Resumo
. ;:134-141
Esse estudo avaliou a mortalidade materna (MM) e fatores relacionados em um município de grande porte da região sudeste do Brasil (Campinas, São Paulo) no período de 2000-2015.
Esse estudo consistiu de duas fases: 1. Uma fase analítica de caso-controle que avaliou o impacto de variáveis individuais e contextuais na MM; 2. Uma fase ecológica delineada para contextualizar as mortes maternas por meio de análise espacial. O grupo caso consistiu de 87 mortes maternas e o grupo controle de 348 mulheres que tiveram bebês durante o mesmo período. Os dados foram analisados por estatística descritiva, testes de associação e regressão logística múltipla (RLM) (p < 0,05) assim como análise espacial.
A taxa de mortalidade materna foi de 37 mortes para cada 100.000 nascidos vivos. As mortes foram dispersas por todo o território urbano e não se observou formação de clusters. Na RLM observou-se que mulheres grávidas com idade > 35 anos (OR = 2,63) ou aquelas que passaram por cesárea (OR = 2,51) foram mais propensas à morte materna.
As mortes maternas foram distribuídas dispersamente entre os diferentes níveis socioeconômicos e mais propensas a ocorrer entre mulheres > 35 anos de idade ou que passaram por cesárea.
Resumo
. ;:740-745
Avaliar os possíveis impactos da pandemia de COVID-19 na mortalidade materna nas admissões para o parto em 2020 em relação ao histórico dos últimos 10 anos.
Estudo ecológico com gestantes que realizaram parto hospitalar pelo Sistema Unificado de Saúde do Brasil (SUS) de 2010 a 2020. Para obter-se a taxa de mortalidade entre as admissões para o parto, foi utilizado o número de internações para parto que tiveram óbito como desfecho dividido pelo total de internações. O risco gestacional e o tipo de parto foram considerados a partir do sistema de vigilância nacional. A média de mortalidade no período de 2010 a 2019 (linha de base) foi comparada com a taxa de mortalidade pós-parto de 2020 (1° ano pandêmico); a razão das taxas foi interpretada como risco de óbito em 2020 em relação à média no período anterior (RR), com intervalo de confiança (IC) de 95%.
Em 2020, 1° ano da pandemia de COVID-19, 1.821.775 gestantes foram internadas para o parto e 651 óbitos foram registrados, o que representa 8,7% do total de internações e 11,3% das mortes maternas entre 2010 e 2020. Houve aumento na mortalidade materna após partos em 2020 em relação à média do período entre 2010 e 2019, especialmente em gestações de baixo risco, tanto em partos normais (RR = 1.60; IC95%: 1.39–185) quanto em cesáreas (RR = 1.18; IC95%: 1.04–1.34).
A mortalidade entre as admissões para o parto pelo SUS aumentou em 2020 em relação à média de óbitos entre 2010 e 2019, com um incremento de 40% em mulheres de baixo risco gestacional. O aumento verificado foi de 18% após cesárea e de 60% após parto vaginal.
Resumo
. ;:567-572
Comparar as taxas de mortalidade por COVID-19 entre gestantes ou puérperas e não gestantes durante a primeira e segunda ondas da pandemia brasileira.
Na presente avaliação dos dados do Sistema de Informação da Vigilância Epidemiológica da Gripe (SIVEP-Gripe), incluímos mulheres com síndrome respiratória aguda grave por COVID-19: 47.768 em 2020 (4.853 obstétricas versus 42.915 não obstétricas) e 66.689 em 2021 (5.208 obstétricas versus 61.481 não obstétricas) e estimamos a frequência de óbito intra-hospitalar.
