Resumo
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Comparar as taxas de mortalidade por COVID-19 entre gestantes ou puérperas e não gestantes durante a primeira e segunda ondas da pandemia brasileira.
Na presente avaliação dos dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), incluímos mulheres com síndrome respiratória aguda grave por COVID-19: 47.768 em 2020 (4.853 obstétricas versus 42.915 não obstétricas) e 66.689 em 2021 (5.208 obstétricas versus 61.481 não obstétricas) e estimamos a frequência de óbito intra-hospitalar.
Identificamos 377 óbitos maternos em 2020 e 804 em 2021. A taxa de mortalidade por COVID-19 aumentou 2,0 vezes no grupo obstétrico (de 7,7 para 15,4%) e 1,6 vezes no grupo não obstétrico (de 13,9 para 22,9%) de 2020 a 2021 (odds ratio [OR]: 0,52; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,47–0,58 em 2020 e OR: 0,61; IC95%: 0,56–0,66 em 2021; p <0,05). Em mulheres com comorbidades, a taxa de óbitos aumentou 1,7 vezes (de 13,3 para 23,3%) e 1,4 vezes (de 22,8 para 31,4%) para os grupos obstétricos e não obstétricos, respectivamente (OR: 0,52; IC95%: 0,44–0,61 em 2020 para OR: 0,66; IC95%: 0,59–0,73 em 2021; p <0,05). Em mulheres sem comorbidades, a taxa de mortalidade foi maior para as não obstétricas (2,4 vezes; de 6,6% para 15,7%) do que para mulheres obstétricas (1,8 vezes; de 5,5 para 10,1%; OR: 0,81; IC95%: 0,69–0,95 em 2020 e OR: 0,60; IC95%: 0,58–0,68 em 2021; p < 0,05).
Houve aumento das mortes maternas por COVID-19 em 2021 em relação a 2020, principalmente naquelas com comorbidades. As taxas de mortalidade foram ainda maiores em mulheres não grávidas, com ou sem comorbidades.
Resumo
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Descrever a evolução da mortalidade materna após a instituição dos comitês de morte materna na região de Ribeirão Preto.
Este estudo descreveu a distribuição espacial e temporal das frequências e da razão demortalidadematerna, utilizando dados do estado de São Paulo, do Departamento Regional de Saúde de Ribeirão Preto (DRS-XIII), e domunicípio de Ribeirão Preto, no período de 1998 a 2017. O estudo ecológico considerou frequências de mortes maternas e de nascidos vivos disponibilizadas pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS)/Ministério da Saúde, que foramagrupadas por ano e pela referida divisão político-administrativa. A taxa de mortalidade materna (TMM) foi calculada e apresentada por medidas descritivas, gráficos e cartogramas.
O total observado para o município de Ribeirão Preto foi uma TMM de 39,1; para o DRS-XIII, TMM de 40,4; e, para o estado de São Paulo, uma TMM de 43,8 por 100 mil habitantes. No período do estudo, a RMM do município de Ribeirão Preto variou de 0% até 80,0% do total de mortes maternas, e de 40,7% a 47,2% dos nascidos vivos no DRS-XIII. O município de Ribeirão Preto apresentou TMM de 76,5 no biênio 1998-1999, que progressivamente diminuiu para 12,1 em 2012-2013, e aumentou para 54,3 por 100mil habitantes nos últimos 4 anos. O estado de São Paulo apresentou TMM de 54,0 em 1998-1999, tendo variado ao longo do período com valores de 48,0 no período 2008-2009, e 54,1 no período 2016-2017. Várias vezes antes de 2015, o município de Ribeirão Preto e o DRS-XIII atingiramas Metas domilênio. Recentemente, porém, a TMM aumentou, o que pode ser explicado pela melhoria da vigilância da mortalidade materna.
O estudo descreveu um acentuado declínio da morte materna na região de Ribeirão Preto até o final do biênio 2012-2013, e um subsequente e aflitivo aumento em anos recentes, que precisa ser enfrentado.
Resumo
. ;:106-114
O objetivo deste estudo é avaliar a importância das causas indiretas da morbidade/mortalidade materna no Brasil.
