Resumo
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A pré-eclâmpsia, uma síndrome da gestação humana, é caracterizada por elevação da pressão arterial e proteinúria patológica após a 20ª semana de gestação. Sua etiologia permanece desconhecida, e seus mecanismos fisiopatológicos estão relacionados à hipoperfusão placentária, disfunção endotelial, inflamação, e ativação da cascata de coagulação. Recentemente, o papel do sistema do complemento foi considerado. Essa síndrome é uma das principais causas de morbidade e mortalidade materna e fetal. Este artigo discute a hipótese de a pré-eclâmpsia ser desencadeada pela ocorrência da implantação inadequada do sinciciotrofoblasto, associada ao sangramento durante o primeiro trimestre da gravidez com aumento da geração de trombina. A trombina ativa plaquetas, aumentando a liberação de fatores antiangiogênicos na circulação e ativando o sistema do complemento, especialmente o complexo de ataque de membrana (C5b9). Portanto, a fração de plaquetas imaturas e a geração de trombina podem ser possíveis biomarcadores sanguíneos para auxílio no diagnóstico precoce da pré-eclâmpsia.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(3):201-206
DOI 10.1590/S0100-72032004000300005
OBJETIVO: avaliar parâmetros do plaquetograma comparando os valores em gestantes normais e com pré-eclâmpsia. MÉTODOS: realizou-se estudo transversal controlado. Foram revisados os prontuários das mulheres internadas em hospital universitário, no período de 1 de janeiro de 2001 a 31 de julho de 2002. Foram pré-selecionadas aquelas que tinham plaquetograma realizado a partir da 28ª semana de gravidez. Foram analisados dois grupos de estudo: grupo PE (36 portadoras de pré-eclâmpsia) e grupo GN (58 gestantes normais). Os parâmetros plaquetários analisados pelo método automatizado foram: contagem de plaquetas, volume médio de plaquetas (MPV), largura de distribuição de plaquetas (PDW) e razão de células grandes de plaquetas (P-LCR). A análise estatística usou o teste t de Student e o teste do c² para comparar os grupos, e para avaliar o grau de dependência entre as variáveis utilizou-se o coeficiente de determinação (r²). Para todos os testes, o nível de significância considerado foi p < 0,05. RESULTADOS: a contagem de plaquetas não foi diferente entre os grupos, porém os demais parâmetros plaquetários estavam significativamente mais elevados no grupo PE. A gravidade da doença foi documentada em 91,7% das portadoras de pré-eclâmpsia, apesar de nenhuma das pacientes incluídas ter apresentado trombocitopenia como critério de gravidade. Detectaram-se correlações negativas entre a contagem das plaquetas e entre os demais parâmetros plaquetários analisados, e correlações positivas entre MPV e PDW, MPV e P-LCR e entre PDW e P-LCR. Observaram-se ainda correlações positivas entre MPV, PDW e P-LCR e as pressões sistólicas e diastólicas máximas. CONCLUSÕES: a pré-eclâmpsia esteve associada com estes novos parâmetros plaquetários, sugerindo alterações funcionais das plaquetas. A aplicabilidade clínica destes parâmetros, como marcadores mais precoces de gravidade da pré-eclâmpsia, exige mais estudos.