Resumo
. ;:489-498
Realizar revisão sistemática e metanálise de estudos que avaliaram os desfechos maternos, fetais e neonatais em gestantes de gravidez única, após concepção espontânea, e com o diagnóstico de sludge amniótico antes de 37 semanas de idade gestacional.
Realizou-se uma pesquisa nas bases de dados PubMed, Cochrane, Bireme e Teses até junho de 2022.
Usando as palavras-chave intra-amniotic sludge ou fluid sludge ou echogenic particles, foram encontrados 263 artigos, 132 dos quais eram duplicatas, e 70 foram descartados por não corresponderem aos critérios de inclusão.
Os artigos encontrados foram analisados por 2 revisores; 61 foram selecionados para análise de texto completo, 18 foram incluídos em uma análise qualitativa e 14, em uma análise quantitativa.
Entre os desfechos maternos analisados, houve aumento do risco de trabalho de parto prematuro (intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 1.45–2.03), rotura prematura de membranas ovulares (IC95%: 1.99–3.79), e corioamnionite clínica (IC95%: 1.41–6.19) e histológica (IC95%: 1.75–3.12). Em relação aos desfechos fetais, houve aumento significativo do risco de morbidade (IC95%: 1.80–3.17), mortalidade (IC95%: 1.14–18.57), admissão em Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) neonatal (IC95%: 1.17–1.95) e sepse neonatal (IC95%: 2.29–7.55).
Os resultados do presente estudo indicam que a presença de sludge amniótico é um marcador de risco para parto prematuro. Apesar da heterogeneidade dos estudos analisados, até mesmo em pacientes com outros fatores de risco para prematuridade, como colo curto e trabalho de parto prematuro anterior, a presença de sludge amniótico aumenta o risco de trabalho de parto prematuro na gestação. Além do mais, a antibioticoterapia parece ser um tratamento para o sludge amniótico, e pode ser capaz de prolongar a gravidez.
Resumo
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Esta revisão compreensiva compara protocolos clínicos de entidades importantes em relação ao manejo da restrição de crescimento fetal (RCF), publicados desde 2015. Cinco protocolos foram escolhidos para a extração de dados. Não houve diferenças relevantes quanto ao diagnóstico e classificação da RCF entre os protocolos. Em geral, todos os protocolos sugerem que a avaliação da vitalidade fetal deve ser realizada de forma multimodal, associando parâmetros biofísicos (como cardiotocografia e perfil biofísico fetal) aos parâmetros dopplervelocimétricos da artéria umbilical, artéria cerebral média e ducto venoso. Todos os protocolos reforçam que quanto mais grave a condição fetal, mais frequente essa avaliação deve ser feita. A idade gestacional oportuna e o modo de parto para interromper a gravidez nesses casos podem variar muito entre os protocolos. Portanto, este trabalho apresenta, de forma didática, as particularidades de diferentes protocolos de acompanhamento de RCF, a fim de auxiliar os obstetras no melhor manejo dos casos.
Resumo
. ;:53-58
O parto com idade gestacional < 37 semanas é a complicação gestacional mais associada à mortalidade e morbidade perinatal, sendo necessária a identificação de seus fatores de risco e a tentativa de sua prevenção. Os benefícios do pessário na prematuridade estão sendo investigados. Nosso objetivo foi analisar os estudos publicados sobre uso do pessário na prevenção do parto pretermo e comparar sua eficácia perante outros métodos.
Foramselecionados estudos clínicos randomizados publicados entre 2010 e 2018, extraídos de bases eletrônicas de dados. Estudos de gestações múltiplas foram excluídos.
Dois estudos semostraram a favor do pessário comométodo preventivo, um estudo foi contrário ao método, e outros dois não demonstraram diferença estatisticamente significativa. A meta-análise não mostrou diferença significativa no
Os dados agrupados disponíveis até o momento parecem mostrar uma falta de eficácia do pessário cervical na prevenção do parto pretermo, embora a heterogeneidade dos estudos tenha dificultado as comparações.
Resumo
. ;:171-179
Avaliar o uso da tocólise em partos prematuros decorrentes de trabalho de parto espontâneo numa amostra brasileira.