Identificamos 377 óbitos maternos em 2020 e 804 em 2021. A taxa de mortalidade por COVID-19 aumentou 2,0 vezes no grupo obstétrico (de 7,7 para 15,4%) e 1,6 vezes no grupo não obstétrico (de 13,9 para 22,9%) de 2020 a 2021 (odds ratio [OR]: 0,52; intervalo de confiança [IC] 95%: 0,47–0,58 em 2020 e OR: 0,61; IC95%: 0,56–0,66 em 2021; p <0,05). Em mulheres com comorbidades, a taxa de óbitos aumentou 1,7 vezes (de 13,3 para 23,3%) e 1,4 vezes (de 22,8 para 31,4%) para os grupos obstétricos e não obstétricos, respectivamente (OR: 0,52; IC95%: 0,44–0,61 em 2020 para OR: 0,66; IC95%: 0,59–0,73 em 2021; p <0,05). Em mulheres sem comorbidades, a taxa de mortalidade foi maior para as não obstétricas (2,4 vezes; de 6,6% para 15,7%) do que para mulheres obstétricas (1,8 vezes; de 5,5 para 10,1%; OR: 0,81; IC95%: 0,69–0,95 em 2020 e OR: 0,60; IC95%: 0,58–0,68 em 2021; p < 0,05).
Houve aumento das mortes maternas por COVID-19 em 2021 em relação a 2020, principalmente naquelas com comorbidades. As taxas de mortalidade foram ainda maiores em mulheres não grávidas, com ou sem comorbidades.
Resumo
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Doença falciforme (DF) é a condição genética mais comum no mundo, com uma prevalência variável nos continentes. A substituição de um nucleotídeo muda um aminoácido na cadeia da β globina, e altera a estrutura normal da hemoglobina, que é então chamada de hemoglobina S, e pode ser herdada em homozigose (HbSS) ou heterozigose (HbSC, HbSβ), e leva a hemólise crônica, vaso-oclusão, inflamação, e ativação endotelial. Realizou-se uma revisão narrativa da literatura considerando doença falciforme e gestação, as complicações clínicas e obstétricas, o cuidado antenatal específico, e o seguimento para monitoramento materno e fetal. Gestantes com DF têm maior risco de desenvolver complicações clínicas e obstétricas, como crises dolorosas, complicações pulmonares, infecções, eventos tromboembólicos, préeclâmpsia, e morte materna. E seus recém-nascidos correm maior risco de desenvovler complicações neonatais: restrição de crescimento fetal, prematuridade e óbito fetal/ neonatal. Complicações graves podem ocorrer em qualquer genótipo da doença. Concluiu-se que DF é uma condição de alto risco que aumenta a morbimortalidade materna e perinatal. Um seguimento com abordagem multidisciplinar na gestação e puerpério é fundamental para o diagnóstico e o tratamento das complicações.
Resumo
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Determinar o perfil dos óbitos maternos ocorridos no período de 2000 a 2019 no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) e comparar com os óbitos maternos entre 1980 e 1999 na mesma instituição.
Estudo retrospectivo que analisou 2.400 prontuários de mulheres entre 10 e 49 anos que morreram entre 2000 e 2019. O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética (CAAE 78021417600005327).
Após revisão de 2.481 prontuários de mulheres que morreram em idade reprodutiva, 43 mortes ocorreram durante a gravidez ou no período pós-parto. Destas, 28 foram considerados óbitos maternos. A taxa de mortalidade materna foi de 37.6 por 100.000 nascidos vivos. Em relação às causas, 16 óbitos (57.1%) estiveram diretamente associados à gravidez, 10 (35.1%) estiveram indiretamente associados e 2 (7.1%) não estiveram relacionados. A principal causa de morte foi hipertensão na gravidez (31.2%) seguida de esteatose hepática aguda da gravidez (25%). No estudo anterior, publicado em 2003 na mesma instituição4, a taxa de mortalidade foi de 129 por 100.000 nascidos vivos, e a maioria dos óbitos estava relacionada a causas obstétricas diretas (62%). As principais causas de óbito neste período foram por complicações hipertensivas (17.2%), seguidas de infecção pós-cesárea (16%).
Em comparação com os dados anteriores à década de 2000, houve uma redução importante das mortes maternas por causas infecciosas.
Resumo
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Descrever a experiência clínica com a técnica de B-Lynch no manejo da hemorragia pós-parto e os fatores relacionados à indicação da técnica bem como apresentar as taxas de sucesso da aplicação da técnica de B-lynch.
