Resumo
. ;:303-311
A falta de dados sobre o impacto da hiperglicemia e obesidade na prevalência de incontinência urinária específica da gravidez (IAPS) nos levou a realizar um estudo transversal sobre a prevalência e características da IAPS usando questionários validados e dados clínicos.
Este estudo transversal incluiu 539 mulheres com idade gestacional de 34 semanas que visitaram um hospital universitário terciário entre 2015 e 2018. As principais medidas de desfecho foram a prevalência de PSUI, o formulário curto do International Consultation on Incontinence Questionnaire (ICIQ-SF) e os questionários do Incontinence Severity Index (ISI). As mulheres foram classificadas em quatro grupos: magras normoglicêmicas, obesas normoglicêmicas, magras hiperglicêmicas e obesas hiperglicêmicas. As diferenças entre os grupos foram testadas por meio de estatística descritiva. As associações foram estimadas usando análise de regressão logística e apresentadas como odds ratio não ajustadas e ajustadas.
As taxas de prevalência de PSUI não foram diferentes entre os grupos. No entanto, houve diferença significativa nos grupos hiperglicêmicos com piores escores para PSUI grave e muito grave. Quando os dados ajustados para fatores de confusão foram comparados ao grupo magro normoglicêmico, o grupo obeso hiperglicêmico teve chances significativamente maiores de formas graves e muito graves de IU usando ICIQ-SF (aOR 3,157; IC 95% 1,308 a 7,263) e ISI (aOR 20,324; 95% CI 2,265 a 182,329) questionários e maior impacto percebido de PSUI (aOR 4,449; 95% CI 1,591 a 12,442).
Nossos dados indicam que a obesidade e a hiperglicemia durante a gravidez aumentam significativamente as chances de formas graves e o impacto percebido da PSUI. Portanto, tratamentos preventivos e curativos mais eficazes são extremamente necessários.
Resumo
. ;:1134-1140
O diabetes gestacional (DG)é uma entidade com nuances conceituais em evolução que merecem total consideração. O DG leva a complicações e efeitos adversos na saúde da mãe e do bebê durante e após a gravidez. As mulheres também apresentam maior prevalência de incontinência urinária (IU) relacionada ao estado hiperglicêmico durante a gravidez. No entanto, o mecanismo fisiopatológico exato ainda é incerto. Realizamos uma revisão narrativa discutindo o impacto do DG no assoalho pélvico das mulheres e utilizamos o exame de ultrassonografia tridimensional para avaliar e predizer a ocorrência de IU.
Resumo
. ;:503-510
Avaliar o impacto do tratamento cirúrgico para endometriose infiltrante profunda (EIP) nas disfunções do assoalho pélvico (incontinência urinária [IU], prolapso de órgãos pélvicos [POP], incontinência fecal [IF] ou constipação e função sexual [dispareunia]).
A presente revisão sistemática foi realizada na base de dados PubMed. Para a seleção dos estudos, os artigos deveriam ser publicados até 5 de janeiro de 2021, sem restrição de idioma.
Foram incluídos seis estudos randomizados e controlados que avaliaram o tratamento cirúrgico para EIP e a comparação de diferentes técnicas cirúrgicas.
Os estudos foram selecionados de forma independente por título e resumo por dois autores. As discordâncias foram avaliadas por umterceiro autor. Todos os estudos incluídos foram avaliados de acordo coma ferramenta Cochrane de risco de viés e a qualidade de evidência foi analisada usando os critérios GRADE. A análise de subgrupo por diferentes tratamentos e períodos de acompanhamento também foi realizada.
Seis estudos foram incluídos na análise quantitativa. O risco de viés mostrou um risco incerto de viés para a maioria dos estudos, sendo a ocultação da alocação a categoria menos relatada. A qualidade de evidência foi considerada baixa. Alta heterogeneidade foi encontrada entre os estudos. Nenhum estudo avaliou a IU ou o POP comparativamente antes e após a cirurgia.
A dispareunia e a IF melhoraram após o procedimento cirúrgico, mas não foi possível demonstrar qual técnica cirúrgica esteve relacionada a estes desfechos, pois houve heterogeneidade cirúrgica. Esta diversidade foi encontrada nos dados, com a recomendação de estudos prospectivos futuros abordando distúrbios do assoalho pélvico com EIP.
