Resumo
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Avaliar as características reprodutivas e histológicas de tecido ovariano cultivado a fresco de pacientes transexuais masculinos.
Estudo experimental in vitro e piloto, no qual amostras foram coletadas durante a cirurgia de redesignação de sexo para pacientes transexuais masculinos. O córtex ovariano foi cortado em fragmentos de 2mm, 3mm, e 4mm, e colocado em placa de 96 poços própria para cultivo nos dias 0, 2, 4, 6 e 8, quando a histologia foi analisada.
Hiperplasia estromal foi observada em todas as amostras, e não esteve associada à obtenção de folículos primordiais ou primários. A redução periférica no número de células também foi um achado recorrente. Folículos primordiais e primários foramidentificados com padrão heterogêneo emfragmentos domesmo paciente e em fragmentos de pacientes diferentes, não sendo encontrados folículos em estágios mais avançados de desenvolvimento (secundários e antrais). Houve associação entre o diâmetro dos fragmentos ovarianos e a identificação dos folículos primários (p=0,036). O número de dias de cultura esteve associado a sinais histológicos de lesão tecidual nos fragmentos (p=0,002). O número total de folículos identificados nas amostras de 2mm de diâmetro foi significativamente menor do que nas de 4mm de diâmetro (p=0,031).
O diâmetro de 4mm parece ser mais adequado para a cultura de tecido ovariano com a vantagem de fácil manejo. Mesmo após exposição prolongada à testosterona, os fragmentos ovarianos apresentavam folículos primordiais e primários, e manteve a viabilidade ao longo dos dias de exposição à cultura. No futuro, o congelamento da cortical do ovário de pacientes transgêneros que se submeterão à cirurgia de redesignação sexual poderia ser uma opção interessante para a preservação da fertilidade.
Resumo
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Realizar uma revisão abrangente para fornecer recomendações práticas sobre o diagnóstico e tratamento demassas anexiais benignas, bemcomo informações para um consentimento adequado com relação à possível perda da reserva ovariana.
Uma revisão abrangente da literatura foi realizada para identificar os dados mais relevantes sobre o assunto.
No total, 48 estudos abordaram os aspectos necessários da revisão, e descrevemos sua epidemiologia, diagnósticos, opções de tratamento com técnicas detalhadas, e perspectivas sobre fertilidade futura.
As massas anexiais são extremamente comuns. A aplicação de algoritmos de diagnóstico é obrigatória para excluiramalignidade. A maioria dos casos pode ser manejada conservadoramente. A cirurgia, quando necessária, deve ser realizada com técnicas adequadas. No entanto, mesmo nas mãos de cirurgiões experientes, há diminuição significativa da reserva ovariana, principalmente nos casos de endometriomas. Há uma evidente necessidade de estudos que enfoquemo impacto das massas anexiais benignas na fertilidade em longo prazo.
Resumo
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O presente estudo teve como objetivo avaliar o impacto da vitrificação na viabilidade dos folículos utilizando a cultura in vitro tridimensional (3D).
Foi utilizado tecido ovariano bovino (n = 5) obtido de abatedouros. O córtex foi cortado em pequenos fragmentos de 2 x 3 x 0,5 mm, utilizando o tissue slicer e a partir destes fragmentos foram isolados folículos secundários por meio de método enzimático e mecânico, encapsulados em gel de alginato e cultivados individualmente durante 20 dias. Outros fragmentos do mesmo tecido ovariano foram vitrificados em solução contendo 25% de glicerol e 25% de etilenoglicol. Após aquecimento, os folículos passaram pelo mesmo processo de isolamento folicular realizado a fresco.
Foram isolados 61 folículos, sendo 51 originários de tecido ovariano a fresco, e 10 de tecido vitrificado. Após a cultura, os folículos vitrificados apresentaram taxa de sobrevida de 20%, e o grupo a fresco apresentou taxa de 43,1% (p = 0,290). O diâmetro folicular ao final da cultura também não apresentou diferença significativa entre o grupo vitrificado (422,93 ± 85,05 μm) e a fresco (412,99 ± 102,55 μm) (p = 0,725). Os folículos a fresco apresentarammaior taxa média de formação de antro do que os folículos vitrificados (47,1% e 20,0%, respectivamente), mas sem diferença significativa (p = 0,167).
Os folículos foram capazes de se desenvolver, crescer e formar antro em sistema 3D após a vitrificação.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2013;35(2):78-83
DOI 10.1590/S0100-72032013000200007
OBJETIVO: Compreender a vida sexual e reprodutiva de mulheres tratadas de câncer de mama. MÉTODOS: Foram entrevistadas 139 mulheres com diagnóstico há pelo menos seis meses, selecionadas aleatoriamente em um serviço de reabilitação. As entrevistas foram feitas entre 2006 e 2010. Todas eram usuárias do SUS, pacientes de um hospital regional e moradoras da região DRS XIII-Ribeirão Preto, Estado de São Paulo. As entrevistadas foram visitadas em seu domicílio onde foi aplicado um questionário face a face que abordava questões relativas às características sociodemográficas, da doença e da vida reprodutiva e sexual, para esta última aplicou-se o instrumento Índice de Função Sexual Feminina (IFSF). A análise estatística incluiu o teste do χ², o teste exato de Fisher e o teste t de Student, análise multivariada por regressão logística e análise fatorial e alfa de Cronbach. RESULTADOS: A maioria teve entre 2 e 3 filhos e 80% utilizaram algum método anticoncepcional. Cerca de metade das mulheres tiveram relação sexual no último mês, 45,3% interromperam as relações sexuais durante o tratamento e 25,9% não interromperam. Houve relato de diminuição da frequência sexual, embora metade das entrevistadas tenha retomado a vida sexual nos primeiros seis meses após o tratamento. Pouco mais de metade apresentou insatisfação sexual. Encontrou-se vida sexual ativa associada à idade menor que 40 anos e a ter parceiro. Não foi encontrada associação entre vida sexual ativa e ao diagnóstico e tipos de tratamento. CONCLUSÃO: A atividade sexual de mulheres tratadas para câncer de mama não está associada aos tratamentos, mas à idade e à oportunidade de ter sexo.