Análise secundária de um estudo transversal multicêntrico realizado em 27 unidades obstétricas de referência da Rede Brasileira de Vigilância da Morbidade Materna Grave.
Um total de 82.388 mulheres foram avaliadas, sendo que 9.555 foram incluídas com morbidade materna grave, 942 (9,9%) delas com causas indiretas de morbidade/mortalidade. Houve risco aumentado de maior gravidade entre o grupo das causas indiretas, que apresentou risco de morte materna 7,56 vezes maior (razão de prevalência [RP]: 7.56; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 4.99-11.45). As principais causas indiretas de óbitos maternos foram a gripe H1N1, sepses, câncer e doença cardiovascular. Atenção pré-natal não pública (RP: 2,52; IC95%: 1,70-3,74), diabetes (RP: 1,90; IC95%: 1,24-2,90), neoplasia (RP: 1,98; IC95%: 1,25-3,14), doenças Renais (RP: 1,99; IC95%: 1,14-3,49), anemia falciforme (RP: 2,50; IC95%: 1,16-5,41) e toxicodependência (PR 1,98; IC95%: 1,03-3,80) foram associados independentemente com piores resultados no grupo de causas indiretas. Alguns procedimentos para o manejo da gravidade foram mais comuns para o grupo de causas indiretas.
As causas indiretas de morbidade mortalidade materna ocorreram em menos de 10% dos casos, mas foram responsáveis por mais de 40% das mortes maternas no presente estudo. As causas indiretas da morbidade mortalidade materna também se relacionaram com maior gravidade, e estiveram associadas a piores resultados maternos e perinatais. Nos países de renda média, há uma combinação de causas indiretas de morbidade/mortalidade materna que apontam para alguns avanços na escala de transição obstétrica, mas também mostram a fragilidade dos sistemas de saúde.
Resumo
. ;:369-372
A embolia do liquido amniótico (ELA) é uma situação clínica rara, mas potencialmente catastrófica, que se caracteriza por uma combinação de sinais e sintomas clínicos que refletem insuficiência respiratória aguda, colapso cardiovascular e coagulação intravascular disseminada (CID). A sua patogênese ainda não é totalmente compreendida. Mais recentemente, a visão tradicional de obstrução dos capilares pulmonares por êmbolo de líquido amniótico, como explicação principal para a etiologia desta síndrome, tem sido desconsiderada, assumindo os fatores imunológicos e a ativação das cascatas de resposta inflamatória um papel importante. A embolia do líquido amniótico tem um carácter imprevisível, e o seu diagnóstico é exclusivamente clínico, sendo o tratamento sobretudo de suporte respiratório e cardiovascular, com a concomitante administração de derivados do sangue para corrigir a CID. Nenhum teste de diagnóstico é recomendado até o momento, embora vários marcadores do sangue periférico se encontrem em estudo. Os autores apresentam um caso clínico de uma mulher que sobreviveu a um quadro de embolia de líquido amniótico na sua gravidez prévia, e que teve uma gravidez subsequente sem recorrência do quadro, contribuindo com mais um testemunho clínico do baixo risco na gravidez pós-ELA.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2000;22(3):159-165
DOI 10.1590/S0100-72032000000300007
Objetivos: determinar a freqüência de recorrência das crises convulsivas após tratamento com sulfato de magnésio, avaliando o tratamento adotado e o prognóstico materno. Casuística e Métodos: analisaram-se todos os casos de eclâmpsia atendidos no IMIP entre janeiro de 1995 e junho de 1998. Sulfato de magnésio e oxigenoterapia foram administrados para todas as pacientes, interrompendo-se a gravidez após estabilização do quadro clínico. Determinou-se a freqüência de complicações maternas de acordo com a presença ou não de recorrência da crise convulsiva, utilizando-se o teste chi² de associação, a um nível de significância de 5%. Resultados: doze pacientes apresentaram recorrência da eclâmpsia após sulfato de magnésio (10%), repetindo-se então metade da dose de ataque. Em 4 destas verificou-se nova recorrência, administrando-se então diazepam endovenoso. Depois do diazepam, uma paciente ainda teve crises repetidas, sendo então