Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 19/07/2022;44(9):845-853
Desenvolver uma diretriz clínica híbrida para atendimento pré-natal de baixo risco, mesclando consultas presenciais e remotas por telemedicina, adapta às recomendações brasileiras.
Revisão sistemática da literatura nas bases de dados PubMed, Embase e Cochrane e adaptação dos protocolos de atenção ao pré-natal de baixo risco preconizados pelo Ministério da Saúde e pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia.
Cinco artigos relevantes e três manuais foram incluídos na revisão por preencherem critérios para o desenvolvimento desta diretriz clínica. Nos estudos incluídos, identificou-se que o cronograma de consultas se distribui de forma desigual entre os trimestres gestacionais, variando entre 07 e 14 encontros. De forma geral, os autores propõem uma a duas consultas no primeiro trimestre, duas a três consultas no segundo trimestre e duas a seis consultas no terceiro trimestre. Somente três estudos incluíram avaliações puerperais. A rotina de exames preconizada apresenta mínimas variações entre os autores. Até o momento, não existem protocolos brasileiros validados para atendimento pré-natal por telemedicina. Os estudos incluídos evidenciaram a satisfação das gestantes em relação a esta forma de atendimento, e os desfechos de interesse, excetuando doenças hipertensivas, foi semelhante entre os grupos expostos ao pré-natal tradicional e ao pré-natal híbrido.
A diretriz apresentada contempla as recomendações do Ministério da Saúde para atendimento pré-natal de gestantes de baixo risco, reduz a exposição ao ambiente hospitalar e os custos de atendimento. Seu emprego em um ensaio clínico randomizado, a ser desenvolvido por este grupo, proporcionará dados de mundo real, relativos à segurança, efetividade, satisfação e custos.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 04/03/2022;44(5):452-457
Identificar as pacientes com quadro de depressão na gravidez e puerpério imediato através da escala de depressão pós-parto de Edimburgo (EPDS).
Estudo observacional transversal que incluiu 315mulheres no ciclo grávidopuerperal com idades entre 14 e 44 anos, que foramatendidas no HospitalMaternidade Leonor Mendes de Barros entre 1° de Julho de 2019 e 30 de Outubro de 2020. O ponto de corte utilizado foi ≥ 12 da EPDS para definir se a paciente apresentava depressão.
Encontramos 62 (19,7%) com depressão. Baixa renda familiar, multiparidade, menor número de consultas pré-natal, antecedentes de transtornos emocionais, insatisfação com a gravidez, mau relacionamento com o parceiro, e agressão psicológica foram fatores de risco associados à depressão na gravidez ou no período pós-parto imediato. Antecedentes de depressão e agressão psicológica durante a gravidez foram preditores significativos de depressão perinatal na análisemultivariada.
O estudo mostrou uma associação significativa entre a ocorrência de depressão e os fatores psicossociais acima mencionados. O pré-natal e o puerpério imediato permitem identificar através da EPDS tais pacientes e estabelecer uma linha de cuidados para melhorar o bem-estar materno e do recém-nascido.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 26/08/2020;42(7):420-426
Desde que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou a infecção por coronavírus (COVID-19) uma emergência de saúde pública de interesse internacional emjaneiro de 2020, houve muitas preocupações sobre mulheres grávidas e os possíveis efeitos dessa emergência com resultados catastróficos em muitos países. As informações sobre COVID-19 e gravidez são escassas e se espalham por algumas séries de casos, com não mais do que 50 casos no total. A presente revisão fornece uma breve análise da COVID- 19, gravidez na era COVID-19 e os efeitos da COVID-19 na gravidez.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 18/05/2020;42(4):188-193
Avaliar a frequência de anomalias congênitas (ACs) estruturais no centro-oeste brasileiro e a associação com fatores de risco maternos.
