Resumo
. ;:225-234
Avaliar o desempenho das curvas de Intergrowth-21 st (INT) e Fetal Medicine Foundation (FMF) na predição de resultados perinatais e de neurodesenvolvimento de recém-nascidos com peso abaixo do percentil 3.
Foram incluídas gestantes de feto único com idade inferior a 20 semanas de uma população geral em unidades de saúde não hospitalares. Seus filhos foram avaliados ao nascimento e no segundo ou terceiro anos de vida. Os recém-nascidos tiveram seus percentis de peso calculados para ambas as curvas. Sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo (VPP) e negativo (VPN) e área sob a curva ROC (ROC-AUC) foram calculados para desfechos perinatais e atraso de neurodesenvolvimento considerando o peso ao nascimento menor que o percentil 3 como ponto de corte.
Um total de 967 crianças foram avaliadas ao nascimento e no segundo ou terceiro anos de vida. A idade gestacional ao nascer foi de 39,3 (±3,6) semanas e o peso ao nascimento foi de 3.215,0 (±588,0) g. INT e FMF classificaram 19 (2,4%) e49 (5,7%) recém-nascidos abaixo do percentil 3, respectivamente. A prevalência de parto prétermo, intubação traqueal > 24 horas nos primeiros três meses de vida, Apgar de 5° minuto < 7, internação em unidade de terapia intensiva neonatal (internação em UTIN), taxa de cesariana e atraso de neurodesenvolvimento foi 9,3%, 3,3%, 1,3%, 5,9%, 38,9% e 7,3% respectivamente. Em geral, o percentil 3 de ambas as curvas apresentou baixa sensibilidade e VPP e alta especificidade e VPN. O percentil 3 de FMF mostrou sensibilidade superior para parto prematuro, internação em UTIN e taxa de cesariana. INT foi mais específico para todos os desfechos e apresentou maior VPP para o atraso do neurodesenvolvimento. Entretanto, exceto por uma pequena diferença na predição de parto pré-termo em favor de INT, as curvas ROC não mostraram diferenças na predição de resultados perinatais e de desenvolvimento neurológico.
O peso ao nascer abaixo do percentil 3 segundo INT ou FMF isoladamente foi insuficiente para um bom desempenho diagnóstico de desfechos perinatais e de neurodesenvolvimento. As análises realizadas não puderam mostrar que uma curva é melhor que a outra em nossa população. INT pode ter vantagem em cenários de contingência de recursos, pois discrimina menos recém-nascidos abaixo do percentil 3 sem aumentar os desfechos adversos.
Resumo
. ;:627-637
Comparar os efeitos dos cuidados expectantes versus intervencionistas no manejo de gestantes com pré-eclâmpsia grave distante do termo.
Foi realizada uma busca eletrônica no Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), Excerpta Medica Database (EMBASE), Cochrane Central Register of Controlled Trials (CENTRAL), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS, para o espanhol) acrônimo), Plataforma Internacional de Registro de Ensaios Clínicos da Organização Mundial da Saúde (OMS-ICTRP) e bancos de dados OpenGrey. Foram pesquisados os sites da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO, por sua sigla em francês), do Royal College of Obstetricians e Ginecologistas (RCOG), do American College of Obstetricians e Ginecologistas (ACOG) e do Colombian Journal of Obstetrics and Gynecology (CJOG) procedimentos da conferência, sem restrições de idioma, até 25 de março de 2020.
Ensaios clínicos randomizados (RCTs) e estudos controlados não randomizados (NRSs) foram incluídos. A abordagem de Classificação de Recomendações, Avaliação, Desenvolvimento e Avaliação (GRADE) foi usada para avaliar a qualidade da evidência.
Os estudos foram avaliados de forma independente quanto aos critérios de inclusão, extração de dados e risco de viés. As discordâncias foram resolvidas por consenso.
