Resumo
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Apresentar a atualização das recomendações do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Sociedade Brasileira de Mastologia e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia para o rastreamento do câncer de mama no Brasil.
Foram pesquisadas evidências científicas publicadas nas bases de dados Medline EMBASE Biblioteca Cochrane EBSCO CINAHL e Lilacs entre janeiro de 2012 e julho de 2022. As recomendações foram baseadas nessas evidências por consenso do comitê de especialistas das três entidades.
A mamografia anual é recomendada para mulheres com risco habitual entre 40 e 74 anos. Acima de 75 anos deve ser reservado para aqueles com expectativa de vida superior a sete anos. Mulheres com risco maior do que o normal incluindo aquelas com mamas densas com história pessoal de hiperplasia lobular atípica carcinoma lobular in situ clássico hiperplasia ductal atípica tratamento para câncer de mama ou irradiação de tórax antes dos 30 anos ou ainda portadoras de doença genética mutação ou com forte histórico familiar beneficiam-se de triagem complementar e devem ser considerados individualmente. A tomossíntese é uma forma de mamografia e deve ser considerada na triagem sempre que acessível e disponível.
Resumo
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Este estudo teve como objetivo avaliar o perfil diagnóstico dos casos de câncer de mama na pandemia de coronavirus disease 2019 (COVID-19) em comparação com o ano anterior.
Este é um estudo retrospectivo de casos diagnosticados em um serviço de referência da rede pública de saúde de Campinas, SP, Brasil. Foram analisados dois períodos: de março a outubro de 2019 (período pré-COVID) e de março a outubro de 2020 (período COVID). Todas as mulheres diagnosticadas durante os períodos foram incluídas. Foram utilizados os testes do qui-quadrado ou exato de Fisher e Mann-Whitney.
Nos períodos pré-COVID e COVID, o câncer de mama foi diagnosticado, respectivamente, em 115 e 59 mulheres, e a média de idade no diagnóstico foi de 55 e 57 anos (p = 0,339). No período COVID, foram mais frequentes a história familiar de câncer de mama (9,6% vs 29,8%, p < 0,001), casos sintomáticos (50,4% vs 79,7%, p < 0,001) e com massas palpáveis (56,5% vs 79,7%, p = 0,003). Nas mulheres sintomáticas, a média de dias desde os sintomas até a mamografia foi de 233,6 (458,3) no pré-COVID e 152,1 (151,5) no COVID (p = 0,871). Entre os tumores invasivos no período COVID, a proporção de cânceres nos estágios I e II foi ligeiramente maior, porém não significativa (76,7% vs 82,4%, p = 0,428). Ainda no período COVID, a frequência de tumores tipo luminal A-like foi menor (29,2% vs 11,8%, p = 0,018), de tumores triplo-negativos foi duas vezes maior (10,1% vs 21,6%, p = 0,062), e de tumores positivos para receptor de estrogênio foi inferior (82,2% vs 66,0%, p = 0,030).
Durante a pandemia de COVID-19, houve uma redução no diagnóstico de câncer de mama. Os casos detectados eram sugestivos de pior prognóstico: mulheres sintomáticas com massas palpáveis e subtipos mais agressivos. Os tumores indolentes foram os mais sensíveis à interrupção do rastreamento.
Resumo
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Existem doenças benignas raras que podem mimetizar neoplasias malignas de mama no exame clínico e na mamografia. Avaliamos o valor de um procedimento acessível para a maioria dos clínicos, a citologia por aspiração com agulha fina, para identificar um imitador raro de neoplasias malignas de mama. Uma mulher de 85 anos com diabetes tipo 2 apresentou histórico de 6 meses de um nódulo no seio esquerdo. O exame físico e a mamografia foram compatíveis com câncer de mama. No entanto, após realizar uma citologia por aspiração com agulha fina, o diagnóstico foi mastite celular plasmática. Uma vez que este diagnóstico raro foi estabelecido, o tumor foi extraído e o diagnóstico histológico final corroborou a mastite crônica das células plasmáticas. A paciente teve uma boa evolução pós-operatória, e nenhum outro tratamento foi necessário. A citologia por aspiração com agulha fina pode ser uma ferramenta valiosa para identificar os raros mimetizadores de neoplasias malignas da mama.
