Resumo
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Explorar as vivências de mulheres com obesidade sobre o autocuidado e os cuidados recebidos da família e da equipe de saúde após o parto.
Estudo clínico-qualitativo realizado no Ambulatório de Revisão Puerperal do Hospital da Mulher da Universidade Estadual de Campinas, Brasil. A amostra foi selecionada de acordo com os critérios de saturação, com 16 mulheres com obesidade até 6 meses após o parto.
A análise de conteúdo compreendeu três categorias: 1) autocuidado pósnatal; 2) apoio familiar para a mulher após o parto; e 3) atenção do serviço de saúde à mulher com obesidade no pós-parto.
Asmulheres comobesidade necessitamde acolhimento e do apoio da equipe de saúde e de suas famílias após o parto, quando são absorvidas pelo cuidado exaustivo do recém-nascido. Este estudo revela o quão importante é para os profissionais de saúde ampliar sua percepção e cuidado após o parto às mulheres comobesidade para que estas possam melhorar sua qualidade de saúde e de vida.
Resumo
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Determinar o nível e os fatores associados a conhecimento, atitude e prática (CAP) dos obstetras brasileiros em relação à episiotomia.
Foi realizado um estudo de corte transversal do tipo inquérito CAP com obstetras atuantes no território brasileiro. Foi criado um formulário eletrônico com perguntas estruturadas e previamente avaliadas pelo método Delphi, que foi enviado por e-mail pelo sistema Google Docs. Foi realizada uma análise multivariada de regressão logística múltipla para determinação dos principais fatores associados ao conhecimento, à atitude e à prática adequados. Para cada variável dependente (conhecimento, atitude e prática) codificada como adequada (1 = sim; 0 = não) foi construído um modelo de regressão logística múltipla. Todas as variáveis independentes ou preditivas foram codificadas binariamente (1 = sim; 0 = não). As razões de prevalência (RPs) e seus respectivos intervalos de confiança de 95% (ICs95%) foram calculados como medidas do risco relativo, com um nível de significância de 5%.
Dos 13 mil obstetras contatados, foram obtidas 1.163 respostas, sendo 50 participantes excluídos. A média da taxa de episiotomia relatada foi de 42%. Verificou-se que 44,5% dos médicos tinham conhecimentos adequados, 10,9% tinham atitudes adequadas e 26,8% tinham práticas adequadas.
A maioria dos participantes tinha conhecimento, atitudes e práticas inadequadas em relação à episiotomia. Embora alguns fatores como idade, ensino, trabalho no setor público e participação em congressos melhorem o conhecimento, a atitude e a prática, é preciso reconhecer que as taxas de episiotomia permanecem bem acima do que se considera ideal. O conhecimento adequado é mais prevalente do que a atitude ou a prática adequadas, indicando que a melhora do conhecimento é crucial, mas insuficiente para mudar o panorama das episiotomias neste país.
Resumo
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Avaliar a associação entre as posições maternas verticais e supinas ao nascimento e a taxa de incidência de lesões obstétricas do esfíncter anal (LOEAs).
Estudo coorte retrospectivo que analisou os dados de 1.728 gestantes que tiveram parto vaginal cefálico simples com peso ao nascer de 2.500 g. Análises de regressão múltipla foram usadas para investigar o efeito de posições supinas ou verticais sobre a taxa de incidência de LOEAs após o ajuste para fatores de risco e intervenções obstétricas.
No total, 239 (13,8%) nascimentos ocorreram nas posições verticais, e 1,489 (86,2%), nas posições supinas. Lacerações graves de grau III ocorreram em 43 (2,5%) pacientes, e de grau IV, em 3 (0,2%) mulheres. As posições supinas tiveram um efeito protetor significativo contra lacerações graves, razão de probabilidades [Intervalo de Confiança de 95%]: 0,47 [0.22-0.99], ajustado para o uso de Fórceps 4.80 [2.15-10.70], nuliparidade 2.86 [1.44-5.69], e peso ao nascer 3.30 [1.56-7.00]. Anestesia (p<0.070), aumento de ocitocina (p<0.228), distocia de ombro (p<0.670), e episiotomia (p<0.559) não estiveram associados à incidência de laceração grave.
As posições de parto verticais não estiveram associadas a uma menor taxa de ruptura perineal. A interpretação dos achados referentes a essas posições levantou dúvidas sobre a proteção perineal que ainda aguardam respostas.
Resumo
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O objetivo deste estudo foi determinar a validação de face e conteúdo da Escala Mackey de Avaliação da Satisfação com o Parto (MCSRS, na sigla em inglês), transculturalmente adaptada para o português brasileiro.
