Resumo
. ;:503-510
A disponibilidade de marcadores confiáveis e baratos que podem ser usados para determinar o risco de ruptura durante o tratamento com metotrexato (MTX) em gestações ectópicas (GEs) é considerável. O objetivo do presente estudo é investigar o papel de marcadores inflamatórios sistêmicos, como leucócitos (ou glóbulos brancos, glóbulos brancos), a relação neutrófilo-linfócito (NLR) e largura de distribuição de plaquetas (PDW), que estão entre os parâmetros do hemograma completo (hemograma), na predição de ruptura de PEs sob tratamento com MTX.
Foram analisados retrospectivamente 161 pacientes com EP tubária submetidas a protocolo de dose única de metotrexato (MTX), sendo que o grupo controle (n = 83) incluiu pacientes curadas com MTX, enquanto o grupo roto (n = 78) incluíram pacientes operadas por ruptura tubária durante o tratamento com MTX. As características de EP, beta-gonadotrofina coriônica humana (β-hCG), achados ultrassonográficos e marcadores derivados de CBC, como WBC, NLR e PDW, foram investigados comparando os dois grupos.
A RNL foi maior no grupo roto, de 2,92 ± 0,86%, e significativamente menor no grupo controle, de 2,09 ± 0,6%. Da mesma forma, o PDW foi maior (51 ± 9%) no grupo roto, e foi significativamente menor a (47 ± 13%) no grupo controle (p < 0,05). Outros parâmetros do hemograma foram semelhantes em ambos os grupos (p > 0,05).
Marcadores inflamatórios sistêmicos derivados do hemograma podem ser facilmente aplicados para predizer o risco de ruptura tubária na Eps, uma vez que o hemograma é um exame de baixo custo e fácil aplicação, solicitado primeiramente a cada paciente durante a internação.
Resumo
. ;:1014-1020
A gravidez ectópica cervical é um desafio para a comunidade médica, pois pode ser fatal. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, mas não existem protocolos que estabeleçam a melhor opção para cada caso. O objetivo deste estudo foi descrever os casos de gravidez ectópica cervical internados em um hospital universitário terciário durante 18 anos.
Estudo retrospectivo com revisão de prontuários de todas as gestações ectópicas cervicais internadas no Hospital da Mulher da Universidade Estadual de Campinas de 2000 a 2018.
Foram identificados treze casos de gestação ectópica cervical em um total de 673 gestações ectópicas; apenas 1 caso foi inicialmente tratado com cirurgia por causa de instabilidade hemodinâmica. Dos 12 casos tratados conservadoramente, 7 foram tratados com metotrexato por via intramuscular em dose única, 1, com metotrexato pelas vias intravenosa e intramuscular, 1, com metotrexato por via intravenosa, 1, com 2 doses de metotrexato por via intramuscular, e 2, com metotrexato por via intra-amniótica. Desses casos, um apresentou falha terapêutica, e realizou-se uma histerectomia. Duas mulheres receberam transfusões de sangue. Quatro mulheres necessitaram de tamponamento cervical com cateter balão de Foley para hemostasia. Não houve casos fatais.
A gravidez cervical é uma condição rara e desafiadora desde o diagnóstico até o tratamento. O tratamento conservador foi o principal método terapêutico utilizado, com resultados satisfatórios. Nos casos de sangramento aumentado, a curetagem cervical foi o tratamento inicial, e foi associada ao uso de balão cervical para hemostasia.
Resumo
. ;:233-237
DOI 10.1590/S0100-72032013000500008
A implantação da gravidez na cicatriz de cesárea é considerada uma forma rara de gestação ectópica com uma alta taxa de morbidade e mortalidade. Este tipo de gestação ectópica pode causar complicações graves, em função dos riscos de ruptura e hemorragia volumosa, que pode resultar em histerectomia e comprometimento do futuro reprodutivo da mulher. Reportamos um caso de uma gestação ectópica em cicatriz de cesárea em uma mulher de 28 anos que foi tratada com sucesso com a combinação de três métodos: metotrexate, embolização da artéria uterina e curetagem guiada por ultrassom. Dessa forma foi preservada sua fertilidade.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2008;30(3):149-159
DOI 10.1590/S0100-72032008000300008
