Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(4):204-209
DOI 10.1590/S0100-72032005000400007
OBJETIVO: avaliar os efeitos das isoflavonas e dos estrogênios sobre a morfologia, a morfometria e a expressão do fator de crescimento vascular (VEGF) na mama de ratas adultas. MÉTODOS: Quarenta e cinco ratas, após 28 dias de ooforectomia, foram divididas em três grupos: CON - controle e os grupos que receberam medicação: ISO - isoflavona (100 mg/Kg) e ECE - estrogênios conjugados eqüinos (50 µg/Kg). Após 60 dias, parte das mamas foram fixadas em formol a 10% para processamento histológico, e outra parte congelada para a análise da expressão do VEGF pela técnica da reação em cadeia da polimerase com transcrição reversa (RT-PCR). Para análise dos resultados obtidos foram utilizados inicialmente a análise de variância (ANOVA). Quando houve significância, foi complementada com o teste de comparações múltiplas de Tukey-Kramer. RESULTADOS: Nos grupos CON e ISO as mamas apresentaram glândulas mamárias atróficas, sendo mais desenvolvidas no grupo ECE, onde se notou a presença de inúmeros ductos e de alvéolos mamários. A morfometria mostrou maior número de alvéolos no grupo ECE (12,3 ± 7,1* por mm²; p< 0,05%) do que nos outros grupos (CON = 1,4 ± 2,1 e ISO = 1,6 ± 3,8), sendo o volume dessas células maior (ECE = 27,4 ± 9,7 µm³, p < 0,05%) do que nos grupos CON (14,9 ± 4,9 µm³) e ISO (11,4 ± 6,9 µm³). O mesmo ocorreu em relação ao número de vasos sanguíneos [16,4 ± 1,5 por mm²(CON), 18,4 ± 2,1 (ISO) < 37,1 ± 4,1* (ECE), p < 0,05%]. Na análise do VEGF o grupo ECE apresentou maior expressão do que os grupos CON e ISO. CONCLUSÃO: nossos dados não evidenciaram efeito proliferativo no tecido mamário de ratas ooforectomizadas tratadas com isoflavona na dose de 100 mg/Kg durante 60 dias consecutivos.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(1):1-6
DOI 10.1590/S0100-72032005000100002
OBJETIVOS: fazer avaliação crítica do diagnóstico histopatológico do carcinoma ductal in situ (CDIS) da mama empregando a variação interobservador quanto ao diagnóstico, padrão arquitetural predominante, grau nuclear e grau histológico. MÉTODOS: oitenta e cinco casos com diagnóstico inicial de CDIS foram revisados por um mesmo patologista, especialista em patologia mamária, que selecionou 15 casos para análise interobservador. A análise foi realizada por cinco patologistas e um especialista internacional em patologia mamária, que receberam as mesmas lâminas e um protocolo para classificar as lesões em hiperplasia ductal atípica (HDA), CDIS e CDIS com microinvasão (CDIS-MIC). Caso o diagnóstico fosse de CDIS, os patologistas deveriam também classificá-lo quanto ao padrão arquitetural, grau nuclear e grau histológico. Os resultados foram analisados usando-se concordância percentual e o teste kappa. RESULTADOS: houve grande variação diagnóstica interobservador. Em um caso tivemos todos os diagnósticos, desde HDA, CDIS até CDIS-MIC. Usando o teste kappa para a comparação entre os diagnósticos dos cinco observadores e o especialista internacional obtivemos concordância interobservador mínima (<0,40). Quanto à classificação do CDIS em relação ao padrão arquitetural e ao grau histológico, os valores do teste kappa foram considerados ruins quanto à concordância interobservador. Os melhores resultados foram obtidos na análise da concordância quanto ao grau nuclear, com índices kappa de até 0,80, considerados como boa concordância. CONCLUSÃO: os baixos índices de concordância interobservador no diagnóstico e classificação do CDIS da mama indicam a dificuldade na utilização dos critérios diagnósticos mais empregados na literatura na interpretação destas lesões e a necessidade de treinamento especifico dos patologistas não-especialistas no diagnóstico destas lesões.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2000;22(5):307-310
DOI 10.1590/S0100-72032000000500009
A polimastia é uma ocorrência comum nos ambulatórios de Mastologia e a possibilidade de malignização deve ser considerada, assim como em qualquer tecido mamário. Neste trabalho é relatado o caso de uma paciente de 48 anos que foi submetida à exérese da mama axilar acessória esquerda por motivos estéticos, tendo sido encontrado, no exame histopatológico, um carcinoma ductal invasor, associado a um componente intraductal extenso, com margens livres. A paciente foi submetida à excisão ampla com esvaziamento axilar à esquerda e radioterapia. Neste trabalho são discutidos aspectos referentes à freqüência da ocorrência de câncer em mama acessória, às dificuldades diagnósticas, ao prognóstico e às estratégias terapêuticas.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(6):435-439