Quatro RCTs e seis NRS foram incluídos. Evidências de baixa qualidade dos ECRs mostraram que o cuidado expectante pode resultar em uma incidência menor de pontuações de aparência, pulso, careta, atividade e respiração (Apgar) <7 em 5 minutos (razão de risco [RR]: 0,48; intervalo de confiança de 95% [IC 95%]: 0,23% a 0,99) e um peso médio ao nascer superior (diferença média [MD]: 254,7 g; IC 95%: 98,5 ga 410,9 g). Evidências de qualidade muito baixa dos NRSs sugeriram que os cuidados expectantes podem diminuir as taxas de morte neonatal (RR: 0,42; IC de 95% 0,22 a 0,80), doença da membrana hialina (RR: 0,59; IC de 95%: 0,40 a 0,87) e admissão à assistência neonatal (RR: 0,73; IC 95%: 0,54 a 0,99). Nenhuma diferença materna ou fetal foi encontrada para outros resultados perinatais.
Em comparação com o manejo intervencionista, o cuidado expectante pode melhorar os resultados neonatais sem aumentar a morbidade e mortalidade materna.
Resumo
. ;:20-27
Analisar a concordância, em relação ao percentil 90, das medidas ultrassonográficas da circunferência abdominal (CA) e peso fetal estimado (PFE), entre as tabelas da Organização Mundial de Saúde (OMS) e do International Fetal and Newborn Growth Consortium for the 21st Century integrowth-21st, bem como em relação ao peso ao nascer em fetos/recém-nascidos de mães diabéticas.
Estudo retrospectivo com dados de prontuários de 171 gestantes diabéticas, com gestações únicas, seguidas entre Janeiro de 2017 e Junho de 2018. Foram analisados dados da CA e do PFE na admissão (a partir de 22 semanas) e no pré-parto (até 3 semanas). Essas medidas foram classificadas em relação ao percentil 90. O coeficiente Kappa foi utilizado para analisar a concordância entre as tabelas da OMS e Intergrowth-21st, assim como, por tabela de referência, entre as medidas e o peso ao nascer.
O estudo da OMS relatou 21,6% dos recém nascidos grandes para a idade gestacional (GIG) enquanto que o estudo do intergrowth-21st relatou 32,2%. Ambas as tabelas tiveram fortes concordâncias na avaliação da CA inicial e final e PFE inicial (Kappa= 0,66, 0,72 e 0,63, respectivamente) e concordância quase perfeita em relação ao PFE final (Kappa= 0,91).Emrelação ao peso ao nascer, asmelhores concordâncias foram encontradas para aCAinicial (OMS: Kappa= 0,35; intergrowth-21st: Kappa= 0,42) e como PFE final (OMS: Kappa = 0,33; intergrowth-21st: Kappa= 0,35).
A CA inicial e o PFE final foram os parâmetros de melhor concordância em relação à classificação do peso ao nascer. As tabelas da OMS e intergrowth-21st mostraram alta concordância na classificação das medidas ultrassonográficas em relação ao percentil 90. Estudos são necessários para confirmar se alguma dessas tabelas é superior na previsão de resultados negativos a curto e longo prazo no grupo GIG.
Resumo
. ;:580-586
Avaliar o desempenho de 11 fórmulas comumente utilizadas para estimativa de peso fetal em uma população de fetos prematuros com dopplervelocimetria alterada devido a insuficiência placentária de início precoce. O desempenho de cada fórmula foi avaliado em subgrupos de fetos com crescimento adequado e com crescimento intrauterino restrito.
Foram coletados os dados de mães e fetos cujos partos foram acompanhados em 3 instituições brasileiras entre novembro de 2002 e dezembro de 2013. As fórmulas selecionadas para análise foram: Campbell; Hadlock I, II, III, IV e V; Shepard; Warsof; Weiner I e II; e Woo III.
Foram analisados os pesos de 194 fetos, dos quais 116 (59,8%) foram considerados adequados para a idade gestacional, 103 (53,1%) eram do sexo masculino, em 87 (44,8%) havia redução do volume de líquido amniótico, em 122 (62,9%) o Doppler de artéria umbilical demonstrou ausência ou inversão do fluxo na diástole, e em 60 (34,8%) a análise do duto venoso indicou fluxo anormal. A média do erro percentual absoluto (EPA) demonstrou que as fórmulas de Hadlock que utilizam 3 ou 4 parâmetros biométricos fetais apresentaram o melhor desempenho. Os resultados obtidos para essas fórmulas não sofreram influência dos parâmetros clínicos e ultrassonográficos frequentemente encontrados na insuficiência placentária de início precoce.