Estudo observacional, retrospectivo, de corte transversal e analítico. Os dados foram obtidos por estudo de prontuário. A população do estudo foi constituída de pacientes submetidas à sutura hemostática com a técnica de B-Lynch, sendo incluídas 104 pacientes dentro do período de 01 de janeiro de 2005 a 31 de dezembro de 2019.
Do total de 104 pacientes, 82,7% não apresentaram qualquer complicação. A transfusão de sangue e a internação na UTI foram as complicações mais prevalentes, com 13,5% e 15,4%, respectivamente. Apenas 1% teve infecção puerperal e do sítio cirúrgico. Os fatores mais relacionados com a aplicação da técnica foram a presença de cesárea anterior (30,8%), uso de ocitocina (16,3%) e pré-eclâmpsia (11,6%). A histerectomia puerperal foi realizada em 4,8% das pacientes por falha do método.
A experiência clínica com a técnica de B-Lynch foi satisfatória, pois apresentou poucas complicações, com excelentes resultados no controle hemorrágico. A cesárea anterior, o uso de ocitocina e a pré-eclâmpsia se destacaram como fatores relacionados à indicação da aplicação da técnica. A taxa de sucesso avaliada foi de 95,2%.
Resumo
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Considerandoa crescente frequência demortesmaternas notificadas de 2001 a 2005 entre mulheres indígenas e mestiças da área rural equatoriana de Otavalo, onde o povo Kichwa vive há séculos, o objetivo deste artigo é descrever como os esforços da comunidade local de saúde e dos trabalhadores hospitalares, juntamente com um ambiente político propício, facilitaram a implementação do parto intercultural, que é uma estratégia que respeita a visão de mundo do parto andino.
Foram avaliadas as características da mortalidade materna e do parto (4.213 partos) por um período de 3 anos (2014-16)
Embora o parto no estilo ocidental (posição deitada) tenha sido adotado por 80,6% das gestantes, 19,4% das mestiças e indígenas adotaram o parto intercultural (posições de agachamento e ajoelhamento). Os partos interculturais (42,2%) e ocidentais (57,8%) foram adotados de maneira semelhante pelas mulheres Kichwa, enquanto o parto ocidental predominou entre as mestiças (94,0%). Após a implementação da estratégia intercultural em 2008, foi observada uma redução drástica de mortes maternas nas regiões rurais e urbanas de Otavalo.
Esse cenário revela que a mistura de culturas e o respeito às tradições do parto diminuíram a mortalidade materna neste programa premiado pela Organização Mundial de Saúde.
Resumo
. ;:113-118
Identificar os fatores de risco para hemorragia pós-parto e hemorragia pósparto grave com o sangramento pós-parto avaliado objetivamente.
Trata-se de uma análise complementar de umestudo de coorte prospectivo que incluiu somente mulheres que evoluíram para parto vaginal. O total de perda sanguínea foi avaliado objetivamente durante 24 horas pós-parto através da soma da quantidade de sangue mensurada através de um coletor de sangue pós-parto somado ao peso de compressas, gases e absorventes utilizados no período pós-parto. Análises exploratórias dos dados foram realizadas através do cálculo de médias, desvio-padrão (DP), frequência, porcentagem e percentis. Os fatores de risco foram avaliados através de regressão linear e logística.
Foram incluídas 270 mulheres. A média de perda sanguínea pós-parto após 120 minutos foi de 427.49 mL (±335.57 mL). Trinta e umpor cento (84 mulheres) sangraram> 500mL e 8,2% (22 mulheres) sangraram > 1.000mL em 2 horas. Episiotomia, segundo período do parto prolongado e uso de fórceps estiveram associados a perda sanguínea > 500mL em 2 horas. Na análise multivariada, somente fórceps manteve-se entre os fatores de risco para sangramentos superiores a 500mL em 2 horas (odds ratio [OR] = 9.5 [2.85-31.53]). Anemia prévia e episiotomia estiveram associadas com perda sanguínea > 1.000 mL.
Segundo período do parto prolongado, fórceps e episiotomia estão associados a aumento da incidência de hemorragia pós-parto e devem ser usados como um alerta para os profissionais de saúde para o reconhecimento precoce e tratamento imediato da patologia.