DOI 10.1590/S0100-72032004000600003
OBJETIVOS: avaliar a variação do grau nuclear e da expressão das proteínas p53 e c-erbB-2 e dos receptores de estrógeno (RE) no carcinoma ductal in situ (CDIS) e no carcinoma invasivo, presentes na mesma mama. MÉTODOS: estudo descritivo retrospectivo com 38 mulheres com CDIS associado a carcinoma invasivo da mama. Foi avaliado o grau nuclear e o realizado estudo imunohistoquímico para expressão das proteínas p53 e c-erbB-2 e para os RE. Os casos considerados positivos para a expressão das proteínas e dos RE foram aqueles com contagem de células positivas igual ou superior a 10%. A concordância entre estas variáveis no componente in situ e invasivo foi avaliada pelo coeficiente kappa (k), interpretado de acordo com os critérios de Landis e Koch. O teste de MacNemar foi usado para testar diferenças entre os dois grupos. RESULTADOS: a concordância entre o grau nuclear e a expressão dos RE nos componentes in situ e invasivo foi de 0,89 para ambos, quase perfeita. A concordância para a expressão da proteína c-erbB-2 também foi considerada quase perfeita, com coeficiente de 0,84. Já a concordância entre a expressão da proteína p53 no componente in situ e no invasivo foi de 1,0, considerada perfeita. Não houve diferenças significativas entre o grau nuclear e as expressões das proteínas e dos RE nos componentes in situ e invasivo na mesma mama. CONCLUSÕES: existe concordância alta do grau nuclear e da expressão das proteínas p53 e c-erbB-2 no CDIS e no carcinoma invasivo presentes na mesma mama.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(3):227-232
DOI 10.1590/S0100-72032004000300009
OBJETIVO: identificar os fatores de risco associados à ocorrência de infecção de sítio cirúrgico (ISC) em cirurgias para tratamento do câncer de mama. MÉTODOS: foram incluídas 140 pacientes submetidas à cirurgia para tratamento do câncer invasor de mama, no período de janeiro de 2001 a dezembro de 2002. A infecção do sítio cirúrgico foi definida como aquela que ocorreu em até 30 dias após a cirurgia e esteve relacionada à mesma, segundo critérios-padrão adotados pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention - USA). As ISC foram consideradas superficiais quando envolviam somente pele e tecido subcutâneo, e profundas quando envolviam tecidos profundos da incisão, como fáscias e musculatura. Foram estudados fatores de risco associados às pacientes (idade, status hormonal, estadiamento, índice de massa corporal (IMC) e hemoglobina). Os fatores relacionados à cirurgia foram: tipo, tempo de internação, duração e formação de seroma e hematoma. A análise estatística foi feita com o teste de Mann-Whitney (variáveis numéricas não paramétricas) e teste exato de Fisher para variáveis quantitativas. RESULTADOS: do total de 140 pacientes incluídas, 29 (20,7%) apresentaram ISC, sendo 19 (13,6%) superficiais e 10 (7,1%) profundas; 111 pacientes não apresentaram ISC, sendo consideradas como grupo controle. Os fatores de risco associados à paciente e à doença foram o estádio localmente avançado (odds ratio = 2,7; IC 95%: 1,1-6,5) e a obesidade representada pelo IMC médio de 32,2 kg/m² nas pacientes com ISC e 27,2 kg/m² no grupo controle (p<0,0001). Os fatores ligados ao tratamento da doença foram o uso de quimioterapia neoadjuvante com odds ratio de 2,7 (IC 95%: 1,1-6,5), a duração da cirurgia, que apresentou mediana de 165 minutos nas pacientes que desenvolveram a infecção e de 137 minutos no grupo controle (p=0,02), e o número de dias de utilização de dreno no pós-operatório, que teve mediana de 6 entre as pacientes com ISC e 5 no grupo controle (p=0,048). CONCLUSÃO: a partir da identificação de fatores de risco como o estádio avançado, a realização de quimioterapia neoadjuvante e a obesidade, pode-se reforçar a necessidade de cuidados pré-operatórios com estas pacientes. A utilização de técnica cirúrgica acurada pode reduzir o impacto dos outros fatores, ou seja, o tempo cirúrgico e o tempo de dreno.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(1):37-42
DOI 10.1590/S0100-72032004000100006