Um total de 1.491 mulheres com parto prematuro decorrente de trabalho de parto espontâneo foram avaliadas, considerando a realização de tocólise ou conduta expectante, de acordo com a idade gestacional ao nascimento (< 34 semanas e 34 a 36 þ 6 semanas) e com as drogas prescritas. O estudo ocorreu em 20 hospitais brasileiros, de abril de 2011a julho de 2012. Análises bivariadas foram realizadas para avaliar associações com características sociodemográficas e obstétricas. Foram calculadas as relações de probabilidade comseus respectivos intervalos de confiança (95%) para os desfechos neonatais e maternos.
Um total de 1.491 casos de partos prematuros foram considerados, e a tocólise foi realizada em 342 (23%) casos, dos quais 233 (68,1%) tiveram partos antes das 34 semanas. No grupo da conduta expectante, 73% forampré-termos tardios e com trabalho de parto mais avançado à admissão. As drogas mais utilizadas foram os bloqueadores do canal de cálcio (62.3%), seguidos pelos betamiméticos (33%). No grupo da tocólise houvemais complicações neonatais ematernas (maioria não grave) e um uso de corticosteroides 29 vezes mais frequente que nos casos de conduta expectante.
A tocólise foi mais favorável nos casos de trabalho de parto inicial e nos partos realizados antes de 34 semanas de gestação, usando preferencialmente bloqueadores do canal de cálcio, comsucesso em realizar altas taxas de corticoterapia. A tocólise esteve associada a maiores taxas de complicações maternas e neonatais, o que pode ser explicado pela diferença basal dos casos à admissão. Entretanto, esses resultados devem acender um alerta em relação ao uso de tocolíticos.
Resumo
. ;:622-631
A pré-eclâmpsia, doença multifatorial e com fisiopatologia ainda não totalmente estabelecida, é importante causa de morbimortalidade materna e perinatal, especialmente quando pré-termo. O diagnóstico é realizado quando há associação entre hipertensão arterial e proteinúria ou evidência de gravidade. Existem questionamentos na literatura se, frente ao diagnóstico de pré-eclâmpsia, a resolução da gravidez deve ser imediata ou postergada, considerando o risco de desenvolvimento de complicações maternas versus os resultados perinatais associados à prematuridade. O objetivo desta revisão sistemática é estabelecer o melhor momento de resolução da gestação em mulheres com pré-eclâmpsia antes das 37 semanas.
Revisão sistemática da literatura, realizada na base de dados PubMed, usando os termos preeclampsia parturition e timing of delivery, para encontrar estudos feitos entre 2014 a 2017. Foram selecionados estudos que comparassem os desfechos maternos e perinatais de mulheres submetidas a resolução imediata ou a postergação do parto, na ausência de evidência de pré-eclâmpsia grave.
Foram localizados 629 artigos; após leitura dos títulos, 78 foram selecionados. Realizada avaliação dos seus resumos, 16 foram avaliados na integralmente e, finalmente, 6 estudos preencheram os requisitos de inclusão (2 ensaios clínicos randomizados e 4 estudos observacionais). Os resultados foram apresentados conforme a faixa de idade gestacional (± 34 semanas, e entre 34 e 37 semanas) e a avaliação dos desfechos maternos e perinatais. Antes das 34 semanas, os resultados maternos foram semelhantes; entretanto, os desfechos perinatais foram significativamente piores quando houve resolução imediata. Entre 34 e 37 semanas, a progressão para doença materna grave foi discretamente maior entre as mulheres submetidas a conduta expectante; entretanto, os desfechos perinatais forammelhores quando o parto foi postergado.