O diagnóstico não invasivo da gravidez ectópica deve ser realizado precocemente, antes de ocorrer a ruptura tubária, combinando a ultra-sonografia transvaginal com a dosagem da fração beta do hormônio gonadotrófico coriônico. Diversas opções de tratamento podem ser utilizadas. Devemos respeitar as indicações tanto das intervenções cirúrgicas como do tratamento clínico. A laparotomia está indicada nos casos de instabilidade hemodinâmica. A laparoscopia é a via preferencial para o tratamento da gravidez tubária. A salpingectomia deve ser realizada nas pacientes com prole constituída. A salpingostomia é indicada nas pacientes com desejo reprodutivo, quando os títulos da b-hCG forem inferiores a 5000 mUI/mL e as condições cirúrgicas forem favoráveis. O tratamento com metotrexato (MTX) é uma conduta consagrada, podendo ser indicado como primeira opção de tratamento. Os principais critérios para indicação do MTX são estabilidade hemodinâmica, b-hCG <5.000 mUI/mL, massa anexial <3,5 cm e ausência de embrião vivo. A dose única 50 mg/m² intramuscular é a preferencial por ser mais fácil, mais prática e com menores efeitos colaterais. O protocolo com múltiplas doses deve ficar restrito para os casos de localização atípica (intersticial, cervical, cicatriz de cesárea e ovariana) com valores de b-hCG >5.000 mUI/mL e ausência de embrião vivo. A indicação do tratamento local com injeção de MTX (1 mg/kg) guiada por ultra-sonografia transvaginal é na presença de embrião vivo nos casos de localização atípica. A conduta expectante deve ser indicada nos casos de declínio dos títulos da b-hCG em 48 horas antes do tratamento e quando os títulos iniciais são inferiores a 1.500 mUI/mL. Em relação ao futuro reprodutivo, existem controvérsias entre a salpingectomia e a salpingostomia. Até obtermos um consenso na literatura, orientamos às pacientes desejosas de uma futura gestação a optar pelas condutas conservadoras, tanto cirúrgicas como clínicas.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 1998;20(3):127-135
DOI 10.1590/S0100-72031998000300002
Foi realizado estudo longitudinal em 42 pacientes com diagnóstico de gravidez ectópica íntegra, com o intuito de se elaborar um índice orientador do uso sistêmico de metotrexato em dose única (50 mg/m²) por via intramuscular. O acompanhamento se fez através de dosagens de beta-hCG (fração beta do hormônio gonadotrópico coriônico) realizadas no 1º, 4º e 7º dias após o emprego do quimioterápico. Quando ocorreu queda de 15% ou mais nos títulos de beta-hCG, apurados no 4º e no 7º dia, as pacientes receberam alta hospitalar e seguimento ambulatorial com dosagens semanais de beta-hCG até que se atingissem níveis inferiores a 5 mUI/ml. Foi elaborado um índice orientador do tratamento sistêmico com metotrexato baseado nos seguintes parâmetros: (1) valores iniciais de beta-hCG; (2) aspecto da imagem à ultra-sonografia (hematossalpinge, anel tubário, embrião vivo); (3) maior diâmetro da massa anexial; (4) quantidade de líquido livre; (5) fluxo vascular medido por meio do doppler colorido. Cada parâmetro recebeu pontuação de 0 a 2. A nota zero significa elemento de mau prognóstico, a nota dois indica parâmetros favoráveis e a nota um, situações intermediárias. O índice de sucesso com dose única foi de 69,0% (29/42 pacientes). A ultra-sonografia transvaginal com doppler colorido foi realizada em 20 das 42 pacientes do estudo. Neste grupo de 20 pacientes o sucesso do tratamento ocorreu em 75,0% dos casos (15/20). Entre as 22 pacientes que não foram avaliadas com doppler colorido a média das notas do índice nos casos de sucesso foi de 6,6, nas de insucesso 3,1. No grupo de pacientes avaliadas por doppler (20 pacientes) as médias foram de 7,9 (sucesso) e 4,2 (fracasso). No presente estudo a nota de corte foi estabelecida levando-se em conta o valor abaixo do qual o tratamento não foi efetivo e correspondeu a cinco, pois 93,75% das pacientes com nota superior a 5 evoluíram com sucesso (15/16), ao passo que notas inferiores ou iguais a cinco estiveram todas relacionadas com o fracasso do tratamento. O índice orientador ajuda-nos a indicar os melhores casos para o tratamento medicamentoso. Não o aconselhamos, portanto, quando a nota for inferior ou igual a cinco; por outro lado, podemos predizer boa evolução do tratamento, quando a nota for superior a cinco.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2006;28(10):607-611
DOI 10.1590/S0100-72032006001000007
Gestação cervical é uma condição rara, em que ocorre implantação do ovo no canal cervical distendendo-o à medida que cresce. Corresponde a menos de 1% de todas as gestações ectópicas. A hemorragia indolor é sua característica clínica habitual e ao exame físico visualiza-se um colo hipertrófico e vascularizado, com tecido saindo pelo orifício externo do colo. Ultra-sonografia pode ser usada para complementar o diagnóstico, mostrando a presença do saco gestacional. Relatamos um caso de tratamento bem sucedido de gestação cervical viável de sete semanas. Morte fetal foi conseguida com uma injeção intra-amniótica única de metotrexato (25 mg) guiada por ultra-sonografia transvaginal. Metotrexato sistêmico em dose única intramuscular (50 mg/m²) foi associado. O tratamento conservador da gestação cervical com metotrexato foi efetivo e seguro.