Estudo prospectivo, observacional, caso-controle, baseado em uma população hospitalar. Foram analisadas gestantes atendidas em um serviço de medicina fetal no Brasil, no período de outubro de 2014 a fevereiro de 2016. Foram analisadas 357 gestantes, dentre as quais 223 tiveram fetos com ACs estruturais (grupo controle) e 134 tiveram fetos estruturalmente normais (grupo controle). A história clínica foi feita antes da consulta de pré-natal, e o diagnóstico da AC estrutural foi realizado por ultrassonografia.
Observou-se uma frequência de 64,27% (n = 223) de gestantes com fetos com ACs estruturais. As ACs estruturais mais frequentes foram as do sistema nervoso central (30,94%), seguidas das anomalias do sistema gênito-urinário (23,80%), e, por fim, das ACs múltiplas (16,60%). Antecedentes de crianças com AC (razão de probabiliade [RP]: 3,85; p = 0,022), antecedentes familiares (RP: 6,03; p = < 0,001), e consanguinidade entre os grupos progenitores (RP: 4,43; p = 0,034) influenciaram a ocorrência de AC estrutural.
As ACs mais frequentes foram as do sistema nervoso central, as do sistema gênito-urinário, e as ACs múltiplas. Os fatores de risco maternos que podem ter influenciado a ocorrência de AC estrutural foram antecedentes de crianças com AC, história familiar, e a consanguinidade entre os pais.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 01/11/2016;38(11):538-544
A toxoplasmose é um parasita zoonose com distribuic¸ão global, responsável por enfermidades durante a gestac¸ão que podem causar o óbito do feto ou anomalias congênitas.
Avaliar o conhecimento sobre toxoplasmose das gestantes e puérperas atendidas no Hospital Universitário da cidade de Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil.
Estudo transversal sobre o conhecimento de 100 gestantes/puérperas no Hospital Universitário. A participação do sujeito da pesquisa consistiu em responder a um questionário autoaplicável e em autorizar o acesso ao seu prontuário e à sua carteira de pré-natal, nos quais foram pesquisados dados referentes aos exames sorológicos realizados.
O percentual de mulheres que receberam informações sobre toxoplasmose foi maior nas atendidas no sistema de saúde privado (52,9%). Somente 55,7% afirmaram ter algum conhecimento sobre a toxoplasmose. Destas, 53,7% receberam informação durante o pré-natal. Entretanto, a maioria das participantes não soube responder sobre as medidas preventivas e formas de infecção da toxoplasmose. Das 100 pacientes, apenas 46 realizaram o teste sorológico para toxoplasmose, e destas, 65,2% apresentaram resultado negativo.
Comisso, torna-se relevante o incentivo à educação em saúde dentro das instituições em todos os momentos do pré-natal, e a capacitação dos profissionais frente às gestantes e puérperas acerca da toxoplasmose, abrangendo desde a educação em saúde até a realização do diagnóstico precoce.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 01/05/2015;37(5):208-215
DOI 10.1590/SO100-720320150005321
Descrever a evolução temporal da prevalência de anemia em adolescentes grávidas atendidas em uma maternidade pública do município do Rio de Janeiro no período de 2004 a 2013.
Trata-se de um estudo analítico transversal retrospectivo com 628 gestantes/puérperas adolescentes, distribuídas em 3 grupos distintos: Grupo A (2004 a 2006), Grupo B (2007 a 2010) e Grupo C (2013). Informações relativas às características antropométricas, clínicas, sociodemográficas, obstétricas e da assistência pré-natal das adolescentes foram obtidas dos prontuários das gestantes. A concentração de hemoglobina (Hb) <11 g/dL foi considerada como anemia. A análise dos dados foi realizada por meio dos testes do χ2, t de Student e ANOVA, e o post hoc adotado foi o Tukey.
A prevalência de anemia gestacional ao longo dos anos foi de 43% (GA=138), 36% (GB=80) e 47,1% (GC=40), e no período de 2004 a 2013 foi de 41,1% (n=258). A ocorrência de gestantes anêmicas aumentou com a evolução da gravidez; contudo, no 3º trimestre foi observada uma redução da prevalência de anemia no GB (29,3%) em relação ao GA (38,7%; p=0,04). Os fatores associados à anemia foram número de consultas de pré-natal e da assistência nutricional pré-natal, local de moradia, estado nutricional nos períodos pré-gestacional e gestacional.
