Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 29/08/2022;44(7):667-677
Comparar a violência sexual sofrida por vítimas no início e no final da adolescência, as reações desencadeadas após a agressão, e o cuidado de saúde dispensado.
Estudo retrospectivo, em que foram revisados os prontuários de 521 mulheres adolescentes atendidas por equipe multiprofissional em hospital de referência em Campinas, São Paulo, Brasil. As variáveis foram sociodemográficas, e aquelas relativas às características da violência, ao atendimento de emergência, e às reações físicas e psicológicas observadas durante o seguimento nos grupos de adolescentes de idade precoce (10a 14 anos) e tardia (15 a 18 anos). Utilizamos os testes do Qui-quadrado/Exato de Fisher, Mann-Whitney e Kruskal-Wallis para comparar os grupos; adotamos o nível de significância de 5%.
O grupo precoce (n= 242) continha maior número de estudantes (p< 0,001), que sofreram mais agressões diurnas (p= 0,031), em suas residências (p< 0,001), por agressor conhecido (p< 0,001), tiveram maior necessidade de proteção legal (p= 0,001), e demoraram mais a procurar atendimento (p= 0,048). Sentimentos de culpa, vergonha e a percepção da violência foram similares entre os grupos. No grupo tardio (n= 279) houve maior consumo de álcool durante a agressão (p= 0,005); as adolescentes receberam significativamente mais tratamentos de profilaxia; relataram mais sintomas físicos (p= 0,033), distúrbios do sono (p= 0,003), sintomas de ansiedade (p= 0,045), e sentimentos de angústia (p= 0,011); e receberam mais prescrições de psicotrópicos (p= 0,005). Apenas 52% completaram o seguimento de 6 meses, sem diferenças entre os grupos.
Os grupos apresentaram diferenças nas características da violência; as adolescentes precoces chegaram mais tardiamente ao serviço, e o grupo tardio apresentou maior sintomatologia e piora psicológica no seguimento. São necessárias medidas de prevenção e cuidados específicos voltados a essa população.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 29/08/2022;44(9):866-870
A esterilização feminina é um procedimento cirúrgico que auxilia as mulheres na paragem permanente de utilização de métodos contraceptivos. Os objetivos desde estudo foram comparar a aplicabilidade, complicações e eficácia da salpingectomia vs. eletrocoagulação e secção tubar na esterilização feminina em regime de ambulatório.
Realizou-se um estudo retrospectivo e observacional que incluiu mulheres submetidas a procedimentos de esterilização por laparoscopia no Serviço de Cirurgia de Ambulatório da ULSAM, durante três anos. A análise estatística foi realizada com recurso ao SPSS, aplicando o teste exato de Fisher, o teste de Mann-Whitney e Regressão Linear.
Foram realizados 221 procedimentos cirúrgicos por laparoscopia, incluindo 79 (35,7%) salpingectomias totais bilaterais e 142 (64,3%) procedimentos por eletrocoagulação e secção tubar bilateral. A maioria dos procedimentos foram realizados por um interno de formação específica (n = 162; 73,3%), com 40% (n = 33) de salpingectomias. O tempo operatório foi significativamente inferior no grupo da eletrocoagulação (42,2 vs. 52,7 min, p < 0,001). Em relação à segurança e à eficácia não se observaram diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos, com um caso de gravidez após eletrocoagulação e secção tubar.
A salpingectomia é uma alternativa segura e com alta taxa de eficácia quando comparada com eletrocoagulação e secção tubar.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 24/01/2021;43(12):940-948
As mulheres possuem variáveis metabólicas, imunológicas e genéticas que conferem maior proteção à infecção pelo coronavírus. Todavia, a indicação de tratamento para certas patologias e para a contracepção é determinada por hormônios que possuem efeitos adversos e levantam dúvidas quanto ao seu uso durante a pandemia da COVID-19. Desta forma, o presente estudo busca investigar as especificidades da mulher e a relação dos hormônios sexuais femininos com a COVID-19, assim como relatar as principais recomendações neste contexto. Para isso, realizou-se uma revisão da literatura nas principais bases de dados, fontes auxiliares de dados e sites oficiais. Portanto, considerando o estado hipercoagulável da COVID-19, surge o debate quanto à utilização de contraceptivos pelo seu risco relativo de efeitos tromboembólicos. No entanto, as atuais evidências disponíveis, assim como as recomendações dos principais órgãos de saúde do mundo, demonstraram que o uso de contraceptivos hormonais deve ser mantido durante a pandemia.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 07/10/2003;25(6):389-395
DOI 10.1590/S0100-72032003000600002
OBJETIVO: avaliar a aceitabilidade, a adesão e a experiência com o uso de condom feminino (CF) entre mulheres infectadas pelo HIV. MÉTODO: estudo descritivo prospectivo com 76 mulheres infectadas pelo HIV atendidas no CAISM/UNICAMP e no Centro Corsini de Campinas. Após entrevista de triagem e concordando em participar, as voluntárias receberam calendário para registro das relações sexuais e uso de condom masculino (CM). Após 30 dias, compareceram à visita de treinamento com colocação do CF em modelo pélvico, trazendo o diário do ciclo anterior, considerado controle. Aplicou-se questionário estruturado após 30, 60 e 90 dias, recolhendo-se sempre o diário de registro das relações sexuais e uso de CF ou CM. Usaram-se os testes de c², exato de Fisher, McNemar e Friedman para amostras emparelhadas na análise estatística. RESULTADOS: predominaram as mulheres jovens, de baixa escolaridade, que moravam com o parceiro. Observou-se taxa de continuidade de uso de 52%, ao longo de 90 dias. O uso de CF, em metade das relações sexuais em cada período de estudo, permaneceu estável nos 90 dias. Houve significativa diminuição da proporção média das relações sexuais desprotegidas (de 14% para 6%), sem uso de CM ou CF, aos 90 dias. As dificuldades iniciais no manuseio do CF foram superadas com o tempo. Os casais sorodiscordantes tiveram maior proporção de relações protegidas que os casais soroconcordantes, porém a diferença não foi significativa. As mulheres que relataram uso prévio consistente de CM apresentaram número significantemente maior de relações protegidas com CF. CONCLUSÕES: a oferta do CF foi capaz de reduzir as relações sexuais desprotegidas entre mulheres infectadas pelo HIV, que se mostraram motivadas e receptivas a este método.