OBJETIVOS: avaliar a acurácia diagnóstica da biópsia direcional assistida à vácuo (mamotomia), guiada por ultra-sonografia, no diagnóstico das lesões mamárias não palpáveis, comparando-a com a biópsia excisional, e estimar o valor terapêutico da mamotomia em lesões benignas não palpáveis. MÉTODOS: foram incluídas 114 pacientes, as quais apresentavam lesões mamárias não palpáveis, visíveis à ultra-sonografia. As pacientes foram encaminhadas devido mastalgia ou alteração mamográfica detectada previamente, com solicitação de avaliação ultra-sonográfica complementar. Todas foram submetidas à mamotomia guiada por ultra-sonografia com Mammotome® (Biopsys, Irvine, Califórnia), com sonda gauge 11. A biópsia excisional foi realizada com agulhamento prévio daquelas pacientes que apresentaram lesão residual após a mamotomia, ou seja, em 88 pacientes. Para comparar os resultados do material obtido por mamotomia com os da biópsia excisional foram calculados os índices de sensibilidade e especificidade, valores preditivos positivo e negativo, e a proporção de concordância. As sensibilidades, assim como as especificidades e as proporções de concordância dos dois exames, foram comparadas por meio da estatística de Wald, utilizando um modelo para dados categorizados. RESULTADOS: das 114 pacientes, 88 submeteram-se a biópsia excisional. As 26 restantes não apresentaram lesões pós-mamotomia, visíveis à ultra-sonografia, sendo seguidas por um ano sem alterações nos exames semestrais, tanto mamográficos quanto ultra-sonográficos. Tratava-se de lesões menores do que 1,5 cm de diâmetro. Dentre as 88 pacientes submetidas à biópsia excisional 69 apresentaram lesões benignas (78,4%) e, 19 (21,6%), malignas. A mamotomia diagnosticou 16 das lesões malignas, com três resultados falso-negativos e nenhum falso-positivo. Os resultados falsos ocorreram: nos primeiros casos realizados, mostrando a existência de curva de aprendizagem do método ou por dificuldade técnica, como o borramento da imagem ultra-sonográfica por sangramento. A sensibilidade e especificidade foram de 84,2 e 100%, respectivamente, com valores preditivos positivo de 100%, e negativo de 95,8%. A acurácia da mamotomia foi de 96,6%. As complicações foram raras, como, dois casos de hematomas, dos quais nenhum necessitou de drenagem cirúrgica; um caso de reflexo vaso-vagal, impedindo a conclusão do exame. Os resultados cosméticos foram bastante favoráveis devido às pequenas incisões (3 mm) e menor quantidade de tecido excisado. CONCLUSÃO: a mamotomia guiada por ultra-sonografia mostrou-se método diagnóstico com alta acurácia, podendo ser usado como terapêutico para as lesões benignas, com diâmetro menor do que 1,5 cm.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2004;26(1):45-52
DOI 10.1590/S0100-72032004000100007
OBJETIVO: avaliar a associação de fatores epidemiológicos, antropométricos, reprodutivos e hormonais com a densidade mamográfica de mulheres na pós-menopausa. MÉTODOS: estudo retrospectivo, tipo corte transversal, incluindo 144 mulheres com idade igual ou superior a 45 anos, com no mínimo 12 meses de amenorréia e não usuárias de terapia de reposição hormonal nos últimos seis meses. Foram revisados os prontuários médicos, avaliando-se: idade, peso, altura, índice de massa corpórea (IMC), paridade, idade à menarca, idade à menopausa e os níveis dos hormônios estradiol, folículo-estimulante (FSH) e luteinizante. As mamografias foram analisadas nas incidências crânio-caudal e médio-lateral oblíqua por dois examinadores, de forma cega, sendo classificadas em densas e não densas, segundo os critérios de Wolfe. Na análise estatística, utilizou-se a freqüência, mediana, valores mínimo e máximo, teste de Wilcoxon e odds ratio. Foi realizada análise de regressão logística múltipla, utilizando o processo de seleção passo a passo, com nível de significância de 5%. RESULTADOS: a freqüência de mamas densas foi de 45%. As mulheres com mamas consideradas densas apresentaram menor peso (60,5 vs 71,9 kg - p<0,01), menor IMC (25,9 vs 31,0 kg/m² - p<0,01), menor tempo de pós-menopausa (6,0 vs 10,0 anos - p<0,01) e maiores níveis de FSH (75,2 vs 60,3 mU/mL - p<0,01). A probabilidade de apresentar mamas densas diminuiu em mulheres com peso superior a 67 kg (OR = 4,0; IC 95%: 1,50-10,66), IMC superior a 30 kg/m² (OR = 6,69; IC 95%: 2,54-17,65), com mais de dois partos (OR = 7,84; IC 95%: 1,67-36,81), tempo de pós-menopausa maior ou igual a sete anos (OR = 2,05; IC 95%: 1,05-3,99) e níveis de FSH inferiores a 134,8 mU/mL. CONCLUSÃO: o peso, IMC, paridade, o tempo de menopausa e níveis de FSH associaram-se significativamente aos padrões de densidade mamográfica.