Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2013;35(2):84-89
DOI 10.1590/S0100-72032013000200008
OBJETIVOS: Verificar a prevalência da síndrome do intestino irritável (SII) em mulheres com dor pélvica crônica (DPC) e as características associadas; analisar se SII e DPC constituem a mesma síndrome. MÉTODOS: Estudo transversal do tipo inquérito populacional com amostragem sistemática sequencial de acordo com os distritos censitários, no qual 1470 mulheres foram entrevistadas conforme o cálculo amostral. Foram selecionadas aquelas residentes no respectivo domicílio, com pelo menos 14 anos de idade, que já haviam tido a menarca e apresentavam DPC de acordo com o Colégio Americano de Obstetrícia e Ginecologia. A variável considerada dependente foi a SII baseando-se nos Critérios de Roma III em mulheres com DPC, e as independentes, possivelmente associadas com a SII foram: idade, escolaridade, tempo de dor, sedentarismo, enxaqueca, depressão, insônia, lombalgia, dismenorreia, dispareunia, depressão, passado de violência e sintomas intestinais. A amostra foi subdividida nos grupos com e sem SII. Após a análise descritiva das variáveis, as respectivas frequências foram avaliadas utilizando GraphPad Prism 5. Para determinação da presença de associação entre a variável dependente e as independentes, utilizou-se o teste do χ² com nível de significância a 5%. RESULTADOS: A prevalência de SII em mulheres com DPC foi de 19,5%. O tempo de dor (p=0,03), a lombalgia (p=0,002), história de abuso físico ou sexual (p=0,002) e as queixas intestinais foram maiores no grupo com SII e DPC. Não houve diferença entre os grupos quanto aos demais critérios. CONCLUSÃO: Os dados confirmam a literatura, demonstrando muitos aspectos comuns entre as duas condições e valorizando a hipótese de que elas possam compor a mesma síndrome.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(12):733-740
DOI 10.1590/S0100-72032006001200008
Dor pélvica crônica é uma doença debilitante e de alta prevalência, com grande impacto na qualidade de vida e produtividade, além de custos significantes para os serviços de saúde. O dilema no manejo da dor pélvica crônica continua a frustrar médicos confrontados com o problema, em parte porque sua fisiopatologia é pobremente compreendida. Conseqüentemente, seu tratamento é muitas vezes insatisfatório e limitado ao alívio temporário dos sintomas. Nesta revisão, nós discutimos uma abordagem ampliada da dor pélvica crônica. Salientamos que uma história clínica e exame físico adequados deveriam incluir atenção especial aos sistemas gastrintestinal, urinário, ginecológico, músculo-esquelético, neurológico, psicológico e endócrino. Dessa forma, uma abordagem multidisciplinar é recomendada. Adicionalmente, enfatizamos que, embora úteis, procedimentos cirúrgicos específicos, tais como a laparoscopia, deveriam ser indicados somente para pacientes selecionadas, após excluir principalmente síndrome do intestino irritável e dor de origem miofascial.