Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 23/01/2022;44(10):945-952
Analisar os casos de todas as mulheres que buscaram o serviço de interrupção legal da gestação em casos de violência sexual em um hospital público de referência, assim como identificar os fatores relacionados à realização do procedimento.
Estudo observacional transversal com informações de prontuários de janeiro de 2014 a dezembro de 2020. Foram incluídos 178 casos, com avaliação dos dados referentes às mulheres atendidas, características da violência sexual, atendimento hospitalar, técnicas utilizadas e complicações. A análise foi apresentada em frequência relativa e absoluta, medianas, médias e desvio padrão. Fatores relacionados à realização do procedimento foram avaliados por meio de regressão logística binária.
O procedimento de interrupção da gravidez foi realizado em 83,2% dos casos atendidos. Em 75,7% dos casos, a técnica utilizada foi a associação de misoprostol por via vaginal e aspiração manual intrauterina. Não houve óbitos e a taxa de complicações foi de 1,4%. A idade gestacional no momento da busca pela interrupção legal da gravidez foi o fator significativo pelo qual o protocolo não foi concluído. Gestações de até 12 semanas foram associadas a uma menor chance de não ocorrer a interrupção (odds ratio [OR]: 0,41; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,12–0,88), enquanto casos com idade gestacional > 20 semanas foram associados a uma maior chance de não ocorrer a interrupção (OR: 29,93; IC95%: 3,91–271,50).
O serviço estudado foi efetivo, sendo a idade gestacional o fator significativo para a resolutividade.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 20/06/2022;44(7):710-718
Descrever os efeitos do contraceptivo oral combinado (COC) no sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA).
Os achados deste estudo sugerem que o COC promove maior ativação do SRAA. Apoiando a ideia de que o seu uso esteja relacionado ao aumento do risco de eventos cardiovasculares, incluindo a hipertensão arterial sistêmica.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 24/02/2022;44(4):409-424
Estimar a prevalência de níveis inadequados de vitamina D e seus fatores associados para mulheres em idade fértil no Brasil.
Uma revisão sistemática foi realizada (última atualização em maio de 2020). As meta-análises foram realizadas usando o inverso da variância para o modelo fixo com cálculo de proporção sumarizada por transformação arco-seno duplo de Freeman-Tukey. A qualidade metodológica e de reporte foi avaliada usando a ferramenta do Joanna Briggs Institute para estudos de prevalência.
Nossa revisão identificou 31 estudos, compreendendo 4.006 participantes. Todos os estudos apresentaram pelo menos uma limitação, principalmente devido ao uso de amostra de conveniência e tamanho amostral pequeno. As prevalências gerais de deficiência, insuficiência e deficiência de vitamina D foram 35% (intervalo de confiança, IC 95%: 34-37%), 42% (IC 95%: 41-44%) e 72% (IC 95%: 71-74%), respectivamente.
Embora a magnitude da prevalência de níveis inadequados de vitamina D seja incerta, a evidência sugere que presença de deficiência ou insuficiência de vitamina D em mulheres em idade reprodutiva pode causar problemas moderados a graves.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 18/10/2021;43(7):522-529
Avaliar a função sexual e fatores associados em mulheres na pósmenopausa.
Este é umestudo descritivo, transversal, com380 mulheres de 40 a 65 anos, usuárias de serviços de saúde públicos em 2019. Foram aplicados questionários sobre características demográficas, sobre sintomas climatéricos (menopause rating scale) e sobre a função sexual (Quociente Sexual, versão feminina). Análises bivariada e múltipla por regressão logística foram realizadas, com cálculo de odds ratio ajustado (ORaj) e intervalos de confiança de 95% (ICs95%).
Mais da metade (243/64%) das mulheres participantes no estudo apresentou risco de disfunção sexual, com escores mais baixos dos domínios desejo e interesse sexual, conforto, orgasmo e satisfação. Mulheres com companheiro (ORaj 2,07; IC95% 1,03-4,17) e aquelas que relataram problemas de sono (ORaj 2,72; IC95% 1,77-4,19), ânimo depressivo (ORaj 2,03; IC95% 1,32-3,10), queixas sexuais (ORaj 8,16; IC95% 5,06-13,15) e ressecamento vaginal (ORaj 3,44; IC95% 2,22-5,32) apresentaram maior chance de disfunção sexual.
Houve prevalência elevada de disfunção sexual, com influência da conjugalidade e dos sintomas climatéricos sobre a função sexual.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 30/07/2021;43(5):403-413
Investigar na literatura os estudos sobre os benefícios das intervenções musicoterapêuticas em gestantes no pré-natal, parto e pós-parto.
