Resumo
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O procedimento de Burch (1961) foi considerado o tratamento padrão ouro para a incontinência urinária de esforço (IUE) antes da introdução dos slings de uretra média (SUMs), em 2001.
Esta perspectiva histórica da linha do tempo do procedimento de Burch pode encorajar os cirurgiões uroginecológicos a dominar a técnica deste procedimento como uma das opções para o tratamento cirúrgico da IUE. Estratégia de busca e critérios de seleção A busca bibliográfica foi realizada nas bases de dados PubMed e National Library of Medicine (NIH) com os termos Burch colposuspension AND history AND stress urinary incontinence nos últimos 20 anos. O artigo original de Burch (1961) foi incluído. As referências foram analisadas por três autores com exclusão de estudos em idiomas diferentes do inglês. Coleções de bibliotecas biomédicas foram incluídas por ordem de relevância histórica.
Algumas modificações de técnica foram realizadas desde que o procedimento de Burch foi inicialmente descrito. O interesse por essa técnica vem aumentando devido à publicidade negativa associada aos produtos de tela sintética vaginal. Vinte e nove artigos relevantes foramincluídos, e vários estudos compararam a colposuspensão de Burch com SUMs.
Essa perspectiva histórica possibilita à comunidade científica revisar uma técnica padronizada para a IUE. A colposuspensão de Burch pode ser considerada um tratamento cirúrgico adequado paramulheres com IUE, e uma opção emprogramas de treinamento uroginecológico em todo o mundo.
Resumo
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Avaliar a influência do estudo urodinâmico pré-operatório nos resultados miccionais pós-operatórios em mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador.
Análise retrospectiva de mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a sling transobturador entre agosto de 2011 e outubro de 2018. As variáveis preditoras pré-operatórias, entre outras, foram a realização do estudo urodinâmico, gravidade da incontinência e sintomas urinários de armazenamento. As variáveis de desfecho pós-operatórias foram o status subjetivo da continência, sintomas de armazenamento urinário e complicações cirúrgicas. A regressão logística após o escore de propensão foi empregada para comparar os resultados entre os pacientes que foram submetidos ou não ao estudo urodinâmico pré-operatório.
Foram incluídas no presente estudo 88 pacientes com um seguimento médio de 269 dias. A maioria das pacientes apresentava sintomas miccionais de armazenamento (n = 52; 59,1%) concomitantes à incontinência urinária de esforço. Um pouco menos da metade das pacientes (n = 38; 43,2%) foram submetidas a estudo urodinâmico pré-operatório. A regressão logística após o escore de propensão não revelou associação entre os resultados de continência urinária e a realização de estudo urodinâmico pré-operatório (odds ratio 0,57; intervalo de confiança [IC]: 0,11-2,49). Além disso, os sintomas de armazenamento urinário pós-operatórios foram similares entre as pacientes que não realizaram e aquelas que realizaram o estudo urodinâmico, 13,2% e 18,4% respectivamente (p = 0,753).
O estudo urodinâmico pré-operatório não teve impacto nos resultados de continência urinária, bem como nos sintomas de armazenamento urinário após o sling transobturatório.
Resumo
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Avaliar a taxa de cura subjetiva do sling transobturatório no longo prazo, incluindo a análise dos fatores de risco e o impacto da experiência do cirurgião nos resultados.
Foi realizado um estudo de coorte retrospectivo emmulheres submetidas à cirurgia do sling transobturatório entre 2005 e 2011. As pacientes foram avaliadas por meio de uma entrevista aplicada por telefone utilizando o International Consultation on Incontinence Questionnaire-Short Form (“Questionário Internacional de Consulta sobre Incontinência - Forma Abreviada”, ICIQ-SF, na sigla em inglês) acrescido de questões sobre a satisfação das pacientes coma cirurgia. O critério de cura utilizado foi o ICIQ-SF = 0. A razão de chances bruta e ajustada e intervalos de confiança de 95% foram estimados pormeio demodelos de regressão logística univariada e multivariada para identificar fatores de risco para falha cirúrgica. Diferenças com p < 0,05 foram consideradas significativas.
No total, 152 (70,6%) pacientes responderam. A média do período de acompanhamento foi de 87 meses. O diagnóstico urodinâmico foi incontinência urinária de esforço em 144 pacientes (94,7%) e incontinência urinária mista em 8 (5,3%). Complicações ocorreram em 25 (16%) pacientes. Os resultados do ICQ-SF indicaram que 99 (65,10%) pacientes estavam curadas (pontuação no ICIQ-SF = 0). Quanto ao grau de satisfação, 101 (66%) consideraram-se curadas, 43 (28%) melhoraram, em 7 (4,6%) não houve melhora, e uma relatou piora da incontinência. Após análise univariada e multivariada, o principal fator de risco para falha cirúrgica foi a presença de urgência (p < 0,001).
