Resumo
. ;:161-168
A insuficiência ovariana prematura (POI) contribui significativamente para a infertilidade feminina. A ciclofosfamida (CYC) tem efeitos adversos na foliculogênese. O plasma rico em plaquetas (PRP) é um produto autólogo rico em muitos fatores de crescimento. Avaliamos o efeito protetor do PRP na fertilização in vitro em ratas com lesão ovariana induzida por CYC.
Vinte e oito ratas Sprague-Dawley adultas foram divididas aleatoriamente em quatro grupos. Grupo 1 (controle - cloreto de sódio 0,9%; 1mL/kg, injeção intraperitoneal [IP] em dose única); grupo 2 (CYC), 75mg/kg, injeção IP de dose única e cloreto de sódio 0,9% (1mL/kg, injeção ip de dose única); grupo 3 CYC+PRP, CYC (75mg/kg, dose única e PRP (200 μl, dose única) injeção IP); e grupo 4 (PRP, 200 μl, injeção IP de dose única).
Nas comparações em termos de ovócitos M1 e M2, observou-se que o grupo CYC apresentou uma quantidade significativamente menor que os grupos controle, CYC/PRP, e PRP. (Para M1, p=0,000, p=0,029, p=0,025; para M2, p=0,009, p=0,004, p=0,000, respectivamente). O número de oócitos fertilizados e embriões bicelulares de boa qualidade foi considerado estatisticamente significativo entre os grupos CYC e controle, CYC+PRP e grupos PRP (p=0,009, p=0,001, p=0,000 para oócitos, respectivamente. Para embriões, p=0,016, p=0,002, p=0,000).
O PRP pode proteger a função ovariana contra os danos causados pelo CYC e, além disso, proporciona melhora na contagem de oócitos e no desenvolvimento de embriões como resultado da estimulação ovariana durante o procedimento de fertilização in vitro.
Resumo
. ;:251-257
Avaliar as características reprodutivas e histológicas de tecido ovariano cultivado a fresco de pacientes transexuais masculinos.
Estudo experimental in vitro e piloto, no qual amostras foram coletadas durante a cirurgia de redesignação de sexo para pacientes transexuais masculinos. O córtex ovariano foi cortado em fragmentos de 2mm, 3mm, e 4mm, e colocado em placa de 96 poços própria para cultivo nos dias 0, 2, 4, 6 e 8, quando a histologia foi analisada.
Hiperplasia estromal foi observada em todas as amostras, e não esteve associada à obtenção de folículos primordiais ou primários. A redução periférica no número de células também foi um achado recorrente. Folículos primordiais e primários foramidentificados com padrão heterogêneo emfragmentos domesmo paciente e em fragmentos de pacientes diferentes, não sendo encontrados folículos em estágios mais avançados de desenvolvimento (secundários e antrais). Houve associação entre o diâmetro dos fragmentos ovarianos e a identificação dos folículos primários (p=0,036). O número de dias de cultura esteve associado a sinais histológicos de lesão tecidual nos fragmentos (p=0,002). O número total de folículos identificados nas amostras de 2mm de diâmetro foi significativamente menor do que nas de 4mm de diâmetro (p=0,031).
O diâmetro de 4mm parece ser mais adequado para a cultura de tecido ovariano com a vantagem de fácil manejo. Mesmo após exposição prolongada à testosterona, os fragmentos ovarianos apresentavam folículos primordiais e primários, e manteve a viabilidade ao longo dos dias de exposição à cultura. No futuro, o congelamento da cortical do ovário de pacientes transgêneros que se submeterão à cirurgia de redesignação sexual poderia ser uma opção interessante para a preservação da fertilidade.
Resumo
. ;:54-60
As informações científicas sobre o impacto do novo coronavírus, SARS-CoV-2, na saúde de gestantes, fetos e recém-nascidos são consideradas de confiabilidade limitada, sem evidências de boa qualidade, e levam a conclusões enviesadas. De fato, as impressões iniciais de que a evolução da Covid-19 não era diferente entre mulheres grávidas e não grávidas, e de que o SARS-CoV-2 não era transmitido verticalmente, são confrontadas pela documentação de agravamentos da doença durante a gravidez, resultados obstétricos negativos, e a possibilidade de transmissão vertical. Este artigo tem como objetivo compilar os dados disponíveis sobre a associação entre a Covid-19 e os eventos reprodutivos, desde a concepção até o nascimento.
