Resumo
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Analisar a tendência temporal e os fatores relacionados ao diagnóstico do câncer de mama em estágio avançado no Brasil entre 2000 e 2012.
Foi feito estudo de tendência temporal e de coorte retrospectiva e com dados do registro hospitalar de câncer. A análise de tendência temporal foi feita usando o modelo de regressão joinpoint. A chance de apresentação em estágio avançado foi estimada pelo modelo de regressão logística multinomial.
Um total de 170.757 casos foram analisados. O tempo médio entre o diagnóstico e o início do tratamento foi de 43 dias (variação: 0-182 dias). O percentual de casos com estadiamento avançado ao diagnóstico diminuiu de 2000 a 2002, com uma variação percentual anual (VPA) de -6,6% (intervalo de confiança de 95% [IC95%] -7,6-5,5%); esse percentual aumentou entre 2002 e 2009, com um VPA de 1,1% (IC95%: 0,9- 1,3%), e se manteve estável de 2009 a 2012. Mulheres com ensino superior (comparadas a analfabetas) apresentaram chance menor de terem doença avançada ao diagnóstico (razão de chances [OP]: 0,32; IC95%: 0,29-0,35). As chances foram maiores entre mulheres pardas (OR: 1,30; IC95%: 1,21-1,41) e negras (OR: 1,63; IC95%: 1,47-1,82) em comparação com as brancas. Mulheres tratadas nas regiões Norte (OR: 1,23; IC95%: 1,04-1,45) e Centro-oeste (OR: 1,61; IC95%: 1,34-1,94) apresentaram maior chance de terem doença avançada ao diagnóstico quando comparadas com as tratadas na região Sul. Outros fatores positivamente associados ao estadiamento no momento do diagnóstico foram: idade, tipo histológico e estado civil.
O acesso ao diagnóstico de câncer de mama é desigual no Brasil, e mulheres com nível socioeconômico mais baixo têm uma probabilidade maior de ter uma doença avançada ao diagnóstico.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(11):656-660
DOI 10.1590/S0100-72032005001100004
OBJETIVO: analisar a evolução temporal do estadiamento no momento do diagnóstico dos casos de câncer de mama e do colo do útero em mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS). MÉTODOS: em uma primeira etapa foram identificados os relatórios disponíveis contendo a descrição do estadiamento clínico inicial dos casos de câncer atendidos nos hospitais brasileiros. Considerando-se sua escassez e pouca representatividade, realizou-se uma segunda etapa na qual foi efetuada busca ativa de informações. Uma planilha foi enviada por via postal a todos (n=173) os Centros de Alta Complexidade em Oncologia (CACON) cadastrados pelo Ministério da Saúde para atendimento ao SUS solicitando informações para o período compreendido entre 1995 e 2002. Para a análise estatística foi utilizado o programa "R". Os resultados são apresentados como percentuais e boxplots. RESULTADOS: na primeira etapa (1990-1994) foram identificadas informações de 18 hospitais, referentes a 7.458 pacientes com câncer de mama e 7.216 pacientes com câncer do colo do útero. A mediana de casos diagnosticados em estádio avançado (estádios III e IV) foi de 52,6 e 56,8%, respectivamente. Na segunda etapa (1995-2002) foram obtidas informações de 89 hospitais e 7 serviços isolados de quimioterapia ou radioterapia, referentes a 43.442 casos de câncer de mama e 29.263 casos de câncer de colo do útero. A taxa de resposta, baseada na listagem inicial de CACONs, foi de 55%. A mediana do percentual de pacientes em estádio avançado foi de 45,3% para os casos de câncer de mama e de 45,5% para os casos de câncer do colo do útero. CONCLUSÕES: no Brasil, poucos estudos analisaram as tendências temporais do estadiamento dos casos de câncer. Os dados obtidos a partir dos registros hospitalares de Câncer mostraram que, na última década, houve redução no percentual de casos de câncer de mama e do colo do útero em estádio avançado, o que pode indicar que nas regiões onde estes hospitais estão localizados houve melhora na detecção precoce destes tipos de câncer.