Resumo
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Análogos de hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH-a) têm sido usados no pré-operatório de miomectomia histeroscópica para reduzir o tamanho e vascularização dos miomas, mas a evidência que suporta essa prática é fraca. Nosso objetivo foi analisar o uso de GnRH-a na redução do mioma submucoso como um facilitador de histeroscopia cirúrgica em ensaios clínicos publicados.
Estudos de bases de dados eletrônicas (Pubmed, Scielo, EMBASE, Scopus, PROSPERO), publicados entre 1980 e dezembro de 2018. As palavras-chave usadas foram fibroid, GnRH analogue, submucous, histeroscopy, histeroscopic resection e seus correspondentes em português.
Os critérios de inclusão foram ensaios clínicos controlados que avaliaram o tratamento com GnRH-a antes da ressecção histeroscópica de miomas submucosos. Quatro ensaios clínicos foram incluídos na meta-análise
Dois autores revisores extraíram os dados, sem modificarem os dados originais, usando a forma acordada. Nós resolvemos as discrepâncias através de discussão ou, se necessário, consultando um terceiro autor.
A meta-análise incluiu um total de 213 mulheres e não demonstrou diferença estatisticamente significativa no uso de GnRH-a comparado com o grupo controle para ressecção completa de mioma submucoso (risco relativo [RR]: 0.94. índice de confiança [IC] 95%;: 0.80-1.11); tempo cirúrgico (diferença de média [MD]: - 3.81; IC95%;: -3.81-2.13); absorção de fluidos (MD: - 65.90; IC95%;: - 9.75-2.13); ou complicações (RR 0.92; IC95%;: 0.18-4.82).
A presente revisão sistemática não suporta o uso pré-operatório rotineiro de GnRH-a antes de miomectomia histeroscópica. No entanto, não é possível determinar sua inferioridade quando comparado aos outros métodos devido à heterogeneidade dos estudos existentes e ao pequeno tamanho da amostra.
Resumo
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Avaliar os fatores associados a miomectomia por histeroscopia completa em um único procedimento e as suas complicações.
Estudo de corte transversal com mulheres submetidas a histeroscopia para exérese de miomas submucosos. As variáveis dependentes foram a miomectomia completa realizada em um tempo cirúrgico único, e a presença de complicações precoces relacionadas ao procedimento.
Analisamos 338 mulheres que foram submetidas a miomectomia histeroscópica. Em 89,05% dos casos, o mioma a ser tratado era único. Quanto à classificação da Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (Fédération Internationale de Gynécologie et d’Obstétrique, FIGO, em francês), a maioria era de grau 0 (66,96%), seguidos pelos graus 1 (20,54%) e 2 (12,50%). As miomectomias foram completas em 63,31% das mulheres, sendo que os fatores independentemente associados à miomectomia completa foram o diâmetro do maior mioma (razão de prevalência [RP]: 0,97; intervalo de confiança de 95% [IC95%]: 0,96-0,98) e a classificação FIGO grau 0 (RP: 2,04; IC95%: 1,18-3,52). Foram observadas complicações precoces em 13,01% dos procedimentos (4,44% apresentaram sangramento excessivo durante o procedimento, 4,14%, perfuração uterina, 2,66%, falso pertuito, 1,78%, intoxicação hídrica, 0,59%, laparotomia exploradora, e 0,3%, infecção pósoperatória). O único fator independentemente associado à ocorrência de complicações precoces foi a realização de miomectomia incompleta (RP: 2,77; IC95%: 1,43-5,38).
Nossos resultados mostram que as complicações da miomectomia por histeroscopia podem ocorrer em até 13% dos procedimentos. A chance de ressecção completa é maior em miomas pequenos e completamente intracavitários; mulheres com miomas maiores e com maior grau de penetração miometrial têm maiores chances de desenvolver complicações.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2010;32(4):198-201
DOI 10.1590/S0100-72032010000400008
Os leiomiomas uterinos caracterizam-se por doença benigna e são evidenciados em 2 a 3% de todas as gestações normais. Destes, cerca de 10% podem apresentar complicações durante a gravidez. Apresentamos um caso de paciente gestante que procurou o pronto-socorro obstétrico na 17ª semana, queixando-se de fortes dores, apresentava palpação abdominal dolorosa e descompressão brusca positiva. À ultrassonografia, apresentava nódulo de mioma medindo 9,1 x 7,7 cm, foi internada, medicada e devido à piora do quadro, submetida a laparotomia exploradora e miomectomia. O seguimento pré-natal se deu sem mais anormalidades, com resolução da gestação na 39ª semana. O recém-nascido pesou 3.315 g com Apgar 9 e 10. Deve-se sempre tentar o tratamento clínico nesses casos, e intervenções cirúrgicas devem ser consideradas para casos selecionados, principalmente na impossibilidade de tratamentos conservadores ou quando o quadro clínico da paciente exige intervenção imediata. Neste caso, a miomectomia mostrou-se eficaz para complicações obstétricas materno-fetais.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(6):324-328
DOI 10.1590/S0100-72032007000600008
Leiomiomas são tumores benignos. Eles surgem no miométrio e contêm quantidade variável de tecido conjuntivo fibroso. Cerca de 75% dos casos são assintomáticos, encontrados ocasionalmente durante exame abdominal, pélvico bimanual ou ultra-sonografia. Os sintomas são relacionados diretamente ao tamanho, ao número e à localização dos miomas. Nessa revisão, são apresentadas as abordagens terapêuticas atuais clínicas (anticoncepcionais orais, progestágenos e antiprogestágenos, análogos do hormônio liberador das gonadotrofinas (GnRH), e antiinflamatórios não esteróides) e cirúrgicas (histerectomia, miomectomia e embolização) para o tratamento de leiomiomas.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 1999;21(3):167-169