Resumo
. ;:847-852
Comparar a prevalência de incontinência urinária (IU) no CrossFit, antes e durante a quarentena por COVID-19, e sua relação com a intensidade do treinamento.
Estudo observacional com 197 atletas de CrossFit. Os critérios de inclusão foram: nulíparas, 18 a 45 anos, treinando antes da quarentena em academias credenciadas. Os critérios de exclusão foram: não seguir os protocolos de prevenção da COVID-19 e ter IU em outras ocasiões que não apenas no esporte. Utilizou-se um questionário online com perguntas sobre frequência, duração e intensidade do treinamento e dados relacionados à pandemia, além de caso tivessem tido infecção pelo SARS-COV2, qual tratamento/recomendação seguiram. Caso a IU tenha parado entre as participantes, elas foram perguntadas quanto quais as possíveis razões pelas quais isso aconteceu. A intensidade do treinamento foi categorizada como “igual,” “diminuída” ou “aumentada “.
A média de idade foi de 32 anos e a maioria (98,5%) conseguiu praticar CrossFit durante a pandemia. Houve uma diminuição na intensidade do treinamento em 64% das entrevistadas. Exercícios com o próprio peso corporal, como agachamento no ar (98,2%), foram os mais realizados. Incontinência urinária foi relatada por 32% das participantes antes da pandemia e por apenas 14% durante a pandemia (odds ratio [OR]=0,32 [0,19-0,53]; p<0,01). As atletas relataram que o motivo possivelmente relacionado à melhora da IU foi a redução da intensidade do treinamento e não realizar o exercício doubleunder.
A redução da intensidade do treinamento de CrossFit durante a quarentena por COVID-19 diminuiu a prevalência de IU entre as atletas.
Resumo
. ;:535-544
Investigar a viabilidade do treinamento dos músculos do assoalho pélvico (TMAP) por meio de gameterapia no alívio de sintomas urinários em mulheres climatéricas com incontinência urinária (IU) de esforço ou mista.
Ensaio clínico randomizado, dividido em dois grupos: Gameterapia (G_Game) e Controle (G_Controle). Ambos os grupos receberam recomendações sobre TMAP não supervisionado, e G_Gametambém recebeu TMAP supervisionado por meio de gameterapia. Após 5 semanas consecutivas, a viabilidade foi investigada considerando a aderência das participantes, sintomas urinários (avaliados pelo questionário International Consultation on Incontinence Questionnaire-Urinary Incontinence Short Form [ICIQ-UI-SF]) e função do assoalho pélvico (esquema PERFECT: power, endurance, repetition, fast). Os testes exatos de Fisher, Kruskal-Wallis, sinal de Wilcoxon pareado e Mann-Whitney U foram usados pela análise de intenção de tratar, usando o software STATA 15.1 (StataCorp, College Station, TX, EUA).
O presente estudo incluiu 20 mulheres por grupo e observou uma maior adesão no G_Game. Na análise intragrupo, foi observada diminuição no escore do ICIQUI- SF emambos os grupos (de 14,0 para 10,0; de 13,5 para 0), associada ao aumento da resistência (de 2,5 para 3,5; de 2,5 para 4,0) em G_Control e G_Game, respectivamente. Além disso, houve um aumento concomitante no power (de 2,0 para 3,0), repetition (de 3,0 para 5,0) e fast (de 10,0 para 10,0) dosmúsculos do assoalho pélvico (MAPs) no G_Game. Na análise intergrupos, foi observada redução da IU (p<0,001; r=0,8), assim como do power (p=0,027; r=0,2) e da endurance (p=0,033; r=0,3) dos MAPs no G_Game.
A viabilidade do TMAP supervisionado por meio de gameterapia foi identificada pela observação da aderência das participantes, pelo alívio dos sintomas urinários e pela melhora da função dos MAPs.
Resumo
. ;:467-473
Analisar a função sexual de pacientes do sexo feminino com espinha bífida (EB), e avaliar quais fatores influenciam na função sexual.