Resumo
. ;:673-678
Avaliar se o uso do ultrassom intraoperatório leva a cirurgias mais conservadoras para tumores ovarianos benignos.
Mulheres que foram submetidas a cirurgia entre 2007 e 2017 por tumores ovarianos benignos foram analisadas retrospectivamente. As mulheres foram classificadas em dois grupos: aquelas que foram submetidas ao ultrassom intraoperatório (grupo A), e aquelas que não o foram (grupo B). No grupo A, foi realizada cirurgia minimamente invasiva na maioria das pacientes (foi usada sonda ultrassonográfica laparoscópica específica), e quatro pacientes foram submetidas a laparotomia (foi usada sonda ultrassonográfica linear). O desfecho primário foi a cirurgia preservadora do ovário (ooforoplastia).
Entre os 82 casos identificados, somente 36 atenderam aos critérios de inclusão para este estudo. Destes, 25 pacientes foram submetidas ao ultrassom intraoperatório, e 11 não o foram. Não houve diferenças significantes em relação à pressão arterial, diabetes, tabagismo e índice de massa corporal entre os dois grupos (p=0.450). O diâmetro do tumor também foi similar entre os dois grupos, variando de 1cm a 11cm no grupo A, e de 1,3cma 10cm no grupo B (p=0.594). A histologia dos tumores confirmou teratoma maduro para todos os casos do grupo B, e para 68,0% dos casos do grupo A. Mais cirurgias conservadoras foram realizadas quando o ultrassom intraoperatório foi realizado (p<0.001).
O uso do ultrassom intraoperatório resultou em mais cirurgias conservadoras na ressecção de tumores benignos do ovário em nossa instituição.
Resumo
. ;:520-522
As hérnias femorais representamuma pequena fração de todas as hérnia da região inguinal. Elas são mais comuns entre as mulheres e estão associadas a elevadas taxas de complicações, como encarceramento e estrangulamento, com necessidade de cirurgia urgente. Uma paciente do sexo feminino, de 61 anos, recorreu ao serviço de emergência por quadro de dor e tumefação da região inguinal direita com 2 dias de evolução e agravamento nas últimas 24 horas. O exame objetivo sugeria a presença de uma hérnia femoral encarcerada, e a paciente foi submetida a cirurgia urgente. Intraoperatoriamente, confirmou-se o diagnóstico de hérnia femoral encarcerada, que continha a trompa de falópio direita no interior do saco herniário. Uma vez que a que a trompa não apresentava sinais de isquemia, o conteúdo da hérnia foi reduzido, e procedeu-se à sua reparação. O período pós-operatório decorreu sem intercorrências, e a paciente teve alta no 3° dia após a cirurgia.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2016;38(1):35-40
Avaliar a variabilidade da contagem automática tridimensional dos folículos ovarianos que mediram 2 a 6 mm e 2 a 10 mm durante o ciclo menstrual. Verificar se este exame pode ser aplicado fora da fase folicular precoce do ciclo.
Prospectivo observacional. Foram incluídas todas as pacientes inférteis submetidas à monitorização da ovulação de 20 de abril de 2013 a 30 de outubro de 2014, com18 a 35 anos; IMC de 18 a 25 kg/m2, eumenorréicas; semhistória de cirurgia ovariana e sem alterações nas dosagens do TSH, prolactina, insulina e glicemia. Foram excluídas aquelas que apresentaram cistos ovarianos e as que faltaram algum dia da monitorização. A contagem ultrassonográfica dos folículos foi feita pelo modo 3D com Sono AVC na fase folicular precoce, folicular media, periovulatória e lútea do ciclo.
