Resumo
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Avaliar aceitação da telemedicina e determinar seus fatores associados em uma clínica de uroginecologia de um hospital público brasileiro.
Trata-se de estudo transversal realizado entre junho e novembro de 2020. Foram recrutadas pacientes que tiveram seus atendimentos eletivos adiados devido à pandemia de doença do coronavírus 2019 (coronavirus disease 2019, COVID-19, em inglês). As variáveis consideradas para a aceitação da telemedicina foram: diagnóstico uroginecológico, idade, escolaridade, local de residência, acesso à internet, tipo de dispositivo, frequência do uso da internet, e uso de plataformas de redes sociais. As variáveis categóricas foras descritas na forma de suas frequências absoluta e relativa. A associação entre essas variáveis foi avaliada por meio do teste exato de Fisher e análises uni e multivariada, e a aceitação da telemedicina foi considerada a variável dependente.
Um total de 225 pacientes foram listadas, e 182 concordaram em participar. A idade média das participantes foi de 59 anos; 81,3% delas tinham acesso à internet, e 87,3% aceitaram a telemedicina. Observaram-se associações estatisticamente significativas entre a aceitação e maior escolaridade (p< 0,01), acesso à internet (p< 0,01), uso diário da internet (p< 0,01), acesso por celular próprio (p< 0,01), e acesso da própria residência (p< 0,01). Nas análises uni e multivariada, somente alto nível de escolaridade esteve associado à aceitação da telemedicina (razão de probabilidades ajustada: 4,82; intervalo de confiança de 95% = 1,59–14,65).
A maioria das pacientes atendidas em um hospital público de um país em desenvolvimento concordaram com a telemedicina. Acesso à internet e nível de escolaridade foram fatores associados à aceitação da telemedicina nessa população.
Resumo
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Não existem estudos publicados analisando a qualidade de informação para mulheres leigas na internet sobre o leiomioma uterino. A acurácia do material existente também não é conhecida. Portanto, realizamos um estudo transversal envolvendo 381 sites em língua inglesa e portuguesa de maio a dezembro de 2017.
Dois pesquisadores fizeram a análise, e o coeficiente kappa de Cohen foi calculado para analisar a concordância entreambos. Termos de pesquisa (leiomioma uterino e derivados)eminglês e português foramusados. A acurácia foi analisada por meio de uma lista de 10 itens criados após a fusão de consensos da Sociedade Americana de Medicina da Reprodução (ASRM, na siglaeminglês), dos InstitutosNacionais de Saúde (NIH, na siglaem inglês) e da Sociedade Europeia de Menopausa e Andropausa (EMAS, na sigla em inglês) sobre leiomioma uterino. A correlação item-teste e o coeficiente intraclasse foram realizados nas 16 questões do questionário DISCERN, um instrumento desenvolvido para medir a qualidade da informação de saúde disponível na internet. O método de análise de variância (ANOVA, na sigla em inglês) foi utilizado para as variáveis independentes e as pontuações de acurácia e do DISCERN.
O Google foi a ferramenta mais utilizada, e o leiomioma uterino foi o termo de busca que gerou a maior parte do material analisado. A pontuação média para a acurácia dos websites foi 5/10, e do questionário DISCERN, 38/80. Os sites de língua inglesa commaior pontuação foram os de organizações científicas e de governos federais, tanto no questionário DISCERN (Faculdade Americana de Obstetrícia e Ginecologia [ACOG, na sigla em inglês], Administração de Alimentos e Medicamentos [FDA, na sigla em inglês]) quanto na acurácia (NIH e FDA). Entretanto, em língua portuguesa, os sites com as maiores pontuações em ambos os instrumentos foram de revistas ou blogs médicos. O teste α de Cronbach evidenciou maior correlação entre os sites e o DISCERN (0,77-0,79); contudo, a correlação item-teste variou de 0,39 a 0,56.
Há necessidade demelhorar a qualidade da informação sobre o leiomioma uterino para mulheres leigas.
Resumo
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Avaliar a preferência de mulheres e homens emrelação à depilação genital feminina, e identificar possíveis razões envolvidas nessa preferência.
Estudo transversal em que homens e mulheres com mais de 18 anos foram convidados por meio do blog oficial de nossa instituição a responder anonimamente a um formulário on-line e autoadministrado de autoria dos pesquisadores. As análises foram realizadas no programa Statistical Analysis System (SAS, SAS Inc., Cary, Carolina do Norte, EUA), versão 9.3, e tabelas de contingência foram construídas para verificar a distribuição entre as variáveis. A análise estatística univariada foi realizada com o teste qui-quadrado de Pearson, e foram consideradas significativas as diferenças para p < 0,05.
Foram obtidos dados de 69.920 indivíduos (52.787 mulheres e 17.133 homens). A idade média dos indivíduos foi de 31,9 anos entre os homens, e de 28,5 entre as mulheres. A maioria das mulheres (64,3%) e dos homens (62,2%) preferiram a genitália feminina completamente depilada, e essa preferência foi mais pronunciada em mulheres e homens mais jovens. A maioria das mulheres afirmaram se depilar em casa (55,8%), e 44,4% delas usam cera quente, e 40,1% utilizam lâmina de barbear. Quase metade das mulheres (44,7%) e metade dos homens (50,1%) alegaram ter frequência sexual de 2 a 3 vezes por semana. A frequência sexual das mulheres e a satisfação com sua própria genitália foram positivamente relacionadas com a preferência pela remoção total dos pelos pubianos.
A maioria das mulheres e dos homens brasileiros preferem a remoção completa dos pelos genitais femininos, o que é ainda mais pronunciado nos indivíduos mais jovens e sexualmente ativos. As mulheres satisfeitas com a aparência de sua própria genitália tendem a preferir a remoção completa dos pelos pubianos.