Resumo
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A mastectomia poupadora do complexo areolo-mamilar (MPM) tem sido tradicionalmente utilizada em casos selecionados com distância tumor-mamilo > 2 cm e biópsia de congelação da base do mamilo negativa. Recomendar MPM em populações não selecionadas continua controverso. Este estudo avaliou os resultados oncológicos de pacientes submetidas à MPM em uma população não selecionada atendida em um único centro.
Coorte retrospectivo incluindo pacientes não selecionadas com carcinoma invasivo ou carcinoma ductal in situ (CDIS) submetidas à MPM entre 2010 e 2020. Os desfechos incluíram: recorrência locorregional, sobrevida livre de doença (SLD) e sobrevida global (SG), independentemente do tamanho do tumor ou da distância tumor-mamilo.
Setenta e seis pacientes (média: 46,1 anos de idade) (58 carcinomas invasivos/18 CDIS) foram incluídas. A maioria dos carcinomas invasivos era hormônio-positivo (60%) (superexpressão de HER2: 24%; triplo-negativo: 16%), enquanto 39% dos CDIS eram de alto grau histológico. Os carcinomas invasivos foram T2 em 66% dos casos, com metástases axilares em 38%. As margens cirúrgicas foram todas negativas. Todas as pacientes com carcinoma invasivo receberam tratamento sistêmico e 38% receberam radioterapia. Após um período médio de 34,8 meses, 3 pacientes com carcinoma invasivo (5,1%) e 1 com CDIS (5,5%) apresentaram recidiva local. Durante o acompanhamento, duas pacientes tiveram metástase à distância e vieram a óbito. As taxas de SG e SLD aos 5 anos para carcinoma invasivo foram de 98% e 83%, respectivamente.
Em casos não selecionados, os resultados oncológicos de 5 anos após MPM foram considerados aceitáveis e comparáveis a resultados anteriores. Estudos adicionais são necessários.
Resumo
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Este artigo discute o tratamento local do câncer de mama a partir de uma perspectiva histórica. Uma busca de artigos publicados em inglês foi realizada nas bases de dados Medline e EMBASE, sendo selecionados 40 artigos. Nos últimos 10 anos, vários ensaios clínicos controlados e randomizados sobre o tratamento local do câncer de mama indicaram que pacientes com o mesmo subtipo molecular podem receber diferentes tratamentos cirúrgicos individualizados como objetivo de otimizar a terapia adjuvante sistêmica. Pretendendo reter os ganhos obtidos na sobrevida livre de doença e na sobrevida global, as técnicas cirúrgicas avançaram progressivamente da cirurgia radical para mastectomias conservadoras, reduzindo sequelas, enquanto as terapias adjuvantes e neoadjuvantes contribuíram para o controle da doença, tanto em relação às metástases distantes quanto à recorrência local. Estudos atuais avaliam se a terapia futura contra o câncer de mama poderá até mesmo eliminar a cirurgia da mama e da axila por completo.
Resumo
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Avaliar se há correlação entre a funcionalidade e a qualidade de vida em pacientes com sobrevida de cinco anos submetidas ao tratamento cirúrgico para câncer de mama e, secundariamente, avaliar a função do membro superior homolateral à cirurgia, e a qualidade de vida em função do tipo de cirurgia mamária e da presença de dor.
Foram utilizados os questionários DASH e FACTB + 4 para avaliar a função do membro superior e a qualidade de vida respectivamente. Os dados foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. O coeficiente de correlação de Pearson foi utilizado para as variáveis com distribuição paramétrica e, para as variáveis com distribuição não paramétrica, o coeficiente de correlação de Spearman. Adotou-se o nível de significância de 5% (p < 0,05).
Foram incluídas 30 pacientes, com média de idade de 51,23 (±8,72) anos. As complicações mais incidentes foram: dor (50%), aderência cicatricial (33,3%), e lesão nervosa (20,0%). Foi observada correlação negativa de magnitude moderada entre os instrumentos DASH e FACTB + 4 (pontuação total), r = -0,634, e de magnitude forte entre o DASH e a subescala braço do FACTB + 4, r = -0,829. As pontuações dos questionários apresentaram diferença significativa em função da presença de dor. Entretanto, não foi observada diferença significativa quando comparadas as pontuações com relação ao tipo de cirurgia.