DOI 10.1590/S0100-72031999000300008
A torção uterina é uma patologia bastante rara, de diagnóstico difícil e está geralmente associada ao aumento do volume uterino em combinação com outras alterações dos órgão pélvicos. Este trabalho relata o caso de uma mulher idosa, desnutrida, com quadro de abdome agudo e diagnóstico intra-operatório de miomatose e torção de 360º para a direita do útero que apresentava sinais de grave isquemia.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(10):590-595
DOI 10.1590/S0100-72032006001000004
OBJETIVO: Comparar a expressão gênica (mRNA) e protéica dos protooncogenes c-fos, c-myc e c-jun em miométrio normal e mioma humanos. MÉTODOS: Foi realizado um estudo do tipo caso-controle. O material foi coletado de 12 pacientes submetidas a histerectomia no Hospital de Clínicas de Porto Alegre. A expressão do mRNA específico para c-myc, c-fos, c-jun e beta-microglobulina foi avaliada pela técnica de RT-PCR, utilizando primers específicos para cada gene. A expressão protéica destes protooncogenes foi avaliada através de Western blot com anticorpos específicos. RESULTADOS: Não houve diferença significativa para expressão gênica desses protooncogenes entre miométrio normal e mioma (c-myc: 0,87 ± 0,08 vs 0,87 ± 0,08, p = 0,952; c-fos: 1,10 ± 0,17 vs 1,01 ± 0,11, p = 0,21; c-jun: 1,03 ± 0,12 vs 0,96 ± 0,09, p = 0,168, respectivamente). Não houve diferença significativa para expressão protéica desses protooncogenes entre miométrio normal e mioma (c-myc: 1,36 ± 0,48 vs 1,53 ± 0,29, p = 0,569; c-fos: 8,85 ± 5,5 vs 6,56 ± 4,22, p = 0,434; e c-jun: 6,47 ± 3,04 vs 5,42 ± 2,03, p = 0,266, respectivamente). CONCLUSÃO: A expressão gênica (transcrição) e a expressão protéica (tradução) dos protooncogenes c-myc, c-fos e c-jun em mioma e miométrio normal são semelhantes.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(10):596-600
DOI 10.1590/S0100-72032006001000005
OBJETIVO: Analisar a evolução da gestação e partos após tratamento de leiomioma uterino por embolização das artérias uterinas. MÉTODOS: Foram incluídas na avaliação inicial 112 pacientes submetidas a embolização de artérias uterinas para tratamento de mioma uterino. Destas, somente nove desejavam o tratamento conservador para manter a capacidade reprodutiva. Este procedimento foi indicado para estas nove pacientes, pois elas não eram susceptíveis ao tratamento conservador cirúrgico. Submeteram-se a embolização das artérias uterinas com partículas de álcool polivinílico ou embosferas com diâmetro de 500 a 700 µm e evoluíram sem intercorrências. RESULTADOS: Durante o acompanhamento dessas nove pacientes houve boa resposta clínica, com redução significativa no volume do útero e dos miomas. Dessas nove, quatro engravidaram, sendo que duas tiveram abortamento precoce e duas evoluíram normalmente até o final da gestação com parto a termo, sendo um deles gemelar. CONCLUSÃO: A embolização de artérias uterinas é uma opção para o tratamento de miomas uterinos e apresenta bons resultados clínicos e anatômicos, permitindo manter a capacidade reprodutiva.
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Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(4):305-309
DOI 10.1590/S0100-72032004000400007
OBJETIVO: desenvolver uma nova classificação pré-operatória dos miomas submucosos para avaliação da viabilidade e do grau de dificuldade da miomectomia histeroscópica. MÉTODOS: conduzimos um estudo onde quarenta e quatro pacientes foram submetidas a ressecção histeroscópica de 51 miomas submucosos. Foram considerados a possibilidade da ressecção total do mioma, o tempo cirúrgico, o balanço hídrico e a incidência de complicações. Os miomas foram classificados pela classificação da sociedade Européia de Cirurgia Endoscópica (CSECE) e pela Classificação Proposta (CP) pelo nosso grupo, que, além do grau de penetração do mioma no miométrio, adiciona como parâmetros a extensão da base do mioma em relação à parede do útero, o tamanho do nódulo em centímetros e a topografia na cavidade uterina. Para análise estatística foram usados o teste de Fisher, o teste t de Student e a análise de variância. Foi considerado estatisticamente significativo quando o valor de p-valor foi menor que 0,05 no teste bicaudal. RESULTADOS: em 47 miomas a cirurgia histeroscópica foi considerada completa. Não houve diferença significativa entre os três níveis (0, 1 e 2) da CSECE. Pela CP, a diferença quanto ao número de cirurgias completas foi significativa (p=0,001) entre os dois níveis (grupos I e II). A diferença da duração da cirurgia quando se compara as duas classificações foi significativa. Em relação ao balanço hídrico, apenas a CP mostrou diferenças entre os níveis (p=0,02). CONCLUSÕES: a CP inclui mais dados sinalizadores das dificuldades da miomectomia histeroscópica do que a CSECE, atualmente em uso. Deve ser enfatizado que o número de miomectomias histeroscópicas usado para essa análise foi modesto, sendo interessante a avaliação do desempenho dessa classificação em séries maiores de casos.