O MCSRS é um questionário com 34 itens relacionados à satisfação com o parto. As versões traduzida e retrotraduzida foram comparadas com o material original, e 10 especialistas analisaram cada item de acordo com os seguintes critérios: clareza, equivalência semântica, pertinência e relevância cultural. A versão final foi apresentada a 10 mães para validação de face, para garantir que o questionário fosse adequado à população-alvo.
O total de 34 itens avaliados por especialistas para clareza, equivalência semântica, pertinência e relevância apresentou concordância positiva de 0,85, 0,92, 0,97 e 0,97; concordância negativa de 0,13, 0,09, 0,04 e 0,04; e concordância total de 0,75; 0,85, 0,94 e 0,94, respectivamente. A modelagem linear multinível foi aplicada com efeitos aleatórios cruzados e com efeitos aleatórios aninhados para cada juiz. A intercepção de cada critério foi a seguinte: clareza, 0,87; equivalência semântica, 0,92; pertinência, 0,96; e relevância cultural, 0,96. A média geral de concordância foi de 92,8%. A mensuração da validade de face foi 80% de concordância nos itens, todos claramente entendidos.
A versão final do questionário MCSRS do português brasileiro teve validade de face e conteúdo confirmada. Este instrumento de avaliação da satisfação materna durante o parto foi validado para ser aplicado na população femininabrasileira.
Resumo
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Avaliar os resultados da indução de trabalho de parto e determinar os principais fatores associados à realização de cesarianas intraparto em pacientes do Hospital Universitário da Universidade Federal de Santa Catarina (HU-UFSC), Florianópolis, SC, Brasil.
Trata-se de um estudo epidemiológico transversal que incluiu todas as gestantes de feto único e comidade gestacional > 22 semanas, submetidas a indução de trabalho de parto no HU-UFSC no período de 2013 a 2016.
No período proposto, 1.491 gestantes foram submetidas ao protocolo de indução. Em 1.264 casos (84,8%), a indução resultou em trabalho de parto, com 830 (65,7%) progredindo para o parto vaginal. Gestação ≥ 41 + 0 semanas foi a causa mais comumde indicação de indução de trabalho de parto (55,2%),emisoprostol foi o método mais utilizado (72,0%). Nessas gestantes, o índice de cesariana foi de 34,3%. Considerando os casos de falha de indução, o índice de cesariana sobe para 44,3%. Os fatores associados às cesarianas foram: história prévia de cesárea (RP [razão de prevalência] = 1,48; IC [índice de confiança]: 95% 1,51-1,88), fetos com restrição de crescimento intrauterino (RP = 1,82; IC95%: 1,32-2,19), índice de Bishop ≤ 6 (RP = 1,33; IC95%: 1,01-1,82) e tempo de indução < 12 horas (RP = 1,44; IC95%: 1,17-1,66), ou > 36 horas (RP = 1,51; IC95%: 1,22-1,92) entre o início da indução e o parto.
A indução de trabalho de parto foi bem-sucedida na maioria das pacientes. Naquelas em quem o desfecho final foi a cesariana, os fatores mais fortemente associados foram: história prévia de cesárea, presença de fetos com restrição de crescimento intrauterino, e tempos muito curtos ou muito longos de indução.
Resumo
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O parto com idade gestacional < 37 semanas é a complicação gestacional mais associada à mortalidade e morbidade perinatal, sendo necessária a identificação de seus fatores de risco e a tentativa de sua prevenção. Os benefícios do pessário na prematuridade estão sendo investigados. Nosso objetivo foi analisar os estudos publicados sobre uso do pessário na prevenção do parto pretermo e comparar sua eficácia perante outros métodos.
Foramselecionados estudos clínicos randomizados publicados entre 2010 e 2018, extraídos de bases eletrônicas de dados. Estudos de gestações múltiplas foram excluídos.
Dois estudos semostraram a favor do pessário comométodo preventivo, um estudo foi contrário ao método, e outros dois não demonstraram diferença estatisticamente significativa. A meta-análise não mostrou diferença significativa no
Os dados agrupados disponíveis até o momento parecem mostrar uma falta de eficácia do pessário cervical na prevenção do parto pretermo, embora a heterogeneidade dos estudos tenha dificultado as comparações.
Resumo
. ;:740-748
Avaliar se o pH da artéria umbilical (pHua) ≤7,00 e o déficit de bases da artéria umbilical (BDua) ≥12,00 mmol/L são preditores de desfechos neonatais adversos.