Uma pesquisa transversal em que um questionário validado para mulheres foi aplicado em 140 pacientes com EB de quatro cidades diferentes (Porto Alegre, Brasil; e Barcelona, Madri e Málaga, Espanha) entre 2019 e 2020. Os questionários coletaram dados sobre características clínicas da espinha bífida, e a função sexual feminina foi avaliada com a versão de seis itens do Índice de Funcionamento Sexual Feminino (IFSF-6) nas versões validadas para português e espanhol.
Metade das pacientes havia praticado atividade sexual pelo menos uma vez na vida, mas a maioria (57.1%) não utilizava nenhum método contraceptivo. A disfunção sexual estava presente na maioria das pacientes (84.3%), sendo todos os domínios de função sexual prejudicados em comparação com os de mulheres não neurogênicas. A presença de incontinência urinária e fecal afetou significativamente a qualidade da atividade sexual das pacientes.
Aspectos clínicos específicos da EB, como incontinência urinária e fecal, devem ser adequadamente abordados pelos médicos assistentes, visto que estão associados à redução na atividade sexual e piores resultados no IFSF-6. Também é necessário melhorar o atendimento ginecológico das pacientes sexualmente ativas, uma vez que a maioria não utiliza métodos contraceptivos e corre o risco de gravidez inadvertida.
Resumo
. ;:131-136
Avaliar a influência do estudo urodinâmico pré-operatório nos resultados miccionais pós-operatórios em mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador.
Análise retrospectiva de mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador entre agosto de 2011 e outubro de 2018. As variáveis preditoras pré-operatórias, entre outras, foram a realização do estudo urodinâmico, gravidade da incontinência e sintomas urinários de armazenamento. As variáveis de desfecho pós-operatórias foram o status subjetivo da continência, sintomas de armazenamento urinário e complicações cirúrgicas. A regressão logística após o escore de propensão foi empregada para comparar os resultados entre os pacientes que foram submetidos ou não ao estudo urodinâmico pré-operatório.
Foram incluídas no presente estudo 88 pacientes com um seguimento médio de 269 dias. A maioria das pacientes apresentava sintomas miccionais de armazenamento (n = 52; 59,1%) concomitantes à incontinência urinária de esforço. Um pouco menos da metade das pacientes (n = 38; 43,2%) foram submetidas a estudo urodinâmico pré-operatório. A regressão logística após o escore de propensão não revelou associação entre os resultados de continência urinária e a realização de estudo urodinâmico pré-operatório (odds ratio 0,57; intervalo de confiança [IC]: 0,11-2,49). Além disso, os sintomas de armazenamento urinário pós-operatórios foram similares entre as pacientes que não realizaram e aquelas que realizaram o estudo urodinâmico, 13,2% e 18,4% respectivamente (p = 0,753).
O estudo urodinâmico pré-operatório não teve impacto nos resultados de continência urinária, bem como nos sintomas de armazenamento urinário após o sling transobturatório.
Resumo
. ;:787-792
A incontinência urinária (IU) é um importante problema de saúde pública que pode trazer prejuízos àsmulheres emqualquer período da vida, inclusive durante o período gestacional. A IU durante a gravidez temsido estudada por ser capaz de reduzir a qualidade de vida e interferir em vários aspectos do binômio materno-fetal. O objetivo deste estudo foi determinar a prevalência de IU em gestantes nulíparas e identificar fatores de risco associados a essa população.
Este é um estudo de caso-controle em que foram convidadas mulheres nulíparas entre 12 e 20 semanas de gravidez para participar do projeto. Elas foram submetidas a um questionário específico, diário miccional de 3 dias e avaliação uroginecológica, incluindo quantificação de prolapso de órgãos pélvicos (POP-Q), teste de esforço com volume residual e avaliação da musculatura do assoalho pélvico.
Um total de 70 das 73 pacientes aceitaram participar do estudo, e a prevalência de incontinência urinária nessa população foi de 18,3%. O uso de tabaco foi identificado como fator de risco independente para a IU em gestantes (OR 8,0). Todos os outros fatores analisados não foram significativamente associados à perda urinária nessa população.
A incontinência urinária pode trazer prejuízos para pacientes durante o período da gestação. O tabagismo foi identificado como fator de risco para o desenvolvimento de IU emgestantes, o que denotamais ummotivo para encorajar as pacientes a abandonarem o hábito.