Resumo
. ;:661-675
Avaliar a perda de seguimento de adolescentes vítimas de violência sexual após o atendimento de emergência, durante o seguimento ambulatorial e as variáveis associadas.
Estudo retrospectivo com a revisão de prontuários de 521 mulheres de 10 a 18 anos, que buscaram atendimento de emergência em um serviço de referência em São Paulo, Brasil. As variáveis foram sociodemográficas; antecedentes pessoais; características do abuso, atitude de revelação e reações desencadeadas após o abuso (distúrbios físicos, mentais e mudanças sociais), necessidades de prescrição de psicotrópicos e momento do abandono: após atendimento de emergência e antes de completar 6 meses de seguimento ambulatorial. Para comparar os grupos de perda de seguimento em cada momento, foram utilizados os testes do qui-quadrado e exato de Fisher, seguidos de regressão logística múltipla com critério stepwise para seleção das variáveis associadas. Calculamos a razão de probabilidade com intervalo de confiança (RP, IC 95%). O nível de significância adotado foi de 5%.
Um total de 249 (47,7%) das adolescentes descontinuaram o acompanhamento, 184 (35.3%) após o atendimento de emergência e 65 (12.4%) antes de completar o seguimento ambulatorial. As variáveis de viver com companheiro [RP = 5,94 (IC 95%; 2,49–14,20]; não ter religião [RP = 2,38 (IC 95%;1,29–4,38)], ter religião católica [RP = 2,11 (IC 95%; 1,17–3,78)] e não revelar o abuso [RP = 2,07 (IC 95%; 1,25–3,44)] foram associadas à perda de seguimento após o atendimento de emergência. Não necessitar de cuidados de saúde mental (RP = 2,72 [IC 95%; 1,36–5,46]) ou apoio social (RP = 2,33 [IC 95%; 1,09–4,99]) foram as variáveis associadas à perda do seguimento ambulatorial.
Medidas para melhorar a adesão ao seguimento devem ser direcionadas às adolescentes que vivem com parceiro e às que não revelam a violência sofrida.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2012;34(6):248-253
DOI 10.1590/S0100-72032012000600002
OBJETIVO: Verificar se as mulheres com atipias de significado indeterminado e lesões precursoras ou invasivas do colo do útero foram encaminhadas para uma Unidade de Média Complexidade (UMC) conforme as condutas recomendadas pelo do Ministério da Saúde. MÉTODOS: Estudo retrospectivo com base nos resultados dos exames citopatológicos de mulheres usuárias do Sistema Único de Saúde, atendidas nas Unidades de Atenção Básica de Saúde (UABS), encaminhadas para a UMC do município de Goiânia (GO) no período de 2005 a 2006. Foram analisados 832 prontuários seguindo-se como padrão de avaliação as recomendações do Ministério da Saúde expostas na Nomenclatura Brasileira para Laudos Cervicais e Condutas Clínicas Preconizadas. Para verificar a distribuição das variáveis motivos de encaminhamento, resultados dos exames colposcópicos e histopatológicos, e condutas clínicas utilizou-se o cálculo de frequências absolutas e relativas, média, valores mínimo e máximo. RESULTADOS: Observou-se que 72,7% dos encaminhamentos não estavam em conformidade com as recomendações do MS. Das 605 mulheres com resultados classificados como células escamosas atípicas de significado indeterminado, possivelmente não neoplásicas, e lesão intraepitelial de baixo grau encaminhadas à UMC, 71,8% foram submetidas à colposcopia e 64,7% submetidas a exames histopatológicos cujos resultados foram classificados como sem neoplasias em 31,0% e NIC I em 44,6%. Das 211 mulheres com resultados classificados como lesões escamosas mais graves, 86,3% foram submetidas à colposcopia e destas 68,7% a exames histopatológicos. CONCLUSÕES: Os resultados deste estudo mostraram elevada frequência de encaminhamentos inadequados para Unidade de atendimento secundário, o que demandou alto percentual de procedimentos desnecessários. As recomendações do MS foram seguidas pelas Unidades secundárias e a maioria das mulheres recebeu orientação/tratamento preconizados.