realizada infusão de fenitoína e, posteriormente, indução do coma barbitúrico (tionembutal). Essa paciente foi submetida a tomografia computadorizada, constatando-se hemorragia intracraniana. As complicações maternas foram significativamente mais freqüentes no grupo com recorrência: coma (16,7% versus 0,9%), acidose (50% versus 2,9%), edema agudo de pulmão (16,7% versus 2,9%), hemorragia cerebral (16,7% versus 0%) e insuficiência renal aguda (16,7% versus 1,9%). Ocorreram 3 casos de morte materna no grupo com recorrência (25%) e 2 no grupo sem recorrência (1,9%). Conclusões: a recorrência da crise convulsiva é pouco freqüente após uso do sulfato de magnésio (10%), porém associa-se a aumento da morbimortalidade materna, requerendo acompanhamento em UTI e realização de tomografia para exclusão de hemorragia cerebral.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(1):9-13
DOI 10.1590/S0100-72032004000100002
OBJETIVO: comparar os resultados neonatais dos partos vaginais espontâneos ou assistidos com fórcipe de Simpson-Braun em nulíparas. MÉTODO: em estudo de corte retrospectivo foram avaliados dois grupos de primíparas atendidas no Centro Obstétrico do CAISM/UNICAMP, que tiveram parto vaginal sob analgesia epidural. O grupo fórcipe foi formado por 119 pacientes que tiveram parto a fórcipe de Simpson-Braun, e o grupo normal por 114 casos de parto vaginal espontâneo. Foram estudadas as variáveis neonatais imediatas como o estado do líquido amniótico e os índices de Apgar, assim como a evolução neonatal nos primeiros dias de vida. Para análise estatística foram utilizados os testes c², exato de Fisher e t de Student para comparação de médias e considerada significativa a diferença correspondente a p<0,05. RESULTADOS: as indicações para uso do fórcipe Simpson-Braun foram: alívio materno-fetal (90 casos) e abreviação de período expulsivo (29 casos). Nas pacientes atendidas com fórcipe Simpson-Braun houve 8 casos de laceração de canal de parto (6,7%), valor semelhante ao observado no grupo de parto vaginal espontâneo. As médias de dias de internação das puérperas e neonatos foram idênticas (2,4). Os dois grupos foram semelhantes quanto aos índices de Apgar menores que 7 no primeiro (7,5 e 4,3%) e quinto minuto (1,6 e 1,7%) e quanto ao peso dos recém-nascidos (3.146 e 3.016 g). A evolução neonatal foi semelhante nos dois grupos. CONCLUSÃO: o uso do fórcipe de Simpson-Braun mostrou-se seguro, quando comparado ao parto vaginal espontâneo.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(6):431-436
DOI 10.1590/S0100-72032003000600008
OBJETIVO: analisar os casos de morte materna ocorridos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), hospital universitário de referência para gestação de alto risco no Rio Grande do Sul. MÉTODOS: realizamos estudo retrospectivo analisando os prontuários médicos das mulheres entre 10 e 49 anos que morreram no HCPA no período de 1980 a 1999. Foram analisadas apenas as mortes relacionadas a gestação e puerpério (até 365 dias após o término da gestação), independente do tipo e duração da gestação. As causas foram separadas em causas obstétricas diretas, obstétricas indiretas e causas não obstétricas. RESULTADOS: entre as causas obstétricas diretas (61,7%), destacaram-se a hipertensão arterial (18,5%), a infecção pós-cesariana (16%) e o aborto séptico (12,3%). Dentre as causas obstétricas indiretas (23,5%), as mais prevalentes foram a cardiopatia (8,6%), o fígado gorduroso agudo (3,5%) e o lúpus eritematoso sistêmico (2,5%). Dentre as causas não obstétricas (15,0%), destacam-se as neoplasias malignas (7,4%) e a AIDS (3,7%). CONCLUSÕES: a prevalência das principais causas de morte materna não sofreu modificação nas últimas duas décadas, sendo que a principal causa continua sendo a hipertensão arterial. Também, há número significativo de mortes relacionadas à cesariana (relacionadas ao procedimento) e às infecções. Podemos concluir que a prevalência de causas obstétricas diretas aponta para a baixa capacidade de prevenção de morte materna no nosso sistema de saúde.