Após cinco anos de cirurgia, as pacientes apresentaram grau regular de funcionalidade do membro homolateral à cirurgia e diminuição na qualidade de vida relacionada à saúde, principalmente no grupo que relatava presença de dor.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2010;32(12):602-608
DOI 10.1590/S0100-72032010001200007
OBJETIVO: avaliar prospectivamente os efeitos da reconstrução mamária imediata sobre a qualidade de vida de mulheres mastectomizadas. MÉTODOS: foram incluídas 76 mulheres submetidas à mastectomia no Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Universidade Estadual de Campinas, em Campinas, São Paulo, Brasil, entre Agosto de 2007 a Dezembro de 2008. Dois grupos foram formados, 41 mulheres no grupo de mulheres submetidas à mastectomia associada à reconstrução imediata da mama (M+RI) e 35 no grupo de mulheres submetidas à mastectomia exclusiva (M). A avaliação da qualidade de vida foi feita com o uso do questionário World Health Organization - Quality of Life (WHOQOL-100). O questionário foi aplicado em três momentos: na data da internação, após um mês e novamente seis meses após a cirurgia. Os escores do WHOQOL-100 foram calculados conforme roteiro de análise fornecido pela Organização Mundial de Saúde. Para análise comparativa dos escores entre grupos, foram utilizados os testes t de Student, exato de Fisher, χ2 e Mann-Whitney, quando os dados eram paramétricos. Para análise das medidas repetidas, ao longo do tempo, foi utilizada a ANOVA e ANOVA para medidas repetidas. RESULTADOS: em todos os momentos, desde o pré-operatório, a pontuação média do Grupo M+RI foi maior que o Grupo M, principalmente nos domínios físico, psicológico, nível de independência e relações sociais. Dos seis domínios abrangidos no questionário, em três (físico, relações sociais, meio ambiente) não foram encontradas diferenças significativas. Houve melhor pontuação para o Grupo M+RI (15,5 a 14,9 no M+RI e 14,3 a 14,2 no M; p=0,04) no domínio psicológico. Observou-se redução significativa do nível de independência no primeiro mês pós-operatório em ambos os grupos, com recuperação significativa após seis meses. CONCLUSÕES: os presentes resultados sugerem que a reconstrução mamária imediata é benéfica para aspectos psicológicos da qualidade de vida, sem afetar a funcionalidade física da mulher.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2007;29(9):446-451
DOI 10.1590/S0100-72032007000900002
OBJETIVO: avaliar as características clínicas e epidemiológicas de pacientes com o diagnóstico de síndrome da mama fantasma (SdMF) ou com fenômenos fantasmas isoladamente. MÉTODOS: realizou-se um estudo observacional descritivo do tipo transversal, envolvendo 98 pacientes tratadas por câncer de mama no Hospital São Marcos, em Teresina (PI), empregando um questionário padronizado. RESULTADOS: observou-se SdMF em 11,2% das pacientes e sensação fantasma isolada em 30% das pacientes. A média de idade foi 54 anos. Cinqüenta e nove pacientes eram casadas (60%) e 79,6% eram analfabetas ou não haviam concluído o ensino médio. Alterações emocionais estavam presentes em 67,4%, embora em 66,7% a libido não tenha mudado após o procedimento cirúrgico. Como fator de melhora da dor fantasma, o repouso foi citado por 90,9% das pacientes, enquanto esforços físicos foram mencionados como fator de exacerbação dos sintomas em 63,6% dos casos. A média da nota atribuída à dor em escala de 0 a 10 foi 3, variando de 1 a 7. Apenas 3% das pacientes sabiam da existência desta síndrome antes da realização das entrevistas. CONCLUSÕES: fenômenos fantasmas são freqüentes em pacientes mastectomizadas, havendo necessidade de mais estudos para que se conheçam melhor suas características e o impacto sobre a qualidade de vida dessas mulheres.