Estudo observacional, longitudinal e retrospectivo, realizado no Serviço de Ginecolocgia e Obstetrícia do Centro Hospitalar Tondela Viseu durante o período de setembro de 2013 a setembro de 2015. Foi realizada a análise de toda a coorte e de dois subgrupos: grupo A-mulheres cuja gasometria do cordão umbilical (UCBGA, na sigla em inglês) foi realizada por traçado cardiotocográfico não tranquilizador, descolamento prematuro de placenta normalmente inserida, ou distócia de ombros; e grupo B -todas as outras. A análise estatística foi realizada com o programa SPSS for Windows, Versões 20.0 e 21.0 (IBM Corp., Armonk, NY, USA)
Um total de 428 UCBGAs cumpriram os critérios de inclusão. A análise de grupo revelou uma associação entre o grupo A e pHua ≤7,00 (p = 0,002), e entre BDua ≥12,00 mmol/L e índice de Apgar ao 1o minuto ≤4 (p = 0,011). Após a aplicação dos modelos de regressão logística na análise da coorte total, pHua ≤7.00 teve impacto na ocorrência de hipóxia neonatal aguda (razão de probabilidade [RP]: 6,71; 95% índice de confiança [IC]: 1,21-37,06; p = 0,029); verificou-se maior risco de recém-nascido com índice de Apgar ao 1o minuto ≤4 e hipóxia neonatal aguda nas multíparas (RP: 5,38; 95% IC: 1,35-21,.43; p = 0,017; e RP: 2,66; 95% IC: 1,03-6,89; p = 0,043, respectivamente); e de recém-nascido com índice de Apgar ao quinto minuto ≤7 nas mulheres com problemas urológicos na gravidez (RP: 15,17; 95% IC: 1,29-177,99; p = 0,030); e a ocorrência de distócia de ombros aumentou 15 vezes o risco de hipóxia neonatal aguda (RP: 14,82; 95% IC: 2,20-99,60; p = 0,006).
OpHua e o BDua são preditores de desfecho neonatal adverso, e a UCBGA é uma ferramenta útil no rastreio dos recém-nascidos em risco. A realização universal de UCBGA deve ser considerada emtodos os partos, visto ser umteste de rastreio objetivo de hipóxia neonatal.
Resumo
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A pré-eclâmpsia, doença multifatorial e com fisiopatologia ainda não totalmente estabelecida, é importante causa de morbimortalidade materna e perinatal, especialmente quando pré-termo. O diagnóstico é realizado quando há associação entre hipertensão arterial e proteinúria ou evidência de gravidade. Existem questionamentos na literatura se, frente ao diagnóstico de pré-eclâmpsia, a resolução da gravidez deve ser imediata ou postergada, considerando o risco de desenvolvimento de complicações maternas versus os resultados perinatais associados à prematuridade. O objetivo desta revisão sistemática é estabelecer o melhor momento de resolução da gestação em mulheres com pré-eclâmpsia antes das 37 semanas.
Revisão sistemática da literatura, realizada na base de dados PubMed, usando os termos preeclampsia parturition e timing of delivery, para encontrar estudos feitos entre 2014 a 2017. Foram selecionados estudos que comparassem os desfechos maternos e perinatais de mulheres submetidas a resolução imediata ou a postergação do parto, na ausência de evidência de pré-eclâmpsia grave.
Foram localizados 629 artigos; após leitura dos títulos, 78 foram selecionados. Realizada avaliação dos seus resumos, 16 foram avaliados na integralmente e, finalmente, 6 estudos preencheram os requisitos de inclusão (2 ensaios clínicos randomizados e 4 estudos observacionais). Os resultados foram apresentados conforme a faixa de idade gestacional (± 34 semanas, e entre 34 e 37 semanas) e a avaliação dos desfechos maternos e perinatais. Antes das 34 semanas, os resultados maternos foram semelhantes; entretanto, os desfechos perinatais foram significativamente piores quando houve resolução imediata. Entre 34 e 37 semanas, a progressão para doença materna grave foi discretamente maior entre as mulheres submetidas a conduta expectante; entretanto, os desfechos perinatais forammelhores quando o parto foi postergado.
Na ausência de evidências de pré-eclâmpsia grave ou de prejuízo da vitalidade fetal, o parto deve ser postergado, principalmente antes das 34 semanas, com vigilância materna e fetal rigorosas. Entre 34 e 37 semanas, a decisão deve ser compartilhada com a gestante e sua família, após esclarecimento sobre os desfechos adversos associados à pré-eclâmpsia e prematuridade.