrou-se inadequada, de acordo com os procedimentos previstos pelo PHPN e Rede Cegonha na microrregião de um estado do Sudeste brasileiro, principalmente para as mulheres de menor renda, usuárias do PACS e residentes na zona rural.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2013;35(10):447-452
DOI 10.1590/S0100-72032013001000004
OBJETIVO: Analisar assistência pré-natal nos serviços de saúde públicos e privados. MÉTODOS: Trata-se de um estudo transversal, retrospectivo, analítico a partir da auditoria dos cartões das gestantes que tiveram partos em um hospital de referência para atendimento de baixo risco na região dos Campos Gerais Estado do Paraná, no primeiro semestre de 2011. Para verificar associação do não registro dos cartões da gestante segundo assistência pré-natal no atendimento público e privado, foi utilizado o teste qui-quadrado de Yates corrigido ou teste exato de Fisher com nível de significância p≤0,05. A qualidade da assistência pré-natal foi baseada no percentual dos não registros dos cartões da gestante. RESULTADOS: Foram analisados 500 cartões de pré-natal. A frequência de seis ou mais consultas de pré-natal foi significativa e com predomínio no serviço privado, com 91,9%. Quanto aos exames laboratoriais e obstétricos mais frequentemente não registrados, estes foram respectivamente para o público e para o privado: sorologia de hepatite B (79,3 e 48,4%), hemoglobina e hematócrito (35,6 e 21,8%), sorologia anti-HIV (29,3 e 12,9%), movimentação fetal (84,3 e 58,9%), estatura (60,4 e 88,7%), verificação de edema (60,9 e 54,8%) e apresentação fetal (52,4 e 61,3%). A auditoria dos cartões das gestantes permitiu examinar a qualidade da assistência pré-natal e confirmou diferenças da assistência segundo o local de atendimento, mostrando qualidade excelente e boa no serviço privado e regular no público para ultrassonografia e tipo sanguíneo/fator Rh; qualidade regular no privado e ruim no público para exames de urina e peso e, para os demais exames laboratoriais, exames obstétricos e esquema vacinal, qualidade ruim ou muito ruim nos dois sistemas. CONCLUSÃO: As diferenças entre os serviços demonstraram necessidade de ações destinadas à melhoria da assistência pré-natal prestada principalmente pelo serviço público.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2011;33(3):144-149
DOI 10.1590/S0100-72032011000300008
OBJETIVO: identificar as nomenclaturas diagnósticas dos exames citopatológicos cervicais utilizadas pelos laboratórios que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) e participantes do Monitoramento Externo de Qualidade (MEQ). Avaliar as informações adquiridas de profissionais ginecologistas que atuam no SUS sobre os tipos de classificação diagnóstica que recebem nos laudos citopatológicos cervicais. MÉTODOS: foram avaliados 94 laudos citopatológicos liberados pelos laboratórios participantes do MEQ no Estado de São Paulo e 126 questionários aplicados aos ginecologistas que atenderam o SUS. RESULTADOS: dos 94 laboratórios, 81 (86,2%) utilizam uma única nomenclatura diagnóstica: 79 (97,6%) utilizam a Nomenclatura Brasileira para Laudos Citopatológicos (NBLC), 1 (1,2%) utiliza a classificação de Papanicolaou e 1 (1,2%) utiliza a de Richart. Dos 13 (13,8%) laboratórios que utilizam mais de uma nomenclatura, 5 apresentam 2 tipos, e 8, de 3 a 4, 9 dos quais incluem a classificação de Papanicolaou. O estudo demonstrou que 52 (55,3%) laboratórios apresentaram mais de um diagnóstico descritivo num mesmo laudo. Dos 126 ginecologistas que responderam ao questionário de avaliação dos laudos citopatológicos, 78 (61,9%) disseram receber laudos dos laboratórios com apenas uma classificação diagnóstica, 48 (38,1%), laudos com mais de uma classificação, e 2 receberam as 4 classificações. Entre os 93 (73,8%) ginecologistas que preferem uma classificação, 56 (60,2%) alegaram que a NBLC contribui para a conduta clínica, 13 (14,0%) optaram pela nomenclatura de Richart, 8 (8,6%), de Reagan e 16 (17,2%), a de Papanicolaou. De 33 (26,2%) ginecologistas que preferem mais de uma nomenclatura, 5 optaram pelas 4 classificações. CONCLUSÕES: Os dados obtidos mostram que ainda há resistência por parte dos patologistas no emprego da nomenclatura oficial nos laudos citológicos do SUS. Há uma discrepância entre informações que os ginecologistas gostariam que estivessem nos laudos e as que são fornecidas pelos médicos patologistas. Maiores esforços devem ser empregados no sentido de estimular o uso da nomenclatura oficial.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2010;32(11):563-569