Quarenta e cinco mulheres foram incluídas. Houve diferença entre as médias das contagens dos folículos com 2 a 6 mm (p = 0,001) e 2 a 10 mm (p = 0,003) pelo teste de Friedman que avaliou conjuntamente as quatro fases do ciclo. Quando se aplicou o teste t-Student pareado, houve aumento significativo na contagem dos folículos de 2 a 6 mm quando se comparou a contagem desses folículos na fase folicular média e periovulatória com a contagem da fase lútea. Não houve diferença significante entre a contagem destes folículos pequenos nas fases folicular precoce, média e periovulatória.
A variação da contagem automática tridimensional dos folículos de 2 a 6 mm, nas fases folicular precoce, folicular média e periovulatória, não mostrou significância estatística. Houve uma variação significativa da contagem automática 3D dos folículos ovarianos de 2 a 10 mmdurante o ciclo. A variabilidade significativa da contagem dos folículos de 2 a 10 mm durante o ciclo não permite que este exame seja realizado fora da fase folicular precoce.
Resumo
. ;:186-191
DOI 10.1590/SO100-720320150005252
Avaliar os genes diferencialmente expressos em ovários de camundongos fêmeas magras (tipo selvagem) e obesas (ob/ob) e a produção de AMP cíclico em ambos os grupos.
A expressão nos níveis de RNA mensageiro de 84 genes relacionados à obesidade foi analisada por PCR Array, e o AMP cíclico foi quantificado por método imunoenzimático.
Os genes que mais sofreram diminuição da expressão no Grupo Obesidade incluíram o tipo 1 de polipeptídeo ativador da adenilato ciclase, o da somatostatina, da apolipoproteína A4, da colipase pancreática e da beta interleucina 1. A média de redução na expressão desses genes foi de aproximadamente 96, 40, 9, 4,2 e 3,6 vezes, respectivamente. Por outro lado, os genes que mais tiveram aumento na expressão no Grupo Obesidade foram o gene da proteína modificadora da atividade do receptor de calcitonina 3, do proliferador de peroxissomos ativados por proteína alfa, do receptor de calcitonina e do receptor para hormônio liberador de corticotropinas 1. As médias de acréscimo nos níveis de expressão de tais genes foram de 2,3, 2,7, 4,8 e 6,3 vezes, respectivamente. A produção de AMP cíclico ovariana foi significantemente aumentada em camundongos fêmeas ob/ob (2.229±52 fMol) quando comparada ao Grupo Controle (1.814±45 fMol).
Camundongos fêmeas obesas e anovuladoras possuem níveis de hormônio reprodutivo reduzidos e ovulogênese alterada. Vários genes mostram níveis de expressão alterados quando a leptina está ausente, principalmente o tipo 1 de polipeptídeo ativador da adenilato ciclase.
Resumo
. ;:77-81
DOI 10.1590/SO100-720320140005199
Analisar os fatores que possam influenciar na recorrência do endometrioma ovariano após tratamento videolaparoscópico.
Estudo de coorte retrospectivo. Foram avaliadas 129 pacientes submetidas à videolaparoscopia, entre 2003 e 2012, para tratamento de endometrioma ovariano, com seguimento pós-operatório mínimo de 2 anos. Foi realizada ultrassonografia transvaginal para excluir persistência da lesão e identificação de recidiva. Para comparação de variáveis contínuas foi utilizado o teste t de Student, e para o teste de homogeneidade entre as proporções, o teste do χ ou exato de Fisher (para frequências menores do que cinco). Para a obtenção de fatores prognósticos ligados à recidiva foi aplicado o modelo de regressão linear multivariado. O nível de significância utilizado para a análise foi de 5%.
A taxa de recorrência foi de 18.6%. O tamanho do endometrioma, a modalidade cirúrgica empregada e os dados demográficos como idade, índice de massa corpórea, presença de sintomas, tabagismo e prática de exercícios físicos não se associaram ao aumento da recorrência. Foi observado que a interrupção do tratamento clínico pós-operatório apresentou risco significativo para aumento da recorrência (OR 23,7; IC95% 5,26-107,05; p=0,001).
O uso contínuo de contracepção oral parece reduzir dramaticamente a taxa de recidiva de endometrioma ovariano. Neste estudo, a interrupção do tratamento foi o fator associado com maior taxa de recidiva da lesão após o tratamento videolaparoscópico.