O presente estudo demonstrou o melhor desempenho das fórmulas de Hadlock que contêm 3 ou 4 parâmetros da biometria para estimativa de peso de fetos prematuros com anormalidades ao mapeamento Doppler.
Resumo
. ;:373-380
Aplacenta traduz como o feto experimenta o ambientematerno, alémde ser a principal influência sobre o peso ao nascer (PN). Objetivo Explorar a relação entre medidas de crescimento da placenta (MCPs) e PN em uma maternidade pública.
Estudo retrospectivo observacional de 870 recém-nascidos vivos únicos na Maternidade Sardá, Universidade de Buenos Aires, Argentina, entre janeiro de 2011 e agosto de 2012 com os dados completos das MCPs. Foram avaliados dados da história clínica e obstétricamaterna, trabalho de parto e resultados neonatais, incluindomedidas da placenta derivadas dos registrosmédicos. Foramrealizadas as seguintesmediçõesmanuais da placenta: peso da placenta (PP, g), diâmetros maior e menor (cm), excentricidade, espessura (cm), forma, área (cm2), razões PN/PP e PP/PN e eficiência. Associações entre PN e MCPs foram examinadas por meio de regressão linear múltipla.
Peso ao nascer foi correlacionado com peso placentário (R2 = 0,49, p < 0,001), enquanto idade gestacional foi moderadamente correlacionada com peso placentário (R2 = 0,64, p < 0,001). Por idade gestacional, houve uma tendência positiva para a relação PP e PN/PP, mas uma relação inversa com a razão PP/PN (p < 0,001). Somente peso da placenta respondeu por 49% da variabilidade do peso ao nascer (p < 0,001), ao passo que todas as MCPs foram responsáveis por 52% (p < 0,001). Combinados, MCPs, características maternas (paridade, pré-eclâmpsia, fumo), idade gestacional e sexo explicaram 77,8% da variação do peso ao nascer (p < 0,001). Entre nascimentos pré-termo, 59% da variância do PN foi contabilizada pelas MCPs, emcomparação com44% a termo. Todas asmedidas placentárias, exceto a razão PN/PP, foram consistentemente maiores em mulheres do que em homens, mas não significativas. Índices de eficiência placentária mostraram fraca relevância clínica.
medidas confiáveis de crescimento placentário estimam 53,6% da variância do peso ao nascer, e projetamesse resultado a ummaior grau emnascimentos pré-termo do que a termo. Estes resultados contribuiriam para a compreensão da programação materno-placentária de doenças crónicas.
Resumo
. ;:59-63
DOI 10.1590/SO100-720320140005180
Foi comparar a aplicação de duas curvas de crescimento para o diagnóstico de recém-nascidos pequenos para a idade gestacional (PIG), utilizando o percentil 10 como referência.
Estudo retrospectivo com informações do parto de 20.567 recém-nascidos vivos, de gestações únicas, ocorridos entre janeiro de 2003 e junho de 2014, divididos em grupos por idade gestacional: (a) 23 a 26, (b) 26 a 29, (c) 29 a 32, (d) 32 a 35, (e) 35 a 38, (f) 38 a 41 e (g) >41 semanas. Os dados foram pareados e os grupos comparados por teste de igualdade de proporções segundo método de McNemar. O nível de significância foi estabelecido em p<0,05.
A curva de Alexander apresentou maior taxa de diagnóstico de PIG do que a curva de Fenton em todas as faixas de idade gestacional até a 41asemana, com maior diferença entre as curvas entre 32 e 35 semanas (18,5%). No período entre 37 e 40 semanas, o diagnóstico de PIG, empregando-se a curva de Alexander, superou o de Fenton em 9,1% dos casos. Com exceção dos grupos entre 23 e 26 semanas, todas as outras faixas de idade gestacional mostraram-se significativamente diferentes quanto ao diagnóstico de RN PIG.
