Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(10):619-626
DOI 10.1590/S0100-72032005001000009
OBJETIVO: avaliar a prevalência de alterações citológicas, colposcópicas e histopatológicas observadas no colo uterino de adolescentes com suspeita de neoplasia cervical e as correlações epidemiológicas, compararando com mulheres adultas jovens. MÉTODOS: estudo transversal, retrospectivo de revisão de 366 prontuários de mulheres encaminhadas para esclarecimento diagnóstico com suspeita de neoplasia cervical. As pacientes foram classificadas em dois grupos definidos por idade. O grupo Adolescente foi composto por 129 mulheres de 13 a 19 anos e o grupo Adulta foi composto por 237 mulheres de 20 a 24 anos. Foram calculados razão de prevalência (RP), respectivos intervalos de confiança (IC) a 95% para cada variável, teste chi2 ou teste exato de Fisher quando aplicável para comparação das proporções. RESULTADOS: a sexarca ocorreu em média aos 15,0 anos no grupo Adolescente e 16,6 anos no grupo Adulta. A chance de diagnóstico de alterações citológicas no primeiro exame realizado (RP=2,61; IC 95%: 2,0-3,4), a condição neoplasia intra-epitelial cervical (NIC) a esclarecer (RP=1,78; IC 95%: 1,26-2,52) e a colposcopia de baixo grau (RP=1,42; IC 95%: 1,08-1,86) foram estatisticamente significantes no grupo Adolescente. A análise histopatológica não mostrou diferenças para qualquer grau de NIC. Entretanto, foram identificados dois casos de carcinoma microinvasor, sendo um em cada grupo, e três casos de carcinoma invasor no grupo Adulta. CONCLUSÃO: nosso estudo sugere que o câncer de colo uterino é raro na adolescência, mas verificamos que alterações a ele associadas aconteceram em mulheres muito jovens. A investigação da neoplasia intra-epitelial cervical com a aplicação criteriosa dos mesmos métodos utilizados para a mulher adulta foi apropriada também na adolescência.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2005;27(1):1-6
DOI 10.1590/S0100-72032005000100002
OBJETIVOS: fazer avaliação crítica do diagnóstico histopatológico do carcinoma ductal in situ (CDIS) da mama empregando a variação interobservador quanto ao diagnóstico, padrão arquitetural predominante, grau nuclear e grau histológico. MÉTODOS: oitenta e cinco casos com diagnóstico inicial de CDIS foram revisados por um mesmo patologista, especialista em patologia mamária, que selecionou 15 casos para análise interobservador. A análise foi realizada por cinco patologistas e um especialista internacional em patologia mamária, que receberam as mesmas lâminas e um protocolo para classificar as lesões em hiperplasia ductal atípica (HDA), CDIS e CDIS com microinvasão (CDIS-MIC). Caso o diagnóstico fosse de CDIS, os patologistas deveriam também classificá-lo quanto ao padrão arquitetural, grau nuclear e grau histológico. Os resultados foram analisados usando-se concordância percentual e o teste kappa. RESULTADOS: houve grande variação diagnóstica interobservador. Em um caso tivemos todos os diagnósticos, desde HDA, CDIS até CDIS-MIC. Usando o teste kappa para a comparação entre os diagnósticos dos cinco observadores e o especialista internacional obtivemos concordância interobservador mínima (<0,40). Quanto à classificação do CDIS em relação ao padrão arquitetural e ao grau histológico, os valores do teste kappa foram considerados ruins quanto à concordância interobservador. Os melhores resultados foram obtidos na análise da concordância quanto ao grau nuclear, com índices kappa de até 0,80, considerados como boa concordância. CONCLUSÃO: os baixos índices de concordância interobservador no diagnóstico e classificação do CDIS da mama indicam a dificuldade na utilização dos critérios diagnósticos mais empregados na literatura na interpretação destas lesões e a necessidade de treinamento especifico dos patologistas não-especialistas no diagnóstico destas lesões.
Resumo
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 2003;25(9):667-672
DOI 10.1590/S0100-72032003000900008
OBJETIVOS: comparar os resultados da hístero-sonografia com os da histeroscopia e com os da histopatologia em mulheres na pós-menopausa. MÉTODOS: realizou-se hísterossonografia, histeroscopia e biópsia endometrial dirigida em 58 mulheres que tinham eco endometrial maior que 4 mm, idade superior a 40 anos, tempo de amenorréia superior a um ano e níveis de hormônio folículo-estimulante maiores que 35 mUI/mL. Foram excluídas as pacientes que fizeram uso de hormonioterapia, assim como aquelas com fatores que impedissem a realização dos exames de hísterossonografia, histeroscopia ou o estudo histopatológico. A análise estatística foi obtida pelos testes G de Cochran e McNemar. Foram calculados os valores de sensibilidade, especificidade e preditivos positivo e negativo da hístero-sonografia comparados com os outros exames. RESULTADOS: as taxas de concordância da hísterossonografia comparada aos achados histerpscópicos e histológicos foram de 94,8 e 77,6%, respectivamente. A sensibilidade e a especificidade na detecção de anormalidade da cavidade endometrial da hísterossonografia comparadas com a histeroscopia foram de 98 e de 75%, respectivamente. Já os valores preditivos positivo e negativo da hístero-sonografia foram de 96 e de 86%, respectivamente. Na comparação ao estudo histopatológico para o diagnóstico de alterações da cavidade endometrial, a hísterossonografia revelou sensibilidade de 98%, especificidade de 33% e os valores preditivos positivo e negativo foram de 76 e de 86%, respectivamente. Ressalta-se que das onze pacientes com sinéquia uterina diagnosticada pela hísterossonografia, duas tiveram hiperplasia endometrial. Houve um caso de cavidade normal pela hístero-sonografia em que o resultado da biópsia foi hiperplasia endometrial simples. CONCLUSÕES: nossos dados sugerem que a hísterossonografia tem boa sensibilidade comparada com a histeroscopia. Contudo, há limitações deste método diagnóstico comparado com o histopatológico, principalmente nos casos de sinéquia uterina.