DOI 10.1590/S0100-72032010001100008
OBJETIVOS: avaliar a evolução da adequação do processo de atendimento às gestantes usuárias do Sistema Único de Saúde (SUS) e consolidar metodologia para monitoramento da assistência pré-natal. MÉTODOS: estudo de séries temporais múltiplas, com auditoria em cartões de gestantes que realizaram pré-natal em município do Sudeste brasileiro (Juiz de Fora, Minas Gerais) nos semestres iniciais de 2002 e 2004 (370 e 1.200 cartões, respectivamente) e utilizaram o SUS no atendimento ao parto a termo (p < 0,05). Obedeceu-se a uma sequência em três níveis complementares: utilização do pré-natal (início e número de atendimentos) no nível 1; utilização do pré-natal e procedimentos clínico-obstétricos obrigatórios em uma consulta pré-natal [aferições de pressão arterial (PA), peso, altura uterina (AU), idade gestacional (IG), batimentos cardiofetais (BCFs) e apresentação fetal] no nível 2; e utilização, procedimentos clínico-obstétricos obrigatórios e exames laboratoriais básicos, segundo o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento/PHPN [tipagem ABO/Rh, hemoglobina/hematócrito (Hb/Htc), VDRL, glicemia e exame comum de urina] no nível 3. RESULTADOS: confirmou-se a alta cobertura pré-natal (99%), aumento da média de consultas/gestante (6,4 versus 7,2%) e decréscimo da idade gestacional na primeira consulta (17,4 versus 15,7 semanas). Aumentaram significativamente os registros adequados dos procedimentos e exames (exceções: apresentação fetal e tipagem sanguínea): PA (77,8 versus 83,9%); peso (75,4 versus 83,5%); AU (72,7 versus 81,3%); IG (58,1 versus 71,5%); BCFs (79,5 versus 86,7%); Hb/Htc (14,9 versus 29%), VDRL (11,1 versus 20,7%), glicemia (16,5 versus 29,0%) e urinálise (13,8 versus 29,8%). Consequentemente, ocorreu melhoria significativa (p < 0,001) da adequação entre 2002 e 2004: 27,6 versus 44,8% (nível 1); 7,8 versus 15,4% (nível 2); 1,1 versus 4,5% (nível 3). O atendimento na maioria dos serviços/equipes municipais apresentou evolução semelhante. CONCLUSÕES: a persistência da baixa adequação, apesar da boa cobertura e da implantação do PHPN, confirmou a necessidade de incrementar a adesão dos gestores, profissionais de saúde e usuárias às normas/rotinas do atendimento, incluindo a institucionalização de um programa de monitoramento da assistência pré-natal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2009;31(2):75-81
DOI 10.1590/S0100-72032009000200005
OBJETIVO: avaliar os fatores que levam ao retardo na confirmação diagnóstica de lesões mamárias suspeitas de câncer. MÉTODOS: foi realizado um estudo observacional de corte transversal. Foram incluídas 104 mulheres que procuraram um hospital de câncer, com diagnóstico ou suspeita de câncer de mama. Foi aplicado um questionário semiestruturado com perguntas referentes às características demográficas, clínicas e de utilização de serviços. As variáveis foram comparadas pelos testes t de Student, Mann-Whitney, χ2 de Pearson ou exato de Fisher, conforme a indicação. A fim de identificar as variáveis associadas ao retardo na confirmação diagnóstica do câncer de mama, foram calculadas as Odds Ratio (OR) com intervalo com 95% de confiança (IC95%) e um modelo de regressão logística foi elaborado. RESULTADOS: a média de idade foi de 54 anos (±12,6), predominando mulheres brancas (48,1%), casadas (63,5%), residentes no Município do Rio de Janeiro (57,7%) e com baixo grau de escolaridade (60,6%). O tempo mediano entre o primeiro sinal ou sintoma da doença e a primeira consulta foi de um mês, e desta última até a confirmação diagnóstica de 6,5 meses. Em 51% das mulheres o diagnóstico foi tardio (estádios II a IV). Presença de sintomas, longo intervalo de tempo entre o início dos sintomas e a primeira avaliação e entre o início dos sintomas e a confirmação diagnóstica, mostraram-se fatores significantes (p<0,05) para o retardo na obtenção do diagnóstico de lesões suspeitas. CONCLUSÕES: os resultados deste estudo sugerem que os esforços devem ser concentrados na redução dos tempos necessários para agendar a consulta médica e para o esclarecimento do diagnóstico de lesões suspeitas, bem como na educação dos médicos e das mulheres sobre a importância dos sintomas mamários e o valor da avaliação, diagnóstico e tratamento precoce.