A curva de Fenton é um instrumento estatístico mais robusto, construída com informações mais recentes, e permite a avaliação do crescimento por três parâmetros e por sexo.
Resumo
. ;:349-356
DOI 10.1590/S0100-72032013000800003
OBJETIVO: caracterizar a assistência pré-natal no contexto de Unidades Básicas de Saúde da Família e verificar a associação de sua adequação com características maternas, socioeconômicas e do saneamento ambiental, bem como a influência deste conjunto de fatores sobre o peso ao nascer das crianças. MÉTODOS: A população elegível para o estudo foi constituída por todas as mulheres que tiveram parto durante o ano de 2009 e residentes no município de Queimadas no momento da coleta de dados. As informações foram coletadas com o uso de entrevista com as mães nas Unidades Básicas de Saúde da Família ou no domicílio materno mediante aplicação de questionário. O índice de adequação pré-natal (variável desfecho) foi definido como adequado sempre que realizou-se seis ou mais consultas de pré-natal e iniciou-se o acompanhamento no primeiro trimestre da gravidez (<20 semanas). Realizou-se regressão logística hierárquica para estimar razões de chance de pré-natal inadequado e um modelo de regressão linear múltipla foi empregado para estimar o efeito da adequação do pré-natal e das variáveis maternas, socioeconômicas e do saneamento ambiental sobre o peso ao nascer. Foi considerada associação significante p valores <5% e o programa estatístico utilizado foi Rv2.10.0. RESULTADOS: De um total de 199 mulheres incluídas, 78,4% foram classificadas como de cuidado pré-natal adequado. Após ajustamento por outros preditores, manteve-se como variável explicativa do pré-natal inadequado a idade da mãe igual ou inferior a 19 anos (RC 4,2; IC95% 1,1 - 15,8). Mesmo após controle de variáveis, associaram-se com a redução do peso ao nascer das crianças o abastecimento de água por poço/nascente, o lixo queimado/enterrado e o lixo a céu aberto, respondendo por reduções de peso da ordem de 563,8, 262,0 e 951,9 g, respectivamente. CONCLUSÃO: A adequada assistência pré-natal pode amenizar a influência das desigualdades socioeconômicas relacionadas com a atenção à saúde. Ainda nessa situação, mães adolescentes apresentam maior possibilidade de pré-natal inadequado e o baixo peso ao nascer favorece-se por condições de saneamento inapropriadas (forma de abastecimento da água e destino do lixo).
Resumo
. ;:317-322
DOI 10.1590/S0100-72032013000700006
OBJETIVO: Investigar a relação entre espessura da placenta no segundo e terceiro trimestre e peso ao nascer e da placenta. MÉTODOS: Um total de 250 gestantes portadoras de um feto único que atenderam nossa clínica pré-natal de janeiro a junho de 2012 foram incluídas no estudo. Todas as mulheres recrutadas foram avaliadas na triagem do 1º trimestre a respeito dos dados demográficos e obstétricos basais. A espessura da placenta foi medida trans-abdominalmente colocando-se o transdutor do ultrassom perpendicular ao plano da placenta, na área de inserção do cordão, no segundo e terceiro trimestre. A análise de correlação de Pearson foi utilizada para estabelecer o grau de relação entre a espessura da placenta e o peso ao nascer e da placenta. RESULTADOS: Entre as 250 participantes recrutadas, 205 conseguiram completar o estudo. A média de idade das mulheres foi de 26,4±5,1 anos. O peso médio ao nascer e da placenta foram, respectivamente, de 305,56±657,0 e 551,7±104,8 gramas. As medidas ultrassonográficas da espessura da placenta no segundo e terceiro trimestre e as mudanças entre eles foram, respectivamente, de 21,68±4,52, 36,26±6,46 e 14,67±5,67 mm. Houve uma correlação positiva significativa entre a espessura da placenta no segundo e terceiro trimestre e o peso ao nascer (r=0.15, p=0.03; r=0.14, p=0.04). CONCLUSÃO: Com base em nosso estudo, o peso ao nascer tem correlação positiva com a espessura da placenta tanto no segundo como no terceiro semestre; entretanto, a espessura da placenta não pode predizer baixo peso ao nascer.