Resumo
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A Pré-eclâmpsia (PE) é uma doença grave que acomete ~ 8% das gestações e representa importante causa de morbimortalidade, tanto materna quanto perinatal. O rastreamento da doença émotivo de estudos, porém a complexidade e as incertezas quanto a sua etiologia tornam esse objetivo bastante difícil. Além disso, os custos relacionados com o rastreamento, a heterogeneidade das populações mais afetadas e ainda a falta de métodos de prevenção de grande eficácia reduzem o potencial dos algoritmos de rastreamento. Assim, a Comissão Nacional Especializada sobre Hipertensão na Gravidez da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (CNE Hipertensão na Gravidez da FEBRASGO) considera que não há algoritmos de rastreamento que possam ser aplicados no país nesse momento e defende a utilização dos métodos de prevenção como ácido acetilsalicílico e cálcio de maneira ampla.
Resumo
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Este relato descreve um caso de bloqueio atrioventricular completo (BAVC) diagnosticado com 25 semanas de gestação em uma mulher com síndrome de Sjögren e anticorpos anti-Ro/SSA positivos. Esteroides fluoretados (dexametasona e betametasona) e terbulina foram utilizados para aumentar a frequência cardíaca fetal, mas o bloqueio cardíaco fetal não foi reversível, e a administração dos medicamentos foi interrompida devido a efeitos colaterais maternos. Ecocardiogramas fetais de acompanhamento foram realizados, e o feto evoluiu com derrame pericárdico, presença de fibroelastose no ventrículo direito, e disfunção ventricular. A interrupção da gravidez por cesariana foi indicada com 34 semanas, e um marca-passo cardíaco foi implantado no recém-nascido do sexo masculino imediatamente após o nascimento. A terapia para fetos com BAVC é controversa, principalmente no que diz respeito ao uso ou não de corticosteroides; no entanto, o monitoramento do intervalo atrioventricular pela ecocardiografia fetal deve ser feito em fetos de mulheres grávidas com autoanticorpos positivos anti-Ro/SSA e/ou anti-La/SSB para impedir a progressão para o BAVC.
Resumo
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Descrever os encaminhamentos para colposcopia em um hospital no Brasil e a frequência relativa dos pacientes que foram beneficiados, considerando as indicações corretas para o exame e seus diagnósticos finais.
Foi realizado um estudo retrospectivo no banco de dados do serviço de colposcopia do Hospital Universitário de Taubaté, Taubaté, SP, Brasil. A frequência validou em análise de prontuários de mulheres encaminhadas por indicação clínica ou alteração citológica, atendidas no período de março de 2015 a março de 2017. A população selecionada e analisada incluiu 256 resultados que estavam correlacionadas aos dados citológicos, clínicos e com o resultado da colposcopia.
Das mulheres encaminhadas, 45% apresentaram-se fora da idade de rastreamento conforme as diretrizes de rastreio de câncer de colo uterino, sendo que 8,6% eram adolescentes e adultas jovens < 25 anos de idade e 36,4% das pacientes tinham idade ≥ 65 anos. Um total de 50% das pacientes não possuía indicação de colposcopia, ou seja, citologias normais, de alterações benignas, ectopia, cervicite, células escamosas atípicas de significado indeterminado (ASC-US) e lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL) sem persistência e aspecto clínico normal. Um total de 39,84% das pacientes que realizaram a colposcopia tiveram resultados de lesão de alto grau ou câncer e, dessa forma, se beneficiaram com o encaminhamento adequado.
A maioria (60,16%) das pacientes encaminhadas para o serviço de colposcopia não se beneficiou com o encaminhamento, por resultados sem alterações como colposcopias negativas, histologias com ausência de neoplasia intraepitelial cervical (NIC) ou apenas NIC 1, ou estavam fora da idade de rastreamento. Esses achados demonstram, portanto, significativo número de encaminhamentos desnecessários e inadequados.
Resumo
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Avaliar a relação custo-eficácia da carbetocina versus oxitocina para prevenção de hemorragia pós-parto (HPP) vaginal e cesariana devido à atonia uterina em mulheres com fatores de risco para desenvolver sangramento.
Foram desenvolvidos protocolos de manejo para parto vaginal e outra para parto por cesárea e analisados resultados obtidos com carbetocina e oxitocina na prevenção de HPP, assim como, consequências relacionadas à ocorrência do evento hemorrágico. A perspectiva utilizada foi a do terceiro pagador, portanto, apenas os custos médicos diretos foram levados em consideração. Os custos incrementais e a eficácia em termos de anos de vida ajustados pela qualidade (QALY) foram avaliados para um horizonte de tempo de um ano. Os custos foram expressos em pesos colombianos de 2016 (1 USD = 3.051 Col$).
No modelo de parto vaginal, o customédio de cuidados para um paciente que recebeu profilaxia com agentes uterotônicos foi de Col$ 347.750 com carbetocina e Col$ 262.491 com oxitocina, enquanto os QALYs foram 0,9980 e 0,9979, respectivamente. O índice incremental de custo-efetividade está acima do limite de custoefetividade adotado pela Colômbia. No modelo desenvolvido para parto por cesárea, o custo médio do paciente que recebeu profilaxia com terapia uterotônica foi de Col$ 461.750 com carbetocina e Col$ 481.866 com oxitocina e os QALYs foram 0,9959 e 0,9926, respectivamente. A carbetocina foi a alternativa com menor custo e maior efetividade com uma economia de $94.887 por evento hemorrágico evitado.