Resumo
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avaliar a concordância entre o estadiamento clínico e patológico do câncer de mama em função das características clínicas e moleculares das pacientes.
estudo de corte transversal, sendo coletados dados clínicos, epidemiológicos e anátomo-patológicos de 226 pacientes operadas no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher - CAISM/ Unicamp), de janeiro de 2008 a setembro de 2010. As pacientes foram estadiadas clínica e patologicamente e classificadas como: subestadiadas, quando o estadiamento clínico foi menor do que o patológico; corretamente estadiadas, quando o estadiamento clínico foi equivalente ao patológico; e superestadiadas, quando o estadiamento clínico foi maior do que o patológico.
as pacientes subestadiadas eram mais jovens (52,2 anos; p < 0,01) e sintomáticas ao diagnóstico (p = 0,04) do que as pacientes corretamente estadiadas ou superestadiadas. O subtipo clinico-patológico, o status menopausal, a paridade, a terapia de reposição hormonal e a histologia não foram associados com a diferença no estadiamento. Detectamos que as mulheres com menos de 57 anos de idade foram clinicamente subestadiadas principalmente devido à subestimação do T (p < 0 ,001), assim como as mulheres na pré-menopausa (p < 0,01). Por outro lado, as pacientes cujo diagnóstico foi realizado por queixa clínica, e não rastreamento, foram clinicamente subestadiadas devido à subestimação do N (p < 0,001).
o estudo nos mostra que o subtipo clinico-patológico não está associado a diferenças de estadiamento, enquanto mulheres mais jovens, e que tiveram seu diagnóstico por queixa clínica, tendem a ter seus tumores mais frequentemente subestadiados.
Resumo
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O Carcinoma Lobular in situ (CLIS) está associado a um aumento do risco de câncer de mama e representa 1-2% de todas as neoplasias mama. Atualmente, o diagnóstico de CLIS continua a ser um dos maiores fatores de risco identificáveis para o posterior desenvolvimento de câncer de mama. Os métodos de imagem estão cada vez mais sensíveis, fazendo com que a detecção de pequenas lesões e anormalidade sutis aumentemo risco de detecções de carcinomas in situ e invasivos, levando a diminuição da mortalidade. Neste relato será descrito um caso de queixa clínica palpável com alteração de achados de imagem como massa sólida de CLIS.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2014;36(7):315-319
DOI 10.159/S0100-720320140004977
Avaliar a presença de calcificações arteriais em mamografias de mulheres menopausadas e a sua associação com fatores de risco para doenças cardiovasculares.
Trata-se de um estudo de corte transversal e retrospectivo, em que foram analisados as mamografias e os prontuários médicos de 197 pacientes atendidas no período entre 2004 e 2005. As variáveis do estudo foram: calcificação arterial mamária, acidente vascular cerebral, síndrome coronariana aguda, idade, obesidade, diabetes mellitus, tabagismo e hipertensão arterial sistêmica. Para a análise estatística dos dados, utilizaram-se os testes de Mann-Whitney, χ2 e Cochran-Armitage, sendo também avaliadas as razões de prevalência entre as variáveis descritas e calcificação arterial mamária. Os dados foram analisados com o software SAS, versão 9.1.
Dos 197 exames e prontuários analisados, observou-se a prevalência de 36,6% para calcificações arteriais nas mamografias. Entre os fatores de risco para doença cardiovascular avaliados, os mais frequentes foram: hipertensão (56,4%), obesidade (31,9%), tabagismo (15,2%) e diabetes (14,7%). A síndrome coronariana aguda e o acidente vascular cerebral tiveram prevalências de 5,6 e 2,0% respectivamente. Entre as mamografias de mulheres diabéticas, a maior ocorrência foi de calcificação arterial mamária com razão de prevalência de 2,1 (IC95%1,0-4,1) e valor p de 0,02. Por outro lado, nas mamografias de pacientes fumantes, foi menor a ocorrência de calcificação arterial mamária com razão de prevalência de 0,3 (IC95% 0,1-0,8). Hipertensão arterial sistêmica, obesidade, diabetes mellitus, acidente vascular cerebral e síndrome coronariana aguda não apresentaram associação significativa com calcificações mamárias.