Na ausência de evidências de pré-eclâmpsia grave ou de prejuízo da vitalidade fetal, o parto deve ser postergado, principalmente antes das 34 semanas, com vigilância materna e fetal rigorosas. Entre 34 e 37 semanas, a decisão deve ser compartilhada com a gestante e sua família, após esclarecimento sobre os desfechos adversos associados à pré-eclâmpsia e prematuridade.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 1998;20(1):25-32
DOI 10.1590/S0100-72031998000100005
O objetivo deste estudo foi determinar a eficácia da assistência pré-natal, com respeito às visitas (número e momento da primeira), sobre a idade gestacional e peso fetal ao nascimento. Avaliamos prospectivamente o efeito da assistência pré-natal sobre um grupo de 648 recém-nascidos no Hospital Universitário de Santa Maria de forma consecutiva, de gestações com idade entre 28 e 40 semanas. Os nascimentos de fetos pré-termo (< 37 semanas) corresponderam a 17,7% de todos os nascimentos; os recém-nascidos de baixo peso (< 2.500 g) a 20,5% e os recém-nascidos de muito baixo peso (< 1.000 g) a 2,8%. Quando a primeira visita pré-natal foi realizada antes da 12ªsemana de gestação, somente 5,1% dos neonatos nasceram antes da 37ª semana de idade gestacional ou tiveram peso ao nascimento < 2.500 g. Entretanto, quando a primeira visita foi realizada após a 28ª semana, a porcentagem de nascimentos pré-termo foi de 41,3% e o peso fetal inferior a 2.500 g, de 43,5%. Observou-se uma associação significante entre o aumento do número de visitas pré-natais, cuidados precoces e o decréscimo dos nascimentos pré-termo e de fetos de baixo peso. Concluímos que a maior freqüência de visitas pré-natais e a assistência precoce à gestante podem reduzir as taxas de nascimentos pré-termo e de fetos de baixo peso.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 1998;20(8):437-441
DOI 10.1590/S0100-72031998000800002
Objetivos:comparar a freqüência de trabalho de parto prematuro (TPP), prematuridade, rotura prematura de membranas (RPM) e RN de baixo peso (< 2.500 g) em gestantes com Vaginose Bacteriana (VB). Verificar a validade da investigação rotineira de VB durante o pré-natal. Métodos:foram estudadas 217 mulheres com idade gestacional entre 28 e 32 semanas (35 com VB e 182 sem VB). O diagnóstico de VB foi realizado por meio dos critérios clínicos de Amsel. Os dados foram analisados através do teste de chi² , exato de Fisher, Mann-Whitney e Risco Relativo. Resultados:as incidências de TPP, prematuridade, RPM e baixo-peso ao nascimento foram maiores no grupo de gestantes com VB do que no grupo-controle (29,4% vs 3,8%; 28,6% vs 3,3%; 22,9% vs 10,4%; 20,0% vs 3,3%, respectivamente). As médias da idade gestacional e do peso ao nascer foram significativamente menores nos recém-nascidos das mães portadoras de VB (265,8 dias vs 279,9 dias; 2.958 g vs 3.294 g, respectivamente). Conclusões:todas as complicações perinatais estudadas estiveram significativamente associadas com a presença de VB não-tratada durante a gestação. Portanto, sugerimos que se deve incluir o diagnóstico e o tratamento adequados da VB na rotina de atendimento pré-natal nos serviços de obstetrícia, pois tal medida poderá ser efetiva na redução destas complicações perinatais.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 1999;21(9):509-515
DOI 10.1590/S0100-72031999000900003
Objetivo: avaliar a relação entre alterações das contrações uterinas e parto prematuro. Metodologia: entre fevereiro de 1996 e junho de 1998, 73 gestantes com risco para o parto prematuro foram submetidas à monitorização externa das contrações uterinas, da 24ª à 34ª semana de gestação, duas vezes por semana, durante 60 minutos. O teste foi considerado positivo quando as contrações uterinas apresentavam freqüência maior ou igual a 4 contrações/hora antes da 30ª semana e a 6 contrações/hora após esta data. Resultado: foram excluídas da análise 17 pacientes (23,28%) por apresentarem patologias obstétricas ou evolução desfavorável para os resultados finais. Das 56 gestantes restantes, a incidência de partos prematuros espontâneos foi de 23,21% (13/56). A freqüência média das contrações uterinas foi significativamente maior no grupo que evoluiu para o parto prematuro. O método revelou uma sensibilidade de 69,23%, uma especificidade de 86,04% e valores preditivos positivo e negativo de 60% e 90,24%, respectivamente. Conclusão: o teste negativo está associado a baixo risco de nascimento prematuro. Contudo, diante do teste positivo, torna-se necessária a associação com outros marcadores do parto prematuro para melhor identificar pacientes com risco elevado.