A carbetocina no parto eletivo por cesárea é uma alternativa dominante na prevenção da PPH em relação à oxitocina; porém representa custos mais altos com uma eficácia similar à da oxitocina no caso de parto vaginal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(3):158-164
DOI 10.1590/S0100-72032006000300004
OBJETIVO: descrever e analisar os resultados da sorologia convencional para toxoplasmose em gestantes acompanhadas pelo pré-natal do Hospital Materno-Infantil Presidente Vargas em Porto Alegre. MÉTODOS: IgG e IgM específicas foram processadas por testes fluorométricos, sendo a IgM de captura. Nova coleta em duas a três semanas foi solicitada às gestantes IgM positivas e as que estavam no início da gestação tiveram realizada a avidez de IgG. IgM neonatal foi obtida nos partos realizados na instituição. A análise foi baseada na distribuição binomial, por meio do cálculo de uma proporção simples para estimar a prevalência de soropositividade e suscetibilidade à infecção pelo Toxoplasma gondii. RESULTADOS: a prevalência da infecção em 10.468 gestantes foi de 61,1 e 38,7% das gestantes eram suscetíveis. Entre as 272 gestantes IgG e IgM positivas, 87 retornaram para nova coleta e em 84 os níveis de anticorpos permaneceram inalterados. De nove gestantes com avidez, houve apenas uma gestante com avidez baixa e a IgM neonatal do recém-nascido foi positiva. Em 44 recém-nascidos na instituição, a IgM neonatal foi positiva em quatro. CONCLUSÕES: encontrou-se alta prevalência da infecção em gestantes e de toxoplasmose congênita, mesmo sem dados sobre soroconversão. A maioria das sorologias IgM positivas foi relacionada a infecção passada. A relação custo-benefício do pré-natal em amostras isoladas pode ser otimizada com a análise do risco de transmissão materno-fetal nas gestantes IgM positivas. Quando houver risco, deve-se solicitar teste de IgM do recém-nascido e acompanhá-lo durante o primeiro ano de vida.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(6):357-365
DOI 10.1590/S0100-72032005000600011
O caráter multifatorial das complicações e da mortalidade materna torna difícil e demorada a tarefa de seu controle a longo prazo. A atenção profissional à mulher gestante e/ou parturiente representa seguramente elemento chave para a obtenção de bons resultados, tanto maternos quanto perinatais. Partindo-se do pressuposto de que atenção médica profissional ao parto de maneira adequada tem a capacidade de diminuir a ocorrência de complicações associadas à morbidade e mortalidade materna, são apresentadas resumidamente as evidências sobre algumas intervenções incluídas nesta atenção. São enfocadas as evidências derivadas de estudos realizados com extremo rigor metodológico e científico, os ensaios controlados randomizados, sobre intervenções capazes de reduzir as complicações e a mortalidade materna. Estas principais intervenções referem-se basicamente a: atenção institucional ao parto, atendimento profissional capacitado, utilização de parteiras tradicionais em determinados contextos, uso de tecnologias apropriadas incluindo o partograma, local do parto, posição para o parto, uso de episiotomia, tipo de parto, uso de ocitócicos na fase ativa do parto, realização de esforços de puxo no período expulsivo, manejo da dequitação e profilaxia da hemorragia puerperal. Ainda que o efeito de prevenir mortes seja difícil de ser avaliado pela baixa freqüência, sua utilização de forma racional e padronizada, por meio de manuais e normatizações de condutas de serviços, tem um efeito positivo sobre a qualidade da atenção ao nascimento. Isso faz parte do contexto técnico e humano do direito que toda mulher tem ao melhor atendimento possível nesse momento tão especial de sua vida.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(6):389-395
DOI 10.1590/S0100-72032003000600002
OBJETIVO: avaliar a aceitabilidade, a adesão e a experiência com o uso de condom feminino (CF) entre mulheres infectadas pelo HIV. MÉTODO: estudo descritivo prospectivo com 76 mulheres infectadas pelo HIV atendidas no CAISM/UNICAMP e no Centro Corsini de Campinas. Após entrevista de triagem e concordando em participar, as voluntárias receberam calendário para registro das relações sexuais e uso de condom masculino (CM). Após 30 dias, compareceram à visita de treinamento com colocação do CF em modelo pélvico, trazendo o diário do ciclo anterior, considerado controle. Aplicou-se questionário estruturado após 30, 60 e 90 dias, recolhendo-se sempre o diário de registro das relações sexuais e uso de CF ou CM. Usaram-se os testes de c², exato de Fisher, McNemar e Friedman para amostras emparelhadas na análise estatística. RESULTADOS: predominaram as mulheres jovens, de baixa escolaridade, que moravam com o parceiro. Observou-se taxa de continuidade de uso de 52%, ao longo de 90 dias. O uso de CF, em metade das relações sexuais em cada período de estudo, permaneceu estável nos 90 dias. Houve significativa diminuição da proporção média das relações sexuais desprotegidas (de 14% para 6%), sem uso de CM ou CF, aos 90 dias. As dificuldades iniciais no manuseio do CF foram superadas com o tempo. Os casais sorodiscordantes tiveram maior proporção de relações protegidas que os casais soroconcordantes, porém a diferença não foi significativa. As mulheres que relataram uso prévio consistente de CM apresentaram número significantemente maior de relações protegidas com CF. CONCLUSÕES: a oferta do CF foi capaz de reduzir as relações sexuais desprotegidas entre mulheres infectadas pelo HIV, que se mostraram motivadas e receptivas a este método.