A ocorrência de calcificação arterial mamária foi associada ao diabetes mellitus e mostrou associação negativa com o tabagismo. A presença de calcificação revelou-se independente dos demais fatores de risco para doença cardiovascular analisados.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2010;32(4):191-197
DOI 10.1590/S0100-72032010000400007
OBJETIVO: avaliar a adesão às recomendações para o rastreamento mamográfico oportunístico do câncer de mama. MÉTODOS: estudo prospectivo que acompanhou 460 mulheres na cidade de Taubaté, São Paulo, Brasil, das quais 327 foram atendidas em serviços de saúde públicos e 133 em Serviços privados, durante período de cinco anos após a realização de mamografia índice. Analisamos a prevalência de repetição da mamografia, as taxas de adesão e os fatores preditivos associados ao rastreamento mamográfico vigente. As associações dos desfechos com as variáveis independentes foram estudadas pela obtenção dos riscos relativos (RR) e respectivos intervalos de confiança de 95% (IC95%). O cálculo das razões de prevalência ajustadas foi realizado pela técnica de regressão de COX. RESULTADOS: apesar de mais de 90% das entrevistadas terem repetido pelo menos uma vez o exame de mamografia, a adesão correta às recomendações do rastreamento mamográfico, com a repetição do procedimento a cada 24 meses, revelou taxas muito baixas (ao redor de 30%) na amostra estudada. Os fatores preditivos associados à adesão ao rastreamento mamográfico relacionaram-se com o acesso diferenciado aos serviços de saúde, públicos ou privados (RR=1,77; IC95%=1,26-2,48) e com a presença de rastreio prévio (RR=3,07; IC95%=1,86-5,08). CONCLUSÕES: ocorreu baixa adesão às recomendações do rastreamento mamográfico oportunístico do câncer de mama em ambos os segmentos populacionais estudados.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2009;31(10):508-512
DOI 10.1590/S0100-72032009001000007
OBJETIVO: apurar os dados epidemiológicos de uma clínica de diagnóstico mamário. MÉTODOS: foram estudadas as mamografias de 35.041 pacientes, em um período de 2 anos e 7 meses, entre 2004 e 2006, sendo 32.049 (91,5%) de rastreamento e 2.992 (8,5%) de pacientes sintomáticas. Foram calculados: taxa de detecção das pacientes de rastreamento; porcentagem de câncer nas pacientes sintomáticas; taxa de indicação de biópsias; porcentagem de carcinomas mínimos, in situ e nos estádios 0 e I; taxa de reconvocação; e valor preditivo positivo das mamografias lidas como anormais e das indicações de biópsias nas pacientes de rastreamento. RESULTADOS: houve 228 diagnósticos de câncer de mama, 111 em pacientes de rastreamento (taxa de detecção 0,34%) e 117 em pacientes sintomáticas (3,91% do total). Foram feitas 544 recomendações de biópsias nas pacientes de rastreamento (1,7% das pacientes rastreadas). Nas pacientes de rastreamento, houve 28% de carcinomas mínimos, 10% de carcinomas in situ e 93% de carcinomas nos estádios 0 e I. A taxa de reconvocação foi de 19%. A taxa de positividade das mamografias lidas como anormais (VPP1) foi de 1,65%. A taxa de positividade das biópsias (VPP2) foi 21,9%. CONCLUSÕES: esse estudo traz dados epidemiológicos de importância para a auditoria do rastreamento mamográfico, os quais são raros em nosso meio. Os dados foram analisados em comparação com o que é recomendado pela literatura, sendo encontradas taxa de detecção e porcentagem de carcinomas mínimos e in situ comparáveis aos valores preconizados, mas com valores de VPP abaixo do ideal.