Os resultados sugerem que a prevalência de anemia em adolescentes grávidas atendidas na referida maternidade foi alta. Não foi verificada redução da anemia ao longo do período estudado, e na gênese da anemia nessa população outros fatores estão associados, além da própria deficiência de ferro.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 15/08/2011;33(5):211-218
DOI 10.1590/S0100-72032011000500002
OBJETIVO: analisar a evolução dos casos de gêmeos unidos do diagnóstico pré-natal ao desfecho após o nascimento. MÉTODOS: análise descritiva, retrospectiva, dos casos de gêmeos unidos diagnosticados por exame ultrassonográfico durante o pré-natal. Foram avaliadas as características maternas, os exames ultrassonográficos e de ecocardiografia fetal do período antenatal, os dados do parto e dos recém-nascidos, bem como os resultados da separação cirúrgica e anatomopatológico. Os gêmeos foram classificados segundo o tipo de união e dados referentes aos aspectos ultrassonográficos, parto, evolução pós-natal e de sobrevida foram analisados. RESULTADOS: quarenta casos de gêmeos unidos foram incluídos no estudo. Observou-se 72,5% de toracópagos, 12,5% de parápagos, 7,5% de onfalo-isquiópagos, 5% de onfalópagos e 2,5% de cefalópagos. A autorização judicial para interrupção da gestação foi solicitada em 58,8% dos casos. Todos os casos em que não se realizou a interrupção judicial da gestação, o parto foi cesárea, em idade gestacional média de 35 semanas. Todos nasceram vivos com mediana do peso de 3.860 g e 88% evoluíram para óbito pós-natal. Dos nascidos vivos, 10% foram submetidos à separação cirúrgica com sobrevida de 60%. A sobrevida geral foi de 7,5% e a pós-natal, de 12%. A avaliação antenatal da letalidade e da possibilidade de separação cirúrgica pós-natal foi precisa. Não foram observadas complicações maternas relacionadas ao parto. CONCLUSÃO: a gemelidade imperfeita apresenta prognóstico sombrio, relacionado, principalmente, às fusões cardíacas complexas presentes na maioria dos toracópagos. Em centros de referência, a avaliação ultrassonográfica e ecocardiográfica antenatal delineia com acurácia o prognóstico de letalidade e de possibilidade de separação cirúrgica pós-natal.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 02/05/1998;20(1):25-32
DOI 10.1590/S0100-72031998000100005
O objetivo deste estudo foi determinar a eficácia da assistência pré-natal, com respeito às visitas (número e momento da primeira), sobre a idade gestacional e peso fetal ao nascimento. Avaliamos prospectivamente o efeito da assistência pré-natal sobre um grupo de 648 recém-nascidos no Hospital Universitário de Santa Maria de forma consecutiva, de gestações com idade entre 28 e 40 semanas. Os nascimentos de fetos pré-termo (< 37 semanas) corresponderam a 17,7% de todos os nascimentos; os recém-nascidos de baixo peso (< 2.500 g) a 20,5% e os recém-nascidos de muito baixo peso (< 1.000 g) a 2,8%. Quando a primeira visita pré-natal foi realizada antes da 12ªsemana de gestação, somente 5,1% dos neonatos nasceram antes da 37ª semana de idade gestacional ou tiveram peso ao nascimento < 2.500 g. Entretanto, quando a primeira visita foi realizada após a 28ª semana, a porcentagem de nascimentos pré-termo foi de 41,3% e o peso fetal inferior a 2.500 g, de 43,5%. Observou-se uma associação significante entre o aumento do número de visitas pré-natais, cuidados precoces e o decréscimo dos nascimentos pré-termo e de fetos de baixo peso. Concluímos que a maior freqüência de visitas pré-natais e a assistência precoce à gestante podem reduzir as taxas de nascimentos pré-termo e de fetos de baixo peso.