O sling transobturatório é eficaz, tem baixo índice de complicações, e alto índice de satisfação no longo prazo. Os fatores de risco para falha foram a presença de urgência e a idade da paciente. O aumento da experiência do cirurgião não foi um fator que influenciou na taxa de complicações.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2010;32(9):454-458
DOI 10.1590/S0100-72032010000900007
OBJETIVOS: avaliar e comparar os efeitos do índice de massa corporal (IMC) sobre severidade da incontinência urinária (IU) feminina por meio do questionário de qualidade de vida King's Health Questionnaire (KHQ), variáveis do estudo urodinâmico e dados da anamnese. MÉTODOS: estudo clínico transversal. Foram selecionados 65 pacientes com incontinência urinária de esforço (IUE) que foram divididas em três grupos: Grupo I (IMC entre 18 e 25 kg/m²); Grupo II (IMC entre 25 e 30 kg/m²) e Grupo III (IMC>30 kg/m²). Os domínios do KHQ foram comparados entre esses grupos. Além disso, alguns dados da anamnese e do estudo urodinâmico (presença de noctúria, enurese, urgência e urge-incontinência) foram também relacionados ao IMC calculando-se o OR (Odds Ratio). O IMC, na presença e na ausência de contrações não inibidas do detrusor, bem como no VLPP (valsalva leak point pressure) <60 ou >60 cmH2O foi avaliado. Por fim, foram realizados testes de correlação do IMC com os nove domínios do KHQ a fim de se evidenciar alguma associação. RESULTADOS: o KHQ foi incapaz de registrar, em qualquer um de seus domínios, deterioração da qualidade de vida das mulheres com IU na medida em que ocorreu elevação do IMC. Encontramos OR para a presença de enurese em relação ao IMC de 1,003 [IC: 0,897-1,121], valor p=0,962. Para a noctúria, o OR foi de 1,049 (IC: 0,933-1,18), valor p=0,425. O valor de OR=0,975 (IC: 0,826-1,151), valor p=0,762 foi encontrado para a urgência. No que se refere à urge-incontinência, encontrou-se OR=0,978 (IC: 0,85-1,126), valor p=0,76. Estudou-se o IMC nos grupos com e sem contrações não-inibidas do músculo detrusor e foram encontradas, respectivamente, medianas de 26,4±4,8 e 28,3±5,7 kg/m² (p=0,6). De forma semelhante, as medianas do IMC nos grupos com VLPP<60 e>60 cmH2O foram, respectivamente, de 29,6±4,1 e 27,7±5,7 kg/m² (p=0,2). Finalmente, não tivemos êxito em demonstrar associação do IMC com qualquer um dos nove domínios do KHQ por meio da correlação de Spearman. CONCLUSÃO: não houve associação dos escores do KHQ com o IMC. Também não houve correlação entre os parâmetros clínicos da anamnese e do estudo urodinâmico com o IMC.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2000;22(1):43-48
DOI 10.1590/S0100-72032000000100008
Objetivo: analisar a prevalência de recidivas de incontinência urinária de esforço (IUE) tratada com diferentes técnicas cirúrgicas após pelo menos 2 anos de seguimento. Pacientes e Métodos: avaliamos 55 pacientes com diagnóstico de IUE que submeteram-se à cirurgia para sua correção no Serviço de Ginecologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no período de 1992 a 1996. O seguimento pós-cirúrgico nesse Serviço foi superior a 2 anos. As pacientes foram divididas em 3 grupos conforme a técnica cirúrgica empregada: Kelly-Kennedy (n = 24), Burch (n = 23) e Marshall-Marchetti-Krantz (n = 8). Resultados: não foram encontradas diferenças significativas quanto ao tempo de recidiva, idade na época da cirurgia e da recidiva, estado menopausal, uso de terapia de reposição hormonal (TRH), número de gestações e antecedentes de parto via vaginal. O número de casos com perineoplastia posterior foi maior no grupo de cirurgia de Kelly-Kennedy, sem, contudo, influir na recidiva. O grupo de cirurgia de Burch apresentou um tempo de menopausa maior quando da cirurgia (p<0,05). Conclusão: a taxa de recidiva com emprego das técnicas de Kelly-Kennedy, Burch e Marshall-Marchetti-Krantz foi respectivamente 29,2, 39,1 e 50%, não diferindo do ponto de vista estatístico. A pesquisa de modificadores de risco para a incontinência urinária genuína não foi estatisticamente diferente nos três grupos estudados. Observou-se, contudo, que a totalidade das pacientes com cirurgia prévia recidivaram.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(1):12-19
DOI 10.1590/S0100-72032005000100005
OBJETIVO: avaliar e comparar resultados da eletromiografia de superfície do assoalho pélvico feminino em diversas posições (decúbito dorsal, na posição sentada e ortostática). MÉTODOS: foram avaliadas 26 mulheres submetidas a um protocolo de exercícios para o fortalecimento do assoalho pélvico como tratamento da incontinência urinária de esforço por hipermobilidade do colo vesical. Utilizou-se sensor intravaginal conectado ao equipamento Myotrac 3G TM e a avaliação consistia em: 60 segundos iniciais de repouso, cinco contrações fásicas, uma contração tônica de 10 segundos e outra de 20 segundos. As amplitudes destas contrações foram obtidas pela diferença entre a amplitude final da contração menos a amplitude de repouso (em µV) e foram comparadas com o uso do teste de Wilcoxon para amostras pareadas (p<0,05). RESULTADOS: as amplitudes das contrações foram maiores em decúbito dorsal, decrescendo sucessivamente nas posições sentada e ortostática. Em decúbito dorsal, as medianas das contrações fásicas e tônicas de 10 s e 20 s foram respectivamente 23,5 (5-73), 18,0 (3-58) e 17,0 (2-48). Na posição sentada foram 20,0 (2-69), 16,0 (0-58) e 15,5 (1-48), e na posição ortostática 16,5 (3-67), 12,5 (2-54) e 13,5 (2-41). Quando se comparou a posição ortostática, com o decúbito dorsal, observou-se diferença significativa em todas as contrações (p<0,001, p<0,001 e p=0,003). Resultados semelhantes também foram encontrados comparando-se a posição ortostática com a posição sentada. Todavia, entre o decúbito dorsal e a posição sentada, não foi observada diferença significativa. CONCLUSÃO: as amplitudes de todas as contrações do assoalho pélvico feminino foram inferiores na posição ortostática, sugerindo que o fortalecimento muscular deve ser intensificado nesta posição.