A busca dos artigos foi realizada nas seguintes bases de dados eletrônicas: BVS, LILACS, SciELO, Portal CAPES, PsycINFO, ERIC, PubMed/Medline e revistas especializadas da área: Revista Brasileira de Musicoterapia e Voices.
Utilizaram-se descritores em português (musicoterapia, gravidez, gestantes, revisão), em inglês (music therapy, pregnancy, pregnant women, review) e em espanhol (musicoterapia, embarazo, mujeres embarazadas, revisión). A busca foi delimitada de janeiro de 2009 até junho de 2019. Os processos de seleção e avaliação dos artigos foram realizados por revisão por pares.
Os seguintes dados foram extraídos: título do artigo, ano da publicação, revista, autor(es), base de dados, país e data da coleta, objetivo do estudo, tamanho da amostra, tipo de atendimento, intervenção, instrumentos utilizados, resultados, e conclusão. Os dados foram organizados emordem cronológica a partir do ano de publicação do estudo.
Foram identificados 146 artigos e incluídos apenas 23 estudos na revisão sistemática. Os artigos encontrados indicam em seus resultados relaxamento, diminuição dos níveis de ansiedade, de estresse psicossocial e de depressão, diminuição da dor, aumento do vínculo materno, melhora da qualidade do sono, controle da frequência cardíaca fetal e da pressão arterial materna, e diminuição da ingestão de fármacos no pós-operatório.
A musicoterapia durante o pré-natal, parto e pós-parto pode trazer benefícios para a gestante e para o neonato, o que justifica sua importância nessa área.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 18/05/2020;42(4):211-217
Desvelar as alterações na qualidade de vida referidas por mulheres com lesões induzidas pelo papilomavírus humano (HPV).
Trata-se de um estudo transversal, descritivo-exploratório, de abordagem qualitativa, realizada no período de junho a agosto de 2016. Foram utilizadas entrevistas semiestruturadas face a face, a partir de cinco questões fundamentadas no conceito de qualidade de vida. Os dados obtidos foram submetidos a análise temática. Todos os aspectos éticos foram contemplados.
Foram entrevistadas 20 mulheres com idades entre 25 e 59 anos. A partir da análise dos dados, emergiram as seguintes unidades temáticas: alterações físicas e emocionais com destaque para as queixas de prurido, corrimento e dor, preocupação, medo, vergonha e tristeza; alterações nas relações sexuais e afetivas com diminuição da libido, dispareunia e interrupção da atividade sexual; alterações nas relações sociais com ausências consecutivas no trabalho.
A infecção pelo HPV prejudica a qualidade de vida das mulheres, uma vez que afeta de maneira considerável os aspectos sexuais, afetivos, físicos, emocionais e hábitos cotidianos. Portanto, a infecção pelo HPV pode acarretar mudanças exponenciais na qualidade de vida de mulheres, as quais podem ser amenizadas pela disponibilidade de fontes de apoio, como família, amigos e equipe multiprofissional, que auxiliam no nível de conhecimento e enfrentamento do HPV.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 17/04/2020;42(2):67-73
Determinar a prevalência de intervalo inadequado de nascimento e seus fatores associados no estudo BRISA.
Estudo transversal com dados da coorte BRISA. O intervalo de nascimento foi categorizado em “adequado” (≥ 2 anos ou < 5 anos entre os nascimentos), “intervalo curto” (< 2 anos) e “intervalo longo” (≥ 5 anos). A análise dos fatores associados aos intervalos de nascimento curtos e longos utilizou regressão logística multinomial.
A prevalência de intervalos adequados de nascimento foi de 48,3%, longa de 34,6% e curta de 17,1%. A cor da pele, idade, escolaridade, status econômico, tipo de parto, número de consultas pré-natais, paridade, pressão arterial, diabetes e anemia (valor-p < 0,2 na análise univariada) prosseguiram para o modelo final. A variável ≥ 3 nascimentos (odds ratio [OR] = 1,29; intervalo de confiança [IC]: 1,01–1,65) esteve associada a intervalos curtos. Idade < 20 anos (OR = 0.48; CI: 0.02–0.12) ou ≥ 35 anos (OR = 2.43; CI: 1.82–3.25), ≥ 6 consultas pré-natais (OR = 0.58; CI: 0.47–0.72), ≥ 3 nascimentos (OR = 0.59; CI: 0.49–0.73), e diabetes gestacional (OR = 0.38; CI: 0.20–0.75) foram associados a longos intervalos.
As mães mais velhas apresentaram maior probabilidade de ter longos intervalos de nascimento, e uma paridade maior aumenta as chances de intervalos curtos de nascimento. Além disso, o diabetes gestacional e o pré-natal adequado apresentaram maiores chances de ter um intervalo adequado ao nascimento, indicando que a assistência à saúde durante a gravidez é importante para incentivar um intervalo adequado entre as gestações.